COLUNA DO TIMM


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 18.04. 24

CCJ do Senado aprova PEC criticada pelo governo que turbina salários de juízes e promotores

Texto concede 5% de aumento a cada cinco anos para Judiciário e MP até limite de 35%. Valor não estaria sujeito ao 'abate-teto'; governo aponta risco de rombo e efeito-cascata.

Por Kevin Lima, g1 — Brasília- 17/04/2024 12h22  = 

https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/04/17/ccj-do-senado-aprova-pec-criticada-pelo-governo-que-turbina-salarios-de-juizes-e-promotores.ghtml 

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (17) uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que concede um aumento salarial de 5% a cada cinco anos de serviço para membros do Judiciário e do Ministério Público.

O texto, que seguirá para análise do plenário, turbina o salário de juízes e promotores até o limite de 35% da remuneração do servidor.

Pelo texto da PEC, o valor não seria contabilizado dentro do teto do funcionalismo público (atualmente em R$ 44 mil).

Relator da proposta, o senador Eduardo Gomes (PL-TO) estendeu, em seu parecer, o benefício para ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) e conselheiros dos tribunais de contas municipais e estaduais.

Gomes também propõe permitir que o penduricalho seja pago a:

 Defensores públicos

 Servidores da Advocacia-Geral da União (AGU)

 Procuradores dos estados e do DF

 E delegados da Polícia Federal

O acréscimo do salário para estas categorias valerá para os casos em que o servidor for impedido ou optar por não exercer a advocacia privada.

Em todos os casos, o texto autoriza o pagamento do penduricalho a aposentados e pensionistas.

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Lira reage à pecha de vilão e questiona aliados: 'Preciso descer para organizar a base?'

Governo vê 'pauta-bomba'

Popularmente conhecida como PEC do Quinquênio, a proposta resgata um benefício extinto em 2006 e que foi retomado para o Judiciário em 2022, por decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em 2022, com o apoio do presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), os senadores chegaram a colocar em votação uma versão anterior da PEC que tramitava desde 2013. Aliados do então presidente eleito Lula, no entanto, conseguiram adiar a análise.

Lideranças do Planalto têm atuado contra a proposta por receio de um efeito cascata e pressão sobre o Orçamento público em todas as esferas, federal, estadual e municipal.

O presidente do colegiado, senador Davi Alcolumbre (União-AP), usou de uma estratégia regimental para avançar com a votação do texto – a despeito de críticas de parlamentares, que tentavam retomar a discussão da PEC.

Líder do governo na Casa, o senador Jaques Wagner (PT-BA) classificou a proposta como uma “bomba [fiscal] que pode estar por vir”.

O senador disse haver um estudo que indica que o impacto dos benefícios previstos na proposta pode ser de cerca de R$ 42 bilhões por ano.

“É um tsunami do ponto de vista das carreiras jurídicas. Isso vai ter impacto nos 26 estados e no DF. Não ficará restrito. A pressão sobre os governadores será imensa [...] Entendo o espírito do presidente Rodrigo [Pacheco], o esforço que ele está fazendo. Mas estou só alertando pro tipo de impacto fiscal que vai dar. Não existe orçamento próprio de nenhum Poder”, disse Jaques.

Defensores da PEC, entre eles o presidente Rodrigo Pacheco, avaliam que o texto é uma forma de valorizar as carreiras, enquanto não há propostas de reformulação das estruturas dos servidores.

De acordo com o texto, o benefício vai substituir outros adicionais por tempo de serviço.

A implantação do quinquênio dependerá, ainda segundo a proposta, de ato próprio do órgão responsável pelas carreiras beneficiadas. Também será preciso comprovar recursos no Orçamento para financiar o penduricalho.

Durante a discussão desta quarta, senadores pleitearam a inclusão de novas categorias dentro do escopo da proposta. Davi Alcolumbre defendeu que eventuais alterações sejam discutidas no plenário.

Segundo o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco deverá convocar, antes de dar início à discussão da proposta, uma sessão exclusiva para debater o teor da proposta.

Limite aos supersalários

O presidente do Senado tem defendido que o avanço da PEC do Quinquênio no Congresso estará associado a um projeto que combate os chamados supersalários no funcionalismo público, que driblam o teto constitucional de R$ 44 mil.

Segundo Alcolumbre, Pacheco tem conversado com representantes das categorias e até mesmo com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), para costurar um acordo em torno da PEC.

“Aí, nós vamos resolver esses problemas dos penduricalhos, que nós acompanhamos muitas das vezes pela imprensa, magistrados recebendo 200, 300, 400, 500 mil de remuneração. Por quê? Porque não tem uma regra estabelecida concreta que proteja, que acabe com o penduricalho e que dê uma situação de estabilidade na vida desse servidor público”, disse o presidente da CCJ.

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CCJ do Senado aprova PEC dos quinquênios. Apesar de críticas ao risco fiscal, proposta passou por 18 votos a 7. Texto segue para análise do plenário

ROBERTO MALTCHIK  RIO DE JANEIRO  17/04/2024 12:20Atualizado em 17/04/2024 às 14:58

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, por 18 votos a 7, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que concede adicional por tempo de serviço de 5% a magistrados, promotores e procuradores da República da ativa, aposentados e pensionistas, além de outras carreiras, a cada 5 anos. A matéria segue para o plenário.

Em seu parecer, o relator Eduardo Gomes (SDD-TO) incluiu também advogados públicos da União, de estados e do Distrito Federal, bem como defensores públicos, delegados da Polícia Federal, ministros e conselheiros de cortes de contas, como o TCU, que também fariam jus ao benefício. O relator afirma que essas carreiras possuem “status constitucional e exercem funções essenciais à Justiça”. Em todos os casos, o pagamento dos quinquênios não está sujeito ao teto do funcionalismo, hoje fixado em R$ R$ 44.008,52.

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O texto afirma também que fica assegurada a contagem de tempo de exercício anterior em atividades jurídicas, como a advocacia privada, a quem ingressar na magistratura e no Ministério Público. A contagem de tempo, em atividades não jurídicas, também foi permitida para os membros de tribunais de contas. A proposta, que divide opiniões na CCJ, tem o apoio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do relator Eduardo Gomes e do presidente da comissão, senador Davi Alcolumbre (União-AP).

Antes da votação, o plenário se dividiu em relação a pontos da proposta. O líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que a proposta representa um “tsunami” no orçamento da União com gastos de pessoal, podendo alcançar até R$ 40 bilhões, com salários e despesas previdenciárias. Ele contou com o apoio de senadores como Oriovisto Guimaraes (Podemos-PR), que reagiu à ausência de impacto orçamentário e de previsão de receitas para arcar com as despesas previstas na PEC. Alessandro Vieira (MDB-SE) também se opôs ao texto.

Já o relator Eduardo Gomes afirmou que, considerando o conjunto do orçamento, a PEC 10 não será problema nem é possível dizer que “a PEC 10 vai quebrar o país”. O senador Marcos Rogério (PL-RO) alertou que, dado o grande número de concessões a diferentes carreiras no relatório, o texto deve sofrer importantes alterações durante a votação no plenário da Casa.

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Na semana passada, quando o tema entrou em discussão, Alcolumbre afirmou que há um debate, que envolve Câmara e Senado, para que a discussão sobre a PEC 10 considere a aprovação do PL dos supersalários, o PL 6.726/2016, que discrimina os tipos de rendimentos extras de servidores da ativa, aposentados e pensionistas e disciplina quais deles podem ficar fora do teto.

Levantamento do Centro de Liderança Pública (CLP) apontou que, em 2022, 25,5 mil servidores recebiam acima do teto em todo o país, nos diferentes Poderes.

Impacto no orçamento

Ainda de acordo com o CLP, a PEC dos quinquênios teria impacto anual de R$ 1,8 bilhão nas contas públicas. A entidade aponta ainda que “apenas cerca de 32 mil trabalhadores seriam beneficiados, aumentando a desigualdade e fazendo com que muitos ganhem acima do teto do funcionalismo”.

Porém, estudo produzido pela Associação dos Funcionários do Ipea estima que os custos da aprovação da PEC alcançam R$ 10 bilhões, com a inclusão de outras carreiras, como está previsto no relatório do senador Eduardo Gomes.

Em nota conjunta, o Movimento Pessoas à Frente, o Centro de Liderança Pública (CLP), o Unidos Pelo Brasil (UPB) e o Movimento Profissão Docente criticaram o avanço da proposta na CCJ do Senado. De acordo com as entidades, a aprovação da PEC representaria a concessão de “privilégios a uma minoria”. E pondera que proposta “mina a confiança da sociedade no serviço público”.

“Cabe ao Congresso Nacional encarar os fatos. Privilégios de uma minoria produzem efeitos nefastos sobre as contas públicas, além de afetar negativamente a imagem dos agentes públicos em geral. Atualmente, menos de 1% dos servidores tem rendimentos superiores ao teto, sendo que metade de todos os servidores recebem salários de até 3,3 mil reais. Para 70% dos estatutários, a remuneração atinge no máximo 5 mil reais. Este cenário não só acentua as desigualdades já existentes, como também mina a confiança da sociedade no serviço público”, afirmam as entidades.

ROBERTO MALTCHIK – Editor no Rio de Janeiro. Atua na produção de conteúdo sobre os Três Poderes em diversas plataformas. Foi editor e repórter em O Globo, RBS e TV Brasil. Email: roberto.maltchik@jota.info-https://www.jota.info/legislativo/ccj-do-senado-aprova-pec-dos-quinquenios-17042024?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__1742024&utm_medium=email&utm_source=RD+Station 

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GASTOS PÚBLICOS- LDO prevê queda do déficit da Previdência ao longo da década. Ainda assim, cenário é de elevação significativa da despesa em termos nominais.

FABIO GRANER BRASÍLIA  17/04/2024 10:59

O PLDO de 2025 mostra um cenário de queda do déficit da Previdência em relação ao PIB ao longo dessa década, mas com aumento nominal do saldo negativo entre receitas e despesas. As simulações do governo mostram que as necessidades de financiamento do INSS devem passar de 2,32% do PIB em 2024, o equivalente a R$ 268,2 bilhões, para em 2030 ficarem em 1,95% da soma das riquezas produzidas pelo país (projetada para aquele ano), o equivalente a R$ 327,4 bilhões.

Apesar da melhora em proporção do PIB ao longo da década, o aumento do valor nominal de gastos é um dos fatores que comprimem outras despesas dentro da regra de limitação de despesas. Olhando só o déficit, o aumento é de R$ 59,2 bilhões até 2030, ritmo que passa a se intensificar na década seguinte, inclusive com aumento do saldo negativo em proporção do PIB.

Mas quando se analisa o lado da despesa, que é quem hoje disputa com os outros gastos por conta do limite imposto pelo arcabouço, a queda em relação ao tamanho da economia é bem menos intensa entre 2024 e 2030, apenas 0,11 ponto porcentual (de 7,92% para 7,81% do PIB). E em termos nominais a alta é de R$ 397,9 bilhões. Esse montante é mais que duas vezes o previsto para as despesas discricionárias (aquelas que o governo usa livremente) em 2024: R$ 170,8 bilhões, sem considerar as emendas parlamentares.

O ritmo da Previdência, que mesmo após a reforma segue crescendo (especialmente após a retomada da política de reajuste real do salário mínimo), é um dos fatores que leva o governo a prever que as despesas livres vão chegar em 2028 a R$ 102 bilhões, já em um nível muito difícil de se operar a máquina pública.

FABIO GRANER – Analista de economia do JOTA em Brasília. Foi repórter e colunista de economia no Valor Econômico e também atuou no Estadão, DCI e Gazeta Mercantil, com mais de 20 anos de experiência, incluindo setor público. E-mail: fabio.graner@jota.info

 


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 10.04. 24


A entrada da humanidade na etapa eletrônica da Revolução Industrial, sepultando a Era Metal Mecânica, associada à conquista aero espacial, desembocou subitamente na telemática: a transmissão de dados e imagens a longa distância via satélite a custo insignificante.
(telemática é a comunicação à distância de um ou mais conjunto de serviços informáticos fornecidos através de uma rede de telecomunicações). A INTERNET é o núcleo, hoje, da telemática e sua disseminação pelas Redes Sociais colocou qualquer cidadão, comum e corrente, de qualquer recanto do mundo, com sua voz ou imagem, capaz de transformar sua postagem em manchete internacional. Ou, como se diz: viralizar. Um livro – “O Meio é a Mensagem”, de M.Mac Luhan – antecipou, no final do século passado, esta verdadeira Revolução Digital, afirmando que estávamos entrando na Aldeia Global. Saltamos da conquista da fala para a escrita há cerca de 5.000 anos, desta para a imprensa no século XVI, chegamos aos ditos Meios de Comunicação de Massa no século XX, com o rádio e a TV e agora somos todos um, graças a miraculosos celulares. Somos na verdade, um e todos ao mesmo tempo e, por isso mesmo, ansiosos por uma tribalização que nos dê maior amparo. A sociedade, porém, não estava preparada para este salto. Acreditava-se, até, que entraríamos num novo marco da democracia, com o acesso fácil e barato de qualquer um a este novo meio de mensagem: A democracia digital. Não obstante, apesar da grande conquista tecnológica, este meio acabou se revelando contraditório, como qualquer outra conquista tecnológica. Informa como nunca antes, sem “dar a conhecer”, nenhum outro meio mas, ao mesmo tempo, cria espaços movediços por onde se insinuam e se disseminam não apenas velhos preconceitos e obscuras superstições, antes filtradas pela imprensa criteriosa, submetida por sua vez, à rigorosa legislação, como até crimes, começando pelo uso indevido da inteligência artificial e outras informações de terceiros submetendo-os à humilhação e graves prejuízos morais e materiais. Gradualmente, porém, o mundo vem se prevenindo contra este uso abusivo e indiscriminado das Redes Sociais de forma a regulá-los no interesse da sociedade democrática. Na Europa já há farta regulação das Redes e nos Estados Unidos, mais arredio à regulação, esta se atrase mas já vem sendo tratada com seriedade. No Brasil, estamos engatinhando na matéria, que se acendeu nos processos eleitorais em razão da necessidade de conter fake news que, não só poderiam viciá-los pela reiteração de inverdades, como até colocar em risco a própria democracia: o combate às urnas eletrônicas. O assunto, hoje está na pauta do STF e da Câmara dos Deputados. Ontem mesmo, o Presidente da Câmara, Artur Lira se manifestou sobre o projeto em apreciação pela Casa, anunciando mudança do relator do mesmo. Ressaltou ele que o assunto não pode ser reduzido à divergências ideológicas, pela complexidade que encerra, envolvendo opiniões pessoais dos parlamentares. Ainda assim, nada garante que dito projeto, já aprovado pelo Senado, caminhe na Câmara, sobretudo, agora diante das tensões entre o bilionário Elon Musk e o Ministro Alexandre Moraes. Ainda mais, crescem as suspeitas de tais acusações do bilionário estariam articuladas a outras iniciativas de inspiração extremista de direita que poderiam levar a mais uma ameaça de golpe no Brasil. Até pode ser. Há realmente, hoje, uma espécie de Internacional de Direita, nos moldes do que outrora foi o Movimento Comunista Internacional, com métodos, aliás, até parecidos -como recentemente evidenciou um autor argentino com seu livro “A esquerda que caiu no colo da direita”-, com farta disseminação de consignas, mobilizações e proselitismo- que vê no Brasil uma possibilidade de retorno ao poder com o bolsonarismo. Dificilmente, porém, poderão conseguir isso através de um golpe, ainda que sonhem com isso, por não se conformarem com o resultado das urnas de 2022 e que insistam na “tese” de foram roubados, afirmando que vivemos numa “ditadura”. Internamente, no país, esta versão não ganham muito curso, eis que 63% dos brasileiros afirmem ser favoráveis à punição aos golpistas de 8 de janeiro. Mas sempre encontram eco num reduto pequeno mas obstinado em torno de 25% da opinião pública que os realimenta. No exterior, porém, essa denúncia repercute e, se o Governo através do Itamaraty, nada fizer a respeito, como não tem feito, pode crescer e nos criar constrangimentos. Não é diferente a oposição nos Estados Unidos, comandada por Trump, associado à Internacional da Direita, sendo que lá, a aceitação da tese da “fraude” democrata que elegeu Biden, é mais vigorosa do que aqui. Enfim, Marco Civil da Internet, regulação das Redes Sociais e discussão política sã, nunca foi tão importante para nós do que agora, se é que queremos mesmo defender a aprofundar nossa democracia, essa sim, pautada pela dialética entre as liberdades e a Lei. Ou, como rezava Joyce em Ulysses: "Fechemos os olhos para ver". Para ver melhor...

Anexo:
Ofensiva de Musk contra o STF foi resultado de "articulação internacional coordenada", diz estudo. O estudo revela que mensagens em apoio a Elon Musk e em "defesa da liberdade de expressão" tiveram ampla circulação internacional
09 de abril de 2024 - Ofensiva de Musk contra o STF foi resultado de "articulação internacional coordenada", diz estudo | Brasil 247
247 - Um novo levantamento divulgado nesta terça-feira (9) pelo Instituto Democracia em Xeque revela que a ofensiva digital de Elon Musk, proprietário da rede social X (anteriormente conhecida como Twitter), contra o Judiciário brasileiro foi resultado de uma "articulação internacional coordenada". As informações são do jornal O Globo.
O estudo revela que mensagens em apoio a Elon Musk e em "defesa da liberdade de expressão" tiveram ampla circulação internacional, compartilhadas por líderes de extrema direita de diversos continentes. Essa análise foi conduzida em plataformas de mídia social e veículos de imprensa, abrangendo o período de 5 a 8 de abril deste ano.
André Ventura, presidente do partido português CHEGA, criticou o que chamou de regressão do Brasil em liberdade de expressão, relacionando Alexandre de Moraes com Lula. O general americano Mike Flynn ofereceu apoio ao X a Elon Musk, enquanto Santiago Abascal, líder do Vox espanhol, criticou uma suposta suspensão de liberdades.
O estudo destaca ainda a coordenação de perfis brasileiros de direita em apoio à causa, sendo a publicação do deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) a mais engajada no Twitter.
Musk, que tem entre seus aliados Jair Bolsonaro, vem divulgando em sua conta na plataforma social X, de sua propriedade, uma série de ataques ao ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de aplicar um "regime de censura". Na realidade, Musk está se insurgindo contra as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, que estão cada vez mais próximas de chegar a Jair Bolsonaro.
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REDES SOCIAIS & MUSK 2024
Por que muitos bilionários vão apoiar Donald Trump?
https://www.bing.com/search?q=Por+que+muitos+bilionários+vão+apoiar+Donald+Trump%3F+paulo+krugman&cvid=73cdf13bd7724a92a7c5f5d9f4592554&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUyBggAEEUYOdIBCDY2OTlqMGo0qAIAsAIA&FORM=ANAB01&ucpdpc=UCPD&PC=U531
Por Paul Krugman (The New York Times) - Vencedor do Prêmio Nobel de Economia, é colunista do New York Times.
HÁ MUITO MAIS RISCOS NO QUE ELON MUSK NÃO DISSE DO QUE NO QUE ELE DISSE! Tony Garcia – correspondência pessoal
Para entender o jogo de Elon Musk por Luís Nassif
https://jornalggn.com.br/politica/para-entender-o-jogo-de-elon-musk-por-luis-nassif/
Delirante, Elon Musk pede impeachment de Moraes | Leandro Fortes
Facebook- https://www.facebook.com › vídeos › delirante-elon-mus...
6.O ATAQUE DE ELON MUSK – Luiz Felipe Miguel Universidade de Brasília - REDES
"Elon Musk decidiu partir para o ataque. Está ameaçando descumprir decisões da justiça brasileira relativas ao Twitter (que só ele chama de “X”).
7. É a soberania, caríssimo! Por Márcio Pochman – Redes
8. A POSTURA DE ELON MUSK em relação ao Brasil, especialmente em confronto com o judiciário brasileiro, não é usual. Com desafios regulatórios em diversos países, o bilionário geralmente coloca em segundo plano seu ativismo de extrema direita para facilitar a entrada das empresas de seu conglomerado em outras nações. - Elon Musk: lítio e eleições nos EUA por trás dos ataques ao Brasil (intercept.com.br)
9. Elon Musk: visionário ou vilão? Alexandre Cruz, jorn. POA
Artigo por RED - 09/04/2024 05:30 • Atualizado em 08/04/2024 19:05
Elon Musk: visionário ou vilão? | Rede Estação Democracia - RED
10 . PCO e Musk, quem diria, juntos. Valter Pomar
PCO e Musk, quem diria. Por Valter Pomar (diariodocentrodomundo.com.br)

 


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 05.04. 24

CAFÉ DA MANHÃ
https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2024/04/podcast-discute-se-divorcio-entre-evangelicos-ea-esquerda-e-contornavel.shtml 

Podcast discute se divórcio entre evangélicos e a esquerda é contornável, Governo Lula aposta em novo slogan para se aproximar de segmento afastado do presidente.
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A revelação das pesquisas de opinião de vários Institutos, no mês passado, que a aprovação ao Governo Lula III vem caindo, acabou repercutindo no Palácio do Planalto. O Presidente não só chamou imediatamente os Ministros a uma atuação mais ativa na defesa do Governo, como vem conversando com mais intensidade com os marqueteiros do Governo. Estes recomendam maior atenção aos evangélicos que somam parcela considerável dos eleitores – perto de 70 milhões -, cuja média de reprovação – ruim e péssima – do Governo, de 44%, é superior à média nacional, de 33%. Ressalte-se que a aprovação a Lula ainda é alta, mas está longe daquela que o consagrou ao final do Lula II quanto tinha 80% da opinião nacional como positiva. Não se trata, aqui, de fazer concessões governamentais às Igrejas Evangélicas, como a elas estender isenções fiscais. Nem de dialogar com os hierarcas evangélicos. Trata-se de compreender com mais profundidade o universo evangélico, majoritariamente feminino, de baixa renda e escolaridade, marcado por uma visão dogmática, mágica e espiritual do mundo, o que exige mudança do discurso. De resto, trata-se também, de aceitar que as Igrejas Evangélicas espalhadas nas periferias, em contato direto com as populações mais carentes do país, oferecem um ambiente de socialização inexistente tanto na Igreja Católica, sobretudo depois da desmobilização de suas Comunidades Eclesiais de Base pós Papa Ratzinger, o prelado da Doutrina da Fé, como pelo Governo, em seus vários níveis, sempre impessoal e “racionalizada”, com horários, especializações e hierarquias convenientes. Peter Drucker, o Pai da Administração moderna, dedicou os últimos anos de sua vida à análise do papel destas religiões e outras instituições junto às comunidades americanas e já no século passado chamava a atenção para este papel das Igrejas Evangélicas. Aqui no Brasil, começam a aparecer, também, livros e relatórios de Pesquisa sobre estas Igrejas, tais como o recente “Púlpito: Fé, Poder e o Brasil dos Evangélicos” , de Ana Regina Balloussier, As Igrejas Evangélicas não são, enfim, apenas templos de oração. São espaços de convivência onde se celebram, além dos cultos, eventos sociais como casamentos, aniversários dos fiéis e, inclusive, velórios. Ora, em áreas periféricas de nossas cidades, onde os mais pobres são remetidos para áreas vulneráveis, com pouca urbanização e nenhum espaço de recreação e lazer, as Igrejas representam um ponto seguro de encontro de moradores. Daí porque se calcula que dentro de dez anos o número de evangélicos ultrapasse, no Brasil, o número de católicos, ainda a confissão com maior peso na população brasileira. Constituem, portanto, um fenômeno mais social do que propriamente religioso. Diante disso, Lula acordou e já em seus pronunciamentos desta semana surpreendeu pelo uso de palavras como fé, milagre, Deus e outros recursos de linguagem até aqui evitados. Lula sempre condenou o uso da religião como instrumento de proselitismo político, à luz de tradição da esquerda mais inclinada à argumentação racional e de crédito ao Estado, ao Partido, aos Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 9protagonistas seculares, pelas conquistas sociais e de progresso individual. Mas decidiu mudar de tom e ir ao encontro do encantamento espiritual da vida cotidiana. Está apontando para uma nova maneira de se tratar a Política, menos racionalizada e mais mística. Complementou o slogan UNIÃO E RECONSTRUÇÃO com um subtítulo FÉ NO BRASIL. Vamos ver se dá certo. Ele, enfim, não está abrindo novos caminhos. É o mesmo caminho, a mesma Política, os mesmos programas e políticas públicas, mas começou a calçar um novo andar. Como já proclamava o grande poeta espanhol: “Caminhante, não há caminho, se faz o caminho ao andar...” ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~**** Anexos Ratzinger, o papa que entregou o 3º mundo aos neopentecostais, por Luís Nassif Houve tempos em que a Igreja católica tinha a bandeira da aproximação com o povo, levantada por João 23. Luis Nassifjornalggn@gmail.com - Publicado em 1 de janeiro de 2023, 13:23 Nos elogios ao papa Ratzinger, falecido ontem, o mais recorrente foi sua coragem de ter renunciado ao papado. É uma interpretação nova ao termo coragem. Ele renunciou devido ao fracasso da Igreja católica, iniciada por seu antecessor, João Paulo 2o. É impossível a qualquer movimento religioso prosperar sem a bandeira da esperança. Os neopentecostais têm a bandeira do conforto religioso e da teologia da prosperidade. Houve tempos em que a Igreja católica tinha a bandeira da aproximação com o povo, levantada por João 23. Conheci de perto – e de militância – as duas igrejas, a de antes e a durante o papado de João 23. A de antes era a Igreja imperial, dos grandes jogos políticos, disputando com a maçonaria o poder federal e nas menores localidades. Os jovens eram convocados para serem Cruzados Marianos, uma concepção semimilitar. Em Poços de Caldas era representada pelo Monsenhor Trajano Barroco, que usava o instituto da excomunhão como arma política. E obrigou meu pai a sair da maçonaria para poder casar na Igreja com minha mãe. Era a Igreja também dos Irmãos Maristas e seus colégios com internatos. Já havia pedofilia, mas o temor reverencial despertado pela Igreja blindava todos os abusos. O mais abusador saiu consagrado de Poços, inclusive com militância política em favor do PSD, e morreu consagrado no Colégio Marista de Brasília, com todos seus crimes não saindo dos limites dos cochichos entre alunos. Foi esse bolor pestilento que João 23 começou a espanar com suas encíclicas, espalhadas em Poços de Caldas pelas freirinhas maravilhosas do Colégio São Domingos. De repente, a parte mais idealista dos jovens encontrava uma bandeira pela frente. No GGN, nosso grupo de ação católica, íamos conhecer de perto a realidade do Serrote, a favela mais pobre de Poços. Levávamos alimentos, ajudávamos nos mutirões para a construção de casas, e levávamos a mensagem de João 23 aos desassistidos. Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 10Nas missas, os rituais em latim foram substituídos pelo português. Os celebrantes deixaram de celebrar de costas para os públicos. E renovaram-se as músicas. Cantei, cantei e cantei, em missas, casamentos, em Poços, em Santos, cantigas como “Andança”, “Morrer de Amor”, “Canção do Medo”. De repente, tudo afundou. O Relatório Rockefeller, de 1969, apontando a Teologia da Libertação como ameaça aos Estados Unidos, o pacto infame entre João Paulo 2o e o governo Reagan, tudo isso pode ser lido no “Xadrez das insurreições bolsonaristas”. A Igreja, perto do povo, acabava com o temor reverencial e inibia a atuação dos padres pedófilos e das negociatas. Aliás, quem critica o negocismo dos pastores de hoje deveria ir atrás das histórias dos padres do começo do século 20, e os abusos de poder sobre fazendeiros e sitiantes crédulos. Ratzinger foi uma continuação de João Paulo 2o. Morre como coautor da maior derrota da Igreja católica, em um momento em que mudanças da mídia e dos hábitos preconizavam um mundo novo.

 https://jornalggn.com.br/religiao/ratzinger-o-papa-que-entregou-o-3o-mundo-aos-neopentecostaispor-luis-nassif/?fbclid=IwAR3L-yF0VxYtFhW-lFN9LobqawEiVrhByyrRnETXEghOKz9QdWQZR169dg 

 


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 04.04. 24


ALUNO QUE PROCESSOU PROFESSOR POR TER TOMADO CELULAR EM SALA DE AULA PERDE CAUSA NA JUSTICA!!!
O uso e abuso dos meios eletrônicos pela juventude já vem sendo considerado um grave problema de saúde e está levando vários países, como Suécia, a medidas de limitação no uso de celulares em sala de aula. Na Flórida, EU, o Governo Estadual proibiu o uso dos mesmos antes do 16 anos, medida talvez radical mas expressiva de um problema que cresce no mundo: a desconcentração dos jovens. No Brasil, ainda resistimos à medidas mais rigorosas de limitação do uso de celulares, sobretudo em sala de aula, mas já há iniciativas de deixá-los depositados na entrada dos colégios. Uma ação de um professor que tomou o celular de um aluno em aula no interior do Sergipe acabou se transformando em ação judicial da mãe do aluna contra ele. Vejamos o resultado desta ação:
O juiz Eliezer Siqueira de Sousa Junior, da 1ª Vara Cível e Criminal de Tobias Barreto, no interior do Sergipe, julgou improcedente um pedido de indenização que um aluno pleiteava contra o professor que tomou seu celular em sala de aula.
De acordo com os autos, o educador tomou o celular do aluno, pois este estava ouvindo música com os fones de ouvido durante a aula.
O estudante foi representado por sua mãe, que pleiteou reparação por danos morais diante do "sentimento de impotência, revolta, além de um enorme desgaste físico e emocional".
Na negativa, o juiz afirmou que "o professor é o indivíduo vocacionado a tirar outro indivíduo das trevas da ignorância, da escuridão, para as luzes do conhecimento, dignificando-o como pessoa que pensa e existe”. O magistrado se solidarizou com o professor e disse que "ensinar era um sacerdócio e uma recompensa. Hoje, parece um carma". Eliezer Siqueira ainda considerou que o aluno descumpriu uma norma do Conselho Municipal de Educação, que impede a utilização de celular durante o horário de aula, além de desobedecer, reiteradamente, o comando do professor.
Ainda considerou que não houve abalo moral, já que o estudante não utiliza o celular para trabalhar, estudar ou qualquer outra atividade edificante.
E declarou:
"Julgar procedente esta demanda, é desferir uma bofetada na reserva moral e educacional deste país, privilegiando a alienação e a contra educação, as novelas, os realitys shows, a ostentação, o ‘bullying intelectivo', o ócio improdutivo, enfim, toda a massa intelectivamente improdutiva que vem assolando os lares do país, fazendo às vezes de educadores, ensinando falsos valores e implodindo a educação brasileira”.
Por fim, o juiz ainda faz uma homenagem ao professor.
"No país que virou as costas para a Educação e que faz apologia ao hedonismo inconsequente, através de tantos expedientes alienantes, reverencio o verdadeiro HERÓI NACIONAL, que enfrenta todas as intempéries para exercer seu ‘múnus’ com altivez de caráter e senso sacerdotal: o Professor."
ISTO DEVERIA SER LIDO EM TODAS AS SALAS DE AULA DO BRASIL!!!! ALIÁS, POR TODOS OS BRASILEIROS!!!
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Anexo
Os países europeus que estão banindo celulares em sala de aula
Poucos dias depois de a Finlândia anunciar um projeto para banir celulares de sala de aula, a Holanda anunciou medida parecida
autor, Kathryn Armstrong Role, BBC News 5 julho 2023

Celulares, tablets e relógios inteligentes serão banidos das salas de aula da Holanda, segundo anunciou o governo do país na terça-feira (04/07). A medida, que tem o objetivo de afastar as distrações trazidas por esses aparelhos, deve entrar em vigor a partir de 2024.
Por enquanto, a proibição não tem efeitos legais coercitivos — ou seja, não traz punições diante da lei se não for cumprida. Entretanto, isso pode mudar no futuro.
A regra deverá ter algumas exceções, como para alunos com necessidades médicas ou deficiências que precisem desses aparelhos, ou em aulas focadas em habilidades digitais.
"Embora os celulares estejam praticamente interligados com nossas vidas, eles não encaixam na sala de aula", afirmou o ministro da Educação da Holanda, Robbert Dijkgraaf.
"Os alunos devem ser capazes de se concentrar ali e ter todas as oportunidades para aprender bem. Sabemos por pesquisas científicas que os celulares atrapalham isso."

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Vários estudos já demonstraram que limitar o tempo de tela das crianças traz melhoras na cognição e na concentração.
O governo holandês disse que caberá às escolas alinhar regras detalhadas com professores, pais e alunos.
A decisão será revisada no final do ano letivo de 2024-2025, quando o funcionamento da medida será avaliado, assim como a necessidade de trazer efeitos legais para a proibição ou não.
O anúncio da Holanda vem depois de uma decisão semelhante anunciada pela Finlândia na semana passada.
O novo governo finlandês, formado por uma coalizão conservadora, pretende alterar a legislação para facilitar restrições a celulares nas escolas — mas isso ainda precisa ser aprovado pelo parlamento.
Em 2018, a França aprovou uma lei banindo o uso de celulares por estudantes com menos de 15 anos nas dependências das escolas, inclusive durante os recreios. Entretanto, a aplicação da lei tem enfrentado desafios, como a resistência dos alunos em entregar seus celulares.

 


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 03.04. 24


Razão e Liberdade no mundo moderno


Os tempos atuais são marcados pela abundância de informações e pela crescente dificuldade que todos temos para tecer sobre elas um fio condutor do conhecimento. Primeiro foi o abençoado jornal diário, depois a multiplicação dos meios de comunicação social com o rádio e a televisão, hoje pontificam as Redes Sociais alimentadas por uma espécie de “tecno-feudalismo”, como as denomina o ex Ministro da Economia da Grécia em artigo recente, Varoufakis. Estas prometiam uma revolução nas instituições republicanas, dominadas por partidos políticos, através da qual cada um poderia clamar por suas expectativas sem sair de casa, numa espécie de “democracia digital”. Nada disso aconteceu. Pelo contrário, as Redes são presas de algoritmos que as dirigem sob a égide de competentes matemáticos, a serviço de inomináveis interesses particulares, que se substituem aos filósofos políticos e ativistas que lhes correspondem na conformação da opinião pública. Fica o registro para os interessados: Leiam “Os Engenheiros do Caos”, de autoria de dois jornalistas italianos. Isso posto, é sempre bom voltar às origens de questões centrais da construção da modernidade. Terá ela algum eixo sobre a qual se move o processo civilizatório? Aqui é bom lembrar o que nos caracteriza como espécie – homo sapiens. “Penso, logo existo”, proclamou Descartes. Com efeito, estamos no vértice da cadeia animal não porque sejamos o mais forte exemplar da natureza, mas o mais sutil. Inteligente. O uso da razão, portanto, é um elemento fundamental da nossa existência, garantidor da nossa reprodução e sobrevivência no planeta. Mas a razão, “espírito denso”, se articula com matéria sutil da liberdade, que a condiciona. Uma é, queiramos ou não, é cautelosa e conservadora; a outra, impetuosa e revolucionária. Um rabino, Nilton Bonder, tem uma obra dedicada ao tema que virou, até, peça teatral de grande sucesso em São Paulo: “O corpo é conservador, a alma é imoral”. Razão e liberdade, portanto, sempre nos acompanharam ao longo da evolução mas vão, paulatinamente, redefinindo sua coreografia.
“O iluminismo forneceu os dois conceitos fundamentais que justificaram o papel universal da burguesia europeia: razão e liberdade”.
Conceitos gêmeos. Até então, a revelação e a tradição é que forneciam normas válidas para a organização da ida social. O pensamento só poderia ocupar um lugar central se também dele fosse possível deduzir princípios e normas universais que ultrapassassem os limites da mera opinião. Enorme desafio. Os iluministas afirmaram que era possível superá-lo: o pensamento podia produzir esses conceitos universais, e à sua totalidade eles denominaram razão. A razão pressupunha a liberdade, pois o sujeito só pode atingir a verdade se o seu esforço de conhecimento não reconhecer nenhuma autoridade externa que lhe imponha limites. E a liberdade pressupunha a razão, pois ser livre é poder agir de acordo com o conhecimento da verdade. Ao contrário dos defensores das tradições, necessariamente vinculadas a sociedades específicas, as vanguardas da modernidade europeia logo proclamaram a validade universal
das suas proposições. “As mitologias, as religiões, a arte, a tradição, o direito, o Estado, a política e a economia, tudo foi julgado à luz do ideal homogeneizador do progresso.” – Cesar Benjamin.
Recolhemos, no Ocidente, este par inspirador, da Grécia Antiga e o a no Iluminismo que atravessa os séculos XVII e XVIII, quando reduzimos este debate em torno da dialética entre ESTADO E MERCADO. T. Hobbes inspira-se na razão para mostrar o Estado como um monstro – Leviatã – indispensável à paz armada de homens em guerra com os próprios homens. Locke, discorda, seguido de perto por J.J. Rousseau, embora com argumentos diferentes, enaltecendo a liberdade, que os economistas dali em diante denominarão Mercado. Não obstante, tanto Estado como Mercado, são instituições fundamentais e complementares da modernidade que não podem ser subsumidas uma na outra. Elas constituem uma espécie de par perfeito da modernidade, cuja articulação, entretanto, depende da nossa capacidade política para assim compreendê-las. Durante algum tempo, pensou-se que a razão estatal, como expressão também da herança hegeliana que a situava como criação ética suprema da humanidade, deveria ser absolutizada como critério da vida pública, ao que os libertários responderam com a absolutização do Mercado, em nome da liberdade. Na aberturando século XXI, porém, sob o ocaso da URSS e percalços da globalização, RAZÃO E LIBERDADE se redefinem em novas experiências, como a da China, reabrindo o debate sobre o papel do Estado e do Mercado. Nem tão a terra, nem tanto ao céu. O mar... Uma nova maneira de se compreender o papel inevitável do Estado como regulador do curso civilizatório e o Mercado como sinalizador da melhor alocação de recursos sob a égide da livre iniciativa.
Anexo:
Luiz Gonzaga Belluzzo* - Milícias ocupam o Estado
Práticas nada republicanas de suspeitos da morte de Marielle revelam corrosão dos princípios que deveriam comandar as ações dos agentes que ocupam o Estado. Valor Econômico- https://gilvanmelo.blogspot.com/.../luiz-gonzaga-belluzzo...
As práticas nada republicanas dos irmãos Brazão e do delegado Rivaldo Barbosa foram alcançadas pelas investigações acuradas da Polícia Federal. As informações obtidas revelam a corrosão dos princípios e instituições que deveriam comandar as ações dos agentes que ocupam o Estado.
A República e a democracia dobram os joelhos, submetidas aos conflitos e contubérnios entre milicianos, traficantes e ocupantes do Estado que o corroem por dentro como parasitas. Esse achincalhe aos princípios que deveriam governar as ações do Estado de Direito moderno abriga em seus subterrâneos as forças da cobiça, ou como diriam Freud e Keynes, os impulsos do “amor ao dinheiro”. (Keynes prezava como poucos a liberdade política garantida pelo Estado Moderno e almejava o aperfeiçoamento do indivíduo. Era, no entanto, crítico feroz e implacável do individualismo utilitarista e do “amor ao dinheiro”).
Observador das turbulências que assolaram a sociedade inglesa no século XVII, o pensador liberal Thomas Hobbes imaginou que o terror disseminado pelos bandos privados na busca de cobiçadas riquezas só poderia ser contido pela concentração do poder e da força no Leviatã.
Hobbes surpreende a sociedade dos indivíduos no momento em que o Estado submergiu na voragem da guerra religiosa, soçobrou na crise da sociedade governada pelo desejo e pelo medo. Para Hobbes, é permanente a possibilidade de o Estado, o Deus Mortal, ser destruído em uma crise desencadeada pela invasão de ambições “particularistas”.
O Leviatã é uma criatura engendrada pelos indivíduos livres, atormentados, porém, pela cobiça e pelo medo, sempre prestes a lançar a sociedade nos torvelinhos da morte e da destruição. É o medo que os obriga a abrir mão de suas liberdades sem peias para concentrar o poder na soberania do Estado.
Hobbes considerava a polícia o órgão vital do Estado moderno, a encarnação de sua essência. Mas a segurança do cidadão estaria garantida apenas mediante a imposição de controles e limites à função de polícia, determinados pela lei. A função policial deve ser exercida com vigor para conter impulsos destrutivos dos indivíduos, mas submetida às restrições necessárias para impedir que a soberania do Estado se transforme em arbítrio, ou seja, no exercício de um poder privado pela burocracia estatal encarregada de vigiar e punir.
Nas repúblicas modernas, se é que temos aqui algo parecido com isso, figuram entre as cláusulas pétreas aquelas relativas à representação legitimada pelo voto, à impessoalidade na administração pública, à constituição de um sistema de poderes e garantias fundados na lei.
O sistema de poderes e garantias ancorado na lei é o núcleo central do Estado contemporâneo. É isso que o obriga a punir, no exercício do monopólio da violência, as tentativas de opressão arbitrária de um indivíduo sobre o outro. Não há como pensar a sobrevivência da sociedade dos indivíduos-cidadãos sem imaginar a presença do poder repressivo do Estado. O descumprimento do dever de punir pelo ente público termina por solapar a solidariedade que cimenta a vida civilizada, lançando a sociedade no desamparo e na violência sem quartel.
Os códigos da cidadania moderna foram concebidos como uma reação da maioria mais fraca contra o individualismo anarquista e reacionário dos que se consideravam com mais direitos e poderes. Esses, no Brasil, invariavelmente imaginam uma sociedade sem a presença de um Estado democrático e forte, capaz de intimidar aqueles que pretendam se impor por meio da intimidação.
Descumprimento do dever de punir pelo ente público lança a sociedade no desamparo e na violência sem quartel
O contrato social que dá origem ao Leviatã está contaminado pelos anseios do desejo e pelos temores da violência. O medo é o medo do outro. Hobbes nega o estado de natureza idílico como o concebeu Locke, o bom selvagem, tal como também o idealizou Rousseau. Os homens só convivem pacificamente na sociedade em que o Estado está consolidado, quando os egoísmos da sociedade civil já estão pacificados pelas leis soberanas.
“Uma vez que a Condição Humana é a da Guerra de uns contra os outros, cada qual governado por sua própria Razão, e não havendo algo que o homem possa lançar mão para ajudá-lo a preservar a própria vida contra os inimigos, todos têm direito a tudo, inclusive ao corpo alheio. Assim, perdurando esse Direito de cada um sobre todas as coisas, não poderá haver segurança para ninguém (por mais forte e sábio que seja), de viver durante todo o tempo que a Natureza permitiu que vivesse.
Hobbes recusa a perenidade do contrato social e admite que o poder soberano, uma vez estabelecido, estará sempre ameaçado pelos conflitos da sociedade civil. Uma visão pessimista, nascida dos conflitos que acompanharam a sociedade moderna em formação.
No livro “Capitalismo, Socialismo e Democracia”, o economista Joseph Schumpeter manifesta dúvidas a respeito do sucesso das sociedades capitalistas na gestão da coisa pública. “Acima de tudo os eleitorados e os parlamentares devem ter um nível intelectual e moral muito elevado para poderem resistir aos oferecimentos dos trapaceiros e farsantes ou de outros homens que, não sendo uma coisa nem outra, vão se conduzir da mesma maneira”.
Nos discursos e manifestações dos irmãos Brazão sobressaem adesões a um moralismo tosco e hipócrita. Nada é mais imoral nas sociedades modernas do que o moralismo dos beldroegas. O filósofo Domenico Losurdo considera inaceitável esse comportamento: “Os protestos moralistas não são apenas errôneos, mas revelam apego malsão à própria particularidade que é desfrutada narcisisticamente sob o disfarce da moralidade”. Invocar a própria virtude, a honestidade ou os bons propósitos para contestar a impessoalidade e o “formalismo” da lei é a maior corrupção praticada contra a vida democrática. Montesquieu dizia que há insanidade na substituição da força da lei pela presunção de virtude auto alegada.
*Luiz Gonzaga Belluzzo é professor titular do Instituto de Economia da Unicamp e professor emérito da Universidade Federal de Goiás.
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ESCOLHAS DIVINAS por JOSÉ LUÍS FIORI 2015
- https://www.observatoriodasmetropoles.net.br/escolhas-divinas-jose-luis-fiori/


“Agradecemos a Deus pela bomba atômica ter vindo para nós, e não para os nossos inimigos; e oramos para que Ele possa nos guiar para usá-la em Seus caminhos, e para Seus propósitos”.
Presidente Harry, S. Truman, cit. in P. Anderson, “A política externa norte-americana e seus teóricos”, Ed. Boitempo, SP, 2015 p:42

Do ponto de vista estritamente lógico, é impossível de imaginar um Deus que seja único e absoluto, e que ao mesmo tempo faça escolhas de qualquer tipo que seja. Mas esta ideia da monopolização unilateral da “vontade divina”, por alguns povos, parece ser muito antiga e persistente, sobretudo entre os que professam religiões monoteístas. O exemplo mais conhecido talvez seja o do povo hebreu, como aparece descrito num dos cinco livros de Moises, o Êxodo: “Então Javé chamou a Moisés e lhe disse: agora, se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis para mim uma propriedade peculiar entre todos os povos, porque a terra é minha. Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo, 19). Mas esta mesma convicção pode ser encontrada no Zoroastrismo, e na relação preferencial de Ahura Mazda com o povo persa e com o Império Aquemênida, da Ciro, Dario e seus descendentes; na relação de Ala, com os sucessivos impérios islâmicos, desde o século VII d.C.; ou na relação do Deus cristão, com os povos europeus e seu projeto de expansão e conversão do mundo, a partir do século XVI. E esta mesma ideia está por trás da certeza norte-americana a respeito do seu “destino manifesto” a liderar a humanidade. Uma visão construída pelos seus “founding fathers”, e que permanece viva até hoje, como se pode ler na epígrafe do presidente Truman; ou na ideia do presidente Kennedy, de que “os EUA deviam seguir em frente para liderar a terra ... sabedores de que aqui na Terra a obra de Deus deve, em verdade, ser obra nossa” (op cit p 43); ou ainda, na certeza do presidente Bush, de que “a nação americana foi escolhida por Deus e comissionada pela história para ser um modelo para o mundo” (idem, p:43).
Esta monopolização da “verdade divina” pode ser absurda do ponto de vista lógico, mas de fato se transformou numa “ideia-força” que cumpriu um papel decisivo através de toda a história humana, tanto dos “povos escolhidos’, como dos “povos não escolhidos” por Deus. Sem esta imagem de si mesmo, talvez o povo hebreu não tivesse conseguido resistir ao assédio dos assírios, dos romanos e de tantos outros povos mais poderosos, superando seu sentimento milenar de inferioridade e de cerco; os persas não tivessem conquistado seu gigantesco império de oito milhões de quilômetros quadrados, na África, Europa e Ásia, o Islã não tivesse se expandido de forma tão continua e vitoriosa, a partir do século VII; e os europeus não tivessem conseguido impor sua dominação colonial ao redor do mundo, a partir do século XVI. Sempre movidos pela mesma certeza ética que levou George Kennan a afirmar, olhando para a destruição alemã, depois da II Guerra Mundial, “que ele se tranquilizava com o fato de que os EUA tivessem sido os escolhidos pelo Todo-Poderoso para ser os agentes daquela destruição”. (op cit, p:42)
Nesta história, entretanto, é fundamental distinguir o papel decisivo das religiões na construção das civilizações humanas, da sua monopolização e instrumentalização pelos poderes territoriais e pelos grupos humanos que se autoproclamam superiores e com o direito exclusivo a impor os seus valores aos demais que forem sendo submetidos, convertidos, ou exterminadas pelo avanço e pela “tranquilidade ética” dos “povos escolhidos”. Esta visão unilateral e monopolista da “escolha divina” sempre está - e segue estando - por trás de todos os fundamentalismos religiosos, em qualquer tempo e lugar, e que sempre levou à demonização, à desqualificação, à humilhação e à exclusão dos que pensam diferente. Uma radicalização que parece se repetir através da história, em todos os grandes momentos de ruptura e ”perda de horizonte” por parte da humanidade, como está acontecendo de novo, neste início do século XXI.
Depois do fim da Guerra Fria, e em particular nesta segunda década do século XXI, os EUA estão vivendo um momento sem precedente de fragmentação do seu establishment, do seu sistema político e da sua sociedade mobilizada por um fundamentalismo religioso cada vez mais agressivo e excludente. E o mesmo está acontecendo na Europa, onde o esvaziamento ideológico do projeto de unificação abriu portas para um aumento contínuo da intolerância dentro do seu próprio território e dentro de toda sua antiga zona de dominação colonial, em particular no Grande Oriente Médio. Um panorama regional que se agrava ainda mais com o distanciamento recente entre EUA e Israel, dois povos que se consideram “escolhidos” e que compartilham a mesma genealogia divina. Mas esta fragmentação e esta radicalização não se restringem mais a estes pontos estratégicos da geopolítica mundial, e tem avançado mesmo em sociedades que pareciam imunes a este tipo de fundamentalismo e que agora aparecem divididas pela intolerância e pela proposta explicita de negação do diálogo e da convivência, e de exclusão – muitas vezes - da própria pessoa física dos adversários. Como é o caso mais recente da sociedade brasileira, que até hoje se considerava “cordial”, e apenas “abençoada por Deus”. Frente a esta situação que tende a se agravar em todo mundo só cabe resistir à intolerância com a tolerância, à irracionalidade com a razão, ao fanatismo com a tranquilidade dos que sabem que não existem os “escolhidos” nem existem pessoas superiores aos demais. Junto com a defesa intransigente, no plano internacional, de que chegou a hora de enterrar de uma vez por todas, a fantasia arrogante dos “povos escolhidos”, na relação entre as nações.
Fevereiro de 2015

 


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 02.04.24 

A difícil transição energética 

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O horror da exploração do lítio no Vale do Jequitinhonha 

https://www.youtube.com/watch?si=AcBQUHQQqv95UA8&v=ZzvYhXmQTSk&feature=youtu.be 

O MARKETING DO LÍTIO VERDE 

@ Márcio Metzker - https://www.cedefes.org.br/o-marketing-do-litio-verde/ 

Verdades inconvenientes sobre as energias verdes Uma elite poderosa financia ilusões. Já está completa a fusão entre o ambientalismo e o capitalismo- Publicado em 12/09/2023 - Gustavo José Simões, doutor em Engenharia Mecânica pela UFRJ e Historiador. 

 https://aepet.org.br/artigo/verdades-inconvenientes-sobre-as-energias-verdes/

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Nacionalismo metálico’ entra no radar- Relatório da OCDE aponta crescentes restrições às exportações de matérias-primas especiais empregadas na transição para a energia verde https://gilvanmelo.blogspot.com/.../assis-moreira...- Assis Moreira - Valor Econômico Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 8As matérias-primas críticas tomam crescente espaço em estratégias de governos para assegurar o abastecimento, na transformação de uma economia dominada por combustíveis fósseis, em uma economia liderada por tecnologias de energia renovável. Há oportunidades, mas também riscos de mais conflitos comerciais e mais tensões internacionais. O Brasil, em todo o caso, poderá ter papel relevante na cadeia de suprimentos da transição verde. Algumas matérias-primas relativamente abundantes, que tradicionalmente têm sustentado a produção industrial, como alumínio, cobre e minério de ferro e aço, continuarão sendo essenciais nos setores verdes. Outros materiais, como minerais de terras raras, lítio, cobalto ou níquel, são predominantes nas novas tecnologias, veículos elétricos, energia renovável. A transição verde reduzirá a dependência global de combustíveis fósseis. Ocorre que a produção de matérias-primas industriais é bem menor que a oferta de petróleo. Além disso, relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta crescentes restrições às exportações. Um alto funcionário europeu reagiu tuitando: “Preparem-se para o nacionalismo metálico”. O tema está na ordem do dia impulsionado pelo compromisso de um grande número de países de alcançar emissões líquidas zero de CO2 até 2050. Isso exigirá um aumento enorme da produção e do comércio internacional de várias matérias-primas para descarbonizar as economias. Exemplo: um carro elétrico típico requer seis vezes mais insumos minerais do que um carro convencional, e uma usina eólica terrestre exige nove vezes mais recursos minerais do que uma usina a gás. Pelas projeções da Agência Internacional de Energia (AIE), nos próximos 20 anos a demanda do setor de energia limpa por materiais como cobalto, grafite natural ou lítio aumentará de 20 para mais de 40 vezes. Na última década, o lítio, elementos de terras raras, cromo, arsênico, cobalto, titânio, selênio e magnésio registraram as maiores expansões de volume de produção, variando entre 33% para magnésio a 208% para o lítio. Mas a OCDE calcula que esse aumento é modesto comparado ao projetado crescimento da demanda na transição verde. Ao mesmo tempo, a produção de outras matérias-primas críticas, como chumbo, grafite natural, zinco, minérios metálicos preciosos e concentrados e estanho, declinou nesse período. A produção é hoje concentrada em alguns países. A China é um dos principais produtores de seis das dez matérias-primas críticas com produção mais concentrada, enquanto Austrália e Rússia aparecem três vezes, e a África do Sul e o Zimbábue, duas vezes. Por sua vez, a concentração no comércio internacional desses produtos parece mais modesta, mas a OCDE mostra visível inquietação. Metade da dependência de abastecimento de seus países membros (38 industrializados e alguns emergentes) está concentrada em países do Brics: a China responde por 24% do total, a Rússia por 10%, seguida por Brasil (6%), África do Sul (6%) e Índia (4%). Ela ocorre em uma gama de diferentes matérias-primas críticas, mas sobretudo em metais tradicionais como ferro e aço, cobre e alumínio, também utilizados intensivamente em tecnologias verdes. O Japão é responsável por 9% de toda a dependência, seguido por Chile, Colômbia e Austrália (8% cada). Chile e Austrália, por exemplo, dependem principalmente de ferro, aço e produtos químicos inorgânicos importados principalmente da China e de outros países do Brics, e a Colômbia, de materiais de alumínio. Ao mesmo tempo, a incidência global de restrições à exportação de matérias-primas críticas aumentou mais de cinco vezes em dez anos. Cerca de 10% do valor global das exportações de matérias-primas críticas enfrentou pelo menos uma medida de restrição às exportações nos Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 9últimos anos. A OCDE atribui o uso dessas barreiras a uma mistura complexa de considerações econômicas e não econômicas. China, Índia, Argentina, Rússia, Vietnã e Cazaquistão são os seis principais países que mais impuseram novas restrições na exportação. Com a China, o Ocidente tem crescente rivalidade. Com a Rússia, tem a guerra na Ucrânia. É nesse cenário de alta tensão geopolítica que os países da OCDE estão cada vez mais expostos a restrições à exportação de matérias-primas críticas. O Chile é país que mais recentemente anunciou plano de nacionalizar as reservas de lítio. O México já decidiu a nacionalização de sua indústria dessa commodity no ano passado. A Indonésia controla a exportação de níquel, pela qual quer ser uma potência na energia limpa. O Zimbábue proibiu a exportação de lítio não processado. Na América Latina, segundo levantamento da Universidade de Boston (EUA), os investimentos de companhias da China focam cada vez mais em lítio, energia renovável e veículos elétricos. Em janeiro, a Bolívia anunciou acordo de investimento de US$ 1 bilhão com os chineses envolvendo suas reservas de lítio. O Brasil tem um peso nada desprezível em algumas matérias-primas industriais estratégicas. Conforme levantamento da OCDE, o país detém a segunda maior reserva mundial de elementos de terra rara (18,33% do total), bastante utilizada na indústria de alta tecnologia; de manganês (13,6%) e de ferro-gusa (18,8%). Tem a terceira maior reserva de níquel (12,4%) e também de grafite natural (24%). Mas, em termos de produção, só aparece entre os maiores com o grafite, com 8,5% do total e 2% de ferro-gusa. O estudo não menciona que o Brasil é o maior produtor mundial de nióbio, metal muito resistente ao calor e ao desgaste e amplamente cobiçado. O país impõe licença de exportação para quatro produtos: nióbio, terras raras, titânio e zircônio (com grande aplicação na indústria nuclear). O interesse de parceiros aumentou. A China busca investir onde pode, no setor. A União Europeia quer explorar com o Brasil uma parceria estratégica em matérias-primas críticas. No governo de Jair Bolsonaro, a diplomacia brasileira já tinha respondido aos Estados Unidos que eles eram bem-vindos, inclusive para fazer diferença em investimentos nesse setor, mas que o Brasil não pretendia privilegiar parceiros, como queria Washington. Agora, cabe ao governo Lula definir claramente a direção que o país vai tomar. Energia é poder: eis a razão das farsas da transição e de danos ambientais Por: Pedro Augusto Pinho (*)-Jornal Brasil Popular/RJ - 01/04/2024 https://brasilpopular.com/energia-e-poder-eis-a-razao-das-farsas-da-transicao-e-de-danosambientais/ INTRODUÇÃO A história do homem e da sociedade que ele construiu podem ser contadas pelas energias que descobriu e criou ao longo da sua existência. Nascemos na África Oriental, mais precisamente na Etiópia, onde arqueólogos encontraram o mais antigo hominídio, a australopiteca Lucy, no deserto de Afar, com três milhões e duzentos mil anos. A palavra australopiteco é composta do latim “austral”, que significa “do sul”, e do grego “pithicos”, macaco. Assim fomos denominados: macacos do sul, embora estivéssemos um pouco ao norte da linha do Equador, porém os antropólogos identificam o berço da humanidade neste entorno que vai da Etiópia, passa pelo Quênia, e chega à Tanzânia. Somos negros de nascença. Levamos uns nove mil anos povoando a África antes de nos aventurarmos para fora do continente. E havia forte razão para isso, os efeitos da última glaciação, Würms (150 mil anos), Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 10que deixara a Terra coberta de gelo do paralelo ao norte da África ao círculo polar, que impedia o nosso ancestral de ingressar na Europa. O homem se deslocava preferencialmente pelas margens do rio, onde encontrava água para beber, se refrescar e fazer sua higiene. Por isso, as duas mais antigas civilizações foram constituídas ao longo do rio Nilo, a egípcia, e no Oriente Médio, entre os rios Tigre e Eufrates, a mesopotâmica suméria. O primeiro grande passo para esse homem povoador foi a descoberta do fogo. São controversas as datações, mas, considerando a capacidade para entender o significado do fogo e saber usá-lo para solução dos problemas, adotamos os critérios do paleoantropólogo queniano Richard Erskine Leakey (1944-2022), colaborador da “História Geral da África”, promovida pela UNESCO, e a colocamos há 21 mil anos. Foi com o fogo, a primeira fonte de energia, que nossos ancestrais se espalharam pelo mundo, entraram na Europa e construíram o terceiro mais importante núcleo populacional, no extremo oriental da Ásia, às margens do rio e do Mar de mesmo nome, Amarelo, e onde, atualmente, estão as províncias chinesas de Hebei e Shandong, os míticos reinos Yin e Zhou. FOGO, VENTO E SOL DURARAM MILÊNIOS A produção e consumo de energia proveniente do fogo, do Sol, dos ventos, das águas dos rios começam no alvorecer da espécie humana e duram até o século XVIII da era cristã. Foram devastadas florestas, constituídos desertos áridos, alterados cursos de rios, climas e recursos naturais por todos estes mais de 20 mil anos. E a geologia também fazia sua parte, movimentando as placas tectônicas, abrindo fendas, produzindo ciclones, tsunamis, expelindo lavas e gases do centro da Terra, com erupção dos vulcões. No século XV, com a força dos ventos, os europeus, procurando nova rota para atingir a Ásia, descobrem a América. Abriu-se imensa fonte de recursos, o ouro, a prata, e todo um Novo Mundo para explorar. O genocídio das populações existentes chegou, conforme relatos astecas, espanhóis, franceses e portugueses a 90% da população. A Europa se enriquece pelos séculos XVII e XVIII e passa a exigir mais e melhores produtos para seu conforto, luxo, qualidade alimentar, deslocamentos, que incentivam artesãos e inventores a produzi-los. É a revolução industrial que necessita de maior quantidade de energia do que as tradicionais fontes forneciam. O carvão mineral, energia fóssil, deu sustentação à Primeira Revolução Industrial, da máquina a vapor. Data-se este feito em 1760. E, logo a seguir, pelos anos 1860, tem início o uso, como fonte de energia, de outra energia fóssil, o petróleo. Portanto, temos energias que acompanham o homem desde seu dispersar pelo mundo, e outras que são utilizadas a menos de três séculos. Porque seriam estas recentíssimas, que exigem maior aplicação de tecnologia para sua produção, e que, ao contrário das outras milenares, podem ser armazenadas para uso quando necessárias, mais nocivas à humanidade? Alguma informação está sendo ocultada dos povos, dos que conheceram extraordinário desenvolvimento social, econômico e civilizacional com o advento das energias fósseis. Arrisquemos a hipótese da desigual distribuição, entre os países do mundo, das reservas de energias fósseis. As reservas de carvão estão concentradas em cinco países, com bilhões de toneladas, ao fim de 2020: EUA (249), Rússia (162), Austrália (150), China (143) e Índia (111). As de petróleo, em Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 11bilhões de barris, na mesma data, assim se distribuíam: Venezuela (303), Arábia Saudita (297), Irã (158), Iraque (145) e Rússia (108). Apenas a Rússia, que os EUA consideram sua perpétua inimiga, pois é país imenso, diversificado, sabe conviver com todas etnias que habitam os cerca de 22 milhões e meio de km², e é o maior obstáculo para concretização do estadunidense “Destino Manifesto” (1845), está presente entre as cinco maiores reservas de fontes primárias de combustíveis fósseis. Como não há como esconder ou dar interpretações farsantes ao poder das energias existentes na Rússia, restou criar embusteiras razões para trocar energias armazenáveis e baratas por intermitentes e caras. FALÁCIAS E CUSTOS NAS TRANSIÇÕES ENERGÉTICAS “A União Internacional de Ciências Geológicas rejeitou a controversa designação para a época atual da história da Terra como o Antropoceno ou a Era Humana. A decisão foi tomada por votação do comitê do órgão global de geologia, composto por cerca de 24 acadêmicos em fevereiro. A rejeição resolveu a disputa de 15 anos sobre se a atividade humana, desde a década de 1950, mudou o clima da Terra e outros sistemas o suficiente para justificar a declaração de nova era na sua evolução geológica. A comissão executiva confirmou a votação em comunicado divulgado nesta quarta-feira” (20/03/2024, Telegram, Sputnikbrasil). Em artigo (O recuo da “Net Zero”) na revista Solidariedade Ibero-Americana (fevereiro de 2024), o geólogo Geraldo Luís Lino escreveu: “em 2022, a produção mundial de carvão atingiu novo recorde – 8,3 bilhões de toneladas – com tendência de crescimento, no primeiro semestre de 2023. A Índia, onde 73% da geração elétrica dependem do carvão, planeja expandir sua produção em 60% até 2030. A China construiu 182 usinas termelétricas a carvão entre 2021 e 2023, acrescentando o total de 131 gigawats à sua capacidade geradora”. E transcrevendo Ross Clark, colunista da revista The Spectator e autor de livros sobre energia, que “argumenta que as fontes eólicas e solares estão em alta”, diz que nem tudo vai bem nesta indústria da substituição energética: “A nova capacidade adicional caiu 21%, entre 2021 e 2022. A razão é que os custos do aço, cimento e outras matérias-primas usadas na construção das fazendas eólicas começaram a subir drasticamente. A alta dos juros também aumentou os custos de construção”. Ainda de Clark: “Nos EUA, o valor das ações das empresas de energia limpa perdeu US$ 30 bilhões em novembro de 2023, em decorrência do “nervosismo” dos investidores com a lucratividade das empresas, apesar do apoio de bilhões de dólares estadunidenses à indústria com a Lei de Redução da Inflação de Joe Biden”. Qualificar os gélidos especuladores em bolsas de valores como “investidores nervosos” é desprezar a mediana inteligência da população. Vamos a dados mais objetivos. Um barril de petróleo contém 1.700 KWh de energia. As tarifas cobradas a usuários não industriais, no Rio de Janeiro e em São Paulo, pelas concessionárias situavam-se entre R$1,20 R$1,35, no último trimestre de 2023. Ao câmbio de US$1/R$5, o barril Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 12de petróleo, vendido como energia elétrica residencial, custava pouco mais de US$ 400. Neste século o petróleo jamais chegou a US$ 130/barril. E o custo da energia elétrica no Rio de Janeiro e São Paulo é, majoritariamente, quase exclusivamente, obtido da energia hidroelétrica; muito mais barata do que a eólica e a fotovoltaica. O mundo construído a partir de 1980, sob a ideologia neoliberal, é, verdadeiramente, o mundo das fantasias, dos engodos, adulações, farsas, corrupções e ardis. Criou-se o mercado no lugar do Estado. Mas o mercado só tem lugar para vencedores, que sempre serão minoritários, e a população majoritária como fica? Morando nas ruas, sem atendimento médico, sem instrução? Nas relações internacionais voltaram os eixos do mal, os terroristas islâmicos, todas as criações publicitárias estadunidenses, anglo-holandesas, eurocentristas, para justificar suas ações contra os povos que não aceitam a escravidão, o saque de seus bens, a exclusão física, como indesejáveis e onerosos seres estúpidos e incapazes. Ao lado do controle das energias, sob o falso pretexto das mudanças climáticas, também buscam controlar as mentes das pessoas com o controle dos sistemas educacionais e das comunicações. Verifique quem são os efetivos proprietários dos órgãos de comunicação digital, das redes virtuais, e encontrarão os gestores de ativos: BlackRock, Vanguard, State Street, Fidelity, J.P. Morgan entre dezenas de outros. A corrupção e a chantagem obrigam acadêmicos a fazerem declarações que sabem erradas, incorretas, no mínimo questionáveis. Também revistas, associações, educandários de todos os níveis a divulgarem e ensinarem conceitos e fatos inautênticos, inverídicos, irreais. Vivemos, no Ocidente, a sociedade que retrocede, não apenas na economia, mas no desenvolvimento intelectual, nos relacionamentos saudáveis, na cooperação entre os povos. Caro leitor, o número de guerras que o poder neoliberal provocou e incentivou países a dar início desde 2000 é assombroso, considerando a existência de equipamentos para instantânea informação. Mas há quem acredite na farsa do 11 de setembro, e passe a ver os muçulmanos como inimigos, o Irã como um eixo do mal, o Estado de Israel usando seu exército na defesa do território que nunca foi seu, como justificativa para o genocídio do povo palestino. As pressões para a transição energética são pressões para manutenção de colônias euroestadunidenses, como se viam no século XIX. Aliás o neoliberalismo nada mais é do que a ideologia das finanças apátridas impondo-se no século XXI. (*) Por Pedro Augusto Pinho, ex-professor universitário, pertenceu ao Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra, atuou em diversos países da África e na América do Sul como consultor em planejamento energético e organizador de instituições para executar projetos de energia, quer como representante da Organização das Nações Unidas (ONU), quer atuando pela Petróleo Brasileiro S.A. PETROBRÁS, quer como consultor Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 13independente, foi presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) e hoje é articulista em mídias impressas e digitais e administrador aposentado. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

 


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 26.03. 24
A crise grassa, mas os ricos ficam cada vez mais ricos
Quantos milionários têm no Brasil? UOL Economia
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Contrariamente ao que muita gente pensa, sobretudo de esquerda, Mercados, existem no mundo desde o começo da civilização, cujos marcos são a conquista da sedentarização com o cultivo do agro e formação das primeiras cidades. É uma instituição humana. Uma cidade, enfim, não sobrevive se não houver um mercado onde tenha acesso aos produtos indispensáveis à sua subsistência. A divisão do trabalho cidade/campo impõe a troca de mercadorias. Havia mercados no Antigo Egito, na índia primordial, na China etc. Mas o aparecimento de uma sociedade na qual tudo se converte em mercadoria, inclusive a força de trabalho, num frenético processo de mercantilização que faz da economia a senhora da organização social, deslocando todas as suas demais expressões em mero adereço, é fenômeno recente. No Ocidente tem início com as feiras medievais, convergem para a emergência comercial das cidades italianas que comerciavam com a Africa e Asia, nas quais aparecem os primeiros bancos, germinam no curso das Grandes Navegações nos séculos XVII e XVII e culmina na Revolução Industrial. Deixa no seu rastro uma invejável capacidade de revolucionar permanentemente as técnicas de produção e relações sociais, como o advento e generalização do trabalho assalariado e a locupletação da sociedade com produtos e serviços nem sempre necessários mas suficientes para alimentar com polpudos lucros sua cadeia de oferta. Quem melhor demonstrou este processo não foi nenhum defensor do sistema capitalista, mas justamente um de seus maiores algozes: Karl Marx. Sua principal obra se denomina, justamente, O CAPITAL, e ele própria sempre dizia que preferia dissecar criticamente o sistema que lhe correspondia do que aviar, como pregoeiro de uma nova sociedade, receitas para a cozinha do futuro. Mas se Marx reconheceu as potencialidades do capitalismo, apontou, como poucos, suas lacunas. Uma delas são as crises constantes das economias de mercado. Como a produção de mercadorias não obedece à nenhuma plano geral mas apenas ao apetite dos seus produtores pelo lucro, a realização destas expectatvias só se dá quando os consumidores compram os produtos, o que nem sempre ocorre. Daí crises sistemáticas que varrem o “convés”, destroem milhares de empresas, geram desemprego e miséria e, no limite do colapso, reerguem-se em novas bases. Outro grande problema destas economias é a produção de desigualdades. Elas acompanharam o processo dito civilizatório, distinguindo a população por critérios de idade, gênero, prestígio e poder, mas nas sociedades contemporâneas, com a disseminação do trabalho assalariado, pago regiamente pelos cotratantes pelo preço que vale sua sobrevivência, de forma a garantir-lhes a devida lucratividade, as diferenças sociais, se acentuam. Essa, aliás, uma das fontes das rebeliões das massas e de suas pressões, seja por mudanças radicais que apontaram, seja para a montagem de sistemas alternativos, como o socialismo, seja para exigência de uma intervenção regulatória do Estado como garantia social através da formulação de Políticas Públicas. O pós II Guerra Mundial consagrou esta última opção criando um tempo de paz e prosperidade nos países centrais como nunca se tive antes visto. Ficou conhecido como pacto social-democrata. As últimas décadas, porém, congelaram ambas as saídas: Revolução e Reformas Sociais. Endogenamente, também, no mundo ocidental , o crescimento do sistema financeiro foi, gradualmente, substituindo o próprio setor produtor de mercadorias, transformando-se numa fonte predatória de riquezas em escala global. Coincidindo com isso, desde 1971 os Estados Unidos desvincularam o dólar de qualquer lastro transformando-o numa moeda volátil de curso global. Nunca antes, os manipuladores desta fonte ganharam tanto e tanto espoliaram sociedades e nações, sem nada entregar em troca: nem produtos, nem empregos. A consequência, apontada por vários economistas críticos, tem sido o crescimento do abismo social, do qual não escapa sequer uma economia planificada como a China. Globalmente, um estudo de banco suíço estima que existiam 59,4 milhões de milionários em todo o mundo no final de 2022 sobre um população mundial de 8 bilhões de pessoas, um quinto dela morrendo de fome. No Brasil tínhamos em 2022 414 mil milionários para uma população de 213 milhões, dos quais 70 milhões em idade de trabalhar já nem incorporam a força de trabalho, na ordem de 100 milhões, e 120 milhóes ganham até um salário mínimo.. Milionário segundo o estudo é todo aquele que dispõe, pelo menos, um milhão de dólares, pouco mais do que cinco milhões de reais. Depois do Brasil México, Noruega e .... são os países que também aumentaram o número de milionários. Mesmo com este cenário social lamentável, vamos, no Brasil , verificamos um número cada vez maior de bilionários ano a ano. . De acordo com o índice em tempo real da Forbes, o país tem, aliás, 61 pessoas com fortunas estimadas em mais de 1 bilhão de dólares. Um ano antes, o grupo era composto por 55. Ou seja, mesmo com a crise e baixos níveis de crescimento econômico os ricos ficam, acintosamente, cada vez mais ricos. Como se indaga um velho tango, muito conhecido – QUIZÁS -: “Hasta cuándo? Hásta cuándo...?”

 


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 25.03. 24


O assassinato de Marielle revela a profundidade do necro Estado do Rio de Janeiro
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O GLOBO - Após seis anos, PF prende irmãos Brazão por mandar matar Marielle
O ESP - Prisão de políticos e delegado no caso Marielle expõe submundo do crime no Rio.
FSP - PF prende suspeitos do caso Marielle. Deputado, conselheiro do TCE e chefe de polícia são acusados
ZH - Suspeitos de mandar matar de mandar matar vereadora Marielle Franco
Jornal do Comércio POA - Porto Alegre deve ampliar zona rural e produção do agro no Extremo Sul
AGÊNCIA BRASIL - PF aponta irmãos Brazão como mandantes da morte de Marielle. Delegado Rivaldo Barbosa planejou assassinato "meticulosamente"
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O necro estado brasileiro – por Vladimir Safatle
https://www.youtube.com/watch?v=CCgL60UJTck
A necropolítica de Achile Mambembe –
https://www.youtube.com/watch?v=dXS0wkdkLNM
O Assunto g1 dia 25 março 24 - A prisão dos suspeitos de mandar matar Marielle
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2024/03/25/o-assunto-1178-a-prisao-dos-suspeitos-de-mandar-matar-marielle.ghtml
O assassinato da vereadora Marielle Franco, há seis anos, no Rio de Janeiro, uma personalidade que reunia em torno de si várias dimensões contemporâneas do aprofundamento da democracia-entre-nós, por ser mulher negra e homossexual, moradora de periferia, ademais de esquerda, chocou o país e repercutiu internacionalmente. Há ruas e praças em várias praças do mundo com o nome dela. Sua família lutou incansavelmente por justiça. Ontem, revelaram-se aliviados diante da prisão dos mandantes do crime: gente da elite carioca frequentadora dos ambientes mais requintados da cidade: Um deputado federal, filiado ao Partido União Brasil, que se apressou em expulsá-lo imediatamente para evitar mais desgastes de sua imagem já comprometida pelos conflitos internos na semana passada e que levou à expulsão do ex Presidente da sigla, um membro do Tribunal de Contas do Estado, e pasmem: O chefe de Polícia à época. – “Só Deus sabe o quanto esperamos por este momento, declarou uma irmã de Marielle.” Levou tempo para o crime ser revelado em toda a sua extensão, que demonstra o nível a que chegou à deterioração da vida pública no Estado do Rio e muitas provas que poderão contribuir para condenar os acusados já foram perdidas. Houve tergiversam no processo de esclarecimento do crime desde sua perpetração, que só chegou à conclusão, agora consumada na prisão dos mandantes, graças à determinação do novo Governo Federal, que assumiu no ano passado, de colocar o caso nas mãos da Polícia Federal. Sabe-se agora porque as investigações iam e viam: A Polícia do Rio de Janeiro evitava o esclarecimento do caso, em virtude do seu envolvimento no caso. Ontem mesmo, o Governo Federal, através de seu Ministro da Justiça, deu o caso do assassinato como encerrado. Mas tanto as motivações do crime, ora atribuídas ao papel de Marielle na obstrução do processo de legalização de construções irregulares em áreas comandadas pela milícia, como eventuais corresponsabilidades de autoridades superiores, como do então interventor na Segurança Pública do Rio, General Braga Neto, um dos mais leais seguidores de Bolsonaro e que, inclusive, foi indicado como seu vice na chapa à Presidência da República em 2022, ainda deverão ser melhor investigadas. Um passo, no entanto, cumpriu-se: o desvendamento do caso em si mesmo, fruto deste tempo em que assistimos a mudança de uma sociedade patrimonialista tradicional para uma sociedade organizada pela Lei e Instituições de Estado. Resta descobrir, agora, o “caso para si”, ou seja, a quem o assassinato de Marielle, uma promissora política do Estado, possível candidata a um cargo majoritário ainda em 2018, interessava. Aí o novelo do seu crime pode desvelar-se em novela sem precedentes na história deste país. A acontecer isso, estaremos diante de impasses inusitados, que tanto poderão levar à consolidação da democracia no país como a ataques surpreendentes de uma ação combinada do crime organizado com agentes políticos. Como dizia o mestre do suspense Hitchcock: “Nem um assassino vive apenas de seus assassinatos. Ele precisa de algum carinho, abrigo e um prato de comida quente quando chega em casa.” E aí o mundo do crime desaba no muro das delações premiadas que advirão...
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A prisão dos suspeitos de mandar matar Marielle
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2024/03/25/o-assunto-1178-a-prisao-dos-suspeitos-de-mandar-matar-marielle.ghtml
Por Ana Flor – g1 PF investigará nomeação de chefe da Polícia do Rio na véspera do crime feita por Braga Netto; general diz que assinou por 'questões burocráticas'
https://g1.globo.com/economia/blog/ana-flor/post/2024/03/24/pf-investiga-nomeacao-de-rivaldo-barbosa-para-comandar-policia-do-rio-na-vespera-da-morte-de-marielle.ghtml
24/03/2024 11h13 Atualizado há 6 horas
A Polícia Federal vai investigar as circunstâncias da indicação do delegado Rivaldo Barbosa para chefiar a Polícia Civil do Rio de Janeiro em março de 2018, afirmou ao blog o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
A nomeação foi assinada pelo então interventor federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro, general Braga Netto.
Em nota, o ex-interventor afirmou que a indicações para a Polícia Civil eram realizadas por Richard Nunes, general que foi nomeado por Braga Netto para ser o secretário de Segurança Pública do Rio, pasta que respondia a Braga Netto durante a intervenção.
"A seleção e indicação para nomeações eram feitas, exclusivamente, pelo então Secretário de Segurança Pública, assim como ocorria nas outras secretarias subordinadas ao Gabinete de Intervenção Federal, como a de Defesa Civil e Penitenciária", diz a nota, sem mencionar o nome de Richard Nunes (leia a íntegra da nota mais abaixo).
"Por questões burocráticas, o ato administrativo era assinado pelo Interventor Federal que era, efetivamente, o governador na área de segurança pública no RJ", diz outro trecho da manifestação da defesa de Braga Netto.
Plantão Globo: Chiquinho e Domingos Brazão são presos suspeitos de mandar matar Marielle
Nomeação de Rivaldo
O relatório da Polícia Federal que embasou os pedidos de prisão mostra que a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro desabonou a indicação dele para o cargo.
Mesmo assim, o general Richard Nunes, decidiu nomear Rivaldo. Em depoimento, Nunes afirmou que resolveu desconsiderar a recomendação da Subsecretaria de Inteligência pois a recomendação não se pautava em "dados objetivos".
A indicação de Barbosa, que assumiu o cargo um dia antes da execução da vereadora, estava a cargo da intervenção federal no Rio de Janeiro – então comandada pelo general Walter Braga Netto.
Braga Netto foi o interventor federal no Rio em 2018, quando a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Torres foram assassinados.
A intervenção começou em fevereiro de 2018, quando Braga Netto foi indicado pelo então presidente Michel Temer.
Anielle Franco diz que prisão de Rivaldo Barbosa foi uma surpresa
Barbosa assumiu o posto um dia antes da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes. Neste domingo (24), Barbosa e outros dois foram presos como supostos mandantes do crime.
Os detalhes dos próximos passos da investigação serão relatados em entrevista coletiva do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ainda neste domingo (24).
Se há muitos anos os nomes dos irmãos Brazão eram citados por quem investiga os mandantes da morte, a prisão do delegado foi uma surpresa até para a família de Marielle.
Segundo delatores, Rivaldo teria garantido aos irmãos Domingos e Francisco Brazão, também presos como supostos mandantes, que as investigações sobre o crime não andariam
Leia a íntegra da nota divulgada por Braga Netto:
"Os advogados da defesa técnica do General Walter Souza Braga Netto esclarecem o seguinte:
Durante o período da Intervenção Federal na área de segurança pública no estado do Rio de Janeiro, em 2018, a Polícia Civil era diretamente subordinada à Secretaria de Segurança Pública.
A seleção e indicação para nomeações eram feitas, exclusivamente, pelo então Secretário de Segurança Pública, assim como ocorria nas outras secretarias subordinadas ao Gabinete de Intervenção Federal, como a de Defesa Civil e Penitenciária.
Por questões burocráticas, o ato administrativo era assinado pelo Interventor Federal que era, efetivamente, o governador na área de segurança pública no RJ."
Morte de Marielle foi idealizada por Domingos e Chiquinho Brazão e meticulosamente planejada por Rivaldo Barbosa, diz PF
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Jornal GloboNews
Anielle Franco diz que prisão de Rivaldo Barbosa foi uma surpresa
Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e delegado Rivaldo Barbosa foram presos por mandar matar Marielle Franco.

 


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 19.03. 24

Diminuiu número de pessoas com fome ano passado 

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13 milhões de brasileiros deixaram de passar fome em 2023 ... YouTube · Rádio BandNews FM- https://www.youtube.com/watch?v=jU3bDo6VHIw  

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Brasil, uma economia forte desde tempos coloniais, uma sociedade injusta mas que resiste, uma democracia difícil e fugidia. Não obstante, cresceu e se multiplicou. Comparado ao México, por ocasião do “Descobrimento”, que já detinha uma civilização com cerca de 20 milhões de habitantes originários, o Brasil, extrapolou o que poderiam ser previsões daquela época: Hoje somos 213 milhões de habitantes falando uma língua comum, sob um Estado unificado com instituições que começam a dar sinal de resiliência aos golpes tutelares, uma das dez maiores economias do mundo, na qual se destaca a potência do agro, a suficiência energética, e uma indústria capaz de produzir e exportar aviões, produto de excelência no mercado mundial. De certa maneira, pois, demos certo mas como aquele homem ilustrado que não frequentou a escola: tropeça na bagunça do método e nas lacunas de formação. O Brasil 

O Fome Zero é um programa do Governo Federal, que visa o direito de alimentação da população brasileira. É uma maneira de garantir cidadania às populações vulneráveis à fome. No Brasil, existem mais de 10 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, o que significa que nem o acesso a alimentação é saudável.

INSTITUTO FOME ZERO

MANIFESTO DE FUNDAÇÃO DO INSTITUTO FOME ZERO

Durante todo o século passado a sociedade brasileira se acostumou a conviver com a fome como um fenômeno natural e a intervenção dos governos acontecia sempre de forma pontual ou emergencial, quando a situação chegava a níveis críticos. Iniciativas de políticas públicas foram desencadeadas sob inspiração do Dr. Josué de Castro – professor, pesquisador e ativista brasileiro contra a fome – que presidiu o Conselho Executivo da FAO de 1952 a 1956. Também devemos muito aos avanços decorrentes da mobilização das forças sociais em busca da justiça e do respeito aos direitos humanos, como nos ensinou a campanha contra a fome comandada por Herbert de Souza, o Betinho, entre outros tantos. Todavia, em um país com elevada pobreza e desigualdade social, como o Brasil, o combate à fome não pode ser episódico, deve ser permanente.

Na esfera da produção de conhecimento, as universidades, as instituições de ensino e pesquisa e capacitação profissional formaram milhões de cientistas que disseminaram tecnologias para o combate à fome e treinaram profissionais que foram a campo, identificaram carências e propuseram soluções imediatas para o flagelo da fome.

No campo das instituições, a Constituição Federal de 1988, nos deu o aparato jurídico promovendo o direito à vida. Conquistamos também a saúde universal gratuita, a seguridade social, a alimentação escolar para crianças e jovens e a aposentadoria integral para importantes categorias de trabalhadores.

Na arena internacional, a proximidade da chegada do século XXI levou os países a estabelecerem um mapa de rota para equacionar o problema da insegurança alimentar que estava afetando 1 em cada 6 habitantes do planeta. Como resultado desse esforço, os 185 países participantes da Cúpula Mundial da Alimentação assinaram a Declaração de Roma em 1996 e se comprometeram com metas de redução dos níveis de insegurança alimentar. O Brasil, que tinha um contingente de quase 16 milhões habitantes em situação de subnutrição (10% da população brasileira) representando a quantidade mais expressiva entre todos os países da América Latina (FAO – SOFI, 2000), foi participante ativo dessa reunião.

No entanto, diante do imobilismo do governo federal em atacar de frente o problema da fome, o Instituto Cidadania reuniu um grupo de quase 100 pesquisadores e estudiosos do tema da alimentação para uma avaliação e elaboração de propostas no ano 2000. Resgatou-se os princípios básicos do 1º PNSA (Política Nacional de Segurança Alimentar) coordenado pelo Agrônomo José Gomes da Silva e partiu-se do diagnóstico de que o contingente de pessoas em insegurança alimentar no Brasil era muito maior do que os dados da FAO apontavam. Estimava-se, com base nos critérios de renda disponível para a alimentação, que 44 milhões de pessoas, ou 27,8% da população, estariam em situação de vulnerabilidade (a partir dos dados do Censo Demográfico IBGE 2000). O resultado foi o Projeto Fome Zero – Uma Proposta de Política de Segurança Alimentar para o Brasil – apresentado ao Congresso Nacional em outubro de 2001. O projeto colocava sobre a mesa um conjunto de mais de 30 programas, muitos deles já existentes em nível local e outros reformulados e inovadores, para erradicar a fome, muito além da proposta de reduzí-la pela metade até 2015, como era o compromisso da Declaração de Roma e dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) da ONU.

Com a eleição do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, que levou para o governo federal o conhecimento acumulado anteriormente com a elaboração técnica e com experiências locais, esses programas começaram a ser implementados e perseguiu-se incansavelmente e de forma massiva a proposta de erradicação da fome. Com isso, os resultados começaram a aparecer imediatamente e, menos de 10 anos depois o Brasil já estava fora do Mapa Mundial da Fome, segundo reconhecimento de especialistas e relatórios dos principais organismos internacionais, entre eles a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) da ONU.

O sucesso do Projeto Fome Zero ultrapassou as fronteiras nacionais e serviu de inspiração para iniciativas similares em vários outros países da África, Ásia e América Latina. Mais ainda, o Brasil mostrou ao mundo que era possível erradicar a fome no prazo de uma geração e ajudou a redefinir as metas mundiais a respeito, de modo que a meta Fome Zero passou a ser referência para o segundo dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU adotado em 2015.

Infelizmente, a situação de alívio no que diz respeito à SAN – Segurança Alimentar e Nutricional – brasileira começou a ser revertida em meados da década passada. A mudança abrupta do governo federal em 2016, a crise econômica e a volta da orientação neoliberal impactaram diretamente na gestão da Política de SAN com o desmantelamento de programas, redução de participação da sociedade civil, extinção do CONSEA – Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional –, corte de gastos e recursos destinados à proteção social e ao combate à fome.

Dados da aplicação da EBIA – Escala Brasileira de Insegurança Alimentar – levantados juntamente com a POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares – do IBGE 2017-18 demonstram que a Insegurança Alimentar atingia quase 85 milhões de brasileiros, cifras maiores que aquelas observadas em 2004 em termos absolutos e níveis equivalentes em termos relativos (40 % da população em 2004 contra 41% da população em 2017-18). A insegurança alimentar grave, situação equivalente à fome do ponto de vista nutricional, já em 2018 atingia mais de 10 milhões de pessoas ou quase 5% da população.

Nesse contexto de retrocesso da segurança alimentar e nutricional, o Instituto Fome Zero está sendo criado por um grupo de ativistas, estudiosos e pesquisadores que participou na elaboração do Projeto Fome Zero, há exatamente 20 anos, e acompanhou de perto a jornada que logrou erradicar a fome no Brasil.

Esse é um momento de reflexão para o qual convidamos toda a sociedade brasileira a participar. Com a marca permanente da pandemia de Covid-19, o atual quadro de esgarçamento social somente deverá se agravar e soluções paliativas não colocarão o país de volta na trajetória da segurança alimentar e nutricional. Mais além de renovar esforços e a mobilização já feita, o Brasil precisa discutir novas ideias e novas propostas para o combate à fome, bem como garantir o Direito Humano à Alimentação Adequada.

Nesse contexto, a defesa, manutenção e ampliação do Programa Bolsa Família, a retomada de programas consagrados, como o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA –, o reforço e incremento de iniciativas fundamentais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE – com compras da agricultura familiar e o reestabelecimento do mecanismo de diálogos com a sociedade civil são temas que precisam estar de volta à pauta. Políticas públicas relacionadas à contenção da obesidade, que já atinge um quinto da população brasileira, também devem ser igualmente tratadas com absoluta prioridade, com base em evidências científicas sólidas e na valorização da alimentação saudável.

Para tanto, queremos nos somar à mobilização de milhões de pessoas que continuam lutando para que os objetivos do Fome Zero e suas conquistas sejam preservadas, valorizadas e renovadas.

São Paulo, 16 de outubro de 2020, Dia Mundial da Alimentação

 


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 18.03. 24

O paraíso gaúcho que quer deslanchar como destino turístico

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Ernani Campelo, especial para o JC*- https://www.jornaldocomercio.com/cadernos/empresas-e-negocios/2024/03/1146117-o-paraiso-gaucho-que-quer-deslanchar-como-destino-turistico.html

Em mais uma temporada de verão, os holofotes do turismo no Estado se voltaram para o Litoral Norte e as concorridas praias de Torres, Capão Canoa, Xangri-lá, Tramandaí e Cidreira. São centenas de milhares de gaúchos que dividem um lugar ao sol nestes municípios. Não muito distante dali, há um cenário de encantos e belezas, entre a lagoa dos Patos e o mar, com águas cristalinas, parque nacional, berçário de aves, faróis e muita história. Apesar dos atrativos, com uma estrutura modesta, a região engatinha como destino turístico.

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Enquanto as principais cidades praianas do Litoral Norte gaúcho superlotam no verão, perto dali há um lindo pedaço de terra, entre a lagoa dos Patos e o mar, com águas cristalinas, parque nacional, berçário de aves, faróis e muita história. É o Litoral Médio do Rio Grande do Sul, uma península que separa a lagoa dos Patos do oceano Atlântico, localizada nos municípios de Mostardas e Tavares, onde estão situados verdadeiros paraísos como as lagoas de Bacupari, com suas dunas intocadas, praias lacustres e marítimas e o incrível Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Com estradas e acessos totalmente asfaltados e fácil deslocamento, as cidades de Mostardas e Tavares ficam distantes 201 e 228 quilômetros de Porto Alegre, respectivamente.

A região compõe a Bacia Hidrográfica do Litoral Médio, localizada na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, com área de 6.113 km² e população estimada de 81.986 habitantes (2020), sendo 56.850 habitantes em áreas urbanas e 25.135 habitantes em áreas rurais.

O litoral gaúcho tem 638 quilômetros de extensão e é dividido em Litoral Norte, de Torres ao balneário de Dunas Altas, com 140 quilômetros de extensão; litoral médio, até a barra de São José do Norte, com 273 quilômetros; e Litoral Sul, com 225 quilômetros, entre a praia do Cassino e Chuí. Por tanto, apenas 140 quilômetros de orla estão localizados no badalado Litoral Norte gaúcho, enquanto que o Litoral Médio é uma faixa de terra pontilhada de dunas, lagoas e charcos que dificultam o acesso de pessoas e veículos às praias, tornando a região um trecho com pontos ainda intocados.

Paraíso das aves, com cisnes, flamingos e garças, o Parque Nacional Lagoa do Peixe está localizado em uma extensa planície costeira arenosa e tem uma paisagem composta por mata de restinga, banhados, campos de dunas, lagoas de água doce e praias banhadas pelo Oceano Atlântico. Baixas temperaturas e hábitos reprodutivos empurram, todos os anos, milhares de aves em longas jornadas entre o Norte e o Sul do planeta. Nesta viagem, uma das paradas é o Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Localizado nos dois municípios, está debruçado em uma faixa com mais de cem quilômetros de areia, alagados e matas, entre o oceano Atlântico e a gigante lagoa dos Patos, sendo uma área protegida federal com 36.721 hectares e um dos melhores pontos nacionais para a observação de aves como o rosado flamingo.

O local é conhecido como o paraíso das aves migratórias e anualmente, em outubro ou novembro, recebe o Festival Brasileiro de Aves Migratórias. Com 15 edições realizadas, o evento atrai interessados no turismo ecológico e no avistamento de aves, movimentando a região em alguns dias da primavera. Na área do parque, já foram catalogadas 275 espécies de pássaros, sendo 35 migratórias.

Apesar da denominação, a Lagoa do Peixe é uma laguna, por causa da comunicação com o mar. É relativamente rasa, com 60 centímetros de profundidade em média. Possui 35 quilômetros de comprimento e dois quilômetros de largura, sendo formada por uma sucessão de pequenas lagoas interligadas, caracterizando, assim, um reservatório natural de água salobra.

A lagoa é também um berçário para o desenvolvimento de espécies marinhas, entre eles encontram-se camarão-rosa, caranguejos, tainha e linguado, além de atrair variadas espécies de aves em virtude de sua água salobra e farta em alimentação. Capivaras, lontras e jacarés também habitam a área do parque, que foi criado em 1986 e, conforme dados da administração do ICMBio no local, conta atualmente com cerca de seis mil visitantes de fora da região por ano, sendo um local para o turismo ecológico, de contemplação e para fotografar o meio ambiente e as aves.

Os atrativos naturais desse território, no entanto, não ficam restritos ao Parque Nacional da Lagoa do Peixe. O turista que busca a região saindo de Porto Alegre percorre a rodovia RS-040 até a cidade de Capivari do Sul, onde dobra a direita para seguir, no rumo Sul, pela BR-101.

Ao percorrer 40 quilômetros chega-se a Bacupari, povoado perto do mar que multiplica sua população no verão graças à beleza de suas três lagoas de águas quentes e transparentes e de suas dunas extensas e desertas, formando um cenário deslumbrante e incomum na geografia gaúcha.

Faróis históricos, praias marítimas e lacustres completam o deslumbrante rol de atrativas belezas da região. Datados de 1849 e 1861, respectivamente, os faróis Capão da Marca, em Tavares, e Cristóvão Pereira, em Mostardas, ambos às margens da exuberante Lagoa dos Patos, são os mais antigos do Estado do Rio Grande do Sul. Há ainda, à beira-mar, o icônico Farol da Solidão e o Farol Mostardas, localizado na área municipal de Tavares.

Estradas vicinais de terra, trilhas, dunas, caminhos à beira-mar ou pela areia da costa da Lagoa dos Patos fazem a alegria dos turistas aventureiras que buscam a região. Cenários com extensos e verdejantes campos completam um visual bucólico de rara beleza em que a paz não é interrompida, muitas vezes, nem pelo trilhar de smartphones, pois há extensas áreas sem sinal de internet ou telefone móvel na região. Com tantas belezas, o Litoral Médio do Rio Grande do Sul tem enorme potencial turístico a ser desenvolvido. Um manancial de possibilidades e desafios para empreendedores, profissionais do setor e gestores públicos.

Especialistas apontam caminhos para o desenvolvimento turístico da região

 

Aves migratórias vêm do Hemisfério Norte para se beneficiar da riqueza da Lagoa do Peixe, mas a maioria dos gaúchos ainda não conhece essa região

ROBERTO FUKUDA/DIVULGAÇÃO/CIDADES

As belezas, atrações e o potencial turístico da região são pontos convergentes para especialistas na área do turismo. Marcelo Fonseca, professor titular da Escola de Gestão e Negócios da Unisinos e Coordenador do Instituto de Pesquisa de Mercado (IPM-Unisinos), coordenou o projeto "Posicionamento e estratégias para o turismo na Costa Doce Gaúcha", financiado pelo Sebrae-RS em 2019. Ele destaca que considera um fenômeno interessante o fato de a região não deslanchar como polo turístico. "As aves migratórias vêm do Hemisfério Norte para se beneficiar da riqueza da Lagoa do Peixe, mas a maioria dos gaúchos não conhece essa região", afirma Fonseca.

"Se o ecossistema natural é extremamente rico, o mesmo ainda não pode ser dito sobre o ecossistema turístico. Apesar de haver algumas iniciativas importantes (e ambientalmente responsáveis, o que é crucial para essa região), essas são dispersas, sem integração ou complementaridade. Uma região não desenvolve seu turismo apenas pela existência de rotas/roteiros, mas sim pela construção de um ecossistema pensado na perspectiva da experiência completa para o turista", explica Marcelo.

Jussara Argoud, gestora de projetos da agência Regional Sul do SebeW, concorda com Fonseca em relação à necessidade de um maior sincronismo nas ações turísticas da região. "O turismo é desenvolvido pela inciativa privada e o poder público deve apoiar e orientar nas políticas públicas para um crescimento coordenado do turismo na região. Acredito que em Tavares precisa haver uma maior união dos empresários e de todos os atores locais para o desenvolvimento do turismo na cidade, que tem tudo para se desenvolver turisticamente, pois tem o parque nacional, as praias de mar e de lagoa com uma distância de menos de 20 km entre elas e uma beleza natural incrível", pondera Jussara.

"O destino Tavares é um grande destino de observação de aves do Brasil, com um roteiro criado há duas décadas que incrementou e sedimentou isso. Mas a região ainda tem um enorme potencial turístico para ser desenvolvido", acrescenta a gestora do Sebrae, que atua também em vários projetos de incremento turístico em outros municípios da Costa Doce do Estado.

O Festival Brasileiro de Aves Migratórias, evento anual que já soma 15 edições, acontece sempre na primavera atraindo turistas para a contemplação do show dos pássaros. O evento movimenta a região e na edição de 2022, durante quatro dias de novembro, atraiu mil participantes, incluindo pesquisadores do Uruguai, da Argentina e de outros cinco estados brasileiros. No entanto, a edição de 2023, que seria realizada em outubro, teve de ser cancelada em virtude de contaminações de animais marinhos com influenza aviária em áreas próximas ao Parque Nacional, onde é realizado o evento.

O economista, consultor na área do turismo e ex-diretor de turismo do Estado Abdon Barretto Filho entende que o investimento em um robusto calendário de eventos pode ser uma solução para o crescimento turístico da região. Ele destaca a realização anual do Festival Brasileiro de Aves Migratórias e que "o projeto do turismo de observação de aves desenvolvido há 20 anos foi um avanço e gerou a criação do festival anual, mas o problema é a falta de continuidade de projetos e programas". "É preciso ter planejamento e gestão para o desenvolvimento contínuo da região", acrescenta Barretto.

"Em 2003, começamos um trabalho com empreendedores locais e com a prefeitura", lembra Jussara. "É uma região com belezas incríveis e um lugar ainda pouco explorado, mas que já tem um roteiro definido e que vem sendo feito por uma agência receptiva local", pondera, ao destacar que o Sebrae, em parceria com a prefeitura de Tavares, desenvolveu coletivamente um plano municipal de turismo em 2022. "O crescimento vem com investimentos em infraestrutura, sinalização e educação para o turismo, mostrando o potencial de trabalho para as novas gerações permaneceram na região", acrescenta Jussara.

Fonseca aponta um caminho demonstrado pelo trabalho realizado em 2019 pelo Instituto de Pesquisa de Mercado (IPM) da Unisinos, que identifica as evidentes potencialidades da região e propõe o posicionamento estratégico para consolidar a sua identidade territorial. Conforme o estudo, as oportunidades estão relacionadas ao desenvolvimento de um turismo que valoriza características únicas, autênticas e distintivas da região, como sua biodiversidade, a cultura entre-mares (mar de fora e mar de dentro) e os horizontes sem-fim (estética que caracteriza aquela área do RS).

"É justamente essa definição de posicionamento, construída de forma colaborativa, que deve orientar o desenvolvimento da oferta turística de forma a produzir e reproduzir o posicionamento e a identidade territorial. Isso passa, claro, pela qualificação da estrutura (de hospedagem, gastronomia, acesso e serviços aos turistas) e pelo desenvolvimento sustentável dos atrativos, pensados na perspectiva do turista em busca de experiências autênticas de contemplação e imersão na natureza", complementa Fonseca.

Empreendedores atestam crescimento no movimento turístico nos últimos anos.

 


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 13.03.24


A violência no Brasil
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W.Waack: Segurança pública é preocupação central do brasileiro - www.youtube.com ›
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A violência explícita, seja no mundo, sobretudo com a emergência de graves conflitos armados na Ucrânia e em Gaza, seja com o relevo do narcotráfico em escala internacional, com sua sequela de crimes, seja no Brasil, com seus quase milhão de apenados em Escolas do Crime controlados por organizações criminosas, vem preocupando crescentemente a sociedade. Estaríamos às bordas de um colapso civilizacional? Sob esta violência visível, viceja, ainda a barbárie da miséria de grande parte da humanidade, onde a insegurança e a fome forçam a saída de milhares de imigrantes favelizados em países da África, América Central e Caribe e Asia, em busca de sobrevivência mais digna na Europa Ocidental e Estados Unidos. Neste país, a questão migratória está no centro da disputa eleitoral entre Biden, democrata, que insiste em “não demonizar os imigrantes” e Trump, republicano, que promete fechar a fronteira com o México se reeleito. Assistimos, nestes dias, a explosão de violência no Haiti, um país de cerca de 10 milhões de pessoas assolado por terremotos, pobreza estrutura e ação de gangues armadas, que hoje controlam o país, a maior delas, atuante na capital sob o controle de um traficante recém liberado da prisão nos Estados Unidos e que é candidato a Presidente do país. Já avisou que não aceita qualquer transição pacífica interna, nem intervenção internacional. Lá vive-se a realidade descrita teoricamente por um dos grandes teóricos do Estado Moderno, que o comparou ao monstro Leviatã, J. Hobbes: a guerra de todos contra todos. O Estado sumiu, ficou apenas a violência com um índice recorde de mortes de 40 pessoas por 100.000. No Brasil, a questão da violência, quer explícita nas ruas, a que se soma um tipo de intervenção policial igualmente violenta, vista, nestes últimos dias, na ação da PM de São Paulo no litoral, produzindo 60 mortes, seja na violência implícita da injusta distribuição de ativos e renda também preocupa. Sobre este último aspecto é alvissareira a notícia de que 13 milhões de brasileiros teria escapado do mapa de fome no ano passado, mercê da retomada dos Programas Sociais sob o Governo Lula III. Mas o cenário estrutural de pobreza e violência ainda preocupa. O Monitor da Violência divulgou ontem Relatório que mostra terem os assassinatos caído 4% no ano passado, frente ao ano anterior. No dia internacional da mulher, semana passado, tomamos ciência que uma mulher é assassinada a cada seis horas no país. Um barbarismo! Sobre este cenário a extrema direita, cujos modelos mais assustadores são El Salvador e Filipinas, onde seus respectivos presidentes adotam políticas sumárias de extermínio de supostos criminosos e ganham popularidade, aos quais parece se aliar o atual Governador de São Paulo, propõe a política de mano dura contra o crime, enquanto a esquerda propugna pelo combate aos fatores geradores do crime, através de Políticas de Combate à Pobreza e respeito aos Direitos Humanos. Não há, portanto, consensos universais no combate à violência e enquanto isso dissemina-se a insegurança.
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Monitor da Violência: assassinatos caem 4% no Brasil em 2023, mostra edição final do levantamento periódico
Foram 39,5 mil mortes violentas em 2023, contra 41,1 mil em 2022. Índice nacional criado em 2017 pelo g1 em parceria com o FBSP e o NEV-USP chega ao fim após cumprir objetivo de aumentar a transparência na divulgação de dados sobre segurança pública. Monitor seguirá com outras iniciativas.
Por Marina Pinhoni, Gustavo Petró — g1- https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2024/03/12/monitor-da-violencia-2023.ghtml
00:00/01:52
Assassinatos caem 4% no Brasil
O número de assassinatos no Brasil caiu 4% em 2023 na comparação com 2022, mostra a edição final do levantamento periódico realizado pelo Monitor da Violência.
O levantamento contabiliza as vítimas de homicídios dolosos (incluindo feminicídios), latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais seguidas de morte. Mortes decorrentes de violência policial não entram na conta.
A queda é a terceira consecutiva e, novamente, a menor da série histórica (iniciada em 2007) do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), parceiro do g1 no Monitor.

A redução foi disseminada: a maioria (21) das unidades da federação registrou menos assassinatos em 2023 do que em 2022. Cinco (Amapá, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Maranhão) tiveram alta e uma (Ceará), estabilidade (leia mais abaixo).
O índice de assassinatos por 100 mil habitantes do país – indicador usado internacionalmente para medir a violência – também caiu, passando de 20,3 em 2022, para 19,4 em 2023. O número foi calculado com base na população brasileira de 2022, e pode mudar quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar as estimativas oficiais de população para 2023.
Apesar da melhora, o país ainda tem um dos maiores índices mundiais de homicídios (em 2021, tínhamos a maior do mundo, segundo um estudo da Organização das Nações Unidas divulgado em 2023), e grandes desafios regionais no combate à violência – há mais unidades da federação (19) com índices piores que a média brasileira do que melhores (8).
Após a publicação da reportagem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, que comandou o Ministério da Justiça em 2023, comentou os dados:
"O SUSP [sistema único de segurança pública, criado por lei em 2018] é o caminho: operações integradas, inteligência, uso eficiente e proporcional da força. O país não precisa de novos 'planos' de papel, nem de medidas demagógicas oriundas do 'Direito Penal do Terror'."
Levantamento periódico é encerrado
O levantamento periódico dos assassinatos é um dos projetos do Monitor da Violência, criado em 2017 pelo g1 em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP).
Naquela época, o governo federal não tinha uma ferramenta que permitisse à sociedade – jornalistas, pesquisadores, gestores públicos e demais cidadãos – acompanhar, de forma atualizada, os dados sobre homicídios do país. O único levantamento nacional era o do FSBP, divulgado no segundo semestre de cada ano.
A divulgação dos dados pelos estados também não era padronizada, e não havia uma frequência definida.
A partir da parceria, as centenas de jornalistas do g1 espalhados pelo país passaram a levantar junto aos estados dados sobre as mortes violentas ocorridas mês a mês, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e das assessorias de imprensa dos governos.
Esse trabalho contribuiu para aumentar a transparência e a precisão das informações sobre segurança pública divulgadas no Brasil e, em 2024, o governo federal passou a publicar os dados de crimes violentos em um painel interativo com informações de todos os estados.
Os dados do governo federal, embora usem uma metodologia diferente da do Monitor (por incluir, por exemplo, mortes suspeitas e encontro de corpos e ossadas, que podem não ser homicídios), apontam para um cenário semelhante, de redução de 4% nas mortes violentas em 2023.
Esse aumento na transparência levou o g1 e os parceiros a decidirem encerrar o levantamento periódico das mortes violentas.
"O Monitor da Violência teve e tem um papel estratégico para a discussão de vários temas sensíveis da agenda da segurança pública, a exemplo dos dados sobre redução e esclarecimento de homicídios, letalidade e vitimização policial, sistema prisional, violência contra mulheres, entre outros. Afinal, a experiência internacional revela que é a partir da ação intensa de disseminação de informações fidedignas e qualificadas que políticas públicas são provocadas e gestores se mobilizam", afirmam Renato Sérgio de Lima e Samira Bueno, diretores do FBSP.
A decisão não significa o fim do Monitor da Violência – apenas do levantamento periódico de assassinatos, diante de um cenário em que dados nacionais e atualizados sobre esses crimes estejam disponíveis para a população.
A parceria seguirá em outras iniciativas, como tem acontecido desde 2017. Nesse período, entre outras coisas, o Monitor da Violência realizou reportagens sobre
Solução de investigações de homicídios;
Letalidade policial e mortes de policiais militares;
Feminicídios;
Roubos de carro no Estado de SP;
Impacto da decisão do STF que permitiu a substituição da prisão preventiva por domiciliar de grávidas e mulheres com filhos pequenos;
Propostas para a segurança pública de candidatos à Presidência da República.
Em 2023, Brasil teve 1.648 mortes a menos que em 2022
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Monitor da Violência: Mais polícia nas ruas não significa menos violência, diz pesquisador
Em 2023, o Brasil registrou 39.492 homicídios dolosos (com intenção de matar), feminicídios, latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais seguidas de mortes, o que representa média de mais de 108 vítimas por dia. Em 2022, o total havia sido de 41.135 mortes violentas, ou 113 por dia.
A queda foi puxada pelos estados de São Paulo, Pará e Bahia – que, juntos, respondem por 53% das 1.648 mortes a menos registradas em 2023 – mas foi disseminada pelo país. Das 27 unidades da federação, 21 tiveram queda nos assassinatos (veja no infográfico abaixo).
Com 6,7 mortes por 100 mil habitantes em 2023, São Paulo segue com menor índice do país, e registrou recuo em relação ao 7,1 registrados em 2022 (veja todos os índices no infográfico ao final desta reportagem). A Bahia, apesar da queda, tem o 5º maior índice, com 34,3 (o índice nacional é de 19,4).
Já as maiores quedas percentuais aconteceram nos estados de Sergipe (22,6%), Tocantins (19,8%) e Rondônia (14,5%) – todos têm índices de mortes por 100 mil habitantes superiores ao nacional.
O Rio de Janeiro teve o maior peso entre os 5 estados que tiveram alta – das 654 mortes a mais nesse grupo, 35% (233) aconteceram em terras fluminenses – e o aumento absoluto de 7,4% das mortes representa a inversão de uma tendência de cinco anos de queda no estado (leia mais aqui).
O segundo maior peso é o de Pernambuco, que teve 183 mortes a mais em 2023 em relação a 2022 (28% das mortes a mais no grupo que teve alta). O estado, que abriga menos de 5% da população brasileira, respondeu por 9% das mortes violentas ocorridas em todo o país em 2023.
O Amapá teve a maior alta percentual – com 110 mortes a mais, os homicídios no estado saltaram 49,5% em 2023. Assim como acontece com Pernambuco, a fatia do estado no total de assassinatos do país é maior (0,8%) que sua representatividade na população total (0,4%). Os dois estados ostentam os piores índices de mortes por 100 mil habitantes do país, com 45,3 e 38,8, respectivamente.
Bruno Paes Manso, pesquisador do NEV-USP, destaca que a presença de mais polícia na rua não ajuda, necessariamente, a diminuir a violência. Tanto Amapá como Rio de janeiro têm mais policiais militares por habitante do que a média nacional, que é de 2 por habitante.
"Muitas vezes, pode ser inversa: mais polícia, mais violência. O Amapá, por exemplo, estado que registra proporcionalmente o maior efetivo policial do Brasil (4,2 policiais militares para cada mil habitantes), lidera o ranking dos homicídios brasileiros (45,2 mortes por 100 mil). Santa Catarina fica no extremo oposto: tem o menor efetivo policial do Brasil (1,3 PMs por mil habitantes) e a segunda menor taxa nacional de homicídios (7,9 por 100 mil)", diz o pesquisador.

Participaram desta publicação:
*Gustavo Petró e Gabriel Croquer (g1); Geisy Negreiros (g1 AC), Cau Rodrigues (g1 AL), Josi Paixão e Rafael Aleixo (g1 AP), Daniel Landazuri (g1 AM), Joao Souza (g1 BA), André Teixeira e Ranniery Melo (g1 CE), Walder Galvão (g1 DF), Vitor Ferri (g1 ES), Vitor Santana, Michel Gomes e Gabriela Macêdo (g1 GO), Rafaelle Fróes (g1 MA), Débora Ricalde, Gabrielle Tavares e José Câmara (g1 MS), Pedro Mathias (g1 MT), Rafaela Mansur (g1 MG), Taymã Carneiro (g1 PA), Dani Fechine (g1 PB), Caio Budel (g1 PR), Bruno Marinho e Pedro Alves (g1 PE), Maria Romero (g1 PI), Henrique Coelho (g1 Rio), Fernanda Zauli (g1 RN), Janaína Lopes (g1 RS), Jonatas Boni (g1 RO), Samantha Rufino e Valéria Oliveira (g1 RR), John Pacheco e Caroline Borges (g1 SC), Carlos Henrique Dias (g1 SP), Joelma Gonçalves (g1 SE), Vilma Nascimento, Patrício Reis e Stefani Cavalvante (g1 TO).

 


 

Editorial Cultural FM Torres RS – 05 de março de 2024


Você pode ajudar assinando essa petição? Contra a Censura à Literatura de Jeferson Tenório - https://chng.it/Fp4KngTW
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Queimar Livros Nunca Mais!
Vencedor do Prêmio Jabuti, em 2021, o Livro “O Avesso da Pele”, do autor Jeferson Tenório, primeiro patrono negro da Feira do Livro de Porto Alegre, traz elementos fundamentais para o debate sobre o racismo estrutural no Brasil. Após a leitura de trechos descontextualizados por uma diretora de uma escola de ensino médio da cidade de Santa Cruz do Sul – RS o livro foi censurado. O que eles não sabiam era que o livro foi aprovado para compor a lista de materiais disponíveis para escolas após edital feito pelo governo anterior, bem como sua compra pelo MEC. A distribuição, exclusiva para o ensino médio, feita ainda no ano passado, ocorreu após o pedido da escola para que o livro fizesse parte de seu plano pedagógico. Censura à arte e à cultura e queima de livros são procedimentos próprios de sistemas políticos retrógrados que não se coadunam com a liberdade de expressão perseguida pela democracia vigente no Brasil. Devem ser condenadas.
Anexo
10 Razões para ler O avesso da pele nas escolas, sim! #QueimarLivrosNuncaMais
2 de março de 2024 por www.listasliterarias.com
Não é de hoje que a literatura é vista por sua capacidade de por em debate questões cruciais à sociedade, tanto para gerar reflexões ou para causar incômodo àqueles que escondem-se sob o manto da hipocrisia ou das falsas moralidades. Parece o caso da direção da Escola Ernesto Alves de Santa Cruz do Sul que por meio de um vídeo descontextualizado e desconsiderando o conjunto da obra o Avesso da Pele, de Jeferson Tenório utilizou as redes para pretensamente devolver a obra ao MEC. O vídeo é demonstração absoluta do retrocesso social que vivemos nos tempos de hoje. Mais assustador é que provavelmente os que apoiam ou concordam com tal visão são os mesmos que bajulam um certo cara aí, talquei, que a cada 10 palavras que fala, dois terços é palavrão e o restante é idiotice. Isso sem falar de que o orgulho dessa gente é p mesmo que disse "pintar um clima" para uma criança e suas recorrentes metáforas enamoradas. Mas o dito cujo não é o ponto aqui, mas sim o grave problema presente no vídeo, principalmente por vir de alguém de que espera-se intelecto suficiente para compreender tais questões e fazer jus e pertencimento ao campo da educação. É uma falência danada quando uma pessoa abdica da razão e dos compromissos com a educação e consequentemente com a leitura e a literatura seja tão rasa em nome de manter-se fiel a uma bolha de ignorância, hipocrisia e falsos moralismos. Por isso, nesse post selecionamos 10 razões para ler O avesso da pele nas escolas, sim!
1 - Antes de mais nada, precisamos contextualizar a partir do próprio vídeo. Como a própria pessoa declara, a obra trata-se de um exemplar destinado à leitura de estudantes do Ensino Médio. Ensino Médio. Sim, nessa etapa da formação imagina-se um leitor com capacidade para leituras complexas, inclusive que adentrem às questões mais íntimas e profundas da existência humana. Não há de modo algum de se falar inadequação, como na sequência deste post demonstraremos com mais argumentos. A senhora simplesmente retira uma parte da obra - diga-se que parece até mesmo haver prazer em sua narração pautada pela busca do efeito - sem sequer analisar ao conjunto e ao que se propõe Jeferson Tenório em O avesso da pele;
2 - Dito isso, e penso que nenhum professor de literatura dentro da razão e do bom senso dirá que há inadequação da obra à etapa sugerida, é preciso destacar que O avesso da pele não só e feito com esmero estético e profundidade que o torna uma das principais narrativas contemporâneas, como sua recepção pela crítica e pelos leitores (os de verdade, com capacidade de interpretação e letramento literário) tem sido excelente, inclusive recebendo o prestigiado Prêmio Jabuti;
3 - Mas esses são elementos alheios à obra, e muitas das qualidades e relevâncias da leitura de O avesso da pele o dissemos também na resenha da obra aqui no Blog. O livro aborda com uma sensibilidade incrível a problemática do racismo estrutural presente na sociedade brasileira. Não estaria aí o incômodo com tal leitura por parte dessa diretora? A escolha do trecho a reclamar, como bem sabemos nos estudos da linguagem, não é aleatória. Nesse caso, pode ao mesmo temo serviço como apito para cachorros - acho que podemos atualizar termo para berrante para gado -, como denunciar o que de fato gerou estranhamento e incômodo à leitora em questão (nesse sentido os formalistas russos confirmariam mais uma vez o sucesso literário de Tenório). O absurdo para ela, certamente está no cerne das relações étnico-raciais desse país carregado de preconceitos e na verdade, em alguma maneira a teatralização de sua narração inconformada é também mais um sucesso do livro;
4 - Além disso, tratemos aqui um pouco mais sobre o recurso recorrente dos canalhas e hipócritas que sacam sempre do card da linguagem o do vocabulário chulo para atacar este ou aquele trabalho. Basta algo incomodar aos falsos moralistas e hipócritas e lá vem aquele papinho que este ou aquele texto fere a moral e os bons costumes, que violenta a boa educação. Que visitem a casa de carvalho. Como professora, tal pessoa deveria ter a obrigação de compreender a linguagem ali utilizada e a coerência que carrega para com todo o enredo e a temática da obra. Desconsiderar isso é pura má-fé e desejo infindável de lacrar para as bolhas das pretensas famílias de bem que não resistem aos escrutínios da realidade - mesmo que essa realidade muitas vezes permaneça muito tempo às sombras;
5 - Aliás, quanto ao pretenso grande incômodo desta pessoa, a linguagem chula, seus palavrões e suas indecências, como professor de literatura pergunto-me, essa pessoa já leu alguma coisa na vida? Conhece os clássicos da literatura brasileira que habitam nossas bibliotecas? Sei que o que falo aqui carrega seus perigos, essa gente adora queimar livros, mas creio que ser importante traçarmos aqui algumas comparações para demonstrar o disparate criminoso dessa publicação. Por acaso essa escola vai retirar de sua biblioteca obras como O cortiço? Vai banir Grande sertão: veredas por certas linguagens que Rosa utiliza? Vai banir das estantes até mesmo Iracema, afinal, não seria indecente o termo "virgem dos lábios de mel"? Vão proibir Macunaíma de "Brincar", outra grande leitura recomendada para o ensino médio? O ateneu, Rubem Fonseca, prezada direção, não sobrará um...
6 - E ainda no campo do vocabulário, a escola realmente está preocupada com o vocabulário ou o incômodo é outro? Fontes ligadas ao Listas Literárias comentaram, por exemplo, quem eventos da escola se ouviram funks cuja letra continha vocabulário problemático. E não nos entendam mal, não criminalizamos aqui o gênero, há exemplos horríveis de canções tradicionalistas gaúchas que por exemplo, comparam uma mulher às éguas. Baitaca, ídolo pop de "O fundo da Grota" é o mesmo que canta "Aventuras do Tico Loco". Na música sertaneja, então, o que não falta é música apóloga ao feminicídio. Há funks capazes de alertar, de abrir para reflexão, músicas de outros gêneros também, como, por exemplo, um bom rap dos Racionais. Entretanto, nossas fontes indicam que não se trata desse tipo de música, mas sim de porcaria alienante e objetificadora, que a mesma direção que ataca uma das principais obras literatura nacional contemporânea, se mostra leniente e festiva;
7 - A partir desses dois últimos argumentos, creio, a questão mostra-se ainda mais problemática. Não tem como não vir à cabeça o questionamento: teria a cor do autor e o tema abordado pela obra influenciado a indignação da direção da escola? Afinal, certamente há na biblioteca da escola outras obras com palavrões e cenas que precisam abordar a questão sexual. Na verdade, o Naturalismo é um dos momentos literários a ser estudando no Ensino Médio, e não há obra naturalista sem essa abordagem. Ou a escola não trabalha literatura? Desconheço uma biblioteca que não tenha Jorge Amado, Rubem Fonseca, para ficar por aí, antes que esses falsos moralistas queiram queimar mais livros. Mais uma vez: O que realmente incomodou?
8 - Para além disso, essa turma realmente convive com adolescentes? Desafio qualquer pessoa a desmentir que as tais e incômodas palavras sejam desconhecidas do vocabulário dos jovens estudantes de Ensino Médio. Em que mundo vocês vivem? Até mesmo respondo, no mesmo que o nosso. Só a máscara da hipocrisia sustenta essa histeria com a referida passagem. Vivemos numa época que necessitamos cada vez mais de obras que proponham e alcançam algum grau de reflexão e que efetivamente proporcionem não apenas o letramento literário, mas também o letramento racial, pois precisamos e muito aprender e compreender as raízes estruturantes dessa abjeta chaga que é o racismo;
9 - Gostaria de finalizar justamente dessa forma, trazendo razões elementares e fundamentais de por que a leitura de Jeferson Tenório é mais que necessária nas escolas. Sua abordagem é lúcida, por vezes, até desesperançosa, diante ao estado das coisas. Sua narrativa reflete o quão profundo está enraizado o problema e o desfecho do romance é exemplar nisso. Além disso, ele passa longe de querer nos entregar soluções fáceis, e problematiza a questão sem que a narrativa torne-se mero panfleto. Demonstra no decorrer do romance que o problema é complexo e cujos caminhos ainda precisam ser tratados. Talvez a parte de desencanto que há na narrativa se justifique ainda mais com a reação acima exposta;
10 - E para finalizar, mais absurdo ainda é que talvez a voz que denuncia tenha no máximo passado o olho perdidamente por alguns palavrões que talvez lhe viessem a calhar na suma vontade de lacrar abjetamente em busca de sucesso em sua bolha ignóbil de obscurantismo e má-fé. Se realmente tivesse lido - ou ainda entendido as múltiplas possibilidades de leitura e interpretação - a obra em seu todo, talvez observasse que uma outra frente de discussão extremamente relevante presente na obra: a educação e o contexto desafiador do momento com alunos cada vez menos interessados. Impossível a um bom professor não ver-se também no protagonista do romance, também professor. Um professor que entende dos nossos desafios diários que estão longe de ser um palavrão aqui e acolá. Se tal pessoa tivesse capacidade para tal leitura, desprendida de convicções que não passam de névoa e combustível da alienação que tomou parte do país, perceberia ainda no livro, também um aliado de nós, professores. O magistério, a docência em suas questões mais desafiadoras está abordada no livro e não apenas merecem nosso respeito, como podem alertar a professores e alunos os poderes maléficos do desencanto. E não é difícil se desencantar, especialmente no poço sem fundo que estamos entrando e parece que não está fácil de sair.
‏Source www.listasliterarias.com


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