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Muito além da princesa Isabel, 6 brasileiros que lutaram pelo fim da escravidão no Brasil
Amanda Rossi e Camilla Costa (@_camillacosta)Da BBXXXXXXXXXXXXXXX Brasil em São Paulo
• 13 maio 2018 - https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44091469?fbclid=IwAR15lMZe55YmVf2nvExY2yeLMJ0EkMmZ-JeEUpc9JRbjs20Amva36_jN9ew Compartilhar
O fim da escravidão no Brasil completa 130 anos em 13 de maio deste ano. Em 1888, a princesa Isabel, filha do imperador do Brasil Pedro 2º, assinou a Lei Áurea, decretando a abolição - sem nenhuma medida de compensação ou apoio aos ex-escravos.
A decisão veio após mais de três séculos de escravidão, que resultaram em 4,9 milhões de africanos traficados para o Brasil, sendo que mais de 600 mil morreram no caminho.
Especial 130 anos da abolição: A luta esquecida dos negros pelo fim da escravidão
Abolição da escravidão em 1888 foi votada pela elite evitando a reforma agrária, diz historiador
Mas a abolição no Brasil está longe de ter sido uma benevolência da monarquia. Na verdade, foi resultado de diversos fatores, entre eles, o crescimento do movimento abolicionista na década de 1880, cuja força não podia mais ser contida.
Entre as formas de resistência, estavam grandes embates parlamentares, manifestações artísticas, até revoltas e fugas massivas de escravos, que a polícia e o Exército não conseguiam - e, a partir de certo ponto, não queriam - reprimir. Em 1884, quatro anos antes do Brasil, os Estados do Ceará e do Amazonas acabaram com a escravidão, dando ainda mais força para o movimento.
A disputa continuou no pós-libertação, para que novas políticas fossem criadas destinando terras e indenizações aos ex-escravos - o que nunca ocorreu.
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Conheça abaixo as histórias de seis brasileiros protagonistas na luta pelo fim da escravidão:
Luís Gama, o ex-escravo que se tornou advogado
Luís Gonzaga Pinto da Gama nasceu em 1830, em Salvador, filho de mãe africana livre e pai branco de origem portuguesa. Quando o menino tinha quatro anos, sua mãe, Luísa, teria participado revolta dos Malês, na Bahia, pelo fim da escravidão.
Uma reviravolta ocorreu quando Gama tinha dez anos: ficou sob cuidados de um amigo do pai, que o vendeu como escravo. O menino "embarcou livre em Salvador e desembarcou escravo no Rio de Janeiro", escreve a socióloga Angela Alonso no livro Flores, Votos e Balas, sobre o movimento abolicionista. Depois, foi levado para São Paulo, onde trabalhou como escravo doméstico. "Aprendi a copeiro, sapateiro, a lavar e a engomar roupa e a costurar", escreveu o baiano.
Aos 17 anos, Gama aprendeu a ler e escrever com um estudante de direito. E reivindicou sua liberdade ao seu proprietário, afinal, nascera livre, livre era.
Em São Paulo, Gama se tornou rábula (advogado autodidata, sem diploma) e criou uma nova forma de ativismo abolicionista: entrava com ações na Justiça para libertar escravos. Calcula-se que tenha ajudado a conseguir a liberdade de cerca de 500 pessoas.
Gama usava diversos argumentos para obter a alforria. O principal deles era que os africanos trazidos ao Brasil depois de 1831 tinham sido escravizados ilegalmente. Isso porque naquele ano foi assinado um tratado de proibição do tráfico de escravos. Mais de 700 mil pessoas tinham entrado no país nessas condições. Apenas em 1850 o tráfico de escravos foi abolido definitivamente.
"As vozes dos abolicionistas têm posto em relevo um fato altamente criminoso e assaz defendido pelas nossas indignas autoridades. A maior parte dos escravos africanos (...) foram importados depois da lei proibitiva do tráfico promulgada em 1831", disse Gama na época.
Como escravos entravam na Justiça e faziam poupança para lutar pela liberdade
O advogado ainda entrou com diversos pedidos de habeas corpus para soltar escravos que estavam presos, acusados, sobretudo, de fuga. Ainda trabalhou em ações de liberdade, quando o escravo fazia um pedido judicial para comprar sua própria alforria - o que passou a ser permitido em 1871, em um dos artigos da Lei do Ventre Livre.
Luís Gama morreu em 1882, sem ver a abolição. Seu funeral, em São Paulo, foi seguido por uma multidão. "Quanto galgara Luís Gama, de ex-escravo a morto ilustre, em cujo funeral todas as classes representavam-se. Comércio de porta fechada, bandeira a meio mastro, de tempos em tempos, um discurso; nas sacadas, debruçavam-se tapeçarias, como nas procissões da Semana Santa", relata Alonso.
Na hora do enterro, alguém gritou pedindo que a multidão jurasse sobre o corpo de Gama que não deixaria morrer a ideia pela qual ele combatera. E juraram todos.
Maria Tomásia Figueira Lima, a aristocrata que lutou para adiantar a abolição no Ceará
Filha de uma família tradicional de Sobral (CE), Maria Tomásia foi para Fortaleza depois de se casar com o abolicionista Francisco de Paula de Oliveira Lima. Na capital, tornou-se uma das principais articuladoras do movimento que levou o Estado a decretar a libertação dos escravos quatro anos antes da Lei Áurea.
Segundo o Dicionário de Mulheres do Brasil, ela foi cofundadora e a primeira presidente da Sociedade das Cearenses Libertadoras que, em 1882, reunia 22 mulheres de famílias influentes para argumentar a favor da abolição.
Ao fim de sua primeira reunião, elas mesmas assinaram 12 cartas de alforria e, em seguida, conseguiram que senhores de engenho assinassem mais 72.
As mulheres conseguiram, inclusive, o apoio financeiro do imperador Pedro 2º para a iniciativa. Juntamente com outras sociedades abolicionistas da época, elas organizaram reuniões abertas com a população, promoviam a libertação de escravos em municípios do interior do Ceará e publicavam textos nos jornais pedindo a abolição em toda a província.
Maria Tomásia estava presente na Assembleia Legislativa no dia 25 de março de 1884, quando foi realizado o ato oficial de libertação dos escravos do Ceará, que deu força à campanha abolicionista no país.
pintura da sessão parlamentar que aboliu a escravidão no Ceará, em 1884, é possível ver diversas mulheres entre os homens
André Rebouças, o engenheiro que queria dar terras aos libertos
André Rebouças nasceu na Bahia, em 1838, em uma família negra, livre, e incluída na sociedade imperial. Quando jovem, estudou engenharia e começou a trabalhar na área. Foi responsável por diversas obras de engenharia importantes no país, como a estrada de ferro que liga Curitiba ao porto de Paranaguá. Conquistou posição social e respeito na corte. A Avenida Rebouças, importante via em São Paulo, é uma homenagem a André e a seu irmão Antonio, também engenheiro.
Em uma das obras de que participou, outro engenheiro pediu que Rebouças libertasse o escravo Chico, que era operário e tinha sido responsável pelos trabalhos hidráulicos. "Foi quando sua atenção recaiu sobre o assunto", escreve Angela Alonso, também em Flores, Votos e Balas. Chico foi, então, libertado.
"Sou abolicionista de coração. Não me acusa a consciência ter deixado uma só ocasião de fazer propaganda para a abolição dos escravos, e espero em Deus não morrer sem ter dado ao meu país as mais exuberantes provas da minha dedicação à santa causa da emancipação", discursou certa vez Rebouças, na presença do imperador Pedro 2º.
Na década de 1870, Rebouças se engajou na campanha pelo fim da escravidão. Participou de diversas sociedades abolicionistas e acabou se tornando um dos principais articuladores do movimento. Um de seus papéis foi fazer lobby - uma ponte entre os abolicionistas da elite e as instituições políticas, para quem executava obras de engenharia.
As ideias de Rebouças incluíam não apenas o fim da escravidão. Ele propunha que os libertos tivessem acesso à terra e a direitos, para serem integrados, não marginalizados. "É preciso dar terra ao negro. A escravidão é um crime. O latifúndio é uma atrocidade. (...) Não há comunismo na minha nacionalização do solo. É pura e simplesmente democracia rural", proclamou Rebouças.
O engenheiro também se opunha ao pagamento de indenização para os senhores de escravos em troca da liberdade - para Rebouças, isso seria uma forma de validar que uma pessoa fosse propriedade da outra.
Apoiador da monarquia e da família real brasileira, Rebouças foi ainda um dos responsáveis pela exaltação da Princesa Isabel como patrona da abolição.
Adelina, a charuteira que atuava como 'espiã'
Filha bastarda e escrava do próprio pai, Adelina passou a vender charutos que ele produzia nas ruas e estabelecimentos comerciais de São Luís (MA). Suas datas de nascimento e morte não são conhecidas. Seu sobrenome, também não.
Como escrava criada na casa grande, Adelina aprendeu a ler e escrever. Trabalhando nas ruas, assistia a discursos de abolicionistas e decidiu se envolver na causa.
Dir VALENTE | BBC BRASILComo não há registros fotográficos de Adelina, a charuteira, ilustração foi baseada em fotografias de escravas minas que viviam no Maranhão na época
De acordo com o Dicionário da Escravidão Negra no Brasil, de Clóvis Moura (Edusp), Adelina enviava à associação Clube dos Mortos - que escondia escravos e promovia sua fuga - informações que conseguia sobre ações policiais e estratégias dos escravistas.
Aos 17 anos, Adelina seria alforriada, segundo a promessa que seu senhor fez a sua mãe. Mas, segundo o Dicionário, isso não aconteceu.
Dragão do Mar, o jangadeiro que se recusou a transportar escravos para os navios
O jangadeiro e prático (condutor de embarcações) Francisco José do Nascimento (1839-1914), um homem pardo conhecido como Dragão do Mar, foi membro do Movimento Abolicionista Cearense, um dos principais da província, a primeira do Brasil a abolir a escravidão.
Em 1881, o Dragão do Mar comandou, em Fortaleza, uma greve de jangadeiros que transportavam os negros e negras escravizados para navios que iriam para outros Estados do Nordeste e para o Sul do Brasil. O movimento conseguiu paralisar o tráfico negreiro por alguns dias.
NDRÉ VALENTE | BBC BRASI José do Nascimento se recusou a transportar escravos das praias de Fortaleza para navios negreiros
Com o comércio de escravizados impedido nas praias do Ceará, Nascimento foi exonerado do cargo, segundo o registro de Clóvis Moura. E se tornou símbolo da batalha pela libertação dos escravos.
Depois da abolição, ele tornou-se Major Ajudante de Ordens do Secretário Geral do Comando Superior da Guarda Nacional do Estado do Ceará e morreu como primeiro-tenente honorário da Armada, em 1914.
Maria Firmina dos Reis, a primeira escritora abolicionista
A maranhense Maria Firmina (1825-1917) era negra e livre, "filha bastarda", mas formou-se professora primária e publicou, em 1859, o que é considerado por alguns historiadores o primeiro romance abolicionista do Brasil, Úrsula. O livro conta a história de um triângulo amoroso, mas três dos principais personagens são negros que questionam o sistema escravocrata.
A escritora assinava o livro apenas como "Uma maranhense", um expediente comum entre mulheres da época que se aventuravam no mercado editorial, e só agora começa a ser descoberto pelas universidades, segundo a professora de literatura brasileira da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Constância Lima Duarte.
ANDRÉ VALENTE | BBC BRASRomance de Maria Firmina dos Reis é considerado o primeiro a trazer o ponto de vista de personagens negros no Brasil escravocrata
Maria Firmina também publicava contos, poemas e artigos sobre a escravidão em revistas de denúncia no Maranhão.
De acordo com o Dicionário de Mulheres do Brasil: de 1500 Até a Atualidade (Ed. Zahar), ela criou, aos 55 anos de idade, uma escola gratuita e mista para crianças pobres, na qual lecionava. Maria Firmina morreu aos 92 anos, na casa de uma amiga que havia sido escrava.
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Quer saber mais?
Para entender melhor o assunto, reunimos a seguir uma lista de livros e filmes que aprofundam questões relacionadas à data:
- O Que É Lugar de Fala
Djamila Ribeiro; Ed. Letramento
- Quem Tem Medo do Feminismo Negro
Djamila Ribeiro; Cia das Letras
- Dicionário da Escravidão e Liberdade
Lilia M. Schwarz e Flávio Gomes; Cia das Letras
- A História do Racismo (2007)
Documentário produzido pela emissora britânica BBC - assista na íntegra aqui!
- Negritudes Brasileiras (2018)
Documentário sobre o debate racial brasileiro realizado pela youtuber Nátaly Neri, do canal Afro e Afins - assista na íntegra aqui!
- Raça Humana
Documentário que revela os bastidores das cotas raciais na Unb, vencedor na categoria documentário da 32 Edição do Prêmio Wladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos 2010 – assista na íntegra aqui!
Quem faz o movimento negro no Brasil?
Ritchele Luis Vergara da Fontoura / Publicado em 20 de julho de 2020
https://www.extraclasse.org.br/opiniao/2020/07/quem-faz-o-movimento-negro-no-brasil/
Foto: Igor Sperotto
O mês de julho dá visibilidade a um marco histórico na luta por igualdade racial no Brasil e precisa ser reverenciado e pensado, sobretudo pela e para a negritude brasileira em meio à maior crise sanitária do século. Foi no dia 7 deste mês, em 1978, a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU), em um evento nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, na capital paulista.
A pandemia impõe como urgente a discussão sobre o país que queremos – e é imprescindível que a negritude esteja na linha de frente deste debate. É a população negra que está à margem e mais vulnerável, condições impostas pelas persistentes e profundas desigualdades sociais. O país do pós-pandemia não pode ser construído apesar dessas desigualdades, mas a partir delas.
Negras e negros estão pensando a construção de um país mais democrático e inclusivo. Os movimentos negros pautam a libertação a partir da ancestralidade de Zumbi dos Palmares e de Dandara, líderes do principal quilombo da história, o Quilombo dos Palmares, e também a partir de pensadores atuais como o filósofo e jurista Silvio Almeida, a escritora Conceição Evaristo, a filósofa Djamila Ribeiro e a cantora Linn da Quebrada, entre outros. Aqui reside a importância da diversidade nos espaços de poder e de decisão na construção da democracia.
Protestos
Note-se, não é como se os movimentos negros fossem homogêneos e sempre concordassem uns com os outros acerca dos métodos para o enfrentamento do racismo. A exemplo do que ocorreu na década de 1960 nos EUA, em que os líderes Martin Luther King e Malcolm X discordavam na forma de luta, mas eram aliados na causa antirracista, os diversos movimentos negros também.
No Brasil, grandes nomes do movimento hip hop debatem atualmente os rumos da luta antirracista. Após a recente morte do cidadão estadunidense George Floyd provocada por um policial branco nos EUA e os consequentes protestos de grandes proporções no mundo, em plena pandemia, foi importante o debate travado entre rappers nacionais através das redes sociais, entre eles Emicida, Djonga e Mano Brown.
O primeiro defendeu que o melhor neste momento era ficar em casa, devido à crise sanitária e os interesses mórbidos do Governo Federal. Já os outros dois foram efetivamente às ruas com o braço erguido e o punho cerrado ao lado dos demais manifestantes lutar pelo fim do racismo estrutural.
A amplitude dessa discussão demonstra como o movimento negro pode ter diferentes estratégias para a luta política atual, o que é legítimo e de toda a importância para a democracia que queremos.
Resistir, sonhar e agir
Apesar de atualmente, o ódio e a falta de empatia estarem instaurados no poder estatal, encontrando ressonância na sociedade, ainda existe um país diferente, o país de negras e negros como Elza Soares e Gilberto Gil e de aliados históricos como Caetano Veloso, e é esse país que precisa resistir, sonhar e agir.
A data de aniversário do MNU tem esse significado, a (re)existência deste outro Brasil, mesmo em meio ao caos político e sanitário. A democracia somente se concretizará com a refundação das instituições democráticas e representativas, com participação real da sociedade civil (de toda ela, pobres, negros, indígenas, mulheres, LGBTs), com estudos e reflexões obtidas por um corpus plural de indivíduos, o que, infelizmente, nunca vivemos mesmo após a transição democrática em 1988.
Isso tudo demonstra como a luta antirracista não surgiu hoje, pois sempre houve resistência frente às mais variadas formas de expressão racista, que como mencionado é estrutural e atravessa a todos na totalidade dos âmbitos da vida. O racismo encontra eco, portanto, em todas as instituições da República, sejam elas do Poder Executivo, do Legislativo ou do Judiciário e nas relações interpessoais, familiares e sociais de maneira geral, desde tempos coloniais.
Há muito que se aprender com este acúmulo da resistência e da pulsão de vida da maior parcela da população brasileira, a negra, para o enfrentamento das angústias e toda a sorte de desafios impostos pela conjuntura política e pandêmica. Para que todo o povo dessa terra não cante apenas de dor, reflitamos mais sobre a contribuição deste 07 de julho para a nossa história e sobre o pós-pandemia que queremos.
*É estudante de Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e servidor municipal Prefeitura de Porto Alegre (RS) – @negoritchie
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EDITORIAL CULTURAL
O que as escolhas de Trump indicam a respeito de como será sua presidência- THE ECONOMIST / 15nov24
O que as escolhas de Trump indicam a respeito de como será sua presidência. Lealdade, competência e apetite pelo disruptivo estão entre as características que ele está procurando
Depois que Donald Trump venceu a eleição presidencial em 2016 — quando era um ex-astro da televisão em vez de um ex-presidente — ele administrou a transição da Casa Branca como se estivesse encenando seu reality show, “O Aprendiz”. Aspirantes a membros do gabinete chegaram à torre que leva seu nome em Nova York e passaram pelas câmeras de TV. Essa série foi prolongada, com a participação de celebridades, incluindo Kanye West. Desta vez, Trump está dirigindo um show mais intimista, deliberando em sua propriedade em Mar-a-Lago, longe das câmeras, e emitindo seus vereditos de contratação nas redes sociais em um ritmo muito mais rápido. Infelizmente, os resultados dificilmente são igualmente insensatos.
As escolhas mais alarmantes ocorreram em um período de 24 horas. Em 12 de novembro, Trump anunciou que Pete Hegseth, uma personalidade da Fox News que serviu na Guarda Nacional, seria secretário de defesa. Hegseth é um dos poucos que defendeu a declaração de Trump de que havia “pessoas boas em ambos os lados” dos protestos contra um comício de supremacistas brancos em Charlottesville, Virgínia, em 2017. Ele está preocupado com o flagelo da lacração no exército, mas não tem experiência no governo.
Trump também anunciou que a diretora de inteligência nacional seria Tulsi Gabbard, uma democrata que se tornou republicana e é ligada em conspirações, um espírito tão livre que conheceu Bashar al-Assad, o ditador assassino da Síria, e o declarou “não inimigo dos Estados Unidos”. Pior, ele decidiu que Matt Gaetz, um congressista extravagante da Flórida, seria seu procurador-geral. O FBI, sobre o qual o procurador-geral tem controle de supervisão, investigou alegações de que Gaetz traficava sexualmente uma menor. Não foram apresentadas acusações, mas Gaetz mais tarde enfrentou uma investigação pelo Comitê de Ética da Câmara (ele nega qualquer irregularidade). Ele é ultraleal e, no ano passado, prometeu que, se o FBI e outras agências “não se curvassem”, elas deveriam ser abolidas ou perder seu financiamento.
Todos esses são cargos importantes pelos quais Trump sentiu que havia sido traído anteriormente. Seus antigos procuradores-gerais agiram com muita independência e muito pouco como seu consigliere; altos funcionários da inteligência atraíram a fúria dele por investigar suas ligações com a Rússia; seus antigos secretários de defesa e generais do alto escalão rejeitaram suas ideias. Com essas seleções, Trump indica que não planeja tolerar tal dissidência desta vez. Aqueles suspeitos de deslealdade (ou neoconservadorismo disfarçado) não são bem-vindos. Escolhas tão bizarras podem enfrentar dificuldade para serem confirmadas pelo Senado, mesmo com uma maioria republicana. Talvez seja esse o ponto. Quatro senadores republicanos desertores seriam suficientes para rejeitá-los, mas bloquear todas as três escolhas seria um gesto atipicamente desafiador.
As outras nomeações de Trump — em departamentos pelos quais ele talvez não se sinta pessoalmente injustiçado — são mais convencionais. Marco Rubio, um senador da Flórida, é sua escolha para ser secretário de Estado. Esta seria uma escolha encorajadora para os aliados dos EUA: Rubio copatrocinou um projeto de lei para dificultar que o presidente retire os Estados Unidos da Otan. Como o Partido Republicano se moveu em uma direção diferente, ele também o fez, abraçando o trumpismo e mantendo alguns de seus antigos instintos. Ele fez declarações de apoio à Ucrânia (mas votou contra o projeto de lei mais recente para armá-la, citando a necessidade de priorizar a segurança da fronteira). Rubio, filho de imigrantes cubanos, tem um anticomunismo hereditário que foi redirecionado para a China.
Outras nomeações de política externa têm visões e credenciais semelhantes. Mike Waltz, um ex-congressista da Flórida, será conselheiro de segurança nacional. Como Rubio, ele fica do lado dos “priorizadores” na Magalândia, como J.D. Vance, o novo vice-presidente, que argumenta que levar a ameaça chinesa a sério requer reduzir os compromissos com a segurança europeia e com a Ucrânia. Elise Stefanik, a escolha para ser embaixadora nas Nações Unidas (a sexta mulher consecutiva a ocupar esse cargo), é uma congressista de Nova York que se destacou como uma das fãs mais entusiasmadas de Trump na Câmara. Ela é mais conhecida por obliterar presidentes de faculdades em audiências envolvendo casos de antissemitismo nos campi. Este parece ser um currículo sólido para alguém representar no fórum multilateral de maior destaque do mundo um governo que desconfia do multilateralismo.
E então há as nomeações mais estranhas — para departamentos que ainda não existem. Trump anunciou que escolheria Elon Musk, o homem mais rico do mundo, para comandar uma nova comissão com Vivek Ramaswamy, um empreendedor e ex-adversário republicano nas primárias, para reduzir o desperdício governamental e cortar a burocracia. Este é um objetivo digno, mas, como acontece frequentemente com Musk, é difícil saber se devemos levá-lo ao pé da letra. Trump o está chamando de Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), em homenagem à sua criptomoeda preferida, que começou como uma piada. No entanto, seus objetivos são grandiosos: Musk pediu US$ 2 trilhões em cortes nos gastos federais (quase um terço do orçamento), o que é impossível de conciliar com a promessa de campanha de Trump de não tocar na Previdência Social ou no Medicare nem aumentar a idade de aposentadoria.
Mesmo antes do Congresso aplicar seus freios e contrapesos, está claro que este gabinete será muito diferente do anterior de Trump. Em Trump Um, Mike Pence, o ex-vice-presidente, ajudou a preencher o primeiro gabinete com republicanos reaganistas. Eles disputavam influência com acólitos do movimento Maga, que zombavam da fé conservadora no governo limitado, internacionalismo robusto e livre comércio. As frentes dessa luta frequentemente se confundiam, e cada lado reivindicava algumas vitórias. Um ex-assessor de Trump disse que o presidente eleito era um moderado em seu próprio movimento Maga. Desta vez, os crentes mais zelosos estão em vantagem.
"Trump 2.0 promete um choque econômico global" (Otaviano Canuto)- November 7, 2024
Se republicano sobrepujar limites legais do mercado internacional e implementar algo próximo do que prometeu, economia global sofrerá fortes impactos
A vitória eleitoral de Trump foi completa. Além do colégio eleitoral e dos votos absolutos, seu partido retomou o senado e deve manter a maioria de deputados na câmara. A execução de sua agenda, portanto, não precisará ficar limitada ao que pode fazer com medidas executivas, ganhando força para também incorporar o legislativo quando este for necessário.
Ao longo de sua campanha, Trump aludiu a vários caminhos nos quais poderia colocar sua agenda de política econômica. Espera-se que tire o pé no pedal na agenda de descarbonização presente na política econômica americana, algo que, pelo peso e tamanho da economia do país, terá impacto global. Também se espera o retorno da inclinação desfavorável à imigração na gestão pública que marcou seu primeiro mandato.
Dúvidas e apreensões estão também dirigidas a suas promessas de uso novamente de políticas comerciais sob a forma de tarifas sobre importações, em escala e abrangência geográfica e setorial maiores do que foi em seu mandato anterior. Caso isto se cumpra em intensidade próxima ao que aludiu durante a campanha, pode-se contar com algum grau e intensidade de choque sobre o país e a economia global.
Dentre outras medidas de política comercial, Trump já mencionou duas possíveis: uma tarifa de 60% sobre as importações chinesas e uma tarifa universal de 10-20% sobre todas as importações. Ao longo da campanha mencionou outras de tamanhos variados sobre produtos de outros países. Até ameaçou estabelecer tarifas de 100% sobre países que ameacem abandonar o dólar americano como moeda global de escolha.
Enquanto a administração democrata perseguiu uma “redução de risco” na exposição à economia chinesa – alegando razões de segurança nacional, mediante políticas de proteção, bloqueio de acesso à tecnologia e subsídios à produção local em semicondutores e energia limpa – pode-se dizer que os anúncios de Trump apontam na direção da busca de um “descolamento ou dissociação” total entre as duas economias.
Como em todas as políticas mercantilistas, baseadas na crença de que o adversário perde e a produção local ganha, há sempre uma subestimação dos impactos negativos sobre todos os lados, inclusive terceiros países. Como abordamos aqui em 2020, as tarifas de Trump contra a China em seu governo anterior acabaram impactando negativamente o próprio emprego manufatureiro dos EUA, para não falar da agricultura perdida para o Brasil no mercado chinês.
Para aqueles que acham que terceiros países podem se beneficiar como “conectores” entre EUA e China –como México, Vietnã, Malásia e outros têm feito desde a guerra no primeiro mandato de Trump– cumpre observar que um “descolamento” perseguido pela administração dos EUA não vai deixar tais conexões intocadas.
Trump já comparou guerras comerciais a lutas de boxe. Cabe observar que a elevação do custo de vida para os cidadãos norte-americanos como resultado das tarifas será parte do impacto sofrido pelo lado que golpeia no caso. Não por acaso, Kamala Harris chamou a proposta tarifária de Trump de “imposto sobre os consumidores dos EUA”.
Tarifas são um imposto sobre importações. Trump disse que o imposto será pago por estrangeiros, ou seja, que estes absorveriam o impacto sem repasse a preços. Mas isso significaria a ausência do efeito de substituição de importações por produção local.
O resultado mais provável será a elevação de preços domésticos. Alguns alegam que os efeitos inflacionários das tarifas de Trump em seu primeiro governo foram mínimos. Contudo, as novas propostas de Trump se aplicariam a uma parcela muito maior das compras externas. O impacto nos preços será muito maior do que o relativamente modesto “protecionismo inicial” do primeiro mandato de Trump.
Cabe observar que um imposto sobre importações é, também, um imposto sobre exportações, pelo fato de que em parte as tarifas viram um custo para os exportadores que dependem de insumos importáveis. Isso necessariamente tornará tais exportações menos competitivas. Assim, as tarifas elevadas pré-anunciadas por Trump tenderão a expandir indústrias de substituição de importações menos competitivas, mas contrair as exportadoras altamente competitivas. A retaliação estrangeira contra as exportações dos EUA agravaria esse dano. Assistiu-se a tais efeitos durante a elevação de barreiras comerciais por Trump em seu primeiro mandato.
Onde resta pouca dúvida é quanto ao efeito recessivo para a economia global, particularmente com as prováveis respostas retaliatórias dos demais países. Passando por uma desaceleração chinesa, mas também em outros países. Na reunião anual do FMI em Washington, D.C., em outubro, Christine Lagarde, chefe do Banco Central Europeu, disse que novas barreiras comerciais poderiam renovar as pressões inflacionárias mundiais e reduzir o PIB global em até 9%, em seu cenário mais grave.
Uma segunda área onde Trump já deu sinais é a tributária e fiscal. No campo fiscal, o déficit público nos EUA tende a se elevar substancialmente. Isto também tende a trazer impactos macroeconômicos em escala global.
Trump mostrou inclinação para tornar permanentes todos os cortes aprovados pelo Congresso em 2017, o que será facilitado pela vitória republicana no senado e na câmara de deputados. Naquele ano os cortes nas taxas de imposto de renda corporativo foram permanentes, ao passo que os cortes nos impostos de renda individual e de herança deveriam expirar no final de 2025. Trump quer torná-los todos permanentes, além de acrescentar outros itens – como gorjetas. Trump falou em recomposição de arrecadação tributária via tarifas, mas ninguém estima ser isso possível.
No lado das despesas, mesmo cortando a despesa prevista nas leis dos semicondutores e da energia limpa (“Chips Act” e “Inflation Reduction Act – IRA ”), cortes substanciais não serão possíveis sem encolher gastos sociais, como o “Medicare”. Analistas projetam que as propostas de Trump aumentarão a dívida federal. O Comitê para um Orçamento Responsável, apartidário, estima que os planos de Trump podem adicionar US$ 7,5 trilhões.
Muitos economistas e investidores destacam um risco de um longo período de taxas de juros mais altas nos EUA. Temem que não apenas novas tarifas, mas também déficits americanos maiores, possam aumentar a pressão inflacionária dos EUA, levando o Federal Reserve a estender seu período de política monetária mais rígida.
E o Brasil? Mais imediatamente, a eleição de Trump já está trazendo impacto sobre o Brasil mediante os canais de transmissão monetária e cambial. A valorização do dólar em relação às demais moedas que já acompanhou as pesquisas eleitorais favoráveis a ele também atingiu o real. Ontem, no primeiro dia após as eleições, a desvalorização do real foi acentuada, mesmo tendo revertido até o final do dia.
O que se pode depreender para o futuro é a uma perspectiva de juros mais altos nos EUA, empinando sua curva temporal, acompanhando não só a perspectiva de inflação mais alta nos EUA, mas também de déficits públicos maiores. Mais do que nunca, aumentará a demanda de que o governo brasileiro dê sinais mais firmes de redução de seu desequilíbrio fiscal no futuro próximo, de modo a evitar que o prêmio de risco-país intensifique o efeito da valorização do dólar e das taxas de juros longas mais altas nos EUA sobre a taxa de câmbio e a inflação no Brasil.
Na área comercial, é possível até que o deslocamento de demanda agrícola chinesa dos EUA para o Brasil que ocorreu durante a guerra comercial EUA-China no primeiro governo Trump – deslocamento não revertido posteriormente – possa receber impulso adicional em novas rodadas de retaliação chinesa na guerra comercial.
O comercio bilateral Brasil-EUA evoluiu, no passado recente, de déficits do primeiro para saldos próximos de zero. A subida nas exportações agrícolas brasileiras – carne, açúcar, óleos e gorduras – e a redução nas compras brasileiras de combustíveis fósseis ajudaram naquela direção, enquanto o déficit brasileiro bilateral nas manufaturas cresceu nos últimos anos.
Há sensibilidade, por outro lado, quanto às exportações brasileiras de produtos metalúrgicos. Deve-se ter em vista as demandas por fabricantes de aço dos EUA de que tarifas sejam impostas sobre as exportações brasileiras de aço.
O Brasil não aparenta estar no foco da política comercial de Trump, como China e os “países conectores”. Mas vale notar que em uma entrevista em abril para a revista Time, Trump se referiu ao Brasil como “um país dê tarifas muito altas”. O não-alinhamento geopolítico brasileiro e as seguidas referências à substituição do dólar, porém, podem vir a aproximá-lo daquele foco.
Em resumo, as políticas comercial e fiscal no governo Trump 2.0 podem trazer choques macroeconômicos para a economia global e o Brasil. A possibilidade de desaceleração no crescimento econômico chinês, como consequência da política comercial Trump 2.0, pode vir a ser também um canal de transmissão sobre a economia brasileira através de suas exportações de commodities para aquele país.
No lado fiscal, há menor impedimento para o governo Trump 2.0. Já quanto as tarifas, há quem – como John H. Welch, CEO da Research for Emerging Markets Inc– destaque limites legais que dificultariam o cumprimento das promessas significativas feitas por Trump durante a campanha. Caso este venha a de fato a sobrepujar tais limites e implementar algo próximo do que prometeu, a economia global e o Brasil enfrentarão um verdadeiro choque macroeconômico.
Otaviano Canuto, 68 anos, é integrante-sênior do Policy Center for the New South, integrante-sênior não-residente do Brookings Institute e diretor do Center for Macroeconomics and Development em Washington. Foi vice-presidente e diretor-executivo no Banco Mundial, diretor-executivo no FMI e vice-presidente no BID
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AMANHÃ, 15 DE NOVEMBRO: QUE REPÚBLICA TEMOS TIDO?
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Que República temos tido? - https://red.org.br/noticia/que-republica-temos-tido/
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Diante do feriado da Proclamação da República fico observando na imprensa, na sociedade, na instituições públicas, quais as reações diante do feito? Praticamente nada, a não ser uma tradicional manifestação militar aqui em Porto Alegre defronte o Quartel General, com toques de corneta e cantoria da soldadesca dando VIVAS ao Brasil. Nem mesmo a Feira do Livro, ponto de encontro da intelectualidade na capital, tem o cuidado de propiciar um debate público ou lançamento de livro concernente à data.
Procure-se, por exemplo, na Internet, alguma reflexão sobre a República ou republicanismo. Quase nada. Aliás, salva-se, para tristeza de tantos acadêmicos preconceituosos, a bela página sob o título “República”. do Dr. Google. Mais das vezes, porém, lemos a platidude da origem da palavra como Res.publica, coisa pública, confundindo a latinidade do vocábulo, com a fenômeno ao qual se refere e que os antigos gregos davam o nome de Politeia. O resto, distribui-se numa cansativa cópia e repetição de que a República teria sido instituida pelos antigos romanos, no auge de sua grandeza. Ora, nem foi a República inventada pelos nossos ancestrais latinos, nem restringiu-se a grandeza de Roma ao seu período republicano, cujos percalços esboroar-se-iam sob a espada do Grande Cesar. Deste momento, 60 AC, até seu colapso, sob o regime imperial, Roma perduraria soberana no mundo por mais meio milênio, sendo muito difícil dizer se foi maior sob a República ou sob o Império.
Antes de Roma, já existiam repúblicas nas cidades gregas, em uma ou outra das civilizações mediterrâneas e, sobretudo na India, onde tinham a denominação de “sangha”, como se pode ler nas ricas palavras de Gore Vidal no seu clássico “Criação” (pag. 267, Ed. Nova Fronteira):
“Talvez assembleia seja a melhor tradução para essa palavra. Mas, enquanto a assembleia ateniense parece aberta aos plebeus e aos nobres, a sangha das repúblicas indianas, era composta de representantes de cada um dos nove Estados. (…) Essas repúblicas estavam em relação a Magadha quase como as cidades jônias estavam em relação à Pérsia. A única diferença é que, nos dias de Dario, as cidades gregas da Asia Menor não eram repúblicas, mas tiranias.”
A questão central, portanto, da instituição republicana é que ela se constituiu e se preservou, a partir dos Conselhos tribais, como mecanismo de redistribuição de Poder, impedindo que uma só pessoa o empolgasse. Em sociedades mais antigas na África e na Asia ainda os podemos identificar. Claro que, a noção de Poder, com as revoluções modernizadores, sobretudo na Francesa, de 1789, foi se deslocando para o conceito de soberania, da qual emergiria a ideia de cidadania como um conjunto de direitos civis, políticos e sociais inerentes, indistintamente, a todos os membros de uma sociedade que encontra no Pacto Constitucional sua regra de convivência e regulação. A lembrança deste gesto fundador é que deveria estar na base da celebração do 15 de novembro, renovando os princípios que a norteiam, a saber:
1. Interesse Colectivo. A palavra "República", significa "coisa" (Res) "pública (algo que faz parte do património comum). Este é o lema central do republicano: colocar o interesse comum acima dos interesses colectivos, velando para que a comunidade saia beneficiada e não apenas alguns. Os interesses particulares são legítimos e devem ser respeitados, mas não se podem sobrepor aos interesses da colectividade.
2. Equidade. O ideário republicano, forjado na lutas contra os regimes absolutistas e ditatoriais, assumiu como matriz a exigência do primado da Lei, perante a qual todos são iguais. Ninguém está acima da Lei. A primeira missão do Estado republicano é garantir a imparcialidade e equidade na aplicação da leis da República.
3. Laicismo. A luta contra a intolerância religiosa conduziu os republicanos a defenderem a separação entre a Igreja e o Estado, proclamando a liberdade religiosa.
4. Legitimidade Democrática. A república, sendo um regime político que a todos pertence, deve assentar na mais ampla participação dos cidadãos na vida comunitária. O exercício do poder tem que ser periodicamente legitimado pelo votos dos cidadãos. Ora, sendo estes beneficiários do Bem Comum, têm igualmente o dever de contribuir com o seu esforço e inteligência para a prosperidade da comunidade de que fazem parte. Nada pior para um regime republicano do que um sistema político que limite a participação dos cidadãos ou favoreça a perpetuação do poder das mesmas pessoas (recusa de cargos vitalícios).
5. Projecto Colectivo. Uma comunidade republicana só pode subsistir se os seus membros se sentirem como fazendo parte de uma colectividade que não renega as suas origens, história e símbolos colectivos, mas que também trabalha para que as novas gerações venham a herdar uma comunidade mais próspera em todos os sentidos, dando desta forma continuidade a uma obra de génese colectiva.
(Carlos Fontes in Princípios Republicanos)
http://www.filorbis.pt/filosofia/CursoPrincipios.htm
Tempos atrás, recebi um artigo com o título acima, de autoria de Lincoln Penna. Decepção. Mais uma catilinária sobre as desventuras do regime republicano no Brasil, repetindo, mais ou menos aquele observador da Proclamação no 15 de novembro de 1889, Aristides Lobo: ““O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada”. Com tal estado de espírito não é de estranhar que os brasileiros não só desmereçam a importância da Proclamação da República para a germinação democrática e progressista dos princípios que a norteiam, como acabem enaltecendo, na idealização do Imperador D. Pedro II, a monarquia por ele sustentada e que significou o sufocamento do liberalismo jacobino que proliferara nos movimentos pela independência anteriores e posteriores a 1822 - Revolução Farroupilha -, entre eles, como emperrara a economia do país nos limites do modelo primário-exportador-externo. Alguns acadêmicos vão mais longe e chegam a afirmar que houve mais democracia no Império do que no período republicano. Um absurdo. Falam e repetem ad nauseam os detratores da República no Brasil que ela foi um mero ajuste institucional que permitiu aos grandes oligarcas regionais, inclusive gaúchos (!), comandados pelo Café com Leite, assumirem o controle de seus interesses. Desconhecem o “castilhismo” e as realizações do republicanismo no Rio Grande do Sul que, por si só – e consequêncioas, principal delas a Revolução de 1930 – justificaria a Proclamação. O resultado é um veredito, quase disseminado, de que tudo não passou de uma manipulação senhorial para manter o Brasil do jeito que sempre foi (e será...!). Consequência: O veredito de que o Brasil é um fracasso, não deu certo. Duas exceções a esta análise: A extensa obra do historiador, general Nelson Werneck Sodré, com ênfase no papel renovador dos militares, cujo auge foi o Florianismo, sintetizada numa coleção denominada a História Nova do Brasil cassada pelo regime militar no golpe de 1964 e o livro do jornalista Jorge Caldeira, hoje ocupante de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras: “A História da Riqueza no Brasil”. Mas quem os leu neste país de tantos intérpretes e poucos leitores...? Mais recentemente “Paulistas e Gaúchos na construção do Brasil Moderno, Ed. Mottironi, Torres, de autoria de L.R. Peccoits Targa.
O mesmo não acontece na Europa, sobretudo na França, e até mesmo nos Estados Unidos, onde viceja um consciência propriamente republicana. Aqui, volta e meia um manifesto, uma fala solta do Presidente Lula, um artigo do ex governador Tarso Genro, lembram os princípios republicanos, mas a grande maioria das gentes pouco sabe a respeito.
A transição das Monarquias Absolutistas para as Repúblicas foi uma Revolução que sepultou dez mil anos de culto ao direito divino dos reis como fundamento do Poder de Estado, aos quais os súditos acumulavam apenas deveres, em benefício da ideia imortalizada por Lincoln de que o Poder emana do povo, pelo povo e para o povo, aperfeiçoada por Jean J. Rousseau e pelos sucessivos gerações de direitos que consagrariam no século XX a Doutrina dos Direitos Humanos. Essa máxima se complementa com as exigências de construção de uma arquitetura do Estado, concebida por Montesquieu, de separação dos poderes entre Governo x Sociedade Civil, Executivo x Legislativo x Judiciário e Estado Central x Poderes Locais. Foram tão fortes estas aquisições civilizatórias que mesmo sob o impacto das revoluções populares do século XX, países delas emergentes não abdicaram da denominação República: URSS e China. Se tudo isso ainda não foi absorvido pela sociedade brasileira que não percebe os avanços que tivemos no século XX sob regime republicano e continua banalizando-o, é uma pena.
Neste contexto, a vida pública se concentrava no Rio de Janeiro, sede do Governo Imperial, onde já fermentava um conjunto de tensões inevitáveis numa cidade que crescera imensamente desde a chegada da Família Real em 1808 e que protagonizara o principal papel na luta abolicionista. São Paulo seguia-lhe de perto e em breve ultrapassaria em importância o Rio de Janeiro, mas em 1889, esta cidade ainda dominava a cena política, constituindo-se com uma nucleação eminentemente pequeno burguesia de funcionários, comerciantes, militares, embora já cercada pelas primeiras “favelas”, como herança da desmobilização de tropas depois do fim da guerra do Paraguai. A ideia mesma de “popular”, neste meio, só poderia estar associada à própria classe média, na qual os militares ocupavam um lugar estratégico. Foi no seio desta classe média que cresceu a campanha abolicionista, vindo daí a associar-se, mesmo nas suas frações mais conservadoras, como de Joaquim Nabuco, com ideais reformistas, dentre os quais o republicano, desembocando, logo depois no que ficou conhecido como “florianismo”, provável semente do tenentismo, cujas primeiras análises devemos à Nelson Werneck Sodré nas páginas da História Nova do Brasil”, empastelada pelo Golpe de 1964, cuja releitura, como diz Judite Trindade, é hoje oportuna - Nelson Werneck Sodré e a História Nova
https://docs.ufpr.br/~andreadore/leiturasdahistoria/Judite_Trindade.doc
Dado o seu caráter múltiplo, uma vez que não se restringiu à caserna, não sendo uma expressão meramente corporativa dos militares do Exército, é possível identificar no florianismo duas vertentes: o florianismo de governo e o florianismo de rua. Na primeira, formavam todos os que se alinharam ao governo Floriano, por razões de ordem prática ou mais precisamente de ordem pragmática. Foi o caso dos membros mais ativos da oligarquia cafeeira de São Paulo, ávidos por manter a estabilidade institucional do regime recém-instalado para dela tirar proveito, como de fato ocorreu em seguida, com a eleição para três quadriênios consecutivos de seus líderes mais destacados, Prudente de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves, dando início à hegemonia paulista na Primeira República.
O outro florianismo, o de rua, foi espontâneo, surgiu da afinidade dos segmentos populares com Floriano. Para esses contingentes sociais, o Marechal de Ferro simbolizava a própria República, e mantê-lo à frente da presidência passou a ser uma tarefa à qual se dispuseram, alheios a interesses que não fossem os da preservação da República ameaçada por seus opositores mais ferrenhos. Não é por acaso que várias outras alcunhas foram atribuídas a Floriano, tais como Marechal Vermelho ou Robespierre brasileiro, ambas tendo como matriz a Revolução Francesa e, especialmente, seu período de maior radicalização política, o Terror. Claro está que essas alusões partiram do segmento mais doutrinário do florianismo, o dos jacobinos. Todos ou quase todos eram florianistas, embora nem todos os florianistas fossem adeptos do jacobinismo, como bem salientou a historiadora Suely Robles de Queiroz.
As duas vertentes do florianismo coexistiram sem grandes problemas durante o governo do marechal. Contudo, logo após o término da Revolta da Armada e a proximidade do pleito para a escolha do sucessor de Floriano, essas vertentes passaram a se conflitar. Os florianistas de governo abraçaram logo a candidatura sustentada pelos paulistas, de Prudente de Morais, ao passo que os florianistas de rua não só não demonstraram qualquer apreço pelo candidato oficial, como engrossaram a articulação promovida nos bastidores para uma eventual permanência de Floriano no poder. Essa ação golpista realmente existiu, e posteriormente foi objeto de um processo que culminou no arrolamento, como conspirador, do próprio vice-presidente Manuel Vitorino, além do deputado Barbosa Lima e do jornalista Diocleciano Mártir.
Florianismo
http://atlas.fgv.br/verbetes/florianismo
Oportuno, reiterar também, esta observação de Jorge Caldeira:
O mais recente estudo com essa nova visão virou o livro História do Brasil com Empreendedores, de Jorge Caldeira, lançado em 2009. Ele mostra mais um mito do Brasil colonial: a ideia de que só havia por aqui uma enorme massa de escravos e seus senhores. Em 1819, os escravos eram um quarto da população total, de 4,4 milhões de pessoas. E, entre os brasileiros livres, 91% deles não tinham escravos. “Com essa população, o Brasil tinha uma economia maior que a de Portugal”, diz Jorge Caldeira.
https://super.abril.com.br/historia/a-nova-historia-do-brasil/
O Brasil do final do século XIX, portanto, nem era povoado por uma massa escrava que dominava, sob a matriz colonial exposta por Caio Prado Jr., nossa fisionomia social e econômica, nem era, ainda uma sociedade marcada pela presença proletária numa nação nos primórdios da industrialização, que já em 1905, segundo Leon Trotsky, dominava a cena urbana russa , os quais, tomados juntos ou separadamente, poderiam poderiam ter dado à Proclamação da República um sentido social e ideologico mais profundo. Estávamos mais próximos da fisionomia social de Paris em 1789, mas sem a fermentação ideológica que fez da Revolução Francesa um marco da luta pela emancipação da humanidade.
O republicanismo, portanto, embora não tivesse empolgado como ideia força na conjuntura, sendo cultivado em centros mais iluminados como o Clube Militar, no Rio, e na Faculdade de Direito, em São Paulo, além dos Manifestos de Itu, em 1870 e de São Borja, no Rio Grande do Sul, um pouco mais tarde, era um movimento que se articulava internacionalmente, como expressão local de realizações em curso nos Estados Unidos e vários países da América Latina, sobretudo Argentina. Teve, inclusive, no seu interior, uma clara divisão entre radicais, como Júlio de Castilhos, gaúcho, então estudante em São Paulo e que viria a ter importante papel na formação política riograndense, da qual derivariam Getúlio Vargas e Leonel Brizola, e moderados, com epicentro entre grandes proprietários de São Paulo, os quais viriam a empolgar o movimento depois da Proclamação da República dando-lhe as feições da República Velha. Em 1930, o grito sufocado dos radicais voltaria à tona na sua forma indigesta, mas incisiva, do que os próprios castilhistas denominavam como “ditadura republicana”, num eco um pouco ensurdecido mas audível da visão robespierrana da democracia como tirania das massas.
A Proclamação da República, enfim, se não foi um “acontecimento” equivalente aos momentos mais grandiosos da luta contra o absolutismo imperial, como a Gloriosa Revolução de Cromwel, como a Queda da Bastilha, ou como a Declaração da Independência dos Estados Unidos, insere-se, neste processo, como um passo importante de um país periférico, marcado pelo colonialismo e pela escravidão, decisivo na construção do Estado de Direito Democrático, hoje consagrado pela Constituição de 1988.
Curiosamente, sob o enfoque da Proclamação da República como um golpe militar, numa evocação equivocada deste tipo de intervenção como similiar ao que teria ocorrido em 1964, obviam-se aspectos importantes deste “gesto”. Dentre eles nunca é demais lembrar o advento do laicismo, decorrente da separação da Igreja do Estado, e do princípio da elegibilidade dos governantes pelo voto direto, secreto e universal, desvinculado da propriedade, cuja efetividade teria que esperar ainda um século, vez que só viria se consagrar nas eleições gerais de 1989. Deste último ponto, aliás, relevou a presença política do Rio Grande do Sul no cenário político dos primeiros anos da República, ocupando o lugar até então ocupado pela Bahia, como observa o pioneiro de estudos políticos no Rio Grande, Alec Nove, vindo daí a oferecer o primeiro candidato viável à Presidência da República em 1929, dele decorrendo a Revolução de 1930. Trata-se, pois, mais do que celebrar a data da Proclamação, situá-la como um momento da construção da difícil democracia brasileira. E de refletir sobre esta democracia.
Menos Itu. Mais Brasil…!!
Por tudo isto, eu me orgulho de dizer: Antes de tudo, sou republicano. VIVA A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL!
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COP29: representante dos EUA afirma que o país tem compromisso com o clima, apesar das incertezas com a volta de Trump. A cúpula anual sobre o clima da ONU começou esta semana em Baku, no Azerbaijão
11 de novembro de 2024, 22:20 h
Reuters - O enviado para o clima dos Estados Unidos, John Podesta, pediu nesta segunda-feira que governos do mundo todo mantenham a fé na promessa do país de combater o aquecimento global, acrescentando que Donald Trump pode atrasar, mas não parar, a transição dos combustíveis fósseis quando assumir a Presidência dos EUA, em janeiro.
A cúpula anual sobre o clima da ONU começou nesta segunda-feira em Baku, no Azerbaijão, com várias delegações de países preocupadas com a possibilidade de a vitória de Trump nas eleições presidenciais dos EUA em 5 de novembro possa atrapalhar o progresso para limitar o aquecimento global.
Trump prometeu, novamente, retirar os Estados Unidos, o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo na história, da cooperação climática internacional e aumentar a já recorde produção de combustíveis fósseis do país.
"Para muitos de nós dedicados à ação climática, o resultado da semana passada nos Estados Unidos é obviamente uma decepção amarga", disse Podesta na cúpula.
"Mas o que quero dizer a vocês hoje é que, enquanto o governo federal dos Estados Unidos, sob Donald Trump, pode deixar a ação climática em segundo plano, o trabalho para conter as mudanças climáticas vai continuar nos Estados Unidos."
Segundo ele, a Lei de Redução da Inflação (IRA), legislação climática do presidente Joe Biden que oferece bilhões de dólares em subsídios para a energia limpa, continuará a impulsionar investimentos em tecnologias solares, eólicas e outras, e que os governos estaduais dos EUA também devem promover cortes de emissões por meio de regulamentações.
"Não acho que nada disso seja reversível. Pode ser desacelerado? Talvez. Mas a direção é clara", afirmou.
Embora Trump tenha prometido revogar a IRA, isso exigiria um ato do Congresso - o que pode ser difícil devido ao apoio de alguns parlamentares republicanos cujos distritos se beneficiam de investimentos vinculados à IRA.
Além da eleição de Trump como presidente da maior economia do mundo, as negociações em Baku disputam a atenção com preocupações econômicas e as guerras na Ucrânia e em Gaza.
Isso complica a ambição da cúpula de resolver o principal item da agenda - um acordo de até 1 trilhão de dólares em financiamento climático anual para países em desenvolvimento, no lugar da meta anterior de 100 bilhões de dólares.
O chefe do clima da ONU, Simon Stiell, procurou elevar o entusiasmo.
"Vamos abandonar a ideia de que o financiamento climático é caridade", disse ele no estádio de Baku.
"Uma nova meta ambiciosa de financiamento climático é inteiramente do interesse de cada nação, incluindo as maiores e mais ricas."
Este ano caminha para ser o mais quente já registrado. Países ricos e pobres enfrentaram eventos climáticos extremos, incluindo inundações desastrosas na África, na costa da Espanha e no estado da Carolina do Norte, nos EUA, além de uma seca que afeta a América do Sul, o México e o oeste dos EUA.
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Financiamento da luta contra crise climática estará no centro de discussões da COP29 no Azerbaijão
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“Mundo está a caminho da ruína”, alerta presidente da COP 29 em discurso de abertura
11 de novembro de 2024
A 29ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP29) teve início nesta segunda-feira (11) em Baku, Azerbaijão, com um forte apelo por ação climática urgente. Em discurso de abertura, o presidente da conferência e ministro da Ecologia do Azerbaijão, Mukhtar Babaiev, pediu maior compromisso das nações para enfrentar a crise climática que já afeta o planeta. “Estamos a caminho da ruína. E não se trata de problemas futuros. A mudança climática já está aqui. Precisamos muito mais de todos vocês. A COP29 é um momento da verdade para o Acordo de Paris”, afirmou Babaiev.
COP 29
Assinado em 2015, o Acordo de Paris busca limitar o aquecimento global a menos de 2°C até o final do século, com esforços para restringir o aumento a 1,5°C. No entanto, as metas acordadas estão ameaçadas pela falta de financiamento suficiente para adaptação e mitigação climática. Desde a COP15, em 2009, foi estabelecido que os países desenvolvidos deveriam destinar 100 bilhões de dólares por ano para ajudar as nações em desenvolvimento. Esse fundo, no entanto, não se concretizou conforme o prometido, e especialistas apontam que o montante agora precisaria ser pelo menos dez vezes maior para enfrentar a crise.
Simon Stiell, secretário executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas, reforçou a necessidade de reformar o sistema financeiro global e incentivar uma cadeia produtiva sustentável com maior investimento em energia renovável. Ele destacou que o financiamento da luta climática “não é caridade, e sim do interesse de todos, incluindo as nações mais ricas e maiores”.
O cenário, contudo, é incerto com relação ao apoio dos Estados Unidos. Com a recente eleição de Donald Trump, que historicamente demonstrou pouca prioridade para a agenda climática, há temores de que o país se afaste novamente dos compromissos climáticos, como fez durante seu mandato anterior, ao retirar os EUA do Acordo de Paris e priorizar investimentos em combustíveis fósseis.
A COP29 se revela como um momento decisivo para os acordos climáticos globais, com líderes mundiais e especialistas pressionando por um avanço significativo no combate à crise climática e na criação de soluções econômicas sustentáveis que envolvam tanto os países mais ricos quanto os mais vulneráveis.
BARBÁRIE OU CIVILIZAÇÃO?
A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, com muito mais força popular, pela lavada de votos que deu nos democratas, mais experiência – é o mais velho a ocupar a Casa Branca - e força nas duas Casas do Congresso e também no Judiciário, apontam para uma nova Era naquele país, hoje acossado por problemas externos e internos. Alguns falam até na barbárie que lá se anuncia diante do comando de homem inequivocamente truculento que se guia pela cartilha que aprendeu com Roy Cohn - https://brasil.elpais.com/cultura/2020-06-22/a-obscura-vida-do-homem-que-apadrinhou-donald-trump.html -, o ”advogado mais duro, cruel, leal, vil e brilhante da América”, seu mentor. Ele lhe ensinou as regras contemporâneas para vencer numa ordem social extremamente competitiva onde o maior insulto que se faz a uma pessoa é chamá-lo “looser” (perdidor): 1) Ataque sempre; 2)Jamais admita que perdeu ou errou; 3) Seja implacável. Cinismo absoluto. Uma versão perversa do “Manual da Mundanidade” de Baltazar Gracián, monge espanhol do renascimento, que acabou estigmatizado pelo estilo pouco edificante da obra. Some-se a isso as ideias de Trump, já assumidas por ele em outros tempos, de simpatia por Hitler. Não por acaso, seu Chefe de Gabinete, General John Kelly, o classificou, recentemente, como “fascista” - https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/10/23/eleicoes-nos-eua-ex-chefe-de-gabinete-de-trump-diz-que-ele-se-enquadra-na-definicao-de-fascista-e-prefere-abordagem-de-ditador.ghtml . Aliás, o primeiro chefe de Estado a cumprimentar Trump foi justamente o ultradireitista Presidente de El Salvador, Nayib Bukele, igualmente consagrado nas urnas, seguido por Milei, Netanyahy e...o ex Bolsonaro... Serão, portanto, tempos sombrios no grande país do norte. Um novo Manifesto bem poderia se iniciar, hoje, com estas palavras: “Um fantasma ronda o mundo: o fantasma da ultradireita”.
Será, então, que, como diz o provérbio A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS, este é o caminho sagrado da salvação da humanidade?
Aqui vale a pena lembrar que outrora, outros líderes cruéis também ascenderam ao Poder por via “democrática”. Hitler não deu nenhum golpe para chegar à chancelaria alemã em 1933. Foi convidado pelo Presidente da República, sob o conselho de outro líder de direita, Von Pappen, indicado para vice de Hitler, que via na manobra um meio para chegar ao Poder. Em seis meses, a República de Weimar caía sob o regime ditatorial dos nazistas. Em 1922 não foi muito diferente a ascensão de Mussolini ao Poder na Itália. Voltando mais atrás ainda: Não foi o povo de Atenas que condenou Sócrates à cicuta? E não foi Cristo condenado à cruz pelo seu próprio povo judeu, enquanto Pilates, autoridade romana em Jerusalém, lavava suas mãos?
Diz-se que Deus escreve certo por linhas tortas? Será que o povo não escreve errado, muitas vezes, nas quatro linhas na Constituição?
Bernard Shaw, grande e consagrado intelectual do século XX, severo crítico dos Estados Unidos, já dizia que aquele país havia saído da barbárie à decadência sem ter passado pela civilização. Exagero. Há, sim, uma civilização na literatura, na música, no Cinema, na Ciência, por trás do “american way of live”. Mas já no final do século passado um historiador atento, Tony Judit, chamava a atenção para o declínio do liberalismo subjacente á esta civilidade, fosse na imprensa, fosse na vida pública, mesmo que segmentos progressistas de esquerda ainda estivessem presentes na Academia, bem representada nestas eleições por KAMALA. E o povo...?
Agora, porém, o cenário é mais complexo, pelas mudanças no cenário internacional. A China ameaça, realmente, o poderio americano e se tem mostrado eficiente na articulação dos anseios desenvolvimentistas do Sul Global, hoje articulado em torno do BRICS. Trump não dará trégua á guerra comercial contra a China e já avisou que vai taxar seus produtos em 60%, com o que provocará um colapso no comercio mundial. Tentará, atendendo recomendação remota de Kissinger, afastar a Rússia da aliança com os chineses, na esperança de reeditar em outros moldes a Teoria do Elo Mais Franco, do ex Secretário de Estado Brzezinski, nos anos 1970 e que levou ao fim da URSS a partir da Polonia. Trump apostará na Rússia.
E o resto? O resto são reflexões sobre o que virá a reboque desta decisão de política externa: Mais inflação e desemprego. Lá e cá. Paradoxalmente, o que levou Trump ao Poder novamente, a economia, poderá desgastá-lo. Mas aí quem vai tirar o guizo do gato...?
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Ouvir Tom Jobim na Ospa03 novembro 2024 - por Juremir Machado da Silva-
https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/colunistas-matinal/juremir-machado/ouvir-tom-jobim-na-
ospa-uma-tarde-de-encontros-na-feira-do-livro-de-porto-alegre/
Quem foi ouvir a cantora Paula Morelenbaum e Arthur Nestrovski ao
violão, na Casa da Ospa, em Porto Alegre, no sábado à noite, não se
arrependeu. Foi uma aula sobre Tom Jobim. Uma aula mesmo, pois
Nestrovski explicou cada canção com detalhes históricos e técnicos.
Poderia ter, quem sabe, encurtado alguns detalhes e tocado mais
duas ou três músicas. Paula, como sabe quem gosta de música boa
(isso existe e pode ser dito), tem uma voz maravilhosa. Como não
canta sertanejo, permanece um tanto secreta para a maioria dos
brasileiros. Durante dez anos ela cantou com Tom Jobim. O show foi
perfeito. Na abertura, o escritor Gilberto Schwartsmann, presidente
da OSPA, falou sobre a importância da música popular brasileira.
Levamos o sociólogo italiano Vincenzo Susca, professor na
Universidade Paul Valéry de Montpellier, para ver o espetáculo. Ele
saiu encantado com o que viu e ouviu. Não é todo dia que se tem Tom
Jobim interpretado por quem o estudou ou o conheceu e sabe mostrar
o melhor da arte do grande compositor de músicas e letras.
Nestrovski contou uma interessante história sobre a letra de Pois é,
feita por Chico Buarque, com música de Tom Jobim. Na letra original,
gravada, diz assim:
Pois é!
Fica o dito e redito
Por não dito
E é difícil dizer
Que foi bonito
É inútil cantar
O que perdi
Em algum momento, porém, houve uma alteração na letra:
Pois é
Fica o dito e redito por não dito
É difícil dizer que inda é bonito
Cantar o que me restou de ti
Para Nestrovsky a segunda letra teria mais a ver com o universo de
Vinicius de Moraes. Numa, uma negatividade total. Noutra, uma
nuança. Quem mudou a letra? Chico diz que não se lembra. Terá sido
Tom Jobim? Qual fica melhor? Confesso que prefiro a segunda. A
primeira é mais impiedosa.
O gratin da sociedade porto-alegrense, como diria um colunista social
francófilo, estava na Casa da Ospa para ouvir Música Popular
Brasileira.
Uma
palinha:https://x.com/juremirm/status/1853057339772837935
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MEU QUERIDO MÊS DE NOVEMBRO
Paulo Timm – Escrito em nov. 08 /2018 e revisado em 01/XI/24
Muitos estigmatizam, no Brasil, o mês de agosto, como mês do desgosto. No hemisfério norte, T.S.Elliot, o grande poeta, autor do mais célebre poema do século XX – Terra Devastada – dizia que abril era o mais cruel dos meses. Janeiro, por aqui, é celebrado ao sol dos veraneios e faz, em nossa cidade, a alegria dos nativos. Agora, um grupo de poetas e intelectuais está lançando o “Movimento Torres Além Veraneio”, mas, sabemos, todos, quão difícil será sair do Destino para a História. E novembro? O que dizer do mês que se inicia com Todos os Santos e, por isso mesmo, tão abençoado? Escolho, pois, o “Meu querido mês de novembro”.
Tenho dos novembros as mais gratas lembranças, a maior delas o prenúncio do verão com o início de noites mais curtas e dias alongados pela mudança do relógio. Os feriados dos dois primeiros dias era tempo de vir à praia arejar a casa, tirar o mofo, colocar os cobertores nos varais, fazer o jardim, ir preparando o veraneio. Mas este era o mês, também, que ia terminando o ano escolar e espichávamos o pescoço para ascender mais uma escada no currículo.. Que emoção chegar, naquele tempo – que nem sei mais se era mesmo melhor do que hoje – ao ginásio, quando se iniciavam os estudos de língua estrangeira e saíamos da aritmética para a matemática das letras. A impressão que tenho é que novembro era uma espécie de puberdade. Tudo irrompia....
Novembro, porém, não é, apenas, um mês existencial. De experiências pessoais. Sempre foi um mês de tramas políticas – e eu sou a elas ligado pela paixão - , começando pela Proclamação da República e pelo Dia da Bandeira, hoje, sobreposta pelos imperativos globalizantes. Quando menino, no Grupo Escolar Cícero Barreto, em Santa Maria, o 19 de novembro era dia de exaltação do nacionalismo e de cantar o Hino à Bandeira, todos enfilleirados, de guarda-pó, antes de entrar em aula: “Salve lindo pendão da esperança/Salve símbolo augusto da paz”. Lembro, a propósito, como o velho Comandante Brizola gostava desta data e deste hino, revenciando-os. Acho até que, quando foi Governador do Rio Grande do Sul, conseguiu que imprimissem a letra do hino nos cadernos escolares. Será?
Mas foi também o mês de grandes agitações políticas no período que podemos chamar de Moderno, depois de 1930, cuja Revolução deu-se, com efeito, em outubro, mas se consolidou mesmo em novembro daquele ano. Getúlio Vargas assumiu a chefia do "Governo Provisório" em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim da República Velha no Brasil. O Brasil saía da sombra do fazendão escravocrata das cartolas importadas da Europa e mergulhava no capitalismo, ainda que de Estado. Enquanto a Revolução de 1930 estava em andamento, Mário Pedrosa, futuro crítico de arte, que conheci, velhinho, na minha livraria – Galilei . ,em Brasília- e Lívio Xavier, então militantes da Oposição de Esquerda, dissidência do Partido Comunista do Brasil (PCB), escreveram "Esboço de Análise da Situação Brasileira" mostrando que Vargas representava uma cisão no bloco de poder derivada do desenvolvimento do capitalismo. Tempos, aliás, conturbados, de fortes tensões numa sociedade com raízes multifacetadas em rizoma, resistente ao ritmo da História. Já em novembro de 1935 eclodia o levante comunista contra o que consideravam uma mero golpe intraoligárquico e disso dão conta “As memórias do cárcere”.. Em outro novembro, dia 10, do ano de 1937 Vargas dá o troco contra a corrente das resistências históricas e mergulha o país no Estado Novo, que perdurará até... às vésperas de novembro de 1945. Neste interregno, mudou o Brasil...
O nacional-desenvolvimentismo varguista
O modelo político econômico adotado pelo regime varguista foi o nacional desenvolvimentista, dessa forma investiu-se na indústria de base nacional, em órgãos de administração pública, e em reformas nas forças armadas. Assim, foram criados para a administração pública o Conselho Nacional do Petróleo e o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1938. No que se referiu às forças armadas, foi criado o Ministério da Aeronáutica e ampliado o efetivo de soldados do exército. Dentre algumas das principais indústrias públicas criadas durante o Estado Novo estiveram:
• Companhia Siderúrgica Nacional (1941);
• Companhia Vale do Rio Doce (1942);
• Fábrica Nacional de Motores (1942);
• Companhia Nacional de Álcalis (1943);
• Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945).
O projeto nacional desenvolvimentista também abrangia a expansão populacional para a região Centro-Oeste e Norte, projeto conhecido como “Marcha para o Oeste”. Dessa maneira, foram criados os seguintes Estados: Amapá; Rio Branco que posteriormente passou a ser chamado de Roraima; Guaporé, atualmente designado de Rondônia; e Ponta Porã e Iguaçu, separados respectivamente dos Estados do Mato Grosso e Paraná, que foram extintos em 1946.
A “Marcha para o Oeste”
A “Marcha para o Oeste” pretendia estimular a formação de cidades, a abertura de estradas, a produção agrícola e pecuária, e implementar uma forma de vida considerada “moderna”. Na década de 1940 foi criado o Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI), sob o comando de Cândido Rondon, para realizar o contato com os indígenas de forma pacífica. No entanto, a “Marcha para o Oeste” gerou muitos conflitos entre os migrantes e os indígenas, e muitas mortes resultaram desses conflitos. Sobretudo, dos indígenas afligidos, por exemplo, pelas doenças para as quais não possuíam resistência imunológica. Em 1943, os irmãos Vilas Boas adotaram a política de Rondon na expedição Rocador-Xingu, com contato pacífico com os indígenas e promoção de assistência médica.
Acordos de Washington e a Companhia Siderúrgica Nacional
A construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda – RJ decorreu dos Acordos de Washington. Esses acordos resultaram em uma aliança diplomática entre Brasil e Estados Unidos da América. A CSN foi financiada pelo Estados Unidos e o Brasil comprometeu-se em fornecer aço aos Aliados durante a Segunda Grande Guerra. A construção da CSN impactou no apoio brasileiro ao bloco dos Aliados na Guerra Mundial, até então o Brasil mantinha-se neutro no conflito. Além do fornecimento de aço para os Aliados, o Brasil comprometeu-se em permitir a instalação de bases militares e aeroportos nas regiões Norte e Nordeste do país. Devido a esse acordo os países do Eixoconsideraram que o Brasil não estava mais neutro na guerra e atacaram submarinos brasileiros. Após esse ataque o Brasil ingressou definitivamente na guerra ao lado dos Aliados, em 22 de agosto de 1942.
Vargas é deposto no dia 29 de outubro de 1945. Volta, entretanto, ao Poder em 1951, continua sofrendo as pressões contra seu programa nacional-desenvolvimentista e se suicida em 1954. Novas eleições em 1955, vence JK, com apoio dos varguistas, que indicam seu afilhado João Goulart como Vice Presidente e...mais tensões: As forças nem tão ocultas quanto poderosas, tentam impedir a posse do Presidente Bossa Nova. Nova novembrada, desta vez comandada pelo General Lott, Ministro do Exército, com o objetivo da fazer cumprir a Constituição. A espada de ouro de Lott levanta-se na defesa da democracia, que, depois do lapso de 1964-1985 volta a afirmar-se e, com eleições diretas para Presidente, retomadas em 1989, prévia promulgação de uma Constituição a 03 de novembro do ano anterior. Este, novembro promissor ao aprofundamento da democracia, tanto política, como sócio~ecnômica, , não mais de tensões, mas de esperanças, ainda que vãs, em governos que se sucedem olhando o passado. Mas, enfim, alegria, alegria, ainda que sobre as lágrimas dos perdedores.
Neste novembro, tudo de novo, ainda que com o sinal trocado, pois que de caráter conservador, aparentado aos anos 50. Que seja! Proclama-se muito a renovação, não com novos tons mas novas cores. A ver. O problema não é a novidade, sempre bam vinda, mas o desconhecido, valendo, aqui a advertência de Mia Couto, escritor moçambicano:
No alimento se coloca ternura ou ódio. Na panela se verte tempero ou veneno. Quem assegurava a pureza da peneira e do pilão? Como podia eu deixar essa tarefa, tão íntima, ficar em mão anônima? Nem pensar, nunca tal se viu, sujeitar-se a um cozinhador de que nem o rosto se conhece.
O Brasil, contudo, é grande, muito maior do que todas estas passagens, paragens e advertências. Como dizia, Oswald de Andrade, digere tudo na sua inércia, é antropofágico. Digerirá o confronto Lula x Moro, a disputa Haddad x Bolsonaro, a Recessão e o desemprego, a violência urbana, até o imoral, inoportuno e incoveniente aumento de salário dos Juízes do STF. Sobreviveremos. E daqui a quatro anos, com algumas defecções pelo caminho – temo por mim - , estaremos celebrando novos prenúncios. Novo novembro. Meu doce e cálido novembro.
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O que disseram as urnas?
Encerrado o segundo turno das eleições municipais, abundam as análises sobre seu recado. A tarefa é controvertida e sujeita, naturalmente, aos interesses e visões dos que a analisam. Para uns, Bolsonaro foi o grande derrotado. Para outros, Lula. Para a grande maioria, ambos perderam, e enaltecem a vitória do “Centro” neste processo, o que é matematicamente comprovado pelo número de Prefeituras conquistadas pelo PSD, MDB e União Brasil. Mas isso não nos dá o balanço político do processo. Os partidos ditos de centro – ou centrão -, enfim, dão continuidade ao que o MDB vem cumprindo desde a redemocratização: articular interesses patrimonialistas. Como o processo político abriu as comportas da reorganização partidária, a disputa política regional encarregou-se de fragmentar a “invencível” baleia herdada da luta contra o regime militar. O MDB foi pulverizado e se perfila ao lado de suas criaturas, somadas às disputadas na velha ARENA/PDS como mais uma das forças de centro. O mais importante de tudo isso, porém, nestas eleições é que o grande vencedor do pleito foram as EMENDAS PARLAMENTARES que solidificaram um Pacto entre Parlamentares Federais e Prefeitos, cujo resultado será a eternização de seus mandatos, com prejuízo da renovação do Congresso e das próprias lideranças municipais. Não por acaso, mais de 80% dos Prefeitos se reelegeram. De resto, independentemente de quem Lula tenha apoiado mais firmemente, sua POLÍTICA DE FRENTE DEMOCRÁTICA para enfrentar a extrema direita foi vencedora, o que não quer dizer que ele venha a ser apoiado pelos partidos vencedores de centro. Mas se isso é ruim ou arriscado para o PT, para a “esquerda” e , talvez, para o próprio Lula, não é necessariamente ruim para a vida política do país. O fascismo ainda espreita, mostrou suas garras em várias capitais, mas foi derrotado. Mas não era isso que os democratas queriam...? Agora é curar as feridas, tocar pra frente e ver o que se pode esperar desta difícil segunda metade de mandato de Lula.
• 9 dos 26 prefeitos de capitais terão maioria de vereadores
• 16 prefeitos conseguem se reeleger; 4 foram derrotados
• Veja resultado dos partidos em relação ao total de candidatos
PL é maior vencedor em grandes cidades; PT também cresce
No 2º turno, PL ganha em 4 capitais; e PT, em 1
• PL tem melhor resultado desde o surgimento do partido
• PT e aliados vencem em 6 das 11 capitais em que Lula ganhou em 2022
PSD elege maior número de prefeitos no estado de SP; PSDB cai para 21
• PSOL fica sem prefeitura após derrotas em SP e Petrópolis
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Normando (MDB), assume a prefeitura de Belém (PA). David Almeida (Avante) em Manaus. Fortaleza: Evandro Leitão, do PT, agradece a mulheres após vitória apertada. candidato apoiado por Bolsonaro e Ciro Gomes, perde. Bolsonarismo só vence, nas capitais, em Cuiabá. Fuad Norman (PSD) ganha em BH. Pimentel vence em Curitiba
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Os 4 eixos da agenda pós-eleições
Retomada do controle do Orçamento, reforma ministerial e sucessão na Câmara serão temas da volta do mundo político a Brasília- Por Vera Magalhães 25/10/2024
Passado o segundo turno, Brasília volta a funcionar com força total com foco em quatro temas principais, todos interligados: a necessidade do governo de promover um corte estrutural de gastos que mantenha de pé o arcabouço fiscal, o acordo entre os Poderes para disciplinar as emendas parlamentares, a troca de comando na Câmara e no Senado e uma esperada reforma no primeiro escalão do governo.
Uma das coisas que ficaram nítidas nas eleições municipais foi o peso do dinheiro vindo de Brasília nos resultados que inflaram as siglas do Centrão e da direita. São dois os dutos pelos quais jorrou a dinheirama: o fundo eleitoral inflado pelo Congresso e as emendas Pix, que, agora, deverão mudar, a partir da puxada no freio dada pelo Supremo Tribunal Federal.
As várias modalidades de emendas, além da Pix, e seu caráter cada vez mais impositivo tiraram do Executivo uma das principais armas de que sempre dispôs para fazer política. O resultado é que muitos partidos com gabinetes na Esplanada fizeram campanhas completamente dissociadas de Lula ou do governo, sem deles depender e, sobretudo, sem defendê-los, fazendo com que a esquerda saia bem mais enfraquecida do mapa e, assim, largue atrás na montagem de chapas para a Câmara e o Senado daqui a dois anos.
Ainda há reflexos possíveis na montagem de uma coalizão para a sucessão do próprio Lula, por mais que a literatura de ciência política seja sempre muito cautelosa ao ver reflexos claros das eleições municipais na disputa presidencial. Mas é impossível negar: partidos que se articularam em frentes como a paulistana, em que seis siglas com nove assentos no ministério de Lula apoiaram Ricardo Nunes, já falam em repetir a dose lá na frente, a depender de como estiver a avaliação do governo e de quem for o candidato de centro-direita a desafiar o presidente.
O Planalto já percebeu que está numa armadilha, em que dá casa, comida e roupa lavada à base de emendas Pix para legendas que, mais adiante, poderão pegar as trouxas e tomar outro caminho. É urgente para Lula retomar alguma margem de manobra sobre o pouco que resta do Orçamento para fazer política e investimentos. E esse pouco, já em parte loteado pelo Congresso, vai ficando a cada ano menor graças ao crescimento dos gastos obrigatórios, com suas vinculações.
É nesse flanco que o projeto que vem sendo urdido na equipe econômica quer atuar. Para que ele tenha êxito, depende do convencimento prévio do próprio Lula, sempre hesitante diante da ideia de ser ele a cortar gastos em áreas como assistência social, saúde ou educação.
Fernando Haddad terá de fazer prevalecer sua ideia de que o arcabouço fiscal precisa se mostrar hígido para que o Brasil recupere o grau de investimento, os juros possam voltar a cair em 2025, e o mercado doméstico, que anda sobressaltado sem razões objetivas tão claras, sossegue.
Contará com a pressão contrária do PT, que começará a viver a ebulição interna pela troca de comando nacional, acirrada pelos maus resultados do partido nas urnas. Interessa ao grupo de Gleisi Hoffmann estressar ainda mais a relação com a área tachada de “fiscalista” do governo, para tirar do foco o desempenho pífio dos candidatos lançados ou apoiados pelo partido em todo o país, inclusive no Nordeste.
Outro ponto de atenção para a política virá da sucessão de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, também ela influenciada pelas eleições, com potencial de deflagrar ou engordar uma dança das cadeiras nos ministérios. Lira tem dito a aliados que blindará a disputa na Câmara das pautas bolsonaristas mais ruidosas, em reação à esperada ofensiva de Jair Bolsonaro depois do ganho de prefeituras do PL e da iminência de que os inquéritos contra ele e aliados sejam concluídos.
O governo tem de evitar que temas como a anistia aos golpistas avancem sem controle e se tornem compromissos dos postulantes a comandar o Legislativo, justamente em seus dois anos finais de mandato.
Coluna Paulo Timm
Editorial_Cultural_FM_Torres_RS_Abril_2024
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AFINAL, EM QUE ESTÁGIO CIVILIZATÓRIO ESTAMOS?
Até bem pouco tempo, havia um consenso acadêmico e até mesmo público de que a humanidade estava avançando no rumo da civilização e que havia sociedades mais ou menos “atrasadas” neste processo. A Antropologia Moderna sepultou essa idealização “civilizatória”. Podemos ter níveis tecnológicos e, talvez, institucionais, com a emergência do Estado e da Corporações Privadas, com ou sem fins lucrativos, no curso da História Humana, mas isso não nos autoriza a dizer que são mais “civilizadas”. Não obstante, é ainda comum, mesmo nos discursos políticos, ouvir-se qualificativos pouco edificantes para certos grupos humanos. É o que faziam os gregos que chamavam “bárbaros” todos aqueles que não falavam grego e, certamente, não comungavam dos ideias helênicos. Lamentável. Hoje se sabe que mesmo aqueles povos ditos “bárbaros” tinham alta complexidade civilizatória. O mesmo se pode dizer dos povos originários do continente americano, dos povos africanos e do Oriente Médio. Não existe, a propósito, “eleitos”. Isso é pura narrativa ancestral, sempre de fundo religioso, para justificar procedimentos discriminatórios. Mas pode-se, talvez, falar em crises de algumas culturas. Um livro, A CONDIÇÃO DE HOMEM, de Lewis Mumford, um dos grandes sábios do século XX, publicado pela Ed.Globo em 1951 é uma verdadeira enciclopédia para se compreender as visões de mundo (ideologias) desde os clássicos ocidentais até os modernos. Nessa trajetória o Ocidente imbricou-se, também, com a construção de um modelo de economia de mercado, que acaba misturando reflexões sobre o que seria uma crise estrutural da cultura ocidental e os desafios do bloco sob hegemonia dos Estados Unidos. Neste sentido, economicista, foi Karl Marx quem primeiro diagnosticou o fim do capitalismo em sua magistral obra “O Capital”. O capitalismo, disse ele, apesar do enorme progresso técnico e material beneficiava so- mente uns poucos, aos capitalistas, os donos dos meios de produção (as fábricas, os bancos, as minas e as terras), guiados pelo lucro. A massa da população, os trabalhadores e os homens do campo, ao contrário, viam-se reduzidos à salários de fome.
Num sentido mais geral do sistema de cultural, outro respeitado filósofo, aliás, O. Spengler (1880-1936), escreveu há já algum tempo A DECADÊNCIA DO OCIDENTE.
“A obra A Decadência do Ocidente, de Oswald Spengler, trata de visionar o destino de uma cultura, por sinal da única no nosso planeta a ter alcançado a sua plenitude, a saber a cultura da Europa ocidental e das Américas.O tema estrito é, portanto, uma análise da decadência da cultura ocidental, hoje espalhada pelo globo inteiro. Mas o propósito é expor uma filosofia com seu método característico, o qual consiste na morfologia comparativa da História Universal. Esse método terá de ser posto à prova aqui. O trabalho divide-se, naturalmente, em duas partes. A primeira, “Forma e Realidade”, toma como ponto de partida a linguagem formal das grandes culturas, esforça-se por avançar até as derradeiras raízes das suas origens, e obtém assim as bases de uma simbólica. A segunda, “Perspectivas da História Universal”, estuda inicialmente os fatos da vida real e, pela análise da prática histórica da humanidade superior, procura extrair a quintessência da experiência histórica, à base da qual poderemos empreender o trabalho de plasmar as formas do nosso futuro”.
Outras visões, igualmente, estruturais têm se seguido, como a do Economista Kozlick, destacando o CAPITALISMO DO DESPERDÍCIO - O capitalismo é um sistema econômico que depende do consumo, e a sociedade capitalista é refém do consumismo. O consumismo é quando as pessoas adquirem produtos e serviços além do que é essencial para a sua sobrevivência-
ou mais recentemente, as que apontam para a SOCIEDADE DO CANSAÇO. -“A sociedade do cansaço” é o nome de um ensaio do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han sobre uma enfermidade que está acometendo a sociedade. Segundo os conceitos de Han, o cansaço seria uma resposta do corpo para o excesso de positividade e cobrança que a sociedade impõe. e a SOCIEDADE DE RISCO - Risikogesellschaft, de Ulrich Beck, em 1986. Todas apontando para um certo esgotamento do mundo em que vivemos. Veja-se, por exemplo, o caso de São Paulo ...
PORTO ALEGRE – QUEM PERDE, QUEM GANHA?
ADELI SELL
Aqui, quem escreve é um “não eleito”. Vão dizer que é choro de “derrotado”. Nada disso, aos 71, não tenho mais idade para chorar sobre o “leite derramado”.
A verdade é que um terço dos porto-alegrenses negou o processo eleitoral em 2024.
Não importam as razões do absenteísmo, de todo modo foi rejeição à política.
Fiquei decepcionado com a votação que fiz, 2406 votos. Outrora, fiz quase 9 mil. Com menos amplitude de campanha.
Os tempos eram outros. Neste momento não há espaço para “políticos intelectualizados, com visão abrangente de mundo, dotados daquele humanismo universal que Marx via como a essência superior dos seres”, escreve um amigo meu, que não é do PT. Aqueles tempos acabaram.
Com orgulho me considero um dos resistentes ao “domínio do particular, à visão fragmentada das coisas, da pequenez dos interesses de grupos”, usando os ditos do amigo.
Recebi dezenas de recados e uma frase foi recorrente: “perdeu a cidade”. Há anos me preparo para a revisão do Plano Diretor. Estive novato na melhor de suas formulações em 1999, como estive em 2009. Queria estar agora. Não estarei. Lastimo por isso, não só pelo meu preparo, pois em minha volta há os melhores quadros do urbanismo local.
O que será da revisão? Pela força da direita mais radical, pelos amigos do Estado mínimo, pelos adoradores do Capital e das privatizações, salve-se quem puder, o que sobrará de nosso capital?Meu compromisso sempre foi com a verdade e com o livre debate. Agora, sem as amarras do parlamento, sem condições de concorrer mais uma vez, vou tentar trazer à baila todos os temas cruciais da cidade, como pensador.
Vou desagradar os segmentos majoritários da atualidade no parlamento, reflexo da sociedade. E sem “papas na língua” começo uma série de artigos nos quais falarei sempre e cada vez mais de nossa Porto Alegre. Por enquanto “nossa”; amanhã, não sei...
ADELI SELL é professor, escritor e bacharel em Direito.
A Constituição como Sagrado Contrato Social?
O Contrato é o produto registrado do consenso entre os componentes de uma parceria . Pode ser referir a um negócio, a uma ação social, inclusive o casamento, a uma sociedade disposta a conviver pacificamente sobre um território. Neste caso o Contrato tem o nome de Constituição. Ela substituiu o direito divino dos soberanos como método de constituição dos Poderes Públicos, isto é, a forma de organizar a capacidade de cimentar solidariedade social, vigente desde os primórdios da civilização, lá no Império Acadiano, até o século XIX. A Revolução Francesa, em 1789, é o marco deste trânsito do monarquismo autoritário para as Repúblicas Modernas. República, Constituição e Democracia, neste sentido, são dimensões do Estado Moderno, pelo menos no mundo Ocidental. A Constituição, não é um mero papel. Ela é um símbolo profano mas de caráter sagrado que fundamenta a harmonia do corpo social com vistas a assegurar seu desenvolvimento em segurança. Foi Thomaz Hobbes (1588 - 1679), filósofo inglês, ponte entre o Renascimento e o Illuminismo, autor de “Leviatã”, quem definiu esta nova forma de constituição do Poder.
"A nova ciência política de Hobbes apareceu primeiro em Elementos da Lei, de 1640, um tratado que ele não tinha a intenção publicar, mas de que fosse utilizado pelos correligionários do rei Carrlos I para justificar as ações deste diante de um parlamento crescentemente hostil.
Hobbes passou os dez anos seguintes em exílio voluntário na França, onde se tornou famoso como respeitado filósofo.
Seu De Cive, publicado em Paris no ano de 1642, desenvolve temas de Elementos da Lei, mas seu pensamento é exposto mais tavelmente em sua obra-prima, Leviatã.
Segundo Hobbes, os homens agem conforme certas leis naturais.
Numa analogia à Primeira Lei do Movimento de Newton, de acordo com a qual a matéria se comportará de maneira uniforme a menos que sofra uma ação, Hobbes acredita que o estado natural do homem é o de guerra e conflito, a não ser que haja alguma ação sobre ele e que seja governado pelas regras da vida social.
Só um pacto mantido pela lei da espada pode impedir o homem de recair em seu estado natural. Sem o pacto, diz Hobbes, a sociedade se desintegraria e haveria "uma guerra em que cada homem luta por si", sendo o resuItado, inevitavelmente, um estado em que a vida do homem "solitária, pobre, sórdida, brutal e breve".
Por isso, Hobbes avança sobre a noção de contrato social, pelo qual somos impedidos - e nós impedimos - de cair nesse estado sombrio, natural, de guerra e conflito. Todo homem age, conclama Hobbes, de acordo com a lei natural de autoconservação.
Cada um de nós deseja, naturalmente, o que é bom para nós mesmos, e o pacto assegura que isso só se obtém levando-se em conta o bem dos outros."
Fonte: Philip Stokes - Ed. Difel - Pag. 134.
No Brasil, tivemos várias Constituições, mas as de 1946 e de 1988, ambas promulgados após períodos autoritários, marcaram nosso avanço rumo ao aprofundamento da democracia-entre-nós. No último dia 05 (outubro) , cumprimos 36 anos de sua vigência da última dela, realizada numa Assembleia livre e soberana, com o concurso de centenas de entidades da sociedade civil, personalidadesao e até mesmo instituições públicas, entre elas Universidade, ao longo dos quais conseguimos sustentar seus princípios. O fato não é corriqueiro, sobretudo num país assaltado por golpes militares e pesada herança patrimonialista, mas estamos avançando, apesar, desta vez das ameaças da extrema direita incitada por ex Presidente ainda vivo e atuante. As eleições deste fim de semana bem o demonstram. Vivemos sob o império da Lei Magna e suas instituições mas não estamos livres destas ameaças. O país desperta neste semana sereno com a consecução do voto, mas preocupado por resultados que demonstram um peso considerável na vida pública do país dos Partidos do Centrão. Num certo sentido, esta presença pode significar um reforço do patrimonialismo, mas, por outro, foi, talvez, o preço que pagamos para diminuir o risco do retrocesso autoritário. Tudo indica que depois disso o bolsonarismo já não é o mesmo..
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O FIM DO MUNDO À VISTA
"Nunca estivemos tão perto de uma guerra nuclear como agora", diz Jeffrey Sachs. - https://www.brasil247.com/mundo/nunca-estivemos-tao-perto-de-uma-guerra-nuclear-como-agora-diz-jeffrey-sachs#google_vignette
O acirramento das tensões entre Israel e Irã traz à tona, novamente, o risco de nova Guerra Mundial.
A II Guerra Mundial (1939-45) teve seu início em 1939, quando Hitler decidiu retomar o corredor que dava à Polônia uma saída para o mar, tomando a cidade de Dantzig. O romance de Gunter Grass, que ali vivia, levado às telas, bem demonstra o que ocorreu: O TAMBOR. Começava ali a brutalidade da Wermacht, â qual Inglaterra e França respondem com declaração de Guerra à Alemanha. Seguem-se, primeiro, a ocupação sucessiva dos países a oeste, culminando com a tomada de Paris em 1940 e a invasão da União Soviética no ano seguinte. Resultado 50 milhões de mortos. Tudo para nada, como diria o poeta Ascenso Ferreira. A extrema direita, com várias faces, volta à tona ainda que o III Reich prometido pelos nazistas não tenha durado duas décadas. Seus fantasmas já haviam se espalhado por todos os ventos. Mas os poloneses não se conformaram e se insurgem em Varsóvia entre 1941 e 1943, disso resultando um atroz morticínio de 45 mil civis, mulheres e crianças e a extensão da resistência a outros segmentos da sociedade polonesa. W. Bach, o comandante da reação alemã nunca foi punido. Talvez tenha faltado no Tribunal de Nuremberg, que julgou os criminosos de guerra, como talvez tenham faltado, também, na República de Weimar derrubada por Hitler, em 1933, promotores e juízes mais duros na defesa da condição humana e das instituições democráticas. W. Bach alé alegou, depois da guerra, que havia cumprido ordens e intercedido por milhares de civis. Morreu tranquilo em sua casa décadas depois. Nesta dia 2 de outubro daquele ano de 1944, há exatos 80 anos, depois de todas as atrocidades, os alemães firmam, na Polônia destruída, um protocolo pelo qual os poloneses entregaram suas armas e ficaram aguardando o fim da guerra para se sentirem livres novamente.
Agora, diante da escalada do confronto Ocidente x Oriente, ao qual se agrega a este difuso bloco o Sul Global na periferia do sistema atlântico gerado nos últimos 500 anos, estamos às portas de um novo conflito mundial, já instalado na Guerra na Ucrânia, iminente na regionalização da guerra no Oriente Médio, com o provável enfrentamento entre Israel e Irã, insinuado na Asia, diante da crescente supremacia econômica da China em disputa com Estados Unidos. Ninguém cede. Vários analistas já prevêm o inevitável: um holocausto nuclear no qual enterraremos a experiência civilizatória do homem. Vitória do homo pugnat sobre todas as espécies. Isso foi previsto, desde a Bíblia até Holywood.
Strangelove, é um filme britano-estadunidense de 1964, uma comédia de guerra dirigida por Stanley Kubrick, com roteiro dele, Peter George e Terry Southern baseado no romance Red Alert, de Peter George. Columbia Pictures Corp. O enredo mostra um mundo dividido entre ocidentais e comunistas, típico da Guerra Fria, em verdadeiro estado de suspense pelo terror nuclear, na crença de que a Um general insano que acredita que os comunistas planejam dominar o mundo dá ordens para bombardear a Rússia, iniciando processo de guerra nuclear. Ao mesmo tempo, o presidente americano e seus assessores do Pentágono tentam desesperadamente parar o processo. Impossível. O mundo já está totalmente automatizado e a ação humana para desativar a catástrofe é em vão.
O medo, agora, é que a vida imite a arte.
EDITORIAL:
Alvaro Costa e Silva - A bola de cristal do senador
Folha de S. Paulo
Senador diz que haverá loucura em 2026; mas loucura de quem ou contra quem?
Democracia Política e novo Reformismo: Alvaro Costa e Silva - A bola de cristal do senador (gilvanmelo.blogspot.com)
Aprendiz de Mãe Dinah, Ciro Nogueira prevê que o impeachment de ministros do STF será uma das principais pautas na eleição do Senado em 2026. "Vai ser uma loucura, você não tem ideia do que vai acontecer", ameaçou em entrevista à Folha. O líder do centrão acredita que Jair Bolsonaro vai recuperar os direitos políticos —ou por meio do próprio Judiciário que o tornou inelegível, ou por anistia do Congresso— e poderá ser candidato ao Planalto daqui a dois anos.
Não há novidade no discurso de Ciro. É a ladainha que se ouviu no ato de extrema direita realizado na avenida Paulista no 7 de Setembro, que ficou aquém das expectativas, com os manifestantes ocupando alguns quarteirões. A surpresa é o uso da palavra "loucura" na boca do adivinho. O senador quis dizer que os ministros do Supremo, de uma hora para outra, vão ficar birutas? Ou será cometido algum desatino contra eles?
Ciro foi o articulador da campanha à reeleição, recorrendo ao que chamou de "relógio da democracia" para fazer nas redes sociais uma contagem regressiva até a vitória de Bolsonaro. Mesmo com Lula à frente nas pesquisas de intenção de voto desde o primeiro turno, o ex-ministro da Casa Civil costumava promover um infantil tic-tac para referendar a tese da virada. Deu no que deu.
A bola de cristal do senador está embaçada. A julgar pelas eleições municipais, o crime continuará no centro do debate nacional. É nesse contexto que vive Bolsonaro, alvo de inúmeras investigações: inquérito das fake news, interferência na Polícia Federal, vazamento de dados de investigação sigilosa da PF, relacionar a vacina contra Covid à Aids, adulteração de cartões de vacina, joias doadas pela Arábia Saudita e a tentativa de golpe de Estado e atentado ao Estado democrático de Direito.
Não espanta que, após quatro anos de Bolsonaro, a sociedade tema o avanço de organizações criminosas de todo tipo. A pauta da segurança domina o pleito atual. O candidato bolsonarista no Rio é um fiasco, e em São Paulo o mais combativo aliado de Nunes é Tarcísio de Freitas. A turma do capitão se identifica com o coach que desidrata sob o peso da rejeição
O Poder de Hitler
Temporada 1
Num dos momentos mais significativos do século passado, a 30 de janeiro de 1933, Adolfo Hitler ascendia ao poder na Alemanha. A série explora o facto de um insignificante ‘zé-ninguém’ ter conquistado tanto poder tão depressa, e o porquê de ter seguidores.
O Poder de Hitler: Minissérie mostra como o ditador conquistou apoio dos alemães
Dividida em três episódios, produção narra como "zé-ninguém" obteve o apoio da maioria dos alemães, com foco na relação entre o líder e seu povo
por Fabio Previdelli=fprevidelli_colab@caras.com.br
Publicado em 06/08/2024, às 13h02 - Atualizado às 16h29
Em 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler foi nomeado Chanceler na Alemanha. Com o nazista no poder, em pouco tempo ele começou a colocar em prática seu plano de perseguir e exterminar judeus e outras minorias.
+ Mentiras, manipulações e falsas promessas: como os alemães compraram o papo de Hitler?
Mas como alguém até então desconhecido conseguiu uma ascensão tão rápida? É justamente essa resposta que aborda a minissérie inédita 'O Poder de Hitler' ('Hitler's Power'), que será exibida pelo History a partir do próximo sábado, 10.
O Poder de Hitler
Dividida em três episódios, a produção explora como um "zé-ninguém" conseguiu conquistar o apoio da maioria dos alemães e ganhar tanto poder em apenas alguns anos. A minissérie foca na relação entre o líder nazista e o povo alemão.
Apresentando fotografias históricas recém-descobertas, 'O Poder de Hitler' também oferece uma perspectiva incomum da sociedade nazista em tempos de guerra e paz. Através dessas imagens, além de vídeos, documentos, depoimentos e análises de especialistas, a minissérie responde a grande questão: como e por que o Holocausto surgiu na Alemanha?.
No episódio de estreia, chamado 'Ascensão ao Poder', a produção mostra como, em apenas alguns anos, Adolf Hitler passou de uma pessoa totalmente inexpressiva e sem interesse genuíno em política, a um ditador adorado pelo povo alemão.
A produção também relata como a propaganda nazista transformou o führer em um visionário. Porém, sua chegada ao poder foi fomentada graças a destruição da democracia e na imposição de uma ditadura totalitária, culminando no terrível Holocausto e na Segunda Guerra Mundial.
Jornalista de formação, curioso de nascença, escrevo desde eventos históricos até personagens únicos e inspiradores. Entusiasta por entender a sociedade através do esporte. Vez ou outra você também pode me achar no impresso!
Milton Saldanha- NADA A FESTEJAR. O BRASIL REGRIDE.
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Podem falar que é papo de véio, porque é mesmo: estou cansado e não me iludo mais com falsas esperanças.
Cheguei aos 79 anos cruzando décadas de lutas políticas, nunca só como espectador passivo. Estive sempre envolvido em algum grau.
Combati a ditadura e fui preso político. Fiz militância em diversas eleições e utilizei minha profissão, o jornalismo, como arma de luta política dentro das possibilidades possíveis. Os patrões sempre foram de direita. Quem não os teve?
Na adolescência, com 16 anos, já era de esquerda e atuava na política estudantil. Fundei um curso de alfabetização de adultos em Santa Maria (RS), no começo dos anos 1960, obviamente com alunos pobres.
Escrevendo, hoje seria impossível quantificar minha contribuição ao esclarecimento das pessoas, em panfletos, discursos, jornais, revistas, rádio, livros. E agora em espaços como este.
Realizei o sonho de todo jornalista: ter o seu próprio jornal. Meu Dance circulou com sucesso durante 21 anos e me proporcionou uma tonelada de alegrias.
Tudo isso sem nenhum prejuízo de uma vida gostosa, sempre com dança de salão e muitas viagens pelo mundo. Pisei em mais de 80 países, de 6 continentes, e retornei a vários deles. Só aos Estados Unidos e Europa foram cinco ou seis vezes. À Argentina (pelo tango) e pelo Brasil perdi a conta.
Estou gratificado? Não. Estou é frustrado.
É uma tristeza costatar a regressão mental de metade da população brasileira. Essa que vota em gente como Marçal e Bolsonaro, exemplos do que pior pode existir na raça humana, em todos os sentidos. Caras que veneram torturadores, condecoram milicianos, e não emitem uma única frase que não seja lamentável e grotesca.
Um cara que se declara imbrochável do alto de um palanque é uma calamidade quando se pensa na necessidade de educar o povo.
Enfim, estou cansado e preciso cuidar da minha saúde.
Apesar de tudo, não desisti da vida.
Hoje é dia traz o Dia Nacional da Radiofusão
25 de setembro também marca o nascimento de Roquette Pinto-- Edgard Roquette Pinto (1884/1954)- foi um médico legista, professor, escritor, antropólogo, etnólogo e ensaísta brasileiro. Membro da Academia Brasileira de Letras, é considerado o pai da radiodifusão no Brasil. Criador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, com o intuito de difundir a educação por este meio, por volta de 1923. Wikipédia
Pollyane Marques - Repórter da Radioagência Nacional
Publicada em 24/09/2023 - 07:15
Brasília
Nunca antes na história da humanidade o acesso à informação foi tão fácil, veloz e múltiplo. Mas isso não significa que a nossa forma de nos informar seja maravilhoso. Do mesmo jeito, nunca antes foi tão necessário estar atento às fontes das informações que consumimos para evitar e enfraquecer a proliferação das fake news. E esta quinta semana de setembro é uma boa ocasião para se refletir sobre isso.
No dia 25 celebramos o Dia Nacional do Rádio e da Radiodifusão. A data foi criada para relembrar o nascimento de Edgar Roquette-Pinto, considerado o pai da radiodifusão no país. Médico, professor, escritor, antropólogo, etnólogo e ensaísta, Roquette-Pinto fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, chamada posteriormente de Rádio MEC após ser doada, em 1936, ao Ministério da Educação. Clicando aqui você poderá acessar um especial sobre a história do rádio. Elaborado pelos profissionais da Radioagência Nacional e publicado pela Agência Brasil as reportagens lembram a importância desse veículo, que continua sendo fundamental na comunicação brasileira. E a programação de todas as rádios da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) pode ser conferida no Portal das Rádios.
Já o 28 é reservado pala lembrarmos o Dia Internacional do Acesso Universal à Informação. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com o objetivo de promover o acesso à informação por meio de todas as plataformas, como uma maneira essencial de cumprir a Agenda de Desenvolvimento 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A Unesco acredita que o acesso à informação é uma forma de reduzir o fosso das desigualdades sociais no planeta.
E fechamos a semana com uma pergunta: uma boa história contada ao pé do ouvido vale mais que muitas imagens? Não temos uma resposta definitiva para isso, mas o que se sabe é que o crescimento da audiência para podcasts no Brasil tem sido exponencial, de acordo com a Associação Brasileira de Podcasters. E em 2023 a EBC entrou neste mundo. E no Dia Internacional do Podcast, comemorado no dia 30, te convidamos a conhecer Histórias Raras, Copa Delas e Sala de Vacina, produções da Radioagência Nacional. É só clicar aqui!.
Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
Lula na ONU in Relatório Reservado
De acordo com os planos traçados no Planalto e no Itamaraty, o discurso do presidente Lula na ONU, no início da semana que vem, servirá, externa e internamente, como uma forma de mostrar mobilização frente às mudanças climáticas e seus efeitos.
A intenção será, ao mesmo tempo, indicar mobilização no Brasil mas, também, passar a mensagem de que é preciso ir além. Ou seja, cobrar os países ricos, abertamente, bem como, nas entrelinhas, o Congresso Nacional. E, com isso, criar uma válvula de escape para o desgaste enfrentado - e cujo foco, as queimadas pelo país, continuarão ativos.
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Cúpula do Futuro termina hoje com debate sobre desafios do século 21-Cúpula do Futuro termina hoje com debate sobre desafios do século 21 | Brasil 247
Líderes mundiais subirão ao pódio nesta segunda-feira para se aprofundarem nas ações necessárias exigidas pelas crises do século 21
"Precisamos de coragem e vontade política para mudar", diz Lula na Cúpula do Futuro, em Nova York-"Precisamos de coragem e vontade política para mudar", diz Lula na Cúpula do Futuro, em Nova York | Brasil 247
Discurso do presidente no evento ressaltou a necessidade de reforma da governança global
Líderes mundiais adotam pacto com 56 ações para o futuro do planeta-Líderes mundiais adotam pacto com 56 ações para o futuro do planeta | Brasil 247
Eliane Cantanhêde - Protagonismo do STF- O Estado de S. Paulo- Dino está para as queimadas assim como Alexandre de Moraes para o golpe: líder da resistência-CONTINUAR LEITURA
Monitoramento mostra que 99% dos incêndios são por ação humana
Pesquisadora alerta para situação crítica em três biomas- https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-09/monitoramento-mostra-que-99-dos-incendios-sao-por-acao-humana
BRUNO DE FREITAS MOURA - REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL
20/09/2024 - Rio de Janeiro © Mayangdi Inzaulgarat/Ibama- Versão em áudio
Apenas uma parte ínfima dos incêndios florestais que se proliferam pelo país é iniciada por causas naturais. A constatação é da doutora em geociências Renata Libonati, coordenadora do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“De todos os incêndios que acontecem no Brasil, cerca de 1% é originado por raio. Todos os outros 99% são de ação humana”, afirma.
A pesquisadora é responsável pelo sistema Alarmes, um monitoramento diário por meio de imagens de satélite e emissão de alertas sobre presença de fogo na vegetação. Ao relacionar os dados com a proibição vigente de colocar fogo em vegetação, ela afirma que “todos esses incêndios, mesmo que não tenham sido intencionais, são de alguma forma criminosos”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Com base em dados que ficam disponíveis a cada 24h, a professora constata que “a situação é muito crítica” nos três biomas analisados, sendo a pior já registrada na Amazônia. Em relação ao Cerrado e o Pantanal, ela ressalta que a presença das chamas está “muito próxima do máximo histórico”.
Renata Libonati associa o fogo que consome vegetação em diversas regiões brasileiras a atividades econômicas. “A ocorrência dos incêndios no Brasil está intimamente relacionada ao uso da terra”.
Com o olhar de quem acompanha cada vez mais eventos climáticos extremos, a pesquisadora percebe um ultimato: “Nosso estilo de vida atual é incompatível com o bem-estar da nossa sociedade no futuro”.
Acompanhe os principais trechos da entrevista:
A pesquisadora Renata Libonati associa o fogo que consome vegetação em diversas regiões brasileiras a atividades econômicas. Foto: Environmental Justice Foundation
Agência Brasil: A partir do monitoramento realizado pelo sistema Alarmes, é possível traçar um retrato de como está a situação no país?
Renata Libonati: O sistema Alarmes monitora atualmente os três principais biomas do Brasil: Amazônia, Cerrado e o Pantanal. Principais no sentido dos que mais queimam. No Pantanal, do início do ano até 18 de setembro, já teve cerca de 12,8% da sua área queimada. Fazendo um comparativo com 2020, o pior ano já registrado, 2020 queimou no ano todo cerca de 30% do bioma.
A média anual que o Pantanal queima é em torno de 8%. Então, 2020 foi muito acima e 2024 também ultrapassou a média de porcentagem diária atingida. Isso representa cerca de 1,9 milhão de hectares queimados em 2024 [para efeito de comparação, o estado do Sergipe tem quase 2,2 milhão de hectares]. Esse acumulado está abaixo do que queimou em 2020 no mesmo período, mas até o início de setembro, o acumulado era maior que o mesmo período de 2020.
A Amazônia já teve cerca de 10 milhões de hectares queimados [o que equivale a mais que o estado de Santa Catarina]. Como a Amazônia é muito grande, isso representa em torno de 2,5% da sua área queimada. A situação é muito crítica. Esse é o pior ano já registrado desde que a gente tem medição aqui no nosso sistema, em 2012.
O Cerrado já queimou cerca de 11 milhões de hectares, o que corresponde a quase 6% da sua área. Esse valor está ligeiramente abaixo do ano que mais queimou, que foi em 2012.
De uma forma geral, a situação é muito crítica nos três biomas. A Amazônia no máximo histórico; e nos outros biomas, muito próxima do máximo histórico.
Agência Brasil: Com os dados coletados, notam-se indícios de ações criminosas e/ou coordenadas?
Renata Libonati: O monitoramento por satélite não permite fazer distinção de que tipo de ignição originou determinado incêndio. O que posso dizer é que existem duas formas de iniciarmos um incêndio. A primeira é a forma humana, seja intencional ou criminosa. A segunda é a causa natural, que seriam os raios.
Percebemos um padrão que, de todos os incêndios que acontecem no Brasil, cerca de 1% é originado por raio. Todos os outros 99% são originados de ação humana. Desde maio até agora, não teve nenhuma ocorrência no Pantanal de incêndio começado por raio. Isso monitorado por satélite e com dados de descargas atmosféricas.
Isso nos indica que é fogo humano. Sabendo que existe decreto que tem proibido o uso do fogo em todas essas regiões devido à crise climática que a gente está vivendo esse ano, todos esses incêndios, mesmo que não tenham sido intencionais, são de alguma forma criminosos. Exceto quando é acidental.
Agência Brasil: São ligações com atividades econômicas, mais notadamente a agropecuária?
Renata Libonati: Existem vários fatores que estão relacionados a esses inícios de incêndio. Por exemplo, o desmatamento, um fator que fica muito ligado ao início de incêndio, porque, em geral, utiliza-se o fogo em algumas situações de desmatamento.
A ocorrência dos incêndios no Brasil está intimamente relacionada ao uso da terra, às atividades econômicas, principalmente, ligadas ao desmatamento para abrir áreas de pastagem e agricultura e, quando já está consolidado, muitas vezes se utiliza o fogo por várias razões, e isso causa os grandes incêndios que estamos observando.
Agência Brasil: O fogo, que já foi um grande aliado da humanidade, está cada vez mais se tornando um inimigo?
Renata Libonati: É muito importante não esquecer que o fogo nem sempre é ruim. Regiões como o Cerrado e parte do Pantanal, que são constituídas basicamente de regiões savânicas, são o que chamamos de dependentes do fogo. Precisam da ocorrência anual do fogo para manter a sua biodiversidade e padrão ecossistêmico. O que ocorre é justamente isso que você comentou, a ação humana alterou completamente o regime de fogo natural dessas regiões para um regime atual que é muito mais agressivo, no sentido que os incêndios são mais intensos, mais extensos e mais duradouros. Isso tem um efeito muito ruim mesmo em regiões que são dependentes do fogo.
É diferente da Amazônia e de qualquer floresta tropical, que a gente chama de ecossistemas sensíveis ao fogo. Quando ocorre, é altamente prejudicial. É sempre bom fazer essa distinção entre o Cerrado, Pantanal e Amazônia, porque as relações que cada ecossistema tem com o fogo são diferentes, e o uso do fogo precisa ou não ser tratado de forma diferente de acordo com o ecossistema.
Rio de Janeiro (RJ), 19/07/2024 – Sistema de alarme de queimadas. Foto: Lasa/Reprodução - Lasa/Reprodução
Agência Brasil: Como o sistema Alarmes faz o monitoramento?
Renata Libonati: O sistema Alarmes foi lançado em 2020. Até aquela época, o monitoramento de área queimada por satélite era feito com atraso que podia chegar a três meses para a gente ter estimativas de quanto e de onde queimou. O sistema Alarmes veio para trazer uma informação que era muito requerida pelos órgãos de combate e prevenção, que era informação da área queimada de alguma forma rápida, em tempo quase real, para fazer as ações de planejamento do combate.
Nós utilizamos imagens de satélite da Nasa [agência espacial americana], aprendizado de máquina profundo [um método de inteligência artificial] e informações de focos de calor. Isso nos permitiu criar esses alertas rápidos. Enquanto antes nós precisávamos esperar de um a três meses para ter essas localizações do que queimou, nós temos essa informação no dia seguinte que queimou. Ele é atualizado diariamente com novas informações e vem sendo aprimorado através da colaboração com entidades públicas, privadas e até da sociedade. Nos ajudam a validar os nossos alertas e a qualidade dos nossos dados, por exemplo, através do sistema Fogoteca.
Brigadistas que estão combatendo tiram fotografias georreferenciadas e inserem isso no sistema como uma forma de saber que os nossos alertas estão corretos no tempo e no espaço. A Fogoteca vem crescendo desde então, nos auxiliando a melhorar essas estimativas com informação de campo, que é muito importante para validar e verificar a acurácia do monitoramento que fazemos por satélite.
Agência Brasil: Houve uma atualização esta semana no Alarmes, para aumentar a precisão.
Renata Libonati: Essa diferença de dar a área queimada com atraso de três meses ou de um dia vai fazer com que você tenha uma melhor precisão quando tem mais tempo para trabalhar aquelas imagens do que quando você tem que fazer uma coisa muito rápida, quando perde um pouco a precisão. É aquele cobertor curto, quando eu tenho um processamento rápido, eu perco qualidade, mas ganho agilidade. Quando eu tenho um processamento lento, eu perco em agilidade, mas ganho em qualidade.
Os nossos alertas, por terem essa capacidade de identificar rapidamente o que que aconteceu, têm uma qualidade mais restrita que um dado mais lento. O que fizemos para atualizar isso foi juntar os dados mais lentos com os mais rápidos, de forma a diminuir essas imprecisões: efeitos de borda (superdimensionamento da área identificada) e omissões em casos específicos
"O que estamos vivenciando hoje é um resultado do que a humanidade vem fazendo ao longo de várias décadas", afirma a pesquisadora Renata Libonati. Foto: Environmental Justice Foundation
Agência Brasil: O sistema Alarmes é uma ferramenta. Para conter a proliferação de incêndios no país são necessárias ações da sociedade e governos. Como especialista no assunto, sugere caminhos?
Renata Libonati: A gestão do incêndio não passa apenas pelo combate. Muito pelo contrário, o pilar precisa ser a prevenção. Passa, por exemplo, por uma gestão da vegetação antes da época de fogo, fazer aceiros [terreno sem vegetação que serve como barreira para impedir a propagação do fogo], diminuir material combustível seco, muitas vezes através de queimas prescritas, quando se usa o que chamamos de "fogo frio", antes da época de fogo, quando a área ainda está úmida. Fragmentar a paisagem para quando chegar a época de fogo, ele não ter para onde ir porque você já tirou aquela biomassa dali, contendo o incêndio.
Essas técnicas de prevenção também englobam maior conscientização e educação ambiental sobre o uso do fogo. Maior fiscalização. Ações que precisam ser feitas de forma continuada ao longo de vários anos.
Diante das condições climáticas que estamos vivenciando nas últimas décadas e, principalmente, nos últimos anos, observamos que esses eventos extremos, como grandes secas e ondas de calor estão cada vez mais frequentes, duradouros e persistentes e essas são as condições que levam a grandes incêndios. Então qualquer ignição vai se propagar de uma forma muito rápida, muito intensa, e o combate é muito difícil.
Mesmo que tenhamos um empenho muito grande, como está acontecendo este ano por parte dos governos federal e estaduais empenhados no combate, mesmo assim essas condições climáticas são muito desfavoráveis ao combate. É muito difícil combater, por isso que é preciso sempre priorizar a prevenção. O Brasil deu um primeiro passo para isso, que foi a lei do Manejo Integrado do Fogo, aprovada o final de julho, sancionada pelo presidente da República.
Essa lei vai permitir uma mudança de paradigma na forma em que o Brasil realiza a sua gestão de incêndios, permitindo um pilar muito forte na prevenção do que propriamente no combate. Já demos um primeiro passo.
Agência Brasil: Pode se dizer que mudanças climáticas são uma ameaça não para o planeta, e, sim, para a vida humana?
Renata Libonati: O que estamos vivenciando hoje é um resultado do que a humanidade vem fazendo ao longo de várias décadas. Realmente é preciso fazer uma mudança na forma que a gente utiliza o planeta porque o nosso estilo de vida atual é incompatível com o bem-estar da nossa sociedade no futuro.
Se continuarmos a emitir gases do efeito estufa na mesma faixa que estamos hoje, vamos ter, os modelos climáticos indicam, nos 2050 até 2100, ocorrências muito mais frequentes de ondas de calor, de secas, enchentes como a que a gente viu no Rio Grande do Sul. Isso vai impactar diretamente a vida humana. É importante chamar atenção que sempre as pessoas que vivem em maior vulnerabilidade são aquelas que vão ser as mais impactadas.
Agência Brasil: Voltando ao sistema Alarmes, é uma mostra de que a academia está centrada para as necessidades atuais da sociedade?
Renata Libonati: Essa ideia de que a universidade vive fechada nas suas quatro paredes já não procede. As universidades públicas, há algumas décadas, mudaram a forma de fazer ciência, passando por uma ciência que visa auxiliar na solução dos problemas que a nossa sociedade tem hoje. O Alarmes é, de fato, um bom exemplo de que todo o conhecimento gerado na academia pode ser utilizado na forma de trazer um benefício para a solução desses problemas. No caso, a gestão dos incêndios, que vai levar também a uma melhoria da qualidade do ar.
No caso do Alarmes, o desenvolvimento foi possível por conta de uma aproximação do Prevfogo [Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais] do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], que financiou um edital no CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico]. Foi um edital inédito e eles trouxeram os principais problemas que eles tinham. Um desses problemas era o monitoramento mais rápido da área queimada. Então é muito importante que haja investimentos públicos na universidade para que a gente possa ter condições de desenvolver e melhorar cada vez mais a inovação que podemos ter.
Nós tivemos também muitos investimentos de ONGs [organizações não governamentais], como Greenpeace, Wetlands Internacional, WWF, CEPF, Terra Brasilis. Uma série de ONGs preocupadas com a questão ambiental e que fomentaram algumas melhorias no sistema.
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Brasil verde?- BERNARDO JUREMA 19 DE SETEMBRO DE 2024 MEIO AMBIENTE
Entre os muitos contrastes entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e seu antecessor Jair Bolsonaro está sua abordagem diferente ao meio ambiente. Enquanto Bolsonaro descreve o aquecimento global como uma "conspiração marxista", Lula prometeu transformar o país em uma "potência ambiental" de classe mundial. O primeiro afrouxou as regulamentações sobre as empresas madeireiras, autorizou a exploração de petróleo em áreas de rara biodiversidade e enfraqueceu as agências ambientais estaduais. O último, desde que retornou ao cargo para um terceiro mandato em janeiro de 2023, impôs restrições mais rígidas ao desmatamento, que caiu 68% na Amazônia naquele ano. Ele reverteu certas atividades de mineração, usou os serviços de segurança para reprimir práticas comerciais ecologicamente destrutivas, financiou parques nacionais e locais de conservação e renomeou o antigo Ministério do Meio Ambiente para dar destaque às mudanças climáticas.
No entanto, enquanto outros países amazônicos como Equador e Colômbia tomaram medidas concretas para controlar o capital fóssil, o Brasil – o sétimo maior emissor do mundo, com um setor de petróleo e gás que responde por 10% do seu PIB – continua a arrastar os pés. Apesar de fazer algum progresso em iniciativas verdes, Lula ainda parece determinado a usar recursos fósseis para impulsionar o desenvolvimento, na esperança de consolidar seu apoio entre o subproletariado e manter o bolsonarismo sob controle. Com base nisso, ele está apoiando uma proposta da estatal petrolífera, Petrobras, para empreender exploração de petróleo na Margem Equatorial, a 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas: uma área que poderia conter até 5,6 bilhões de barris de petróleo e aumentar as reservas do Brasil em 37%. Ele também apoiou uma série de megaprojetos de infraestrutura: uma linha ferroviária que poderia acelerar o desmatamento em terras indígenas, uma rodovia cortando a floresta tropical intocada e uma licença renovada para uma grande barragem hidrelétrica. Questionado sobre o impacto ambiental de tais medidas, Lula insistiu que "não vamos desperdiçar nenhuma oportunidade de crescer".
Como devemos entender essa lacuna entre a retórica verde do presidente e a realidade? Interesses comerciais e políticas nacionalistas há muito tempo estão unidos em apoio à indústria brasileira de combustíveis fósseis. Em 1939, a descoberta de petróleo na Bahia provocou um influxo de empresas estrangeiras e um clamor da população nacional, que viu suas atividades como uma violação da soberania brasileira. Isso levou à campanha nacionalista O petróleo é nosso!, liderada pelo presidente Getúlio Vargas, que culminou na criação da Petrobras em 1953. Nas duas décadas seguintes, a exploração offshore foi uma parte fundamental do esforço do país para reduzir sua dependência de combustível estrangeiro, com o governo estabelecendo uma meta de produzir 500.000 barris por dia até 1985. Uma série de grandes depósitos foram eventualmente descobertos na plataforma continental, primeiro em Sergipe e depois na Bacia de Campos, transformando o Brasil no maior produtor da região.
Em 1997, o monopólio estatal do petróleo do Brasil foi desmantelado e a Agência Nacional do Petróleo foi criada como um órgão federal para supervisionar o setor. O estado continuou sendo o acionista majoritário da Petrobras, mas a empresa agora tinha que competir em igualdade de condições com empresas privadas em processos de licitação, em linha com o programa neoliberal do presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi essa estrutura que o Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula decidiu desafiar durante seus quatorze anos no cargo (2003-2016), aumentando o investimento e desenvolvendo novas reservas extensas. No final desse período, a produção nacional de petróleo havia disparado para mais de 2,6 milhões de barris por dia, 78% dos quais foram produzidos pela Petrobras. O desenvolvimento industrial foi consistentemente priorizado em detrimento das preocupações ecológicas. O estado financiou a expansão da indústria de carne bovina na Amazônia – um grande impulsionador do desmatamento – enquanto supervisionava o lançamento de vários novos projetos de barragens, incluindo a Belo Monte, que aumentou os níveis de pobreza local e causou invasão urbana na floresta. A repressão era frequentemente usada para lidar com as consequências sociais, com repressões a protestos e mobilizações militares em áreas pobres.
Hoje, Lula frequentemente enquadra a indústria do petróleo como uma ferramenta de justiça econômica, afirmando que "Aqueles que vivem na Amazônia têm direito aos bens materiais que todos os outros têm" - embora quando se trata da destruição e miséria que ela pode infligir às populações locais, ele seja notavelmente menos vocal. O histórico de acidentes do setor na grande Amazônia e em outros lugares, incluindo 62 vazamentos de óleo somente em 2022, é alarmante para dizer o mínimo. E a disputa por petróleo na Margem Equatorial já parece estar causando migração externa de áreas próximas, mesmo antes do primeiro poço ter sido perfurado. A agência ambiental estadual, Ibama, negou o primeiro pedido de exploração da Petrobras, alegando que não havia dado garantias suficientes sobre possíveis vazamentos de óleo nem considerado o impacto em terras indígenas. Outro pedido está agora sob análise.
No entanto, o nacional-desenvolvimentismo não é o único fator que inibe políticas climáticas mais robustas. A poderosa indústria do agronegócio do Brasil também se mobilizou contra elas a todo momento, usando sua influência para minar proteções ambientais, direitos indígenas e regulamentações de pesticidas. O governo também enfrenta pressão sustentada da Petrobras, que está determinada a se tornar a terceira maior produtora do mundo até 2030, e de políticos que buscam atrair mais empregos e receitas para suas regiões. O resultado é uma economia extrativista típica assolada por déficits comerciais e dependência estrangeira. Embora o primeiro governo de Lula tenha conseguido gerar superávits graças ao aumento dos preços das commodities na década de 2000, isso foi impossível de sustentar quando eles caíram na década de 2010. Agora está claro que, enquanto o país resistir a uma transição verde significativa, ele terá que continuar produzindo bens e serviços para o Norte Global às custas de sua ecologia doméstica. Isso, juntamente com termos comerciais desfavoráveis e tarifas impostas pelos países avançados, prenderá o Brasil em um ciclo vicioso: depender de indústrias extrativas para financiar suas importações e dívidas.
Apesar da necessidade de mudar de rumo, o mais recente plano de negócios da Petrobras aloca 72% de seu investimento total para os setores de petróleo e gás e apenas 11% para iniciativas de "baixo carbono" nos próximos cinco anos. Ela gastará meros US$ 7 bilhões em fontes de energia não fósseis, como eólica, solar e biocombustíveis, embora as condições para a transição para uma energia mais limpa sejam relativamente favoráveis. O principal cliente de petróleo do Brasil, a China, planeja atingir o pico de consumo antes de 2030 e reduzir sua dependência de combustível importado em meio a tensões com os Estados Unidos. Nesse contexto, ter uma empresa pública como a Petrobras, bem como propriedade pública sobre os recursos naturais, deve permitir que o estado se adapte a esse cenário econômico em mudança: priorizando investimentos estratégicos de longo prazo em vez de imperativos de mercado de curto prazo. Mas ainda não há sinal disso.
Por meio de suas tentativas retóricas de equilibrar "sustentabilidade" e "desenvolvimento", Lula pode ter comprado tempo suficiente para evitar um desastre de relações públicas quando sediar a COP30 na cidade amazônica de Belém do Pará em 2025. Mas logo ele perceberá que não pode quadrar esse círculo. No verão passado, houve ondas de calor recordes no Peru, Paraguai e Bolívia, e temperaturas acima de 40 °C em partes do Brasil. Um estudo recente prevê que o centro-oeste, nordeste, norte e sudeste do país podem ficar inabitáveis em cinquenta anos. Enquanto isso, estima-se que entre 10% e 47% da floresta amazônica sofrerá maior estresse hídrico, potencialmente empurrando o ecossistema para além de um ponto crítico e arriscando um colapso irreversível. Dada a inação do governo, caberá aos movimentos sociais do Brasil desafiar o domínio do capital fóssil e do agronegócio - pressionando pela proibição da exploração de petróleo e pela regeneração da floresta tropical. Este é um conflito em que não há meio-termo. Lula terá que escolher de que lado ficará.
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O DIA DO TEATRO
O dia de hoje, 19 de setembro, no Brasil, é o DIA DO TEATRO, instituído pelo Projeto de Lei nº 6.139/13. . A expressão artística surgiu, por aqui, no século XVI, mas, inicialmente, o objetivo era disseminar a crença religiosa. Foi apenas em 1808 – por conta da chegada da Família Real Portuguesa – que o teatro ganhou a configuração de entretenimento. No século XX explodiu em popularidade com sua disseminação no rádio e telenovelas. No teatro tradicional brasileiro temos principalmente a comédia e o romance voltados para a vida urbana.. O teatro é uma arte de representação artística ao vivo que contêm os seguintes elementos: atores, palco e público. Vários autores e produtores se destacaram no Teatro brasileiro. Três nomes, entretanto, se distinguem: Nelson Rodrigues, pela reconstituição da vida como ela é, João Cabral de Melo Neto, pela capacidade de juntar Poesia e Teatro e José Celso Martinez, pela versatilidade e pertinácia na defesa da Oficina Teatral. E uma homenagem à nossa Dama do Teatro: Fernanda Montenegro.,
O teatro no Brasil, assim como a cultura em geral, tem sofrido diversos ataques e tentativas de esvaziamento. O teatro brasileiro conquistou um lugar de destaque na cena cultural do país, sendo reconhecido também internacionalmente. Hoje em dia, há ainda diversos grupos que se dedicam ao estudo da expressão, tanto companhias experimentais quanto comerciais.. Para muitos críticos, o teatro está muito afastado da população brasileira, seja pelo preço do ingresso, localidade das salas ou por já existirem outras formas de entretenimento. Importante destacar a importância das salas de espetáculo teatral no Brasil: O Teatro Municipal do RJ, o Teatro de São Paulo, O Teatro de Manaus, o Teatro SÃO PEDRO, de POA, construído com recursos públicos daquela época, inaugurado em 1858.
Anexo :História do Teatro no Brasil
Laura Aidar - Arte-educadora, fotógrafa e artista visual
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O início da história do teatro no Brasil tem como referência as exibições teatrais idealizadas por padres jesuítas durante o século XVI.
Um nome de grande importância para a origem do teatro brasileiro foi o padre José de Anchieta (1534-1597), considerado o primeiro dramaturgo do país.
Com o tempo, essa linguagem artística ganha novas características, atendendo aos interesses da aristocracia e, posteriormente, passa a retratar também outras parcelas da população.
Foram muitas as transformações no teatro brasileiro, surgindo apenas na primeira metade do século XX os primeiros grupos teatrais verdadeiramente nacionais.
Como surgiu o teatro no Brasil?
Quando chegaram em solo brasileiro e se depararam com a população indígena, os portugueses prontamente começaram a elaborar estratégias de dominação do lugar e, sobretudo, do povo nativo.
Assim, com o objetivo de converter a população indígena ao cristianismo, os religiosos utilizaram o teatro como instrumento de doutrinação, no que se chamou de teatro de catequese.
O formato teatral foi escolhido pois facilitava a apresentação das ideias cristãs, trazidas pelos portugueses.
A tela Na cabana de Pindobuçu (1920), de Benedito Calixto, retrata os missionários jesuítas Anchieta e Nóbrega catequizando indígenas
Como características do teatro de catequese destacam-se:
• preocupação em transmitir ensinamentos católicos;
• valorização do propósito bíblico em detrimento da expressão artística;
• locais de apresentação acessíveis, como escolas, espaços públicos de lazer e ruas;
• mistura de elementos da cultura indígena, como a música e a dança.
No século seguinte, ainda abordando temas religiosos, surge um teatro mesclado a festas populares e à encenação da Via Crucis. Esses eventos contam com a participação direta do povo.
Leia também: Padre José de Anchieta.
Evolução do Teatro no Brasil
Um evento marcante para a cena cultural brasileira foi a vinda, no final de 1807, de Dom João VI e sua família, fugindo de conflitos com Napoleão Bonaparte na Europa.
Buscando oferecer entretenimento e lazer à nobreza, o rei traz consigo diversos artistas das artes plásticas, música, dança e teatro.
Ele faz então um decreto que estabelece a criação de teatros que atendam as demandas da nova classe que aqui se instalava. Assim, o país passa a receber peças no modelo francês para a diversão da aristocracia, e obviamente não refletiam os costumes e a cultura do povo.
Uma obra marcante para o teatro brasileiro na primeira metade do século XIX foi Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de Gonçalves de Magalhães, encenada em 1838.
A peça é inserida na vertente do Romantismo e faz parte do gênero dramático. Com objetivos nacionalistas, teve como protagonista o ator carioca João Caetano (1808 - 1863).
Comédias de Costumes
No século XIX surge também a chamada comédia de costumes, um gênero teatral, baseado no humor e na sátira, que abordava os comportamentos da sociedade da época, com personagens caricatos.
O mais importante dramaturgo na comédia de costumes foi Martins Pena (1815-1848), responsável por algumas peças de destaque, como O juiz de paz da roça (1838), O inglês maquinista (1845) e O noviço (1845).
Teatro Realista
O teatro realista é uma das expressões artísticas que integram o Realismo, movimento surgido na Europa que se opunha ao Romantismo e tinha como propósito revelar questões sociais latentes na sociedade.
Desponta em uma época de grandes transformações no Brasil, com o fim da escravidão, a Proclamação da República e a vinda de imigrantes de várias partes do mundo para compor a classe trabalhadora.
Com caráter crítico, os espetáculos abordavam assuntos que envolviam a política, economia e os dilemas humanos.
São considerados como principais dramaturgos realistas os escritores Machado de Assis (1839-1908), José de Alencar (1829-1877), Joaquim Manoel de Macedo (1820-1882) e Artur de Azevedo (1855-1908).
O teatro brasileiro a partir do século XX
No século XX o teatro se torna uma linguagem mais autentica no país.Companhias nacionais surgem a partir da década de 30, como, por exemplo, o Teatro do Estudante do Brasil (TEB), em 1938.
Entretanto, foi em 1943 que essa expressão ganha maior visibilidade, com a estreia da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, inaugurando um teatro moderno no país. Assinou a direção do espetáculo o dramaturgo polonês Ziembinski.
Outros grupos importantes surgem, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. É o caso do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), criado em 1948 por Franco Zampari. Dele participam nomes importantes como Cacilda Becker, Paulo Autran, Walmor Chagas, Tônia Carrero e Fernanda Montenegro.
Anos depois é fundado o Teatro de Arena, em 1953. O grupo trazia uma aura revolucionária e contestadora frente a tensão política e social dos anos pré-ditadura. Uma peça que marcou o início da companhia foi Eles não usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarniere, encenada em 1958.
Um nome muito importante para a cena teatral brasileira é Augusto Boal, ator e dramaturgo que integrou o Teatro de Arena.
Ele idealizou um método de ensino, o Teatro do Oprimido, com a intenção de tornar essa linguagem mais democrática e acessível.
Durante os anos em que ocorreu a ditadura militar, entre 1964 e 1985, a linguagem teatral sofreu perseguição e censura, assim como todas as manifestações artísticas, principalmente nos anos 60 e 70. Portanto, alguns atores e dramaturgos tiveram que deixar o país ou só conseguiram realizar a montagens de espetáculos anos depois.
O teatro brasileiro conquistou um lugar de destaque na cena cultural do país, sendo reconhecido também internacionalmente.
Hoje em dia, há ainda diversos grupos que se dedicam ao estudo da expressão, tanto companhias experimentais quanto comerciais. Há ainda montagens de espetáculos de outros países, como grandes musicais.
Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.
Veja também
• História do teatro
• Teatro Medieval
• Teatro Grego
• Fonte-https://www.todamateria.com.br/historia-do-teatro-no-brasil/#:~:text=O%20teatro%20brasileiro%20conquistou%20um,tanto%20companhias%20experimentais%20quanto%20comerciais.
Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
A VIOLÊNCIA POLÍTICA NUM MUNDO CADA VEZ MAIS DISTÓPICO
O episódio da “cadeirada” do candidato a Prefeito em São Paulo, Datena/ PSDB , num debate entre candidatos na TV Cultura daquele Estado, está não só repercutindo, aliás negativamente, como suscitando maiores reflexões sobre a violência política. A violência física, bofetões e cadeiradas, a propósito, são o corolário da violência verbal, que por sua vez resulta, no campo político, da radicalização de opiniões e situações. O extremismo, enfim, é, sempre, o resultado de polarizações extremadas , desembocando, inclusive, em atos de terrorismo que marcam a História da Humanidade desde priscas eras. Este é, também, o último recurso de populações e grupos sujeitos à processos de dominação, os quais, impossibilidades de reverberar e encaminhar demandas correspondentes à sua liberdade ou sobrevivência, desembocam em atitudes até suicidas. A revolta dos escravos liderados por Spartacus, na antiga Roma é um clássico deste processo. Esse tipo de revolta teria levado o grande abolicionista brasileiro, Luiz Gama, a sustentar, num processo em que defendia escravos que haviam assassinado seu amo, que “todo aquele que mata o seu ‘Senhor’, o faz em legítima defesa’. Na antiguidade, os romanos também enfrentaram a ira dos zelotes judeus na ocupação de suas terras: os grupos mais extremistas eram chamados de Sicários, que usavam táticas violentas e furtivas atacando os centuriões com pequenas adagas escondidas sob suas vestes. No mundo moderno, os anarquistas costumavam manifestar sua contrariedade com o mundo burguês emergente com bombas e atentados. Um deles gerou, na Sérvia, a I Guerra Mundial. Nações colonizadas – e neo colonizadas - também desembocaram no uso da violência como manifestação de seu descontetamento. A Grande Marcha da China, que acabou na Revolução liderada por Mao Tse Tung em 1949, teve início como reação nacional à barbárie da ocupação japonesa de seu território. Várias revoluções do século passado também obedeceram á esta lógica, como a Luta pela Independência da Argélia, na década de 1960, a Revolução Cubana, e vários outros processos de luta pela auto-determinação no resto do mundo, dos quais não se pode esquecer da questão palestina. Ultimamente, porém, a violência vem ocorrendo, também, em países ditos democráticos e com altos níveis de institucionalização da sociedade e encaminhamento de solução pacífica de conflitos. O caso dos Estados Unidos é um exemplo. A violência grassa não só no campo da Política, vitimando Presidentes e ameaçando candidatos, como se espraia sobre toda a sociedade que vê no direito de usar e abusar das armas um instituto libertário. Agora mesmo, dois atentados já se registraram contra Donald Trump. Nestes casos, a violência não resulta propriamente do última recurso contra formas de dominação autoritária e excludente. Trata-se de um processo mais complexo de acúmulo de frustrações e ausência de auto-contenção social quando, à banalidade da vida em comum se sucede a “banalidade do mal” e desta para a “banalidade da loucura”. Um dos principais fatores neste processo é uma espécie de anomia na perda posições e dificuldades de grupos internos para acompanharem transformações estruturais da economia e sociedade. É o que está acontecendo em várias partes do mundo ocidental, primneiro como resultado da globalização, que levou à degradação de vastas áreas industrais, depois, agora, com o reescalonamento em escala mundial das plantas industriais como resultado da recuperação da ideia de construção de um mínimo de soberania nacional sobre produtos e serviços estratégicos. Isso está reanimando um discurso de ódio oportunisticamente explorado pela extrema direita. Curiosamente, como demonstrou um autor argentino recentemente, ela recorre a consignas e formas de luta da velha esquerda, hoje institucionalizada, como proselitismo ant-sistema, empolgando as massas com o uso de Redes Sociais hoje disponíveis. Acabam manipuladas por interesses ocultos que sequer eles próprios, protagonistas, muitas vezes desconhecem. Dissemina-se então o ódio , a violência verbal e até física. Pessoas contaminadas por estes discursos perdem a capacidade de agir civilizadamente e chegam até ao terrorismo e assassinato. Vide aquele caso no Paraná, em que um possesso bolsonarista invade uma festa particular e assassina o aniversariante. Aliás, ontem foi posto em liberdade...
A cadeirada, enfim, gera suas reflexões.
Aí, pois, entramos num mundo distópico, como afirma Ualid Rabah, líder dos palestinos no Brasil, após as explosões, ontem, de pagers, supostamente planejadas por Israel, sobre supostos dirigentes do Hezbollah, um partido organizado no Líbano, com assento no seu Parlamento.
“Mundo, mundo vasto mundo...”
AS CONTROVERTIDAS e DUVIDOSDAS CLASSIFICAÇÕES
Franklin Cunha
sáb., 14 de set., 08:27 (há 2 dias)
para Tito, Ruy, Gilbertoschwartsmann, Silvio, Walpicci, Wmanfroi, Je, Mloguercio, Zilabester, Fernandoabscruz, Fernando, Blaufsouza, Celso, Carpinejar, Dione, Rosane, Franciscomarshall, che@hotmail.com, Antônio, Joaocafruni, Brunomcosta, Daiello, Daniel, Gunteraxt, PAULO, mim, Rodrigoperincunha, Rodrigo
ROGOWSKI, J.F - jurista <j.f.rogowski@gmail.com> escreveu:
Saudações, caro amigo Dr. Franklin, e demais integrantes do grupo,
Sua crônica é excelente ao ilustrar a tendência da mente humana em compartimentar a realidade. Parabéns!
Recentemente, tive a oportunidade de assistir a uma palestra de um psicólogo coronel da Aeronáutica, que abordou essa necessidade — ou limitação — da mente humana e usou as Forças Armadas como exemplo.
Ele destacou como as Forças Armadas se dividem em diferentes ramos: Marinha, Exército e Aeronáutica. Cada um desses ramos, por sua vez, se subdivide em especializações ainda mais específicas, como o pessoal de terra e o pessoal do ar dentro da Força Aérea Brasileira.
Essa subdivisão continua, com distinções entre aviação de transporte de carga, aviação de transporte de passageiros e aviação de caça/combate, cada segmento frequentemente valorizando-se mais do que os outros.
Esse fenômeno ilustra um ponto fundamental: a arbitrariedade das classificações do universo nos leva a uma reflexão profunda sobre a natureza da realidade e nossa dificuldade em compreender o todo de forma integrada.
A dualidade é um princípio que permeia nosso universo, abrangendo desde fenômenos naturais até construções sociais. Contudo, essa dualidade, embora útil, não captura a totalidade da complexidade cósmica.
Historicamente, as classificações têm sido simplificações da realidade. Desde a Antiguidade até a modernidade, a tentativa de categorizar o mundo revela mais sobre nossas limitações do que sobre a essência das coisas.
Portanto, a classificação deve ser vista como uma ferramenta e não como um objetivo em si mesma. É crucial reconhecer a importância da diversidade e da complexidade do universo, evitando a rigidez de sistemas classificatórios que não conseguem abranger a riqueza da vida.
Concluo agradecendo pela partilha de seu perspicaz texto. Em um mundo conturbado e em constante conflito, a alma encontra refúgio na beleza da poesia. Por isso, envio em anexo para todos os integrantes do grupo uma amostra do meu recente livro, Ultraverso da Alma, uma coleção de poemas e reflexões, que foi recentemente lançado no Brasil e está prestes a ser lançado em Portugal e na Espanha. Espero que gostem e sintam-se à vontade para compartilhá-la, se desejarem.
Fraterno abraço,
Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
Dia do Cerrado por PAULO TIMM
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O Cerrado vem sendo ameaçado e hoje sofre mais com o desmatamento do que a Amazônia. Todos os dias são colocadas em risco espécies da fauna e flora nativas. Nas áreas do Cerrado, mormente no Centro Oeste se encontram as vertentes de grandes bacias brasileiras, responsáveis, em última análise pelas águas que alimentam nossa vida no campo e na cidade. Com a destruição do cerrado, cada vez mais ameaçado pelo avanço indiscriminado do agro, corremos o risco de secar o Brasil. Morei 40 anos entre Brasília e Goiás e aprendi a amar essa região, sua gente e sua biodiversidade que tem, na caliandra, a rosa do cerrado, uma de suas mais belas flores. Vi, inclusive, com meus próprios olhos como potentes tratores de esteira arrastavam as pequenas árvores do cerrado para limpar os campos para a agricultura, deixando-as inertes em valas à beira das estradas, esperando a queimada nas secas inclementes. Triste espetáculo: Cemitérios de árvores... Neste dia homenageio um dos grandes defensores do Cerrado, o Jornalista Washington Novaes, falecido em 2020 e com vários artigos e livros sobre o que considerava a “floresta invertida” do Brasil. Ele foi, como Secretário do Meio Ambiente de Brasília, o inspirador da criação da Reserva de Biosfera do Cerrado, a qual, sucendendo-o na pasta, tive ocasião de ver confirmada pela UNESCO. Com efeito, o Cerrado não tem a imponência das Matas Atlântica e Amazônica. É um sistema intermediário entre as duas, de baixa qualidade do solO, rico em minerais. Não obstante, é rico em biodiversidade. Um. Projeto, Save Cerrado, chama a atenção para a salvação deste importante bioma. Alie-se a esta causa.
Com oito das 12 principais bacias hidrográficas que abastecem o país, Cerrado é bioma mais devastado do Brasil
Washington Novaes – 1934/2020
https://envolverde.com.br/politica-publica/ambiente/com-oito-das-12-principais-bacias-hidrograficas-que-abastecem-o-pais-cerrado-e-bioma-mais-devastado-do-brasil/
Washington Luís Rodrigues Novaes (Vargem Grande do Sul, 3 de junho de 1934 — Aparecida de Goiânia, 24 de agosto de 2020) foi um jornalista brasileiro que tratou com especial destaque os temas de meio ambiente e culturas indígenas. Recentemente, era colunista dos jornais O Estado de S. Paulo[1] e O Popular, bem como consultor de jornalismo da TV Cultura.[2] Um de seus trabalhos mais recentes foi a realização da série de documentários Xingu - A Terra Ameaçada.[3]
Durante sua passagem pelo jornal Ultima Hora, empreendeu uma reforma capitaneada a distância pelo diretor do veículo, Samuel Wainer, que estava exilado em Paris. Foi Secretário do Meio Ambiente do D.F.e um dos maiores defensores do Cerrado.
Morreu no dia 24 de agosto de 2020 em Aparecida de Goiânia, aos 86 anos.[
O Cerrado tem nascentes de oito das 12 principais bacias hidrográficas que abastecem o Brasil e conecta a Amazônia ao norte, a Caatinga a nordeste, o Pantanal a sudoeste e a Mata Atlântica ao sudeste. Apesar de sua importância socioambiental, é o bioma mais rapidamente devastado do país: em 2023, perdeu cerca de 1 milhão de hectares de vegetação nativa para o desmatamento.
O número representa uma área do tamanho de dois Distritos Federais e um
aumento de 67,7% em relação ao ano anterior. Foi também a primeira vez que a
área desmatada de Cerrado foi maior que a área amazônica, desde o início da
publicação do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD) da rede
MapBiomas.
Por “bombear” água para o restante do território brasileiro, o Cerrado é chamado de
“Coração das Águas” em uma nova campanha cujo objetivo é sensibilizar
brasileiros e brasileiras sobre o bioma e esta região. Ao todo, são mais de 3.500
nascentes que correm apenas para a Amazônia, sem falar no Pantanal, na Caatinga
e na Mata Atlântica, e abastecem milhares de cidades, a indústria e a própria
agropecuária.
O segundo maior bioma da América do Sul possui ainda mais características
fundamentais, afinal, presente em 11 estados do Brasil e no Distrito Federal, abriga
cerca de 12% da população (25 milhões de pessoas), além de 80 etnias
indígenas e diversas comunidades quilombolas, geraizeiras, de quebradeiras
de coco babaçu e diversos outros segmentos de povos tradicionais. Apesar de
prover quase metade da água doce do Brasil, a conversão de áreas nativas do
Cerrado para pastagens e agricultura já tornou o clima na região quase 1°C mais
quente e 10% mais seco, indica um estudo publicado na revista científica Global
Change Biology.
No quesito diversidade, é a savana mais antiga e biodiversa do planeta.
Estima-se que abrigue mais de 12 mil espécies de plantas. A região conta também
com pelo menos 2.373 espécies de vertebrados, cerca de um quinto dos quais são
endêmicos, ou seja, exclusivos do Cerrado.
A magnitude do Cerrado também está embaixo da terra, uma vez que abriga uma
“floresta invertida”, ou seja, tem árvores com raízes profundas que atuam
como uma esponja gigante absorvendo e estocando água da chuva, distribuída
para milhões de nascentes durante todo o ano, inclusive no período de seca. Ao
desmatar essa vegetação, acontece a compactação e erosão do solo, dificultando a
retenção de água para os aquíferos e prejudicando rios de todo o bioma.
É por isso, também, que a campanha “Cerrado, Coração das Águas” gira em
torno da questão hídrica. A ideia é apresentar o bioma como fundamental para a
vida humana na COP de Belém, que será realizada em 2025 na capital paraense.
“Queremos que todos saibam da relevância do Cerrado para as nossas vidas,
inclusive para a agropecuária”, diz Yuri Salmona, diretor-executivo do Instituto
Cerrados.
O Cerrado é hoje responsável por 60% de toda a produção agrícola do Brasil,
incluindo culturas como soja, milho e algodão- 14% de toda a soja do mundo e 16%
da carne são produzidas no Cerrado. Plantações que dependem da estabilidade
climática já começam a sofrer os impactos do desmatamento. A expansão agrícola,
principal indutora do desmatamento do Cerrado, muda o cenário climático local e
regional, o que pode levar à queda de produtividade e à diminuição do número de
safras, além de agravar o aquecimento global. “Cerca de 28% das áreas agrícolas
de milho e soja do Centro-Oeste já estão fora do ideal climático para plantio, número
que pode aumentar para 70% em 30 anos”, explica Ane Alencar, diretora de
Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), em referência a
um estudo publicado pela instituição na revista científica Nature Climate Change. O
início da estação chuvosa agrícola já está 36 dias atrasada e as chuvas já
reduziram 8,6% em média no Cerrado.
As barreiras para conter o avanço do desmatamento no bioma são poucas. O
Código Florestal brasileiro determina que, pelo menos, 20% da área dos
imóveis rurais no Cerrado seja mantida como vegetação nativa, e essa
proteção passa para 35% em áreas de Cerrado dentro da Amazônia Legal. Na
Amazônia, uma propriedade privada é obrigada a manter até 80% da vegetação
nativa de sua área- o inverso. Além disso, no Cerrado existem poucas Unidades
de Conservação (UCs) e Terras Indígenas, ocupando apenas 8,6% e 4,8% do
território do bioma, respectivamente. “A perspectiva de aumentar essa
porcentagem é baixa, devido ao preço da terra e ao pequeno orçamento destinado
pelo governo à criação de áreas protegidas”, diz Isabel Figueiredo, coordenadora
do Programa Cerrado do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
“O Cerrado está em degradação. Foram mais de 20 mil km² desmatados nos
últimos 2 anos. Além disso, hoje, o Cerrado tem sido diretamente impactado pela
crise climática, o bioma está se tornando mais seco e quente. Temos os
incêndios iniciados por atividade humana. Precisamos reverter esse cenário
catastrófico, para garantir que o bioma mantenha todos os seus serviços
ecossistêmicos, ao mesmo tempo em que restauramos o que já foi destruído”,
complementa Bianca Nakamato, especialista em conservação do WWF-Brasil
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Mitos sobre o suicídio e como preveni-lo
http://mortesemtabu.blogfolha.uol.com.br/2015/01/29/mitos-sobre-o-suicidio-e-como-preveni-lo/
Camila Appel 29/01/15 08:13
Os dados confirmam: as taxas de suicídio têm crescido no Brasil e no mundo e aparentam seguir essa tendência. Nosso país já é o oitavo no ranking, em números absolutos.
O porquê dessa realidade não é uma discussão fácil. No post “A era dos adictos”, há um caminho para reflexão. Mas com certeza é possível traçar inúmeras outros.
Esse tema vem ganhando espaço e no final do ano passado tivemos a publicação de importantes estudos e cartilhas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em seu site ser possível prevenir o suicídio e disponibiliza material para consulta nesse link. Entre as “mensagens-chave” do estudo, está a restrição ao acesso a objetos ou insumos que possam ser usados para tirar a vida, como pesticidas, armas de fogos e certos medicamentos, e a identificação precoce de distúrbios mentais e do abuso prejudicial de álcool e outras drogas.
A cartilha da OMS “Preventing Suicide” (Prevenindo o suicídio), indica algunsmitos sobre o suicídio, listados abaixo em tradução livre.
• Mito: “Pessoas que falam sobre suicídio não estão falando sério”. Fato: pessoas que falam a respeito estão buscando ajuda e suporte. Um número significativo daqueles que contemplam o suicídio estão experienciando ansiedade, depressão e falta de esperança e podem sentir que não há outra alternativa.
• Mito: “A maior parte dos suicídios acontece sem aviso prévio”. Fato: a maioria dos suicídios ocorre precedidos de sinais de alertas, sejam verbais ou comportamentais. Claro que alguns ocorrem sem avisos, mas é importante entender quais são os sinais e procurar por eles, como: ter tido uma tentativa prévia de suicídio, distúrbios mentais, perda financeira ou de emprego, dor crônica ou doença, falta de esperança (normalmente acompanhada de distúrbios mentais ou tentativas anteriores de suicídio), histórico familiar, abuso de álcool e outras substâncias, genética e fatores biológicos (como baixos níveis de serotonina, que são associados a pacientes com distúrbios de humor, esquizofrenia e distúrbios de personalidade).
• Mito: “Alguém que é suicida está determinado a morrer”: Fato: pessoas com tendências suicidas são ambivalentes sobre viver ou morrer e o ato pode ocorrer por impulso. Acesso a apoio emocional na hora certa pode ser determinante para evitá-lo.
• Mito: “Uma vez suicida, ele ou ela será para sempre um suicida em potencial”. Fato: muitas vezes a vontade de se matar é temporária e especifica a uma situação. Pensamentos suicidas podem retornar, mas não são permanentes.
• Mito: “Só pessoas com distúrbios mentais são suicidas”. Fato: o comportamento suicida indica uma profunda infelicidade, mas não é necessariamente fruto de um distúrbio mental. Muitas pessoas que vivem com doenças mentais não são afetadas por comportamentos suicidas e nem todos que tiram sua própria vida tinham esses tipos de distúrbios.
• Mito: “Falar sobre suicídio é uma ideia ruim e pode ser interpretado como encorajamento”. Fato: devido ao tabu em torno do tema, muitas pessoas que estão contemplando o suicídio não sabem com quem falar a respeito. Ao invés de encorajar o comportamento, falar abertamente sobre isso pode dar outras opções ou um tempo para repensarem sua decisão, evitando o ato.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), junto ao Conselho Federal de Medicina, recentemente lançou a cartilha “Suicídio: informando para prevenir”. Em seu site, mencionam que 17% da população brasileira já pensou, em algum momento, em cometer o suicídio. A cartilha fala sobre como “abordar um paciente, explica de que forma as doenças mentais podem estar relacionadas ao suicídio, os fatores psicossociais e dados atualizados sobre o tema”.
Acreditam que desmistificar o suicídio seja fundamental para quebrar o preconceito que cerca o tema e ajudar a preveni-lo. Como a OMS, também listam alguns mitos. Um mito não mencionado pela OMS é o de que:
• - Mito: “o suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre arbítrio”. Fato: “suicidas estão passando quase invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção de realidade e interfere em seu livre arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante de prevenção do suicídio. Após o tratamento da doença mental, o desejo de se matar desaparece”.
A cartilha da ABP indica que para uma prevenção, é necessário procurar fatores de risco, como: eventos adversos na infância e na adolescência, como abuso físico e sexual, histórico familiar e genética. A cartilha diz que “estudos de genética epidemiológica mostram que há componentes genéticos, assim como ambientais envolvidos”. Por exemplo: “O risco de suicídio aumenta entre aqueles que foram casados com alguém que se suicidou”.
A cartilha sugere a psiquiatras como abordar o paciente com desejo suicida e como identificar doenças mentais, como depressão, transtorno bipolar, transtorno relacionado ao uso de álcool e outras substâncias, esquizofrenia e transtorno de personalidade. Também ajuda a avaliar o risco real da pessoa cometer o suicídio.
A publicação americana de neurociência, Nature, lançou o artigo “A base molecular do cérebro suicida” (em tradução livre) analisando que há mudanças no sistema de neurotransmissores, mudanças inflamatórias e disfunção das células de glia no cérebro de quem está prestes a se matar.
O artigo da Nature defende que alguns fatores, como predisposição familiar, assim como adversidades no início da vida, aumentam o risco de suicídio na medida em que alteram as respostas do cérebro ao stress e a outros processos através de mudanças epigenéticas nos genes e na regulação da emoção e do comportamento.
A “American Foundation for Suicide Prevention” (uma organização americana voltada a prevenção do suicídio) diz que 90% das pessoas que cometem suicídio tem algum distúrbio mental. O mais comum é a depressão grave e outros distúrbios de humor, que podem levar ao suicídio se não forem diagnosticados corretamente ou recebido tratamento adequado. A organização aponta certas condições que podem ser consideradas riscos em potencial e divulga estudos comprovando análises post-mortem indicando diferenças biológicas no cérebro de quem cometeu suicídio.
Segundo essa organização, os sinais de alerta são: A pessoa falar sobre se matar, dizer não ter mais razão para viver, ou achar que é um fardo para os outros e falar sobre uma sensação de se sentir preso e sentir uma dor insuportável. Deve-se prestar atenção em mudanças bruscas de comportamento, especialmente relacionado a algum evento dolorido como perdas, notar se a pessoa aumentou o uso de álcool e drogas e passou a agir imprudentemente. Um sinal de alerta importante é a pessoa se isolar de familiares e amigos.
Na seção das perguntas mais frequentes do site da instituição, indicam que a melhor forma de agir quando vemos alguém considerando o ato, não é tentar convencê-lo a sair da situação com frases como: “você tem tanto para viver” ou “pensa em como isso vai machucar sua família”, mas sim mostrar empatia: “imagino como deve ser difícil para você estar se sentindo assim” e se colocar a disposição para ouvir.
“Desisti porque fui escutado”
Em palestra no TED “A Ponte entre o Suicídio e a Vida” um guarda rodoviário que patrulhava a ponte do Rio São Francisco, a Golden Gate Bridge, local reconhecido como a maior taxa de suicídios nos Estados Unidos, conta ter salvo um homem da beira da ponte que alegou desistir de pular porque foi escutado. O guarda coloca esse item como fundamental para prevenir uma pessoa de se matar. Segue uma fala interessante da sua palestra:
“Escute para entender. Não discuta, não culpe, ou diga à pessoa que sabe como ela se sente, porque você provavelmente não sabe. Apenas por estar lá, você talvez seja exatamente o ponto crucial que ela precisa. Se vocês acham que alguém está pensando em suicídio, não tenham medo de confrontá-lo e fazer a pergunta. Um jeito de lhes fazer a pergunta é assim: “Outros, em circunstâncias parecidas, pensaram em acabar com a própria vida; você já teve esses pensamentos?” Confrontar a pessoa cara a cara pode salvar sua vida e ser o ponto da virada para eles. Alguns outros sinais para observar: Falta de esperança, acreditar que as coisas são terríveis e que nunca vão melhorar; desamparo, crer que não há nada que possa ser feito a respeito disso; afastamento social recente; e perda de interesse na vida” (trecho copiado da transcrição em português da palestra, disponível nesse link).
Artigo recente da uol, sobre os suicídios no estádio Morenão no Mato Grosso do Sul, também traz essa questão da importância de “escutar”, com o depoimento de um voluntário do CVV. Veja a matéria completa aqui.
“Depressão é um segredo de família que todo mundo tem”
Em palestra no TED, o escritor americano Andrew Solomon declarou já ter pensado em suicídio durante uma crise de depressão crônica. Só não foi adiante porque conseguiu um bom tratamento a tempo. Ele toca numa questão importante, a de que os tratamentos são caros e não acessíveis a todos. Em entrevistas com pessoas, na busca para entender o porquê alguns parecem ser mais resistentes a depressão do que outros, Solomon descobriu que as que conseguiram lidar com isso foram as que encararam a situação, falando a respeito e compartilhando. “Quando tentam escondê-la ou negá-la, ela aumenta”, ele diz. Veja a palestra aqui.
O escritor descreve o estado depressivo como estar incapaz de funcionar no mundo e relembra uma frase escutada em uma das entrevistas que fez: “É uma maneira mais lenta de estar morto”. Ele diz que “na depressão, você não vê o mundo através de um véu, você acha que agora o véu saiu e você está vendo o mundo como ele realmente é. O deprimido acha que está vendo a realidade, como as coisas são de verdade. Mas a verdade mente. Essa é a grande questão”. Por fim, Solomon declara que o oposto de depressão não é felicidade, mas sim a vitalidade.
A psicóloga Flávia Penteado acredita que o suicida que sofre de depressão comete o ato na descida até o fundo do poço ou quando começa a sair dele. Porque no estado depressivo, a pessoa não quer sair da cama, comer, não quer agir. Mas quando ela começa a sair desse estado, há o perigo maior, porque já existe força para se matar. Por isso alguns estudos sugerem como sinal de alerta a melhora muito brusca do paciente. Ela acompanhou o caso da mulher de um paciente seu, morto num acidente, que se recusou a fazer um tratamento psiquiátrico para lidar com o luto e optou por se auto-medicar, misturando remédios e dosagens aleatórias. Um dia ela escreveu no Facebook “fuiiiii” e se matou. Flavia acredita que ela não queria mesmo morrer, o que ela queria era esquecer.
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EMENDAS PARLAMENTARES: Fator de crise de governabilidade e de representatividade
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Conheça os tipos e valores das emendas parlamentares, motivo de embate entre STF e Congresso. Parlamentares vêm aumentando poder sobre Orçamento e querem manter autonomia sobre fatia bilionária. Emendas impositivas somam R$ 33,6 bilhões em 2024 e devem crescer nos próximos anos.
Conheça os tipos e valores das emendas parlamentares, motivo de embate entre STF e Congresso | Política | G1 (globo.com)
Maria Cristina Fernandes - Negociação de emendas se inicia com o Congresso acuado
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-cristina...
Marcos Mendes - Brasil foge do padrão em ação do Legislativo no Orçamento
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../marcos-mendes-brasil...
Análise do Inesc aponta aumento das candidaturas únicas e duplas, com predominância de partidos de direita, escassa representação feminina e racial, gerando preocupações sobre a pluralidade democrática nas Eleições 2024.- Maioria das cidades possui só 1 ou 2 candidatos(as) na disputa pela Prefeitura - INESC
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As ditas Emendas Parlamentares, que conferem a parlamentares o direito de fazerem alocação de recursos orçamentários para obras de seu interesse é uma invenção brasileira, inserida na Constituição, no vértice da redemocratização do país, fora das competências exclusivas do Poder Legislativo – representação e fiscalização – mas que não tem correspondência em nenhum lugar do mundo. Mas foram ganhando corpo e se convertendo em fator de crise de governabilidade, ao subtrair do Executivo controle sobre seu Plano de Governo, com manobras de transferência de recursos cada vez mais obscuras, senão ilegais, e, e crise no próprio processo de renovação política, indispensável ao funcionamento da democracia-entre-nós.
“Em 2015, sob o clima de embate entre o governo de Dilma Rousseff e a Câmara comandada por Eduardo Cunha, nascia o Orçamento Impositivo – mecanismo que obriga o governo federal a pagar as emendas de cada um dos 513 deputados e 81 senadores. Na sequência, durante os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, o Legislativo, sob o comando do Centrão, ganhou cada vez mais poder – e mais dinheiro de emendas, neste ano na casa dos R$ 44,6 bilhões. Semana passada, STF entrou nesta questão impedindo a continuidade da FARRA DAS EMENDAS. Gerou uma crise institucional, ontem atenuada numa reunião entre o Presidente da Corte, representante do Governo Federal e líderes da Câmara e Senado. As EMENDAS propriamente ditas não foram questionadas, apenas sua aplicação. Deverão, doravante garantir transparência e rastreabilidade de forma a serem identificadas e fiscalizadas pelo TCU. Tampouco se tem discutido as implicações das EMENDAS PARLAMENTARES para a indispensável renovação das Casas Legislativas, eis que acabam se constituindo em estratégico poder aos detentores de mandato, dificultando a renovação dentro das respectivas agremiações partidárias. O resultado, apontado pelo INESC, é o estreitamento das oportunidades de escolha nos pleitos eleitorais, com a consequente eternização dos mesmos políticos ao longo de décadas, não raro se estendendo sobre a familiarização destes mandatos. No Senado, chega-se ao cúmulo de ter como suplente de Senador, esposa ou filhos de titulares.
O cenário cria o que Marcos Nobre, presidente do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), Marcos define o que chama de “presidencialismo flex”, ou de conveniência: um governo sem maioria lida com parlamentares que votam de acordo com os próprios interesses. Relatório do INSPER, instituição de ensino e pesquisa de São Paulo, de outra parte, comprova não haver este tipo de EMENDAS PARLAMENTARES sequer em países com regime parlamentarista.
Hora, portanto, não só de questionar a legalidade financeira das EMENDAS PARLAMENTARES, mas suas implicações para a oxigenação da democracia brasileira.
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O TEATRO SÃO PEDRO
Neste dia, 5 de setembro, o Teatro São Pedro faz aniversário. Uma casa de animação e espetáculos, inaugurada em meados do século XIX, mimo do bovarismo de uma época em que a capital porto alegre se resumia a um vilarejo com mais administração do que comércio, que é um orgulho da cidade. Deveria, haver, aliás, num país com tantas leis, uma, especial, obrigando a todas os municípios a criarem, além de escolas e hospitais, Casas de Cultura. Elas cumprem papel fundamental na valorização da escala cultural da cidade como subsídio à formação para a cidadania. Cidadania, enfim, não é algo que se adquire ao nascer. É uma consciência de deveres e direitos que se adquire socialmente, para a qual o Estado tem decisivo papel. Neste data, recupero, todos os anos o depoimento de um velho colega dos bancos do Colégio das Dores, idos da década de 50 do século passado, Flavio Oliveira, pianista e compositor famoso, sobre suas recordações do Teatro São Pedro.
O Teatro São Pedro – por Flávio Oliveira, pianista POA
Hoje é CINCO DE SETEMBRO !!! Quem se lembrará? Muito antes, mas muito antes mesmo da por assim dizer “nova construção do Teatro São Pedro” que procurou restaurá-lo (usw) , que ganhou um “h” no Teatro e ficou Theatro, como no frontispício, havia, nos fundos de quem entrava por um grande portão de ferro, descendo pelo lado esquerdo (que vai dar na rua da ladeira, cortando a Riachuelo) em torno do qual (protão de grades) se enroscavam indisciplinadamente folhagens de guaco, de glicínias e de canela, uma construção que abrigava um teatro de amador chamado TEATRO CINCO DE SETEMBRO. Meus pais, que adoravam teatro, me levavam a assistir as montagens dos grupos amadores que lá se apresentavam, incluindo o Teatro Universitário (que ensaiava nas dependências do Restaurante Universitário, onde hoje é... a ... Escola de Polícia... perto da ponte da Azena) . Posso citar duas: OS INIMIGOS NÃO MANDAM FLORES , de Pedro Bloch, 1951 – eu tinha 7 anos de idade - e FELIZ VIAGEM A TRENTON (The Happy Journey to Trenton and Camden) de Thornton Wilder, dirigida por Carlos Murtinho, com Fernando Peixoto e elenco... (não consultei minha hemeroteca) em 1955.. e eu já tinha 11 anos. O que foi feito daquele prédio? Só a história de prédios e sua burocracia poderá contar... se é que existe... porque vivemos em um país que mata a sua memória, sistematicamente, premeditadamente, etc etc etc . Não fosse assim, eu clicaria no Google ou em outro “site” do governo do RS “Teatro Cinco de Setembro” e lá estariam todas as informações históricas. Há uma obra de Fernando Peixoto que pode ser referência, com o título de UM TEATRO FORA DO EIXO. Isto ajuda. Quem souber pesquisar na internet, que o faça. Em todo caso, em todos os CINCOS DE SETEMBRO eu me lembro daquele pequeno prédio que tanto me ensinou sobre teatro e sobre a bondade, sensibilidade e benevolência de meus pais em me levarem, sempre, a espetáculos teatrais (afinal, componho música de cena para o teatro desde o ano de 1963... e nunca parei..) . de qualquer nível, concertos, espetáculos de declamação... Margarida Lopes de Almeida... os Jograis de Pernambuco... etc etc etc... sim, havia-os... Voilà. Viva o CINCO DE SETEMBRO !!!
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70 anos da morte de Getúlio Vargas: o homem que moldou o Brasil moderno
Publicado em agosto 21, 2024 por LUIZ MÜLLER1 c
Por Alexandre Cruz – jornalista político
Nesta sexta-feira, às 18h30, no Plenarinho da Assembleia Legislativa em Porto Alegre, ocorrerá um evento que transcende o simples marco histórico. Trata-se de uma palestra em homenagem aos 70 anos da morte e da carta testamento de Getúlio Vargas, uma figura cuja trajetória se entrelaça com a própria fundação do Estado Nacional brasileiro. Sob a luz de suas ações e palavras, construímos um Brasil que ainda ressoa nas conquistas sociais e na luta pela soberania nacional.
Os professores Juremir Machado e Nilton Araújo de Souza, junto ao mediador professor Cassio Moreira, conduzirão uma reflexão que vai além do passado, tocando o presente com um vigor que só os grandes discursos são capazes de evocar.
Getúlio Vargas, filho de um abolicionista republicano, herdeiro da luta pela justiça, despontou como um líder que sempre soube saudar os “Trabalhadores do Brasil” com o respeito e a dignidade que a classe merece. Desde cedo, Vargas se destacou por sua perspicácia em compreender as forças históricas que exploram os países periféricos, e em sua jornada, tomou para si a missão de transformá-las.
Como Ministro da Fazenda, Vargas inovou ao inaugurar audiências abertas ao diálogo com o povo, estabelecendo um canal direto com as demandas populares. Líder da Revolução de 1930, ele pôs fim à República Velha, abrindo caminho para um novo Brasil. Criou o voto secreto, garantiu o voto feminino, e concedeu anistia aos rebeldes tenentistas, dando voz a quem sempre fora silenciado. Em apenas um mês, ergueu o Ministério da Educação e o Ministério do Trabalho, pilares de um Estado que começava a olhar para o futuro com uma visão social.
Fundador do Estado Social brasileiro, Vargas deu à luz à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e à previdência social, marcos que até hoje são alvos de ataques daqueles que desejam precarizar o que é direito do trabalhador. Na sua luta pela soberania nacional, Vargas anulou concessões petrolíferas a empresas multinacionais, aprovou o Estatuto da Lavoura Canavieira, a primeira experiência de reforma agrária e sindicalização rural do Brasil.
Durante o turbulento contexto mundial que deu origem ao Estado Novo, Vargas iniciou a industrialização do Brasil, criando a Usina de Volta Redonda, a Hidrelétrica de Paulo Afonso e a Vale do Rio Doce, que se tornaria a maior mineradora do mundo. Também foi o visionário que fundou o Instituto Nacional de Música, convidando Villa-Lobos, o maior compositor das Américas, para liderar a educação musical da juventude brasileira. Criou a Rádio Mauá, a emissora dos trabalhadores, e lançou a Voz do Brasil e o jornal Última Hora, de Samuel Wainer.
Getúlio Vargas realizou uma auditoria na dívida externa, reduzindo-a pela metade e anulando contratos lesivos à nação. Fundou o BNDES, lançou a Eletrobrás e, com um olhar estratégico, fundou a Petrobrás, símbolos de um país que acreditava na sua própria capacidade de crescimento e inovação. Mas os conservadores, liderados por Carlos Lacerda, conspiraram, apoiados pela Rádio Globo de Roberto Marinho. Em um gesto final de coragem e sacrifício, um tiro no coração de Vargas silenciou as “aves de rapina”, mas manteve vivas as conquistas de uma era. Ele saiu da vida para entrar na história, e deixou como legado a eleição de Juscelino Kubitschek e João Goulart.
Este evento, portanto, não é apenas uma palestra, mas uma convocação para relembrar e reavivar o espírito de luta que Getúlio Vargas personificou. Que suas palavras e ações continuem a nos inspirar, mantendo viva a chama da justiça social e da soberania nacional. Porque, como ele próprio disse, “é o ódio, a infâmia e a calúnia que me espezinham, mas o meu sacrifício manterá o direito dos brasileiros, e o futuro a julgará.” Que a história continue a nos iluminar nesta jornada.
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RECORDAR É VIVER. VIVER DE NOVO. DORES E GLORIAS...: A invasão da Tchecoslovaqui em 22 de agosto de 1968
Memória | Primavera de Praga - Manifesto de Intelectuais Brasileiros*
Democracia Política e novo Reformismo: Memória | Primavera de Praga - Manifesto de Intelectuais Brasileiros* (gilvanmelo.blogspot.com)
Os abaixo-assinados democratas que acreditam no socialismo como forma digna de viver em sociedade, querem manifestar de público sua mais viva repulsa contra à invasão da Tchecoslováquia por cinco potências do pacto de Varsóvia.
Convencidos que estão do acerto e da oportunidade das transformações estruturais e administrativas que se processavam na vida desse país, em busca de uma aplicação correta dos princípios fundamentais do socialismo, causa-lhes indignação e sofrimento que aquelas Repúblicas lideradas pela URSS – a primeira nação socialista do mundo – estejam desrespeitando o princípio da autodeterminação dos povos, que alegam defender.
Socialismo é liberdade. O socialismo, que por sua essência não admite a exploração do homem pelo homem, por isso mesmo não pode admitir quaisquer razões políticas e econômicas que justifiquem a dominação de um povo.
Viva a liberdade!
Viva o socialismo!
Viva o povo tchecoslovaco!
Rio de Janeiro, GB, 22 de agosto de 1968
Affonso Romano de Sant’Anna – Alex Vianny – Almir de Castro – Álvaro Lins – Anísio Teixeira, Antônio Aragão, Antônio Houaiss, Bolivar Lamounier, Assis Brasil, Carlos Heitor Cony, Célia Neves, César Guimarães, Cid Silveira, Claudio Santoro, Dias Gomes, Djanira, Doutel de Andrade, Edson Carneiro, Edmar Morel, Edmundo Muniz, Eduardo Portela, Eli Diniz, Ênio Silveira, Fausto Ricca, Felix de Athayde, Fernando Segismundo, Ferreira Gullar, Flávio Rangel, Flora Abreu Henrique, Geir Campos, Helena Ignez, Hélio Silva, Irineu Garcia, James Amado, João das Neves, Joel Silveira, José Paulo Moreira da Fonseca, Josefa Magalhães Dauster, Júlio Bressane, Leon Hirchmann, Lúcio Urubatan de Abreu, Luis Fernando Cardoso, Marcelo Cerqueira, Margarida Boneli, Maria Yedda Linhares, Mário da Silva Brito, Miguel Borges, Miguel Faria, Moacyr Felix, Otavio Ianni, Oto Maria Carpeaux, Paulo Alberto, Paulo Francis, Pedrívio Guimarães Ferreia, Poty, Roberto Pontual, Rodolfo Konder, Roland Corbisier, Sebastião Neri, Sinval Palmeira, Susana de Moraes, Tati Moraes, Vamireh Chacon.
*Revista Civilização Brasileira – Caderno Especial 3, p. 387.
Em 1968: Soviéticos invadem Tchecoslováquia e reprimem Primavera de Praga
Soldados e tanques do Pacto de Varsóvia chegam à capital do país na madrugada do dia 21
Naief Haddad / Folha de S. Paulo (21/8/2018)
AGOSTO DE 1968
A celebrada Primavera de Praga se aproxima do fim. Às 23h de 20 de agosto, cerca de 165 mil soldados da União Soviética e de nações aliadas deram início à invasão da Tchecoslováquia |1|, país localizado na Europa Central.
A operação é conduzida pelo Pacto de Varsóvia, liderado pelo Partido Comunista da União Soviética. Integram o grupo países como Alemanha Oriental, Polônia, Hungria, Bulgária e Romênia.
Nos últimos meses, a cúpula soviética, sob a liderança de Leonid Brejnev, vinha demonstrando irritação com as reformas promovidas por Alexander Dubcek, primeiro-secretário do Partido Comunista da Tchecoslováquia.
Sob o mote "socialismo com uma face humana", assim batizado por Dubcek, seu governo ampliou os direitos civis e a liberdade de imprensa, restringiu a ação da polícia secreta, começou a limitar o poder dos burocratas, entre outras medidas. Esse período de liberalização passou a ser chamado de Primavera de Praga.
Embora enfatizasse a lealdade a Moscou, Dubcek rejeitou as pressões soviéticas para recuar no movimento de democratização da Tchecoslováquia.
A resposta das tropas do Pacto de Varsóvia veio em uma ação colossal. Cerca de 4.600 tanques entraram no país por meio das fronteiras com a Alemanha Oriental (ao noroeste), Polônia (ao norte), União Soviética (ao leste) e Hungria (ao sudeste).
Neste dia 21, por volta de 4h da madrugada, as tropas chegaram à capital, Praga. Além de Dubcek |2|, foram presos o presidente do Conselho de Ministros, Oldrich Cernic, e o presidente da Assembleia Nacional, Joseph Smrskovsky.
Poupado pelos soldados soviéticos, o presidente da Tchecoslováquia, Ludvík Svoboda, fez um pronunciamento em defesa das mudanças recentemente promovidas pelo governo e recomendou ao povo que resistisse sem violência.
Não foi apenas o pacifismo que guiou Svoboda. O presidente do país sabe que as Forças Armadas da Tchecoslováquia não têm uma linha de comando independente e, portanto, não saberiam agir sem a liderança soviética.
Muito popular no país, a rádio Praga também pediu serenidade aos habitantes.
Parte dos tchecoslovacos, de fato, reagiram sem atos violentos, colocando-se à frente dos tanques ou discutindo com os jovens soldados. Outros, no entanto, jogaram coquetéis Molotov e pedras nos militares invasores.
Já entre as tropas do Pacto de Varsóvia, a truculência tem prevalecido. Há registros de tiros disparados pelos soldados em direção à multidão e tanques que abriram fogo para atingir manifestantes que rasgavam folhetos distribuídos pelos russos.
Ao final deste primeiro dia de invasão, contam-se pelo menos 23 tchecoslovacos mortos |3|.
Caso tenha mesmo chegado ao seu fim, o que neste momento parece muito provável, a Primavera de Praga terá durado apenas oito meses.
Nascido no vilarejo de Uhrovec, na região da Eslováquia, Dubcek atuou na resistência às forças nazistas durante a Segunda Guerra, período em que passou a integrar o Partido Comunista do país. Teve uma carreira política de destaque e assumiu, aos 47 anos, o cargo máximo da Tchecoslováquia em 5 de janeiro de 1968.
Àquela altura, o país vivia uma fase de estagnação econômica e censura severa aos meios de comunicação.
Poucos foram os sinais de reforma nas primeiras semanas de gestão. Em abril, no entanto, Dubcek respondeu às expectativas da população.
Lançou o Programa de Ação do Partido Comunista Tchecoslovaco, que preconizava "um novo modelo de democracia socialista". Jornais, rádios e TVs ganharam uma autonomia incomum, inclusive para criticar o governo Dubcek, a polícia secreta perdeu poder para investigar crenças políticas e religiosas, o mercado iniciou uma abertura para produtos trazidos do Ocidente, entre outras iniciativas de liberalização.
O 1º de Maio, Dia do Trabalho, mostrou ao mundo uma nova Tchecoslováquia. Enquanto as demais capitais de países comunistas promoviam solenes paradas militares, Praga viu os jovens tomarem as ruas com música e cartazes. Havia dizeres como "Menos Monumentos e Mais Pensamentos", "Democracia, Custe o que Custar" e "Deixem Israel Viver".
Para a satisfação dos taxistas e dos donos de hotéis da capital do país, a vida cultural se renovou rapidamente. Em texto recente sobre a cidade, o jornal The New York Times escreveu: "Para as pessoas com menos de 30 anos, Praga parece o lugar certo para se estar neste verão".
Casas de espetáculo e bares promoviam shows de rock e jazz, e os 22 teatros da cidade passaram a oferecer programação intensa. Entre as peças em cartaz, estava "Quem Tem Medo de Franz Kafka?"|4|, proibida durante a gestão do linha-dura Antonín Novotný, antecessor de Dubcek como primeiro-secretário do PC.
Outra montagem bem-sucedida foi "Last Stop". Os autores Jiri Sextr e Jiri Suchy imaginaram uma Tchecoslováquia sob o efeito do cancelamento das reformas, ou seja, de volta à era de rigidez comunista.
Neste 21 de agosto, com Praga completamente tomada pelos militares do Pacto de Varsóvia, "Last Stop" ganha ares de profecia |5|.
FOLHA PUBLICA SÉRIE SOBRE 1968
Reportagens relatam, como se tivessem ocorrido nos dias de hoje, fatos que marcaram ano de mudanças
|1| Após um longo processo histórico, a República Tcheca e a Eslováquia se dividiram em 1º de janeiro de 1993
|2| Depois de deixar a prisão, Alexander Dubcek retomou o posto de primeiro-secretário do PC da Tchecoslováquia, mas muito enfraquecido politicamente. Foi retirado do cargo em abril de 1969. Três décadas depois, com o fim do comando comunista, elegeu-se líder da Assembleia Federal. Morreu em 7 de novembro de 1992 em um acidente de carro
|3| Até 2 de setembro de 1968, 72 tchecoslovacos tinham sido mortos pelas tropas do Pacto de Varsóvia, segundo o livro "1968 - O Ano que Abalou o Mundo", de Mark Kurlansky
|4| Proibidos sob o comando comunista, os livros do tcheco Franz Kafka foram liberados durante a Primavera de Praga
|5| Acuado pelo bloco soviético, Dubcek assinou novas medidas, que reduziam de forma expressiva as iniciativas postas em prática nos meses anteriores. O processo de democratização refluiu substancialmente, e milhares de pessoas deixaram a Tchecoslováquia. Definitivamente, era o fim da Primavera de Praga
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EMENDAS PARLAMENTARES: Fator de crise de governabilidade e de representatividade
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Conheça os tipos e valores das emendas parlamentares, motivo de embate entre STF e Congresso. Parlamentares vêm aumentando poder sobre Orçamento e querem manter autonomia sobre fatia bilionária. Emendas impositivas somam R$ 33,6 bilhões em 2024 e devem crescer nos próximos anos.
Conheça os tipos e valores das emendas parlamentares, motivo de embate entre STF e Congresso | Política | G1 (globo.com)
Maria Cristina Fernandes - Negociação de emendas se inicia com o Congresso acuado
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Marcos Mendes - Brasil foge do padrão em ação do Legislativo no Orçamento
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Análise do Inesc aponta aumento das candidaturas únicas e duplas, com predominância de partidos de direita, escassa representação feminina e racial, gerando preocupações sobre a pluralidade democrática nas Eleições 2024.- Maioria das cidades possui só 1 ou 2 candidatos(as) na disputa pela Prefeitura - INESC
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As ditas Emendas Parlamentares, que conferem a parlamentares o direito de fazerem alocação de recursos orçamentários para obras de seu interesse é uma invenção brasileira, inserida na Constituição, no vértice da redemocratização do país, fora das competências exclusivas do Poder Legislativo – representação e fiscalização – mas que não tem correspondência em nenhum lugar do mundo. Mas foram ganhando corpo e se convertendo em fator de crise de governabilidade, ao subtrair do Executivo controle sobre seu Plano de Governo, com manobras de transferência de recursos cada vez mais obscuras, senão ilegais, e, e crise no próprio processo de renovação política, indispensável ao funcionamento da democracia-entre-nós.
“Em 2015, sob o clima de embate entre o governo de Dilma Rousseff e a Câmara comandada por Eduardo Cunha, nascia o Orçamento Impositivo – mecanismo que obriga o governo federal a pagar as emendas de cada um dos 513 deputados e 81 senadores. Na sequência, durante os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, o Legislativo, sob o comando do Centrão, ganhou cada vez mais poder – e mais dinheiro de emendas, neste ano na casa dos R$ 44,6 bilhões. Semana passada, STF entrou nesta questão impedindo a continuidade da FARRA DAS EMENDAS. Gerou uma crise institucional, ontem atenuada numa reunião entre o Presidente da Corte, representante do Governo Federal e líderes da Câmara e Senado. As EMENDAS propriamente ditas não foram questionadas, apenas sua aplicação. Deverão, doravante garantir transparência e rastreabilidade de forma a serem identificadas e fiscalizadas pelo TCU. Tampouco se tem discutido as implicações das EMENDAS PARLAMENTARES para a indispensável renovação das Casas Legislativas, eis que acabam se constituindo em estratégico poder aos detentores de mandato, dificultando a renovação dentro das respectivas agremiações partidárias. O resultado, apontado pelo INESC, é o estreitamento das oportunidades de escolha nos pleitos eleitorais, com a consequente eternização dos mesmos políticos ao longo de décadas, não raro se estendendo sobre a familiarização destes mandatos. No Senado, chega-se ao cúmulo de ter como suplente de Senador, esposa ou filhos de titulares.
O cenário cria o que Marcos Nobre, presidente do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), Marcos define o que chama de “presidencialismo flex”, ou de conveniência: um governo sem maioria lida com parlamentares que votam de acordo com os próprios interesses. Relatório do INSPER, instituição de ensino e pesquisa de São Paulo, de outra parte, comprova não haver este tipo de EMENDAS PARLAMENTARES sequer em países com regime parlamentarista.
Hora, portanto, não só de questionar a legalidade financeira das EMENDAS PARLAMENTARES, mas suas implicações para a oxigenação da democracia brasileira.
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Biden faz balanço de seu Governo em Convenção do Partido Democrata e passa o bastão para Kamala.
O Presidente Joe Biden participou, ontem, em Chicado- EUA -, da Convenção do Partido Democrata que deverá oficializar a indicação de Kamala Harris como candidata à Presidência do país. Biden foi recebido efusimente pelos 2000 convencionais e falou quase uma hora, sem tropeços, nem vacilações, embora não seja considerado um grande orador. Não entusiasma. Mas foi recebido com carinho e bandeirolas que diziam – AMO JOE. No pronunciamento, Biden criticou duramente Trump e fez um pré balanço de seu Governo, destacando o grande volume de investimentos públicos, a atenção à transição energética, a retomada da economia, que hoje tem baixo nível de desemprego, a defesa da democracia, interna e externamente, quando enalteceu o fortalecimento da OTAN com inclusão de novos membros na Europa e o apoio à Ucrânia e Israel. Neste caso, mostrou-se confiante com a iniciativa de seu Secretário de Estado, Blinken, de obter brevemente um acordo capaz de devolver um mínimo de paz à Gaza. Não obstante, apesar de vivamente aplaudido pelos seus correligionários, Biden não é bem aceito pelo eleitor comum americano, que ainda sofre as mazelas da inflação, em baixa, mas deixando um rastro de elevação dos preços, que lhe corroeu 20% do poder de compra, sem qualquer aumento dos salários. A Convenção teve que repelir, também, com rigor uma manifestação de jovens que protestavam contra a política de apoio praticamente incondicional do Governo à Israel. Ao final, Biden enalteceu a candidata Kamala Harris, primeira mulher que poderá presidir o país, destacando sua origem na classe média, sua determinação e caráter e confiança na sua vitória que consolidará a política de assistência aos mais necessitados e fortalecimento da democracia. Quebrando o protocolo, Kamala, ao final do discurso de Biden, agradeceu ao atual Presidente cumprimentando-o pelos seus serviços à Nação durante 50 anos. O discurso de Biden ainda não foi uma despedida, eis que ainda permanecerá na Casa Branca por mais cinco meses, aproximadamente, mas deixou, claramente, um rastro neste sentido. Saiu ovacionado, mas inevitavelmente candidato à planície num país imperial mas que luta para manter seu papel hegemônico no mundo, cada vez mais contestado, seja pela concorrência econômica com a China, seja pela rebeldia de vários países do Sul que se dizem cansados de receber do Tio Sam apenas sermões, seja também pelos intensos conflitos sociais e raciais internos.
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Luiz Carlos Azedo - Com Silvio Santos candidato, a história seria outra . O apresentador recusara todos os convites para ingressar na política, mas a eleição direta para a Presidência, com apoio de Sarney, era muito tentadora https://gilvanmelo.blogspot.com/.../luiz-carlos-azedo-com...
18 de agosto de 2024 - Correio Braziliense
A história poderia ter sido outra na primeira eleição direta para presidente da República após a redemocratização, que elegeu Fernando Collor de Mello, numa disputa de segundo turno com outro candidato que surpreendeu os políticos da época, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quem poderia ter mudado esse curso? O apresentador e empresário Silvio Santos, fundador e dono SBT, que faleceu na madrugada deste sábado, em São Paulo, aos 93 anos. Seu nome de batismo era Senor Abravanel.
O “dono do Baú da Felicidade” era considerado um aventureiro diante de figuras como Ulysses Guimarães (PMDB), Mario Covas (PSDB0, Leonel Brizola (PDT), Paulo Maluf (PDS) e Aureliano Chaves (PFL). Ma non troppo. Tinha um padrinho poderoso, o ex-presidente José Sarney, que havia virado vidraça na campanha eleitoral, porque ninguém o defendia. Outros candidatos também confrontavam Sarney: Afonso Camargo (PTB), Afif Domingos (PL), Celso Brant (PMN), Fernando Gabeira (PV), Roberto Freire (PCB) e Ronaldo Caiado (PSD). E o histriônico Eneas (PRONA), que se destacou entre os desconhecidos.
Sílvio Santos foi uma cartada de última hora, articulada pelo deputado Marcondes Gadelha, que seria seu vice, e mais dois cardeais do PFL muito ligados a Sarney: Hugo Napoleão e Edison Lobao. Os três aliados do presidente da República à época quase conseguiram remover a candidatura de Aureliano Chaves, mas faltou combinar com o empresário Antônio Ermírio de Moraes, que prometeu financiar a campanha do ex-vice-presidente.
Aureliano Chaves havia sido vice do presidente João Batista Figueiredo, o general que deixou o Palácio do Planalto pela garagem, sem passar a faixa para Sarney. Político mineiro, fora um dos que insurgira contra a candidatura de Paulo Maluf na antiga Arena, para apoiar Tancredo Neves no colégio eleitoral.
A elite paulista temia que a entrada em cena de Sílvio Santos favorecesse os candidatos de esquerda. Com os votos concentrados, Collor estaria no segundo turno. Silvio Santos foi obrigado a buscar um partido pequeno, o PMB, que removeu da disputa o pastor Armando Corrêa.
Também faltou combinar com o jornalista Roberto Marinho, dono do maior grupo de comunicação do país, que apoiava aquele que viria a vencer o pleito: Collor de Mello, que se notabilizara no governo de Alagoas como “caçador de marajás”. Filho do senador Arnon de Mello, sócio do dono da rede Globo em Alagoas, Collor candidatou-se por um pequeno partido, o PRN, e fez sua campanha tendo como alvo o governo Sarney. Caiu nas graças de Marinho porque defendia a abertura da economia e as privatizações, além de herdar os antigos laços comerciais com o amigo de seu pai. Marinho era o principal fiador de sua candidatura.
A candidatura de Silvio Santos foi oficializada duas semanas antes da eleição, no dia 31 de outubro de 1989. De pronto, se tornou uma alternativa para derrotar os dois candidatos de esquerda, Lula e Brizola, diante do fato de as candidaturas de Ulysses e Covas não terem emplacado. O primeiro foi “cristianizado” pelo governador de São Paulo, Orestes Quércia (PMDB); o segundo, era líder de um partido ainda em formação, o PSDB.
Populismo de centro
Collor já liderava a disputa, mas não teve apoio da mesma elite política que mais tarde viria a se articular com os jovens cara-pintadas da campanha do impeachment, que o levou à renúncia. Sílvio Santos nunca exercera um cargo político, porém, era um empresário competente e sabia se movimentar nos bastidores do poder. Só com a popularidade de apresentador de tevê não teria construído seu império de comunicação.
Foi durante o regime militar que Sílvio Santos obteve autorização para operar canais de TV no Rio, São Paulo, Porto Alegre e Belém, e formar o Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT. O programa “Semana do Presidente”, criado em 1981, para divulgar as ações do governo Figueiredo, agora divulgava as ações do presidente Sarney.
Até então, Silvio Santos recusara todos os convites para ingressar na política, mas a eleição direta para a Presidência, com apoio de Sarney, era muito tentadora. Marconde Ferraz defendia a tese de que o apresentador seria um “populista de centro”, contra um populista de direita e outro de esquerda. Quem mais se sentiu ameaçado foi Collor de Mello, que agora enfrentava um segundo colocado que lhe tirava votos e não dois concorrentes que disputavam votos entre si, como acontecia com Lula e Brizola.
A operação para remover Silvio Santos foi articulada pelo tesoureiro da campanha de Collor, PC Farias, e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, então funcionário da Xerox do Brasil, que descobriu irregularidades no registro da candidatura. O PMB não havia realizado as convenções estaduais exigidas pela legislação eleitoral. Foi um ovo de Colombo: seis dias antes das eleições, por 7 votos a 0, a candidatura de Silvio Santos foi impugnada. Collor obteve no primeiro turno 30% dos votos, quase o dobro de votos do segundo colocado, Lula. No segundo, venceu o petista por 53% a 46%
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Anexos
Silvio Santos Day - Como Silvio transformou os domingos do brasileiro; veja especial g1
ESPECIAL - Silvio Santos, o maior apresentador da TV brasileira
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2024/08/18/o-assunto-1281-especial-silvio-santos-o-maior-apresentador-da-tv-brasileira.ghtml
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DIA DO FILÓSOFO –
No Brasil, a data é celebrada desde quando foi instituída pela Lei nº 12. A iniciativa partiu do professor e filósofo Luiz Felipe Pondé, que é também um dos coordenadores do Movimento Filosofar é Preciso.15 de ago. de 2022
Legado Socratico
Não sei nada.
O único que sei é que nada sei.
Mas tenho que descobrir-me,
Arrancar a verdade das profundezas da consciência,
Baixá-la dos céus à terra,
Sob o crivo erótico da razão humana,
Numa aproximação crescente da sabedoria e da verdade.
Da Virtude.
Ninguém peca porque quer,
Ninguém é louco porque quer,
Ninguém é ignorante porque quer,
Ninguém é mestre de ninguém.
Sequer é mau quem quer,
Mas são todos infelizes ,
Nas apalpadelas de uma realidade sensível,
Que ludibria ,pela retórica o imutável , universal ,
Eterno.
Já o sábio , que sabe que não sabe, pode ser feliz,
Porque tem a felicidade dentro de si mesmo,
Numa equação de bem agir e de bem viver,
Sem preocupação com os resultados da ação ,
A que chamao eupraxia .
Ouço uma voz,
e toda vez que isso acontece
ela me desvia do que estou a ponto de fazer, mas nunca me leva à ação.
Não! Não importa o que eu possuo,
Mas o que conheço de mim mesmo.
Conhecendo-me , aprendo que nada sei
E , assim,
posso chegar a saber alguma coisa.
Qualquer coisa por mim descoberta,
Numa incessante indagação,
Sobre as coisas como elas simplesmente são.
Eu mesmo conhecendo-me melhor,
conhecendo-me a mim mesmo,
Compreenderei o sou pelo que faço,
O que faço pelo que sou,
Alcançando assim a virtude e a verdadeira felicidade.
Parece que o deus me designou à cidade com a tarefa de despertar,
Persuadi-los destas coisas,
e repreender cada um de vós, por toda a parte, durante todo o dia,
Quando delas se desviam.
Por isto me acusam..
Mas não se preocupem , meus amigos,
Eu nada afirmo.
Faço apenas o que minha mãe parteira faz com as vidas humanas:
Trago à luz o espírito que lhe complementa.
Se a alguns molesta o que faço,
Não os condeno.
Mas ao acusar-me, como Meleto, eles brincam com coisas sérias,
Pois não sou eu a fazer o que faço,
Mas a fazer o que fui destinado a fazê-lo.
Onde esteja,
Onde vá,
Enquanto estiver vivo.
Não fazer nada de injusto e de ímpio, isso sim me importa acima de tudo.
Portanto , não me condenem ao exílio da pátria,,
Pois seria meu destino ir de lugar em lugar
Sempre exilado.
Não me condenem a calar-me na minha pátria..
Aí sim eu estaria contrariando a vontade do deus,
Que me designou esta tarefa .
Mas vejo que muitos gostam da minha companhia.
Me escutam e me acompanham.
Parece que eles, seus filhos, seus pais,
Também apreciam o que faço..
Não há ninguém a quem eu tenha feito concessões com desprezo da justiça
e por medo.
E se tiverem juízo
Verão que , na minha idade, aos setenta,
As coisas tendem a se resolver “naturalmente”.
Porque não adianta matar os homens pelo que fazem,
Quando o que fazem é melhor do fazem os que o acusam.
Nunca um homem pior poderá fazer mal a um melhor.
Mesmo matando-o.
Apresento, enfim,
um testemunho suficiente da verdade do que digo: a minha pobreza.
Fui vencido.
Perdi por falta ,
não de raciocínios, mas de audácia
e impudência.
E por não querer dizer-vos coisas tais que vos teriam sido gratíssimas de ouvir, choramingando:
Lamentando-me ,
fazendo e dizendo muitas coisas indignas
que estais habituados a ouvir de outros.
Não farei isto.
Minha mulher e meus filhos não verão este espetáculo.
Vou morrer. Mas sem medo.
Talvez o difícil não seja isso: fugir da morte.
Bem mais difícil é fugir da maldade,
que corre mais veloz do que a morte,
como a insídia do povo,
da qual nem o mais sábio e virtuoso escapa.
Também a morte me leva a pensar:
Ter medo da morte significa imaginar que sabemos o que não sabemos ,
pois sobre ela ignoramos tudo,
e nem mesmo sabemos se não é um grande bem para nós.
Temer a morte não é outra coisa que parece ter sabedoria, não tendo..
É , de fato, parecer saber o que não se sabe.
Não sabendo coisas bastante do Hades,
delas não fugirei.
Mas, se acreditais, matando os homens,
iludir alguns dos vossos críticos, não pensais justo;
esse modo de vos livrardes do que falam não é ,
decerto ,
eficaz .
Nem belo.
Belíssimo e facílimo é não contrariar os outros,
mas aplicar-se a se tornar, quanto se puder, melhor.
Em verdade este meu caso arrisca ser um bem.
Estamos longe de julgar retamente,
quando pensamos que a morte é um mal..
Não é possível haver algum mal para um homem de bem,
nem durante sua vida,
nem depois de morto...
Paulo Timm – Olhos D Agua, 26 de maio de 2002
CCJ do Senado adia discussão da PEC 65, que dá autonomia total ao Banco Central
O presidente da comissão, senador Davi Alcolumbre, concedeu vista coletiva após pedido do líder do governo no Senado, Jaques Wagner
247 - A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado adiou, mais uma vez, a discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa dar ao Banco Central (BC) autonomia financeira. A decisão foi tomada na manhã desta quarta-feira (14), após o presidente da comissão, senador Davi Alcolumbre (União-AP), conceder vista coletiva ao projeto. O pedido foi feito pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que argumentou a necessidade de mais tempo para analisar o complemento de voto do relator, senador Plínio Valério (PSDB-AM), apresentado no mesmo dia.
Jaques Wagner destacou que a análise técnica do governo ainda levanta preocupações sobre o impacto do modelo jurídico proposto para o BC, especialmente em situações em que o órgão possa registrar prejuízos. "Eu mandei [o relatório] ao governo para consulta e já recebi as primeiras manifestações. Não me resta outra opção senão pedir vista ao processo", afirmou Jaques Wagner.
Por outro lado, o relator da PEC, senador Plínio Valério, lamentou que o governo não tenha buscado diálogo sobre o texto desde que a discordância do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi tornada pública. "No recesso ou na primeira semana, não fomos chamados para conversar. Como o X da questão era empresa pública e o governo não acenou com uma solução para esse impasse e o BC, sim, eu acatei a sugestão do BC", explicou o senador. O relatório do senador prevê tornar o BC uma "corporação integrante do setor público financeiro que exerce atividade estatal".
Entidades associativas que representam os servidores ativos e aposentados do Banco Central divulgaram uma nota nesta quarta-feira (14), antes da reunião da CCJ, em que criticam o relatório de Plínio Valério. O manifesto é assinado por SINAL, Sindsep-DF, ANAFE e SintBacen. Leia:
Nota pública de SINAL, Sindsep-DF, ANAFE e SintBacen contra o relatório apresentado em 14/8/2024 pelo senador Plínio Valério
As entidades associativas abaixo assinadas, que representam os servidores ativos e aposentados do Banco Central do Brasil, vêm à público reiterar suas críticas à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 65/2023, e repudiar, de modo especial, o último relatório apresentado pelo senador Plínio Valério.
Na prática, a substituição da “empresa pública” pela "corporação integrante do setor financeiro" não altera substancialmente as coisas, pois mantém-se a fragilização do vínculo do BACEN com o Estado e a sociedade brasileira.
Importante destacar que tanto o Governo, quanto alguns senadores de oposição e as entidades que assinam esta nota estavam lutando por negociações em torno de um projeto para resolver os problemas orçamentários do BC por meio de legislação infra constitucional, mantendo o regime de autarquia e os servidores no RJU, na busca de consenso. Porém, o senador Plínio Valério, desconsiderando as tratativas pela busca de um acordo, agiu de forma unilateral e protocolou um texto de sua própria autoria.
Essa mudança semântica enfraquece o papel do Estado na gestão da política monetária e cambial e na supervisão do sistema financeiro. A nova corporação, assim como a empresa pública, pode acentuar o risco de captura da autoridade monetária e supervisora pelo mercado.
Ademais, a fragilização do vínculo com o Estado brasileiro acentua o distanciamento da sociedade civil em relação à tomada de decisões sobre a política monetária e sobre a regulação do mercado.
A ausência de uma governança transparente e de mecanismos de accountability pode resultar na alienação dos cidadãos em relação às decisões que afetam suas vidas. Quando a prestação de serviços essenciais passa a ser gerida por corporações em vez de entidades públicas, a responsabilidade social e o compromisso com a equidade podem ser relegados a um segundo plano, perpetuando desigualdades e prejudicando os segmentos mais vulneráveis da população.
Por fim, essa nova configuração proposta pela PEC 65/2023 também abre espaço para a privatização de funções que historicamente foram de responsabilidade do Estado, colocando em risco a soberania nacional sobre setores estratégicos.
Portanto, a adoção da PEC 65/2023, na forma como se apresenta coloca em risco a integridade das instituições que devem assegurar a estabilidade econômica e o desenvolvimento equitativo. A sociedade brasileira precisa estar atenta a esses movimentos que, sob o pretexto de modernização e eficiência, podem perpetuar desigualdades e enfraquecer a capacidade do Estado de atuar em favor do interesse público.
Por fim, se o novo relatório apresentado pelo senador Plínio Valério for aprovado hoje de forma açodada, atropelando os debates necessários para o assunto, o SINAL, o Sindsep-DF, a ANAFE e o SintBacen já sinalizam com uma possível RADICALIZAÇÃO na luta contra a PEC 65/2023 a partir de amanhã.
SINAL, Sindsep-DF, ANAFE e SintBacen
Assis Moreira - A proporção de jovens 'nem-nem' no Brasil chega a 20,6%
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../assis-moreira...
Novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela uma elevada proporção de jovens fora do mercado de trabalho e de programas de educação e treinamento, comumente chamados de “nem-nem”. Em 2023, um em cada cinco jovens no mundo, ou seja, 20,4%, era considerado “nem-nem”.
OIT: em 2023, 20,4% jovens no mundo são ‘nem-nem’
monitormercantil.com.br/oit-em-2023-204-jovens-no-mundo-sao-nem-nem/
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HISTÓRIA: As aparências, muitas vezes, enganam. No amor e no ódio....
O título fez sucesso com uma série de Carlos Estevão na Revista Cruzeiro, de tempos idos e vividos, do que hoje chamaríamos memes que mostrava uma imagem em preto e branco, alarmista, do tipo de um assassino atacando sua vítima pelas costas e, depois, outra, ao lado, iluminada, na qual tudo se esclarecia da maneira mais gentil. Um exercício de farsa, poético, encantador. Era meu preferido.
Depois apareceu uma música da Elis Regina, com o mesmo título sobre os descaminhos do amor e do ódio: aparências enganam - https://www.youtube.com/watch?v=xRI_CI4c_bk
As aparências enganam
Aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam
Na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo
E depois não há nada que os apague
Se a combustão os persegue
As labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno, o pão
O vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão
Sonhos vividos de conviver
As aparências enganam
Aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam
Na geleira das paixões
Os corações viram gelo
E depois não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele
Vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer
Não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer
Senão chorar sob o cobertor
As aparências enganam
Aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam
No outono das paixões
Os corações cortam lenha
E depois se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira
Ainda vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira
Na reticente primavera
No insistente perfume
De alguma coisa chamada amor
Composição: Sergio Natureza / Tunai
E, em 1994, vi um filme, com igual título e enredo. Sempre trazendo à tona aparência e realidade.
Sinopse de As Aparências enganam
Três garotos que residem em um subúrbio decidem ir até a cidade para pagar uma prostituta, pois desejam ver uma mulher nua. Eles quase são assaltados e por acaso são salvos por uma "profissional" (Melanie Griffith), que acaba se afeiçoando a um deles, um garoto órfão de mãe (Michael Patrick Carter). O garoto pretende unir ela e seu pai (Ed Harris), mesmo que tenha de mentir um pouco para chegar a este objetivo, e como ela está sendo perseguida por um criminoso e seu carro está com problemas ela vai ficando na pequena localidade onde ele reside, se apaixonando pelo pai do garoto. Porém, gradativamente as coisas se complicam.- https://www.adorocinema.com/filmes/filme-31423/
Hoje, a confusão entre o real e o imaginário, vem associada à virtualidade, que a inteligência artificial só faz acentuar.
Vale, entretanto, lembrar, que apesar desta era da pós verdade, há sempre um grande hiato entre o que são fatos e os processos que os envolvem, situam e explicam. Desde os Diálogos, de Platão... Este é, aliás, o grande corte metodológico entre cientistas sociais de inclinação conservadora e progressista. Os conservadores se fixam nos fatos e procuram por sofisticados meios captá-los para dar conta e razão de um dado momento da História, descambando, não raro, para o neo-positivismo da Ciência Política, da Economia, do Direito e até mesmo da Psicologia. “A vida como ela é”...Mais cautelosos, weberianos e marxistas, como fundamento do pensamento progressista, preferem situar os fatos nos processos que os condicionam. Daí a acusação que lhe fazem os neopositivistas de que são reféns das “grandes narrativas”. Grandes ou pequenas, entretanto, as narrativas existem e constituem o substrato não só da História das Sociedades Humanos, mas, também, dos próprios humanos. É conhecida a lembrança de Eduardo Galeano de esta passagem que ouviu de um jornalista:
“Os cientistas dizem que somos feitos de átomos, mas um passarinho me contou que somos feitos de histórias.” (Os filhos dos dias”)
Com efeito, estamos mergulhados na História. E a História Contemporânea, vinda à tona com a Revolução Francesa, 1789, nos remeteu inexoravelmente às Revoluções e às Guerras. Já não vivemos sob o manto da falsa harmonia medieval. O mundo, convulsionado pelas Grandes Navegações e pelo impulso da modernidade capitalista, está em efervescente guerra.
A verdade, portanto, na História, não reside nos fatos em si, muitas vezes incompreensíveis, como o nazi fascismo, as revoluções sociais, o autoritarismo , o populismo, o bolivarismo, mas nos processos que os produziram. E o processo que se desenrola no mundo contemporâneo é o da GUERRA. Guerra de classes, guerra contra o colonialismo e neocolonialismo, guerra contra a fome, guerra contra o cinismo ocidental que ostenta valores clássicos como máscaras da sua violência explícita, na disseminação de armas e bases militares no mundo inteiro; violência implícita, na financeirização da economia mundial sob o império do dólar. Como diz, com voz rouca e baixa, Amilton Krenak: "Estamos em guerra..." .
As aparências enganam... E guerra é guerra! Até que se compreenda o real significo da paz e seus requisitos.
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Luiz Carlos Azedo - Quem sabe o destino das emendas secretas? Correio Braziliense -https://gilvanmelo.blogspot.com/2024/08/luiz-carlos-azedo-quem-sabe-o-destino.html?spref=fb&fbclid=IwY2xjawEn5_5leHRuA2FlbQIxMQABHZ_m1m6oW6e4lnziPfDktqJg7jKcgRCVo6blgU1h6hhyiE0osd9IcbcsDg_aem_9nRX9UZ9qtcGQI4nwus-GQ
O ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino baixou duas liminares duríssimas para acabar com o chamado “orçamento secreto”. Deputados e senadores têm R$ 49 bilhões em emendas ao longo de 2024, uma parcela das quais é conhecida como “emendas pix”, que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu que fossem auditadas pela Controladoria-Geral da União. A decisão contrariou os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Amanhã, haverá uma reunião de líderes da Câmara para discutir como reagir à decisão do ministro. Os deputados temem uma devassa na destinação das emendas, principalmente as “emendas pix”, que não têm nenhuma transparência, embora esse seja um dos princípios constitucionais do Orçamento da União. O Supremo proibiu a existência do “orçamento secreto”, sob a presidência da então ministra Rosa Weber.
As emendas de deputados e senadores na Lei Orçamentária passaram de R$ 9 bilhões em 2015 para R$ 49 bilhões em 2024, conforme dados do “Siga Brasil – Painel Emendas”, site mantido pelo Senado. Na Lei Orçamentária de 2020, as “emendas RP 9”, que são feitas pelo relator da Comissão Mista de Orçamento, chegaram a 20 bilhões. Em 2021, R$ 16 bilhões. Em 2022, R$ 8 bilhões. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o governo com R$ 15 bilhões de “emendas RP 9” herdadas do governo Bolsonaro. Ainda restam pagar R$ 5 bilhões.
As “emendas pix” foram criadas para burlar a proibição do “orçamento secreto”. Chegam a R$ 15 bilhões neste ano, sem nenhuma transparência e controle. Alguns até destinaram verbas para obras em estados diferentes dos quais foram eleitos, o que o ministro Dino agora proibiu. Há troca de destinação dos recursos por ajuda eleitoral. Tudo em segredo. A CGU tem até setembro para preparar um relatório sobre as dez cidades que mais recebem repasses de emendas e uma análise sobre os riscos por trás das “emendas RP 8”, que podem virar caso de polícia.
O Tribunal de Contas da União (TCU) mapeará as emendas até 21 de agosto e terá 180 dias para colocar no Portal da Transparência informações completas sobre padrinhos e destinatários de “emendas RP 8 e RP 9”. A CGU também auditará os repasses feitos de 2020 a 2024 por meio de “emendas pix” e como a verba foi gasta na ponta. Nada disso seria necessário se os relatores do Orçamento abrissem essa caixa-preta. Ninguém sabe para onde foi o dinheiro, mas eles sabem.
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O DIA NACIONAL DAS ARTES
O Dia Nacional das Artes é comemorado anualmente no dia 12 de agosto. A data foi criada para celebrar as diversas manifestações artísticas que abrangem variadas áreas, como a música, a literatura, o cinema, o teatro, a pintura e tantas outras.
Origem do Dia Nacional das Artes
A origem do Dia Nacional das Artes é o decreto de lei nº 82.385, de 5 de outubro de 1978 e a Lei nº 6.533, de 24 de maio de 1978. Essas leis regulamentaram a profissão de Artista e Técnico em Espetáculos de Diversões, além de reconhecerem mais de 100 outras funções que também compõem o trabalho artístico.
Conforme a legislação brasileira, artista é o profissional que “cria, interpreta ou executa obra de caráter cultural de qualquer natureza para efeito de exibição ou divulgação pública, através de meios de comunicação de massa ou em locais onde se realizam espetáculos de diversões públicas”.
Dia Mundial da Arte
Além de existir o Dia Nacional das Artes, existe um dia internacional dedicado a isso. O Dia Mundial das Artes é comemorado no dia 15 de abril. A data foi criada pela Associação Internacional de Arte (IAA, na sigla em inglês) como forma de conscientizar a atividade criativa no mundo todo.
A data foi comemorada pela primeira vez em 2012 e foi escolhida em homenagem ao nascimento de Leonardo da Vinci. Nos Estados Unidos, há uma série eventos — como exibições, performances, rodas de conversa com artistas — todos os anos, desde 2015, para celebrar a data. Em 2020 a celebração se dará na cidade de Los Angeles pelo quarto ano consecutivo.
Como trabalhar o Dia das Artes na escola?
Essa data tão importante merece ser celebrada nas escolas. As artes podem ser trabalhadas nas aulas dos mais diversos componentes curriculares, não se limitando à área de Linguagens e suas Tecnologias. Veja abaixo algumas ideias de como trabalhar o Dia das Artes na escola.
Excursão para um museu, exposição, teatro ou apresentação musical
Excursões para museus, exposições, teatros ou apresentações musicais são muito interessantes para comemorar o Dia das Artes, já que os alunos costumam gostar muito de excursões. Além disso, essas atividades têm muito a contribuir com as práticas pedagógicas de forma interdisciplinar.
Sessão de cinema na escola
A escola pode promover uma sessão de cinema como forma de celebrar o Dia das Artes. Pode escolher passar um filme para todos os alunos ou vários filmes em salas diferentes e deixar que os alunos escolham qual desejam assistir.
Para tornar a atividade mais rica, é interessante promover debates e rodas de conversa sobre os filmes assistidos e relacioná-los com os conteúdos estudados na escola.
Festival de talentos
Quer forma melhor de trabalhar as artes na escola do que incentivando a produção dos próprios alunos? Um festival de talentos é uma excelente maneira de valorizar os artistas que existem dentro da escola, mostrando a importância da profissão e sua contribuição para a sociedade.
ANEXO
PRA QUE SERVE A ARTE
História das Artes > Olho-Vivo > Pra que serve a arte
As obras de arte, desde a Antiguidade até hoje, nem sempre tiveram a mesma função. Ora serviam para contar uma história, ora para rememorar um acontecimento importante, ora para despertar o sentimento religioso ou cívico.
Foi só neste século que a obra de arte passou a ser considerada um objeto desvinculado desses interesses não artísticos, um objeto propiciador de uma experiência estética por seus valores íntimos.
Assim dependendo do propósito e do tipo de interesse com que alguém se aproxima de uma obra de arte, podemos distinguir três funções principais para a arte.
Função Utilitária: A arte serve ou é útil para se alcançar um fim não artístico, isto é, ela não é valorizada por si mesma, mas só como meio de se alcançar uma outra finalidade.
Esses fins não artísticos variam muito no curso da história. Na Idade Média, por exemplo, na medida em que a maior parte da população dos feudos era analfabeta, a arte serviu para ensinar os principais preceitos da religião católica e para relatar as histórias bíblicas.
Função Naturalista: A obra é encarada como um espelho, que reflete a realidade e nos remete diretamente a ela. Em outras palavras, a obra tem função referencial de nos enviar para fora do mundo artístico, para o mundo dos objetos retratados. Essa atitude perante a arte surge bastante cedo. Ela aparece na Grécia, no século V a.C., nas esculturas e pinturas que “imitam” ou “copiam” a realidade. Essa tendência caracterizou a arte ocidental até meados do século XIX, quando surgiu a fotografia. A partir de então, a função arte, especialmente da pintura, teve de ser repensado e houve uma ruptura do naturalismo.
Função Formalista: Preocupa-se com a forma de apresentação da arte. Há, nessa função, uma valorização da experiência estética como um movimento em que, pela percepção e pela intuição, temos uma consciência intensificada do mundo, ou seja, é a análise da obra de arte como todo, pela sua forma, seu conteúdo, sua temática, seu contexto histórico, sua técnica, enfim, todos os elementos para a compreensão da obra em si.
Quando o ser humano precisa pensar sobre algo, geralmente, busca encontrar elementos funcionais que lhe deem sentido e um valor. Então ele procura responder perguntas como: para que serve? E qual sua importância no mundo?
Esse sentido utilitarista é comum a todos os povos desde as suas formações iniciais. O homem primitivo, por exemplo, precisava se cercar, primeiramente, de objetos que respondessem à sua necessidade urgente de sobrevivência. Por isso, os desenhos nas cavernas, as danças e as representações primitivas precisavam ter utilidade, ou seja, deveriam servir para que os espíritos dos animais fossem atraídos e aprisionados, ajudando os homens nas caçadas.
Com o tempo, essas manifestações artísticas primitivas começaram a ser desvinculadas das suas funções primitivas nas comunidades. O homem passou a revelar interesse por aspectos e objetos que não possuíam função prática na vida, como as formas, as cores, as texturas em tecidos, certos sons, que passaram a ser apreciados por puro prazer. Nesse sentido, tais utensílios e representações passaram, cada vez mais, a ser criados e executados pelo prazer em si, desligando-se de uma utilidade.
Assim, os humanos demonstram, desde tempos ancestrais, interesse pelo enfeite, pelo belo, por elementos e fatos capazes de instigar e manifestar pensamentos e emoções.
A pintura corporal em uma tribo indígena, na maioria das vezes, tem a função de camuflar, preparar-se para a guerra, determinar uma posição social do individuo, preparativos para diversos rituais da tribo, como culto aos deuses, casamento, funeral, ou, simplesmente, enfeitar-se. Atualmente, a pintura da pele, como as tatuagens, na maioria das vezes, estão ligadas a um sentido decorativo, servindo apenas para adornar ou decorar o corpo.
Há vertentes e perspectivas diferentes quanto à função da arte. Isso ocorre porque cada sociedade estabelece uma relação muito específica com os objetos artísticos, definindo necessidades e importâncias particulares. Pode-se, contudo, definir duas correntes de pensamento muito comuns, no que se refere à utilidade da arte.
A primeira defende que as artes não derivam de uma necessidade prática, existindo independentemente de qualquer utilidade, tais como: ensinar, entreter, instigar, inspirar ou educar. Uma das escolas defensoras dessa vertente foi o Romantismo, que estabeleceu o que ficou conhecido como autonomia da arte.
A outra corrente defende que a arte só pode existir ligada a alguma funcionalidade, ou algo que lhe dê um sentido, tal qual ocorria nas sociedades primitivas. Nessa concepção, só pode haver objeto artístico se este se relacionar, por exemplo, a uma função social, histórica, educativa ou psicológica.
Obviamente, as duas correntes possuem fundamentos e argumentos necessários de serem discutidos, mas é inevitável que convivam, em um mesmo processo de criação artística, elementos estéticos e outros de ordem funcional, econômica, etc.
Vale dizer que a humanidade não vive sem a arte, seja ela funcional, mista ou puramente ligada à fruição da beleza.
https://www.historiadasartes.com/olho-vivo/pra-que-serve-a-arte/
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9 de agosto - Dia Internacional dos Povos Indígenas.
Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas - https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Declaracao_das_Nacoes_Unidas_sobre_os_Direitos_dos_Povos_Indigenas.pdf
O Brasil tem, hoje, cerca de 1,7 milhão de indígenas. Quando do “Descobrimento”, porém, em 1500, mais de 5 milhões deles habitavam nosso território. No contato com o colonizador, foram sendo sumariamente dizimados, tanto pelo contágio, que os expunha a doenças fatais, como pelo extermínio provocado no confronto com os brancos, ou sua captura para trabalhar como escravos nas lavouras coloniais. Já em 1650, no Maranhã, o Padre Vieira, em seus sermões denunciava esta chacina provocada pela cobiça dos portugueses, o que lhe valeu a remoção para Roma - https://revistacienciaecultura.org.br/?p=2645 .
O profundo humanista que foi Padre António Vieira não podia ficar indiferente à brutalidade com que os ameríndios e os escravos negros eram tratados no Brasil. Uma prática, aliás, consentida por toda a Europa colonizadora. O missionário tudo viu e tudo denunciou na corte portuguesa. O religioso fez parte da Companhia de Jesus e defendia, além dos indígenas, a liberdade dos judeus, perseguidos na época pela Inquisição da Igreja Católica.
Nas Guerras Guaraníticas, no sul do Brasil, que destruiriam as Missões, em 1756/7, em apenas um dia pereceram mais de mil índios, daí resultando o lema ainda hoje defendido pelo MST: “ESTA TERRA TEM DONO!”. Um século antes, bandeirantes oriundos de São Vicente já haviam aprisionado talvez milhares deles, arrasando diversas reduções que se haviam instalado desde 1626, no Rio Grande, por obra e graça de Roque Gonzalez. No começo do século XX, o ilustre republicano, General Rondon, em sua peregrinação pelo interior do Brasil, que inspiraria Darci Ribeiro à antropologia – e que o acompanharia até o leito de morte - proclamava sua célebre frase que consagraria a Política Indigenista do país: “Matar (um índio) nunca; morrer se for preciso”. Dele, também, o exemplo que levou à criação da FUNAI e à ação de exemplares sertanistas como os irmãos Villas Boas que tanto fizeram pela preservação da vida e cultura dos povos originários do Brasil, destacando-se aí seus esforços para transferi-los para uma área protegida na Ilha do Bananal, onde ainda se encontram, como se pode ver em documentários antológicos como “Xingu”- XINGU : TRAILER OFICIAL • DT - YouTube . Graça a tais esforços, muitos indígenas se educaram e hoje ocupam importantes papeis na vida pública do país: médicos, engenheiros, administradores, professores, todos com fortes vínculos com suas aldeias. Soninha guajajara é, por primeira vez no Brasill, Ministra dos Povos Indígenas. Amilton Krenak, escritor, por sua vez hoje ocupa um assento na Academia Brasileira de Letras e, com sua voz calma e profunda, não se cansa de repetir: -“Estamos em guerra”. Guerra pela sobrevivência de uma cultura ancestral, com mais de 200 línguas, todas clamando: “ É na ancestralidade que repousa nosso futuro”...
O Dia Internacional dos Povos Indígenas é comemorado no dia 9 de agosto. Essa data marca a importância dos povos indígenas para as sociedades mundiais. Foi criada em 1995 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esse dia comemorativo é um instrumento de luta e apoio às causas indígenas.
Leia também: 19 de abril — Dia Nacional dos Povos Indígenas
Tópicos deste artigo
• 1 - Resumo sobre o Dia Internacional dos Povos Indígenas
• 2 - Origem do Dia Internacional dos Povos Indígenas
• 3 - Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas
• 4 - Importância do Dia Internacional dos Povos Indígenas
• 5 - Povos indígenas no Brasil
• 6 - História dos povos indígenas
Resumo sobre o Dia Internacional dos Povos Indígenas
• O Dia Internacional dos Povos Indígenas é comemorado internacionalmente no 9 de agosto.
• Criado pela ONU em 1995, esse dia comemorativo permite valorizar as práticas dos povos indígenas, tidos como os primeiros habitantes dos territórios americanos, por meio de eventos diversos.
• A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas foi criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU).
• Esse documento apresenta um conjunto de direitos universais para as populações indígenas dos diferentes países do globo.
• O Censo Demográfico de 2022, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que há cerca de 1,7 milhão de indígenas no Brasil.
Origem do Dia Internacional dos Povos Indígenas
Celebrado no dia 9 de agosto, o Dia Internacional dos Povos Indígenas foi criado em 1995 pela Organização das Nações Unidas (ONU). O contexto histórico de criação dessa data esteve atrelado à necessidade de demarcar a importância desses povos para as sociedades mundiais. Além disso, a referida data busca reconhecer e valorizar toda a contribuição histórica, política, econômica e cultural dos povos indígenas. Portanto, o Dia Internacional dos Povos Indígenas é parte de um movimento maior de valorização dos povos indígenas mundiais.
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Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas - https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Declaracao_das_Nacoes_Unidas_sobre_os_Direitos_dos_Povos_Indigenas.pdf
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas foi criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O referido documento é composto por 46 artigos, que buscam apresentar todos os direitos básicos das populações indígenas mundiais, sendo essa a ideia central dele. Entre os principais pontos defendidos pela Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, estão:
• igualdade de condições perante as leis internacionais;
• autodeterminação dos povos;
• combate a qualquer tipo de discriminação;
• direito aos territórios;
• respeito às cultura, língua e religião tradicionais.|1|
A Declaração também aponta a necessidade de políticas públicas no contexto indígena e, ainda, apoia a contribuição financeira de agentes estatais para a manutenção dos direitos básicos dos povos indígenas.
Importância do Dia Internacional dos Povos Indígenas
O Dia Internacional dos Povos Indígenas é um instrumento de luta e apoio às causas indígenas, visto que visibiliza a grande importância dessas populações. Nesse sentido, essa data possibilita o estabelecimento de reflexões e debates sobre o cenário atual das populações indígenas.
Ademais, o dia permite a valorização das práticas indígenas no contexto mundial, o que se dá por meio de eventos diversos. Ressalta as contribuições e tradições indígenas para a população em geral, bem como destaca a importância desses povos em diferentes âmbitos da sociedade. O Dia Internacional dos Povos Indígenas permite, ainda, o amplo debate sobre os direitos básicos dessas populações.
Povos indígenas no Brasil
O Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que há cerca de 1,7 milhão de indígenas no Brasil.|2| Esse número representa menos de 1% do total da população absoluta do país.
Os povos indígenas brasileiros compõem um conjunto muito diverso de tribos e populações com práticas culturais bastante distintas. Nesse cenário, evidenciam-se os troncos indígenas macro-jê e tupi. Os povos indígenas brasileiros possuem línguas, religiões e demais tradições bastante diferentes entre si, compondo um grande mosaico cultural que sustenta um dos principais pilares da sociedade brasileira.
As populações indígenas brasileiras possuem tradições bastante heterogêneas. [1]
A região Norte do Brasil é a que possui o maior número de indígenas, com destaque para o estado do Amazonas. O número de indígenas também se destaca nos seguintes estados: Bahia, Roraima, Mato Grosso do Sul e Pernambuco. A população indígena brasileira encontra-se distribuída de forma bastante desigual ao longo do território nacional.
A maior parte dos indígenas habita a Amazônia Legal. Nessa região está a maior reserva indígena em população do país, chamada de Terra Indígena Yanomami. Contudo, a maior parte dos indígenas brasileiros mora fora de terras indígenas, oficialmente demarcadas pelos agentes estatais.
Veja também: Funai — o órgão do governo brasileiro que atua na proteção e na garantia dos direitos das populações indígenas
História dos povos indígenas
Os povos indígenas são agrupamentos humanos considerados os primeiros habitantes dos territórios americanos. Essa população habitava vastas áreas naturais do espaço geográfico da América ao longo de milhares de anos, assim, já estava estabelecida nos territórios nacionais na época da chegada de exploradores e colonizadores.
Por exemplo, no Brasil, os indígenas já viviam em vastas extensões do território muito antes da chegada dos colonizadores portugueses, em 1500, praticando diferentes atividades de subsistência, como caça e pesca.
Os povos indígenas compõem um grupo histórico e populacional bastante diverso, com diferentes práticas culturais em termos de língua, religião e demais ações cotidianas. A história desses povos está comumente associada a perseguições diversas, fruto do vasto processo de colonização empreendido por povos estrangeiros.
Notas
|1| ONU. Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. ONU, 2008. Disponível em: https://www.un.org/esa/socdev/unpfii/documents/DRIPS_pt.pdf.
|2| IBGE. Panorama do censo 2022. IBGE, 2023. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/indicadores.html?localidade=BR.
Crédito de imagem
[1] Joa Souza / Shutterstock
Fontes
AZOUBEL, H. Dia Internacional dos Povos Indígenas. UFMG, 2022. Disponível em: https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/dia-internacional-dos-povos-indigenas/.
CABRAL, U.; GOMES, I. Brasil tem 1,7 milhão de indígenas e mais da metade deles vive na Amazônia Legal. IBGE, 2023. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/37565-brasil-tem-1-7-milhao-de-indigenas-e-mais-da-metade-deles-vive-na-amazonia-legal.
IBGE. A origem dos índios. IBGE, c2023. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/historia-indigena/a-origem-dos-indios.html.
IBGE. Indígenas. IBGE, c2023. Disponível em: https://indigenas.ibge.gov.br/.
ONU. Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. ONU, 2008. Disponível em: https://www.un.org/esa/socdev/unpfii/documents/DRIPS_pt.pdf.
VELASCO, C.; CROQUER, G.; PINHONI, M. Censo do IBGE: Brasil tem 1,7 milhão de indígenas. G1, 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2023/08/07/censo-do-ibge-brasil-tem-17-milhao-de-indigenas.ghtml.
Escrito por: Mateus CamposLicenciado em Geografia e Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Atua como produtor de conteúdo educacional e professor da educação básica na área de Geografia.
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
CAMPOS, Mateus. "9 de agosto - Dia Internacional dos Povos Indígenas"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-internacional-dos-povos-indigenas.htm. Acesso em 09 de agosto de 2024.
ANEXO
P. António Vieira (1608-1697) e a defesa da liberdade dos indígenas -https://revistacienciaecultura.org.br/?p=2645 .
O português António Vieira veio menino para o Brasil. Foi ordenado na Bahia em 1634 e, como pregador na igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em Salvador, defendeu a colônia, a expulsão dos holandeses da Bahia e de Pernambuco. Em 1641, ao fim da União Ibérica, retornou a Lisboa. Nessa volta, D. João IV restaurava o reino de Portugal em nome da casa de Bragança. Vieira ficou muito próximo do rei tornando-se seu conselheiro, pregador régio e representante de Portugal em questões econômicas e políticas em Paris, Amsterdã e Roma. Na Restauração Pernambucana foi contemporizador, propondo ao rei que entregasse Pernambuco aos holandeses para trazer paz à colônia. Não foi isso que aconteceu, mas no fim das negociações a coroa portuguesa pagou uma indenização proposta pelos holandeses, pelo calote dos senhores de engenho de Pernambuco. D. João IV também ouvia queixas de que os bandeirantes estavam escravizando os indígenas, e que estes também eram escravizados pelos colonizadores do Pará e Maranhão. A pedido de Vieira, em 1655 o rei concedeu aos jesuítas o direito de serem os administradores temporais dos aldeamentos.
De volta ao Brasil, Vieira trabalhou nas missões no Pará e no Maranhão entre 1653 e 1661. Nessa época os padres jesuítas tinham ganhado amplo controle sobre os trabalhadores nativos, com poder de determinar se estavam sendo escravizados, ou não. Também lhes cabia gerenciar o uso de trabalhadores indígenas livres que viviam nos aldeamentos missionários para servirem os moradores.
Diferentemente de outras regiões da América portuguesa, o então Estado do Maranhão e Pará se estabeleceu com base principalmente no uso de trabalhadores indígenas. Os índios eram empregados tanto nas lavouras, como na extração dos produtos da floresta, as drogas do sertão. Por muito tempo, a principal força de trabalho na região continuou sendo a mão de obra indígena escravizada pelos colonizadores.
Atendendo ao desejo de D. João IV, Vieira lutou contra os colonos portugueses que desejavam escravizar índios no Maranhão. Os jesuítas tinham um projeto de aculturação e controle dos indígenas, executado através dos aldeamentos, que contrariava os interesses dos colonizadores. Mas, como as coisas estavam, os índios escravizados pelos colonizadores sentiam-se violentados; os colonizadores sem escravos indígenas sentiam-se prejudicados porque também não recebiam, como os religiosos, os bens cedidos pelos reis, nem doações ou heranças legadas pelos fieis. No entanto, eram eles que administravam extensas fazendas de gado, plantações de algodão, engenhos e participavam ativamente do comércio das drogas do sertão, sobre cujas atividades, no regime do padroado, a coroa recolhia o dízimo.
Pela revolta dos colonizadores, em 1661 Vieira foi expulso do Maranhão com os companheiros da ordem. Vieira foi pessoalmente atacado porque, sendo próximo de D. João IV, como vimos, foi um dos articuladores dessa política indigenista adotada por esse monarca, que definiu as principais diretrizes em relação aos índios do Maranhão e Pará, que passaram a vigorar no início da década de 1650. Em dois meses, a revolta se espalhou para a vizinha capitania do Pará. A população de Belém se dirigiu ao colégio jesuíta de Santo Alexandre e deteve o padre Vieira que aí tinha vindo. Imediatamente enviado a São Luís, daí foi enviado para Lisboa, de onde nunca mais voltaria ao Maranhão e Pará.
Em Lisboa, Vieira por sua vez defendeu a liberdade religiosa dos judeus e cristãos novos, numa época em que as pessoas suspeitas de heresia eram condenadas pela Inquisição. Sem o beneplácito de D. Afonso VI, rei na época, acabou sendo preso pela Inquisição entre 1666 e 1667.
Sendo anistiado em Lisboa, Vieira foi para Roma onde foi absolvido pelo papa em 1668. Retornando à Bahia em 1681 já com problemas de saúde viveu recolhido dedicando-se a escrever seus Sermões, falecendo em 1697 com 89 anos.
Com a subida ao trono de D. Afonso VI em 1662, os jesuítas e, principalmente, o padre Vieira, caíram em descrédito na corte portuguesa. Esta nova situação ficou clara com o perdão concedido em 1663 aos revoltosos do Maranhão e Pará, e com a proibição explícita do retorno do padre Vieira àquela colônia.[1] Em 1663 D. Afonso VI retirou dos jesuítas a administração temporal dos povos nativos no Estado do Maranhão. Os jesuítas foram expulsos do Maranhão em 1684 na esteira da Revolta de Beckman (1684-1685) quando a revolta não era só pela questão indigenista, mas também pela criação da monopolista Companhia Geral de Comércio do Maranhão.
No entanto, o estabelecimento de missões religiosas católicas no litoral norte da Amazônia Portuguesa era a solução para conter tentativas de cooptação dos povos nativos pelos calvinistas franceses e reformistas ingleses, holandeses e irlandeses que colocavam em perigo os interesses mercantis e políticos dos portugueses na região. Os jesuítas eram considerados hábeis para estabelecer alianças militares com os povos nativos. Mas se o confronto dos jesuítas era antes só com os colonizadores portugueses que escravizavam os indígenas, agora os missionários e os colonizadores portugueses eram colocados contra os invasores franceses.
Por volta de 1680 havia tensões entre os governos da Capitania do Grão-Pará (Belém) e da Guiana Francesa (Caiena) pela manutenção e expansão de seus domínios no Cabo do Norte, atual Amapá. O Cabo do Norte era aquela capitania doada em 1637 por Felipe IV da Espanha ao português Bento Maciel Parente. Cumprindo determinação de Luís XIV, o marquês de Ferroles atacaria o Cabo do Norte em 1681. Em 1680, Pedro II (1648-1706) ainda príncipe-regente, fez expedir uma carta régia determinando que os jesuítas fossem trabalhar no Cabo Norte. O rei não queria que os índios passassem para o lado dos franceses. Os jesuítas recuperaram a autoridade que tinham perdido em 1661 e, para viabilizar o plano do rei, eles ganharam também o poder temporal sobre os aldeamentos de povos nativos. Atendendo a um pedido do príncipe regente, o padre Vieira que ainda estava em Portugal providenciou a vinda do padre Pfeil a essa região.
O Regimento das Missões do Estado do Maranhão e Grão-Pará decretado por D. Pedro II em 1686 restaurou a autoridade temporal dos jesuítas para administrar os aldeamentos e permaneceu em vigor até 1758. Esse ano o marquês de Pombal introduz o Diretório dos Índios e, no ano seguinte, ele expulsaria os jesuítas de Portugal e todas as colônias, de forma definitiva.
________________________________________
Notas
[1] Chambouleyron, Antônio Vieira Rafael, Padres fora!, Revista de História, 9, 24-27, 2013.
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/padresfora
Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
REBECA É A MULHER INESQUECÍVEL
Rebeca Andrade enfrentou os pedregulhos, e viveu entre entulhos, numa ruela ferida de feios barulhos.
Sim, Rebeca nasceu e cresceu em Guarulhos e de lá saiu para encher de orgulho o país da desigualdade.
Rebeca retribuiu com puro ouro o ferro velho que recebeu com os punhos fechados da vida real. Filha de mãe solo, Rebeca dourou o solo olímpico, mesmo sendo filha de um solo que quase nunca foi gentil.
Rebeca é filha da periferia que lhe feria os sentidos, quando ela fazia sua forçada marcha atlética, trotando dois quilômetros até o treino, pois a mãe diarista não tinha dinheiro para pagar a passagem, já que o suor do seu rosto mal rendia pão amanhecido de cada dia.Rebeca enriqueceu a pátria que poucas vezes lhe foi mátria - o país padrasto em que ela cresceu sem pai. A mãe limpava a casa e fazia a comida - dos outros. Quando dormia no “quarto da empregada”, terá em alguma madrugada insone sonhado acordada emver Paris aos pés da filha, ao lado da Torre Eiffel?
Nesse país tantas vezes às avessas, Rebeca não pode nem deve virar Rebíquel, a mulher inesquebeca, simplesmente porque seu passado nos cobres e seu presente de ouro precisavam se manter inesquecíveis para nos lembrar que o Brasil é uma imensa Guarulhos, com vielas abertas que só não nos causam engulhos porque fingimos que não as vemos - a caminho do aeroporto, que tem gente que julga ser a melhor saída.
O Brasil de Rebeca Andrade comprova que esse país por vezes parece um suspense psicológico dirigido por Hitchcok, baseado no romance que Daphne Du Maurier roubou descaramente da escritora brasileira Carolina Nabuco, filha do abolicionista Joaquim Nabuco, o diplomata que lutou por um país onde milhões de mulheres e os homens pretos pudessem transformar seu suor em ouro para si mesmos - e se tornarem de fato inesquecíveis, como nossa sapeca e inesquebeca Rebeca, a garota dourada, a mulher inesquecível.
(Eduardo Bueno)
Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
Carlos Benedito Martins, Felipe Maia* - Intelectuais ainda têm influência nos debates públicos? Folha de S. Paulo
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../carlos-benedito...
A figura de intelectual público, simbolizada por pessoas com amplo repertório cultural, destreza na escrita e na interação com o público e disposição para se engajar em discussões que mobilizam a sociedade, ganhou popularidade no século 20, tendo em Jean-Paul Sartre uma de suas mais célebres expressões. Nas últimas décadas, contudo, mudanças sociais, sobretudo na produção e difusão de conhecimento nas universidades, acarretaram o declínio desse modelo e apontam novas modalidades de intervenção intelectual
Ao escrever sobre a representação do intelectual, Edward Said destacou que sua imagem foi moldada pelo caso do capitão Alfred Dreyfus, durante o qual o romancista Émile Zola mobilizou diversos homens de letras —sim, quase todos, homens— em uma causa política e moral que colocava em questão os fundamentos e a dinâmica da República francesa.
Em vista disso, o intelectual, na visão de Said, teria como missão confrontar ortodoxias, atuar de forma crítica na sociedade e agir com base em princípios universais. Essa categoria social surgiu no final do século 19, em um contexto de transformações sociais, como o processo de urbanização na Europa, o desenvolvimento de universidades e a industrialização da imprensa e da atividade editorial.
Esses eventos contribuíram para a formação de um espaço público aberto a debates políticos e culturais e, igualmente, propiciaram a autonomia da esfera da produção intelectual. Assim, os escritores e os artistas puderam se libertar da chancela de diversas modalidades de mecenato e passaram a viver de seus trabalhos e a se inserir na arena pública, ao lado de professores universitários, cientistas e profissionais liberais.
O nascente modelo de intelectual público passou a ser simbolizado por figuras que conquistaram visibilidade na arena cultural e política, combinando habilidades como o conhecimento humanista, a capacidade de escrever bem, de falar em público e de se engajar em causas sociais, éticas e políticas.
São personagens que falam "a verdade diante do poder", na expressão de Said —e que tiveram na figura de Jean-Paul Sartre uma de suas mais célebres expressões. Este modelo dominou o imaginário social e foi considerado, em larga medida e em muitos lugares, a forma legítima de atuação dos intelectuais na sociedade.
Durante o século 20, como detentores de um capital cultural adquirido nas instituições escolares e/ou no meio familiar, os intelectuais conquistaram visibilidade participando de eventos significativos nas arenas cultural e política de diversas sociedades pelo mundo.
Para tanto, combinaram suas capacidades de produzir ideias com ações que permitiram que elas circulassem para além dos meios profissionais ou literários, afetando a compreensão e a motivação de audiências amplas. Isso tornou os intelectuais personagens públicos associados a representações coletivas sobre crises, questões sociais e alternativas de mudanças.
Alguns deles viraram figuras icônicas a partir de uma combinação de performance na arena pública e de elaboração de narrativas persuasivas a respeito da vida social, contando com uma infraestrutura de comunicações composta por editoras, revistas, jornais, organizações políticas ou de mídia. No entanto, seria enganoso imaginar que o espaço intelectual se restringe aos intelectuais que se tornaram célebres.
Transformações sociais em escala global reverberaram na reconfiguração nas modalidades de participação dos intelectuais nos dias correntes e impactaram suas articulações com a esfera pública, com as instituições de produção e transmissão de conhecimento, em especial com a universidade e com a própria vida cultural e política.
Nesta direção, ao longo do tempo, ocorreu uma crescente diversificação do espaço intelectual. Além de escritores, artistas, cientistas, acadêmicos, passou a contar com a presença de administradores públicos, especialistas em meios de comunicação, jornalistas, blogueiros, entre outras categorias.
Diante deste cenário, no qual estes atores travam uma acirrada luta concorrencial em busca do significado legítimo da figura do intelectual, qualquer definição social a priori sobre este grupo corre o risco de efetuar um "coup de force", incluindo ou excluindo de forma arbitrária os atores deste espaço.
Isso posto, a esfera intelectual ficou mais heterogênea, menos centralizada em personalidades consagradas e mais matizada no que diz respeito aos modos de intervenção ou engajamento destes atores, o que significa também uma intensificação da disputa em torno dos atributos de legitimidade para lidar com questões públicas, assim como em suas relações com as instituições de produção de conhecimento e as organizações políticas ou da sociedade civil.
Os trabalhos de Richard Posner, "Public Intellectuals: A Study of Decline", e de Russell Jacoby, "The Last Intellectuals: American Culture in the Age of Academe", ressaltaram que a expansão das universidades no pós-guerra passou a absorver uma parte expressiva dos intelectuais em seu interior. Para eles, as universidades contemporâneas impulsionaram a diversificação e a especialização do conhecimento, ao mesmo tempo em que profissionalizaram a carreira acadêmica.
Assim, os intelectuais que gradativamente tornaram-se acadêmicos organizaram suas vidas em função dos critérios de suas carreiras e encontram-se submetidos de forma crescente a formas de avaliação institucional.
Ao mesmo tempo, passaram a divulgar seus trabalhos em periódicos especializados, utilizando uma linguagem acessível basicamente aos membros de uma determinada área ou sub-área de conhecimento, tendo como audiência prioritária seus colegas de profissão. Com isso, perderam a comunicação com uma audiência mais ampla.
Atualmente, o ambiente cultural se tornou menos favorável ao tipo de intelectual que marcou o século passado. Patrick Baert, em seu trabalho sobre a figura de Sartre, "The Existentialist Moment: The Rise of Sartre as Public Intellectual", mostrou que as condições de reprodução da figura do intelectual público "universal" ou, como ele prefere, do "intelectual com autoridade" para tratar de temas diversos, para além de sua especialidade profissional, ficaram cada vez mais problemáticas.
Para ele, essa modalidade de intelectual surgiu em sociedades nas quais o capital cultural encontra-se concentrado numa pequena elite e, ao mesmo tempo, em que o meio acadêmico possui uma estrutura amorfa, indicando uma limitada especialização do conhecimento.
A institucionalização das ciências sociais e o surgimento do estruturalismo na França, a partir de 1950, abalaram a posição destacada que ocupava a filosofia, disciplina que constituía em larga medida o celeiro dos intelectuais públicos. Desde então, esses processos de institucionalização e profissionalização das ciências sociais, que ocorrem em várias partes do mundo, têm criado obstáculos para a atuação do intelectual público "universalista", que trata de questões sociais, políticas e culturais desprovido do treino adequado à respectiva área do conhecimento.
No mesmo sentido, a expansão mundial do ensino superior, que vem se processando desde os anos 1970, incrementou o volume da produção, circulação e difusão de conhecimento disponível para a esfera pública, contribuindo também para a disseminação de um sentimento de ceticismo com relação à plausibilidade das formulações realizadas por este tipo de intelectual.
Essas considerações não significam que os intelectuais públicos desapareceram. Ao contrário, trata-se de reconhecer o surgimento de novas formas de intervenção na vida social, transformando o registro de narrativas de declínio ou decadência numa narrativa de mudança na atuação intelectual.
Se determinadas transformações sociais e acadêmicas tornaram mais complexo o surgimento do intelectual público universalista, precisamos indagar o que surgiu em seu lugar. Na esteira da segmentação do conhecimento produzido nas universidades, cujo primado tem norteado a organização dos departamentos, dos laboratórios de pesquisas e direcionado a contratação do corpo docente, crescem as oportunidades de atuação de intelectuais públicos especializados, que utilizam seu conhecimento profissional, proveniente de suas investigações nas ciências sociais ou naturais, para se envolver em debates precisos e relevantes.
A especialização não significa um abandono da crítica ou da preocupação com valores que procuram defender no espaço público. Diferentemente de experts que procuram apoiar suas intervenções na suposta neutralidade de seus conhecimentos, como indício de cientificidade, os intelectuais públicos especializados desenvolvem a crítica sem se identificar com a figura do intelectual universal.
Na década de 1970, quando Michel Foucault formulou sua concepção de intelectual específico, em oposição à figura do intelectual universal, tinha em mente essa forma de engajamento, de tal modo que sua pesquisa sobre a história da punição, exposta em "Vigiar e Punir", estava vinculada à sua luta contra o sistema prisional.
Em sua visão, a função do intelectual não é dizer aos outros o que fazer, tampouco modelar a vontade política dos atores, mas sim repensar, por meio de sua competência profissional, as categorias de análises do mundo social, interrogar as evidências e os postulados rotineiros.
Para ele, a função do intelectual consiste em diagnosticar o presente, longe de raciocinar em termos de totalidade para formular promessas de um tempo vindouro. Busca lutar, a partir de questões circunscritas, contra as diversas formas de poder em situações nas quais ele é mais invisível e insidioso.
Alguns dias após a morte de Foucault, em junho de 1984, Pierre Bourdieu publicou no jornal Le Monde um artigo em sua homenagem. Nele ressaltou que, ao elaborar a noção de intelectual específico, Foucault aliou de forma recorrente a realização de seus trabalhos pontuais com engajamentos políticos, mas abdicou, de forma deliberada, do papel de portador da verdade e da justiça.
Bourdieu, diante do avanço da "restauração conservadora neoliberal", expressão cunhada por ele mesmo, percebeu a necessidade de criar a figura do intelectual coletivo.
Nesse ponto de vista, as intervenções individuais dos intelectuais deixaram de ser suficientes diante da forte presença do neoliberalismo, daí a premência de criar um trabalho de equipe, apoiado nos conhecimentos das ciências sociais, em defesa dos dominados e contra a destruição de uma civilização, conforme ele manifestou em intervenção pública realizada na estação ferroviária de Lyon, durante as greves de 1995. Em sua perspectiva, a ação do intelectual coletivo envolve o difícil equilíbrio entre as atividades de pesquisador e a participação em intervenções públicas sobre temas polêmicos de interesse geral.
Não seria improcedente afirmar que a questão do sucesso dos intelectuais ocupa posição destacada no imaginário social e na opinião pública, em função, principalmente, da visibilidade e celebridade adquiridas pela alta exposição e projeção na mídia.
No entanto, essa obsessão pelo êxito de intelectuais que se destacam na arena pública tende a ofuscar a participação importante de milhares de outros que atuam em espaços locais da vida social. Por não receberem os holofotes da mídia, tornam-se menos visíveis em escala nacional ou planetária.
Esses intelectuais anônimos estão presentes em diversos movimentos, envolvem-se com as comunidades locais e influenciam aspectos sociais, culturais e políticos de suas sociedades. Cada um desses ambientes envolve a interação com um público específico, diversificado e, muitas vezes, denso para a reflexividade social em torno de problemas e formas de ação.
Nessas situações, a relação do intelectual e do saber especializado com outros saberes, tais como aqueles que se desenvolvem em movimentos sociais, organizações e em grupos de profissionais, beneficia-se da dissolução da hierarquia e da autoridade em favor de práticas que levam ao aprendizado mútuo e a um sentimento de participação. São aspectos valorizados na concepção de uma "sociologia pública", tal como defendida por Michael Burawoy, que tem ganhado difusão e variações locais na prática disciplinar.
Os intelectuais também estão inseridos em comunidades epistêmicas, ou seja, em redes formais e/ou informais, localizadas em diversas sociedades nacionais, das quais fazem parte profissionais de diferentes áreas do conhecimento, que operam em dimensões locais e nacionais. Dado que tendem a compartilhar princípios e crenças comuns a respeito de determinadas questões sociais, políticas e culturais, encontram-se inclinados a identificar e intervir em assuntos que consideram de relevância geral.
Com o processo de globalização da esfera cultural e da vida acadêmica, propiciando o intercâmbio de ideias e de informações entre os países, essas comunidades epistêmicas atuam também em plano global, em diversidade de temas, tais como direitos humanos, imigração internacional, aquecimento global, entre outros. Ainda que pouco visíveis individualmente, esses intelectuais contribuem para projetar uma série de questões relevantes para o debate público.
Essas transformações na modalidade de intervenção na sociedade incidem também nas relações com a audiência pública mais ampla, em situações que lidam com causas e questões semelhantes àquelas que marcaram a história dos intelectuais.
Como exemplo, podemos citar os dilemas postos pelas múltiplas dimensões das crises contemporâneas: das emergências climáticas às guerras na Ucrânia e na Palestina, da pandemia à crise das democracias. Em todas elas, o conhecimento especializado constitui um elemento fundamental, porém necessita ser suplementado por uma articulação mais geral de perspectivas éticas, políticas e culturais, que excedem os procedimentos estritamente controlados da pesquisa científica e do trabalho acadêmico mais restrito.
A mobilização do capital cultural e do reconhecimento adquiridos no meio científico são valorizados e podem ser úteis para o acesso à esfera pública, mas não fornecem, por si mesmos, condições de autoridade e para uma intervenção eficaz.
Uma compreensão mais democrática dos intelectuais aponta que seu engajamento no debate público se dá, necessariamente, na condição de um participante que não detém uma posição de enunciação privilegiada, mas está sujeito ao confronto com outros pontos de vista. Apenas assim podem favorecer o autoentendimento das sociedades e de seus problemas.
Assim como determinadas condições sociais propiciaram o surgimento dos intelectuais como uma categoria social no final do século 19, atualmente um conjunto de transformações ocasionou a emergência de novas modalidades de suas presenças na vida social.
São formas mais descentralizadas de intervenções e de modos de participação, possivelmente menos visíveis, quando comparadas com décadas passadas, e que são realizadas, crescentemente, de forma coletiva, em diferentes esferas da sociedade.
Longe de serem insignificantes, esses novos formatos de atuação expressam uma renúncia a uma posição do intelectual como legislador, sem, no entanto, abrir mão de uma postura crítica diante das conjunturas.
Ao mesmo tempo, torna-se oportuno assinalar a persistência de um ethos anti-intelectualista conduzido por parte de grupos políticos de extrema direita, que procuram desacreditar socialmente o conhecimento científico, atacar às produções artística e literária e depreciar a figura de seus autores. Representam, enfim, a contraparte cultural de uma aversão à democracia política.
Essa disposição anti-intelectualista possui uma longa tradição que perpassa a investida de Maurice Barrés, que acusava os apoiadores de Alfred Dreyfus de serem maus franceses, inimigos do instinto vital da nação.
Em tempos recentes, essa perspectiva evidenciou-se, por exemplo, em livros como "Os Intelectuais", de Paul Johnson, que os caracterizam como seres ilógicos, arrogantes, que deveriam ser objeto de constante suspeita e mantidos longe do poder, uma vez que procurariam impor de forma obstinada suas ideias abstratas a homens e mulheres.
No Brasil, essa visão intolerante sobre a vida acadêmica e a produção cultural esteve presente em vários momentos históricos, como durante a ditadura militar instaurada em 1964 e o governo passado que manifestou profunda aversão ao trabalho intelectual.
Diante desse cenário de intimidação, é preciso proteger a liberdade de produção de conhecimento nas esferas artística, literária e científica, assim como seus modos de participação no espaço público.
A autonomia da produção cultural pressupõe a existência de uma sociedade plural, na qual as intervenções dos intelectuais, ao estabelecerem relações entre problemas específicos e questões de interesse público, possuem fundamental relevância social e contribuem igualmente para a preservação de uma sociedade democrática.
*Carlos Benedito Martins, professor titular do Departamento de Sociologia da UnB (Universidade de Brasília)
*Felipe Maia, professor Associado do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Juiz de Fora
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A CRISE DOS CUIDADOS
A pandemia do COVID, que abalou o país de 2021 e 2022, matando cerca de 700 mil pessoas, trouxe uma mudança estrutural nos cuidados da sociedade com pessoas doentes e vulneráveis. Conheça o GUIA SOBRE TRABALHO DOMÉSTICO E DE CUIDADOS - https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/guia-sobre-trabalho-domestico-e-de-cuidados.pdf .
Cresceu a questão dos cuidadores, geralmente mulheres, em 87% dos casos, pressionando-as diante deste pesado encargo que se soma a outras atribuições domésticas que identificam a múltipla jornada delas. Muitas, inclusive, tiveram que abandonar seus empregos. Este processo vem sendo intensificado, também, pelo envelhecimento da população, a qual se estabilizará, pelos óbitos do COVID, antes de 2035. São as mulheres da família que acabam se responsabilizando pelos país e familiares em situação de vulnerabilidade.
Isso posto, os “cuidados” deixam de ser um assunto restrito e acabam desenvolvendo preocupações econômicas:
Economia do Cuidado no Brasil - Economia do Cuidado – Entenda lab.thinkolga.com
https://lab.thinkolga.com › laboratorioPesquisas, Dados e Inteligência Feminina para Entender Questões de Gênero no Brasil. Análises e Exercícios para Construir Futuros...
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Trecho da Web em destaque
Imagine se esse tempo dedicado a cozinhar, limpar e cuidar de crianças, por exemplo, fosse contabilizado. A conta já foi feita! Essas jornadas valem quase 11 trilhões de dólares por ano. Portanto, entende-se por “economia do cuidado” o trabalho invisibilizado, e não remunerado, exercido majoritariamente por mulheres.5 de fev. de 2024
Economia do cuidado: o trabalho não remunerado ... - Politize!
Isso colocou em cheque o art. 269 da Constituição que frisa que os país devem cuidar dos filhos e os filhos, dos país. Mas que país, se as tarefas acabaram recaindo principalmente sobre as mães? Releva, então, o recurso a cuidadores. Hoje, a profissão de CUIDADOR já está criada por lei, PEC DAS DOMÉSTICAS, mas não adequadamente regulamentada. Isso traz à tona a crise dos cuidados e dos cuidadores. O cuidado, não é propriamente um trabalhador doméstico, embora não seja, também, um enfermeiro. Tampouco, pela sua importância na economia, na sociedade e na família, é um assunto privado mas do interesse social, portanto, do Estado.
Imagine se esse tempo dedicado a cozinhar, limpar e cuidar de crianças, por exemplo, fosse contabilizado. A conta já foi feita! Essas jornadas valem quase 11 trilhões de dólares por ano. Portanto, entende-se por “economia do cuidado” o trabalho invisibilizado, e não remunerado, exercido majoritariamente por mulheres.6 de fev. de 2024
O CUIDADO, enfim, está, cada vez mais no centro da vida de todos e de todas as famílias. Faz-se necessário, cada vez mais, estender a questão do cuidado ao sistema de proteção social. Até porque a liberação das mulheres destas responsabilidades familiares para sua inserção no mercado de trabalho pode gerar um aumento de até 3¨% do PIB – VER site GÊNERO E NÚMERO - https://webstories.generonumero.media/direitos/crise-do-cuidado/ . A importância do assunto vem, aliás, ganhando peso cada vez maior na Academia, como se pode ver por este artigo de Nadya Araujo Guimarães que reflete o caso brasileiro - https://www.scielo.br/j/sant/a/qv89WgWxdGKgmkcB9GtjxXt/ >:
“O texto reflete sobre os diversos modos de significar as práticas do cuidar, explorando as especificidades que esses modos adquirem em nossa realidade. Com base em evidências retiradas do caso brasileiro, o texto documenta quão longa e diversa tem sido a chamada “crise do cuidado” e explora como essa organização social do cuidado foi desafiada pela pandemia, obrigando-nos, assim, a repensar a relação entre cuidado e crise. Conclui-se que, dada a especificidade da nossa organização social do cuidado, o diagnóstico de uma recente “crise do cuidado”, tal como cunhado na literatura sobre os países do norte, talvez mereça ser repensado, tomando em conta os desafios colocados por realidades nas quais a mercantilização do cuidado se deu num contexto de persistente familiarização e fraca externalização dessa atividade, sob condições de elevada desigualdade, pobreza extrema, e fragilidade das políticas estatais de bem-estar.”
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Brasil, Colômbia e México pedem verificação imparcial da eleição
Eleições Presidenciais da República Bolivariana da Venezuela — Comunicado Conjunto de Brasil, Colômbia e México –Nota
Publicado em 01/08/2024 18h15 Atualizado em 01/08/2024 18h20
Os governos do Brasil, Colômbia e México felicitamos e expressamos nossa solidariedade com o povo venezuelano, que compareceu massivamente às urnas em 28 de julho para definir seu próprio futuro.
Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação.
As controvérsias sobre o processo eleitoral devem ser dirimidas pela via institucional. O princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado mediante a verificação imparcial dos resultados.
Nesse contexto, fazemos um chamado aos atores políticos e sociais a exercerem a máxima cautela e contenção em suas manifestações e eventos públicos, a fim de evitar uma escalada de episódios violentos.
Manter a paz social e proteger vidas humanas devem ser as preocupações prioritárias neste momento.
Que esta seja uma oportunidade para expressar, novamente, nosso absoluto respeito pela soberania da vontade do povo da Venezuela. Reiteramos nossa disposição para apoiar os esforços de diálogo e busca de acordos que beneficiem o povo venezuelano.
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Agosto, do latim augustus, é o oitavo mês do calendário gregoriano. É assim chamado por decreto em honra do imperador César Augusto. Antes dessa mudança, agosto era denominado Sextilis ou Sextil, visto que era o sexto mês no calendário de Rômulo.
Agosto – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agosto
Por que agosto é considerado o mês do desgosto?
Há mais de uma origem para a crendice de que agosto é o mês mais agourento do calendário.
Por Júlia Warken - https://mdemulher.abril.com.br/cultura/por-que-agosto-e-considerado-o-mes-do-desgosto/
(Apoiado em texto de Carolina Horita/MdeMulher)
Mesmo que você não seja supersticiosa, certamente já ouviu falar que agosto é o “mês do desgosto”. É o tipo de coisa que as avós falam quando julho acaba, né? E essa má fama é bem mais antiga do que as nossas avós, mas pouca gente realmente sabe qual a sua origem.
Na verdade, há mais de uma explicação para essa crendice tão popular e ela não existe só aqui no Brasil. No século 1, os antigos romanos já temiam o mês de agosto, por acreditar que, nessa época, um dragão cuspindo fogo aparecia no céu durante a noite. Seria um dos filhos de Daenerys Targaryen? Nada disso. Era apenas a constelação de Leão, que fica mais visível durante o período do ano.
Pulando alguns vários séculos, a clássica rima “agosto é o mês do desgosto” surgiu em Portugal, durante a época dos descobrimentos. Originalmente, a expressão era “casar em agosto traz desgosto”, pois as caravelas costumavam partir para o Novo Mundo nessa época. Aí, quem se casava em agosto acabava nem fazendo lua-de-mel e as noivas corriam o risco de tornarem-se viúvas antes mesmo de aproveitar a fase inicial do casamento.
Outra expressão bem conhecida diz que agosto é o “mês do cachorro louco”. A origem disso é o fato de que, supostamente, agosto é o mês com maior incidência de cadelas no cio. Por conta disso, os machos ficam ~loucos~ e brigam entre si.
Essas disputas também seriam responsáveis pela proliferação da raiva durante esse mês. Isso porque a doença é transmitida quando um cachorro infectado morde outro. Quando estão com raiva, os cães ficam espumando pela boca, o que contribui para que eles ganhem a fama de loucos.
Além disso tudo, alguns acontecimentos históricos muito marcantes também contribuíram para que agosto levasse a fama de agourento. No dia 2 de agosto de 1934, Hitler tornou-se líder da Alemanha – e todo mundo sabe no isso resultou. Já em 6 e 9 de agosto de 1945, Hiroshima e Nagazaki foram atacadas pelas bombas atômicas, culminando numa das tragédias mais emblemáticas do século 20.
Aqui no Brasil, dois episódios políticos muito marcantes também aconteceram nesse mês. No dia 24 de agosto de 1954, o então presidente Getúlio Vargas cometeu suicídio. Já em 21 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou à presidência, quase levando o país a uma Guerra Civil. No Rio Grande do Sul o mês de agosto é sempre muito frio e ventoso. Para os velhos “é o mais cruel dos meses”. Costumam dizer que, ultrapassado o agosto, chegam no Natal...
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As eleições na Venezuela estão sacudindo a esquerda latino-americana
A América Latina é um continente complexo, não só pela sobreposição dos “conquistadores” sobre uma civilização originária avançada, principalmente no México e nos Andes, como pela precocidade de seus respectivos processos de independência, na crise de suas metrópoles nas invasões napoleônicas, como ainda pelos dilemas enfrentados na consolidação destes processos no século XX, sob os mantos da “Doutrina Monroe” e da Guerra Fria -1947/91. África e Ásia, igualmente colonizados, viveram outras experiências. Aqui, a ferida narcísica da verdadeira autonomia, negada pelos interesses neocoloniais da Inglaterra, primeiro, Estados Unidos, depois, herdada de Bolivar, San Martin, Artigas e José Marti, alimentou um original nacional-desenvolvimentismo que se desenrolou do México, com Cárdenas, até a Argentina, com Perón, deixando no seu rastro profundas raízes políticas: aprismo, varguismo, peronismo, bolivarismo etc. Foi tão forte este movimento que se espraiou sobre outros países promovendo lideranças nacionalistas como Nasser, no Egito, Partido Baat, no Iraque e Síria, onde despontou Sadam Hussein, Mossadegh, no IRA etc.
A Revolução Bolivariana de Chaves no início deste século segue o mesmo curso. Tem caráter eminentemente latino-americano na busca da consolidação de seu processo de autonomia e desenvolvimento. Encontrou-se, diante dos desafios impostos pelo seu enfrentamento com os Estados Unidos, com a liderança cubana, inclinando-se crescentemente à construção de um ideal socialista. A farta oferta de petróleo lhe garantiu relativo êxito na redistribuição de benefícios para o conjunto da população, até então restrita a um pequeno núcleo de classe média alta. Aí foi vítima do mesmo processo vivido pela Holanda tempos atrás: o fácil acesso às importações impediu a consecução de um processo de substituição de importações. O país entregou-se à fáceis e baratas importações. A morte de Chaves coincidiu com o fim da era do petróleo venezuelano e a ascensão de um novo líder, MADURO, que viria a absorver não só os percalços da crise do setor exportador, como o peso das sanções impostas pelos Estados Unidos. Sobreveio a crise econômica e política.
As eleições de domingo passado passam todo este processo a limpo. Sua natureza, seu desenvolvimento, suas contradições e perspectivas.
Diante deste processo o universo político se divide: a direita, como sempre faz, condena a criança com a água do banho e pretende livrar-se de MADURO enterrando toda a experiência “bolivariana”. A esquerda está divida. Uma parte, mais afinada com os requisitos da construção democrática simultânea à reconstrução social dos processos internos de desenvolvimento capitalista, como Uruguai de Pepe Mojica e Chile, de Boric condenam Maduro; outra parte, CUBA e NICARÁGUA , alinhadas da China e Russia, o apoiam incondicionalmente; Brasil, Colombia e México, acompanham com atenção e cuidado, certos da necessidade do apoio interno favorável a Venezuela.
Lula está neste último bloco. Procura ganhar tempo exigindo de Maduro mais clareza na comprovação de sua vitória. O tempo espreita e acabará exigindo de Lula maior clareza. Se não apoiar Maduro , corre o risco de perder a liderança de esquerda que ainda mantém no continente. Se apoiar, corre o risco de perder a simpatia americana e das correntes centristas que o apoiam internamente. Sinuca de bico.
ANEXOS
Maria Cristina Fernandes - O fator Kamala na reeleição de Maduro
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-cristina...
O ASSUNTO: como o governo, Lula e o PT enxergam Maduro de formas diferentes. Lula cobra dados da votação e minimiza crise: 'Nada de anormal'
Quando o então candidato à reeleição Nicolás Maduro falou sobre o risco de “banho de sangue” caso perdesse a disputa, Lula disse ter ficado “assustado” com a declaração e exigiu respeito às urnas. Encerrada a eleição, a oposição denunciou uma série de irregularidades, inclusive uma suposta fraude na contagem de votos pelo Conselho Nacional Eleitoral, que proclamou a vitória ao chavista. A Venezuela entrou em ebulição: protestos se espalham por várias cidades e as lideranças da oposição acusam o regime de realizar mais prisões arbitrárias. Em meio ao caos, o presidente brasileiro afirmou que não vê “nada de grave, assustador e anormal” no país vizinho. Embora Lula tenha reiterado a posição do Itamaraty em exigir a apresentação de todas as atas eleitorais para certificar o resultado, o tom condescendente com o regime de Maduro coloca em dúvida a independência brasileira para mediar a resolução do conflito. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN, para analisar as causas e consequências dos atos da diplomacia oficial, do PT e do próprio presidente.
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Café da Manhã Podcast Folha Uol
Podcast debate a posição de Lula e do Brasil em crise política na Venezuela. Presidente diz não ver nada de anormal em processo contestado, mas cobra divulgação de atas; protestos têm mortes e prisões
https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2024/07/podcast-debate-a-posicao-de-lula-e-do-brasil-em-crise-politica-na-venezuela.shtml
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30 julho Dia Internacional da AmizadeNa resolução da Assembleia Geral da ONU de 2011, reafirmou-se a importância da data para a difusão da “Cultura de paz e não violência”.
Durante a sexagésima quinta sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada no dia 27 de abril de 2011, o Dia da Amizade foi reconhecido como uma importante data, sobretudo para a divulgação da “Cultura de paz e não violência”. A Assembleia culminou na criação de um documento assinado pelos países participantes, entre eles o Brasil, no qual ficou reafirmado a relevância e a pertinência dos seguintes tópicos:
→ A importância da amizade como um valoroso e nobre sentimento na vida dos seres humanos ao redor do mundo;
→ A conscientização de que a amizade entre os povos, países e culturas, bem como as amizades individuais, pode inspirar na criação de pontes entre comunidades, celebrando assim a diversidade cultural;
→ A afirmação de que a amizade pode contribuir para os esforços da comunidade internacional, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, para a promoção do diálogo entre as civilizações, da solidariedade, da compreensão mútua e da reconciliação;
→ A importância de envolver os jovens e futuros líderes em atividades comunitárias voltadas para a inclusão e o respeito entre as diferentes culturas, bem como para a promoção da compreensão internacional de acordo com a Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz.
A amizade, assim como o amor, é dada de graça e semeada ao vento, como dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade. Portanto, esteja sempre entre amigos e faça a data valer todos os dias!
Por Luana Castro - Graduada em Letras
Comemorado no dia 30 de julho, o Dia do Amigo foi considerado uma importante data pela ONU. Seu maior compromisso é difundir a paz entre os povos
https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-amigo.htm
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja
PEREZ, Luana Castro Alves. "Dia Internacional da Amizade"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-amigo.htm. Acesso em 20 de julho de 2020.
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.
(Canção da América. Milton Nascimento e Fernando Brant. Lp Sentinela, 1980- https://www.google.com/search?q=milton+nascimento+AMIGO+%C3%89+COISA+PRA+SE+GUARDAR&oq=milton+nascimento+AMIGO+%C3%89+COISA+PRA+SE+GUARDAR&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUyDAgAEEUYORjjAhiABDIHCAEQLhiABDIHCAIQABiABDIICAMQABgWGB4yCggEEAAYgAQYogQyCggFEAAYgAQYogSoAgiwAgE&sourceid=chrome&ie=UTF-8 )
A Canção da América, composta por Milton Nascimento e Fernando Brant, é considerada um hino à amizade. Difícil quem não conheça a canção, que traduz em versos aquele que é um dos mais belos sentimentos. É certo que a amizade deve ser celebrada todos os dias, mas existe no calendário uma data especial, conhecida mundialmente como o Dia Internacional da Amizade.
No Brasil, Uruguai e Argentina, a data é comemorada no dia 20 de julho, apesar da sugestão da Assembleia Geral das Nações Unidas de que todos os países-membros celebrassem o Dia Internacional da Amizade, ou Dia do Amigo, no dia 30 de julho (vale ressaltar que não existe distinção entre o Dia do Amigo e o Dia Internacional da Amizade). A escolha da data foi impulsionada pelo médico paraguaio Ramón Artemio Bracho, fundador da Cruzada Mundial da Amizade, campanha que visava à difusão da cultura de paz ao realçar a importância da boa convivência entre os povos. Todo dia 30 de julho o médico conclamava paraguaios a reunirem-se para realizar diversas atividades sociais e culturais, com o propósito de oferecer ajuda mútua, fortalecendo assim os valores da amizade.
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UM BRASIL VESTINDO RETROCESSO por Solon Saldanha
https://wp.me/p1jFYb-2me
Desde minha adolescência – e talvez antes – eu ouvia falar que o Brasil era o país do futuro. Pois ontem, tantos e tantos anos passados, descobri que somos o país do passado, ao ver a abertura das Olimpíadas 2024, que têm Paris como sede. O uniforme da delegação brasileira foi de um retrocesso tão vergonhoso que não há como encontrar palavras para ser isso descrito de forma apropriada. No país que é a maior referência da moda mundial, que escolheu um desenho sofisticado para o de seus atletas, utilizando de modo discreto as cores da bandeira nacional, com o desenho feito pela Berluti – famosa grife parisiense que foi fundada pelo italiano Alessandro Berluti, no ano de 1895 – nós fomos com a “criação” da equipe de Flávio Rocha, o herdeiro das Lojas Riachuelo.
Este brasileiro, que talvez seja um gênio incompreendido do design de moda, é membro da Igreja Neopentecostal Sara Nossa Terra. Adivinhe: ele conseguiu essa boquinha junto ao Comitê Olímpico Brasileiro, sem concorrência, ainda em 2021, uma recente época onde relacionamentos pouco ortodoxos abriam portas como nunca. Sua empresa foi – e cito aqui um exemplo que talvez possa esclarecer tudo – forte apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro. Então, nada mais coerente do que ser o uniforme olímpico do nosso país uma referência ao conservadorismo, ao retrocesso, ao preconceito. Parece muito mais roupa para usar em cultos do que em um evento grandioso, acolhedor e plural como este que ocorre de quatro em quatro anos.
As mulheres usam uma saia branca na altura dos joelhos ou, conforme sua estatura, abaixo deles. Lembram as que identificavam normalistas, lá pelos anos 1960 e anteriores. O conjunto tem ainda uma blusinha com listras horizontais amarelas e brancas, além de uma jaqueta jeans mais básica impossível. Os homens receberam calças também brancas e as suas camisetas são distintas apenas porque as listras têm o verde ao invés do amarelo, com as mesmas jaquetas. Aliás, essa última peça foi a única que teve um bafejo de ousadia, que infelizmente ficou escondido nas costas: são bordados feitos à mão por artesãs do Rio Grande do Norte, com desenhos que representam a fauna e a flora brasileiras. Eles são vários e distintos, como a onça-pintada, araras, tucanos e folhas de plantas nativas. No complemento, abrigos pretos com ombreiras verdes e duas listras brancas em “vê”, abaixo delas.
Comparando com o que fizeram outros países, nossa posição fica ainda mais desconfortável. Os Estados Unidos vieram com uma vestimenta all american, usando calças jeans com cintos de couro e uma versão muito moderna do blazer azul marinho da Ralph Lauren. O México, que quase sempre usava temas astecas e maias, inovou ao apostar no streetwear, com a ousadia da cor rosa-choque em detalhes inspirados do graffiti, tudo feito pela grife Men’s Fashion, que partiu de um ponto turístico se sua capital, a estátua El Angel de la Independencia. A Coréia do Sul veio com ternos elegantérrimos, para homens e mulheres, em tons de azul claro. A Espanha fez algo semelhante, mas mesclando as cores da sua bandeira com o bege e o branco, atingindo um alinhamento de fato impecável.
Até países em tese com menor probabilidade de estarem preocupados com o requinte de seus trajes souberam surpreender positivamente. Um exemplo é o Haiti, que causou furor nas redes sociais. Seus atletas vieram com peças desenhadas em trabalho colaborativo entre a designer italiana Stella Novarino, fundadora da Stella Jean, e o pintor haitiano Philippe Dodard. A Mongólia, por sua vez, veio com um desenho feito pela grife local Michel & Amazonka, carregado de referências à cultura daquela nação asiática, tudo feito em apenas três meses.
Por aqui tivemos três anos, que não resultaram em nada. Quando os uniformes se tornaram conhecidos, o mundo da moda ficou mais do que surpreso, estarrecido. Foi quando o COB, tentando justificar as razões da escolha das Lojas Riachuelo, declarou ser uma parceria firmada com o objetivo de se “criar uma identidade para o Brasil, que fosse moderna e inovadora”. O que, convenhamos, complicou ainda mais o entendimento. A diretora de marketing da rede de lojas então concedeu entrevista na qual jurou que a inspiração para a criação das peças foi “a alegria do povo brasileiro”. Nisso ela conseguiu um resultado melhor, uma vez que não foram poucos os risos que a explicação causou.
A única vantagem que talvez exista é que os corajosos e as corajosas que desejarem adquirir peças deste uniforme as encontrarão nas Lojas Riachuelo, agora ou em breve. E baratinho, pois vale muito pouco mesmo.
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Olimpíadas 2024 – “Nós sempre teremos Paris...”
Abre hoje, em Paris, a cerimônia das Olimpíadas 2024. O mundo revive neste dia a glória de tempos imemoriais da Antiga Grécia, origem das Olimpíadas. O esporte seria uma maneira de sublimar as pulsões de competividade e disputa do homo pugnat.
Os Jogos Olímpicos da Antiguidade eram um festival religioso e atlético da Grécia Antiga, que se realizava de quatro em quatro anos no santuário de Olímpia, em honra de Zeus. A data tradicional atribuída à primeira edição dos Jogos Olímpicos é 776 a.C..
Origens WIKIPEDIA
Representação artística da Olímpia antiga
Segundo os estudiosos da antiguidade de Élis, da época de Pausânias, o templo de Olímpia foi feito pelos homens da região na época em que Cronos era o rei dos titãs, a chamada Idade de Ouro.[4] Quando Reia deixou Zeus aos cuidados dos dáctilos, ou curetes, de Ida,[4] Héracles de Ida, o mais velho, derrotou seus irmãos numa corrida, e foi coroado com um ramo de oliveira.[5] A partir daí, os jogos passaram a ser celebrados a cada quinto ano, pois eram cinco os irmãos [6] (Héracles, Peoneu, Epímedes, Iáusio e Idas[4]).
Segundo algumas versões, Zeus derrotou Cronos em Olímpia, mas outras versões dizem que ele celebrou lá jogos para comemorar sua vitória.[7] O campeão de vitórias entre os deuses foi Apolo, que venceu Hermes na corrida e Ares no pugilismo; por este motivo, a flauta é tocada quando os competidores do pentatlo estão na prova de salto, pois a flauta é sagrada a Apolo.[7]
Cinquenta anos após o dilúvio de Deucalião, Clímeno, filho de Cardis, descendente de Héracles de Ida, veio de Creta para Olímpia e fundou um altar para seu ancestral Héracles e os outros curetes.[8] Clímeno foi deposto por Endimião, filho de Étlio, que deixou o reino para o seu filho que vencesse uma corrida.[8]
Os próximos a celebrarem jogos em Olímpia foram Pélope, Amitaão, filho de Creteu, os irmãos Neleu e Pélias,[9] Augias e Héracles, filho de Anfitrião.[10] Óxilo foi o último desta era a celebrar os jogos, que não voltaram a ser celebrados até seu descendente Ífito de Élida.[11]
Ao final do século XIX Pierre de Coubertin propõe retomar esta tradição e, desde então, o mundo se comove diante deste acontecimento, que reúne no Comitê Olímpico Internacional mais nações do que a própria ONU.
A delegação brasileira à Olimpíada Paris 2024 tem 276 atletas e será liderada pelos porta-bandeiras Raquel Kochhann, do rugby, e Isaquias Queiroz, dono de quatro medalhas olímpicas e esperança de novas conquistas para o país, da canoagem. A expectativa é que, em Paris, o Brasil conquiste seu recorde de medalhas em uma só edição das Olimpíadas: a projeção do jornalista Guilherme Costa, produtor de esportes olímpicos da Globo, é de 22, sendo 5 delas de ouro.
Conheça o espírito olímpico e a história de Pierre de Coubertin:
Os valores atribuídos por Coubertin ao movimento olímpico foram: igualdade, equidade, justiça, respeito pelas pessoas, racionalidade, compreensão, autonomia e excelência.
Carta Olímpica: conheça o documento que rege o Olimpismo
A Carta Olímpica é o documento que guarda os princípios do Olimpismo e rege toda a estrutura do Movimento Olímpico: COI, Comitês Nacionais e federações
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Fernando Gavini
A última versão da Carta Olímpica foi publicada em 26 de junho de 2019 (Reprodução)
A Carta Olímpica regulamenta não só o que acontece durante os Jogos, mas também tudo o que envolve o Olimpismo, que foi inicialmente descrito a mão pelo Barão de Coubertin em 1899. Mas o documento só foi ganhar forma e batizado com o nome atual em 1978. Seu objetivo é publicar e reafirmar os princípios fundamentais e os valores essenciais do Olimpismo, servir de estatuto para o Comitê Olímpico Internacional (COI) e definir os direitos e as obrigações dos Comitês Nacionais, Federações Internacionais e do Comitê Organizador dos Jogos.
Em sua introdução, a Carta Olímpica define seus princípios: “O Olimpismo é uma filosofia de vida que exalta e combina num conjunto harmônico a qualidades do corpo, a vontade e o espírito. Ao associar o esporte com a cultura e a educação, o Olimpismo se propõe a criar um estilo de vida baseado na alegria do esforço, no valor educativo do bom exemplo e no respeito pelos princípios éticos universais. O objetivo do Olimpismo é colocar sempre o esporte a serviço do desenvolvimento harmônico do homem com o fim de favorecer o estabelecimento de uma sociedade pacífica e comprometida com a manutenção da dignidade humana”.
LEIA A VERSÃO OFICIAL DA CARTA OLÍMPICA EM INGLÊS E ESPANHOL
Carta Olímpica: conheça a curiosa e misteriosa história de Pierre de Coubertin, o 'fundador' das Olimpíadas
Em 1894, o barão francês Pierre de Coubertin decidiu reviver os Jogos Olímpicos fundando o Comitê Olímpico Internacional (COI), que organizou os primeiros jogos de verão em 1896, em Atenas.
Por g1 - 22/07/2024 17h03 Carta Olímpica: conheça a curiosa e misteriosa história de Pierre de Coubertin
Faltam apenas quatro dias para os Jogos de Paris, e o g1 relembra uma história curiosa e misteriosa sobre um dos principais nomes da história dos Jogos Olímpicos: o Barão Pierre de Coubertin, famoso por seu grande bigode e suas ideias grandiosas.
Em 1892, ele foi ridicularizado quando propôs a recriação dos Jogos Olímpicos, uma prática dos gregos que estava esquecida há mais de mil anos.
“Acharam que ele estava louco. Todos riram, e ele ficou chateado, mas nunca abandonou essa ideia”, conta um historiador do esporte.
Dois anos depois, Coubertin conseguiu fundar o Comitê Olímpico Internacional (COI). Na rua de Paris onde morava o Barão, uma placa indica que a primeira sede do COI foi ali. Isso significa que, para criar o comitê que até hoje comanda as Olimpíadas, o Barão teve que dar o endereço da própria casa. Atualmente, o COI é tão grandioso que possui mais países membros do que a ONU, totalizando 206, quase o mesmo número de atletas que participaram da primeira edição dos Jogos.
Carta Olímpica: conheça a curiosa e misteriosa história do barão Pierre de Coubertin, o 'fundador' das Olimpíadas — Foto: Montagem/g1
Tesouro encontrado no Brasil
Em 1931, numa época em que o telefone já era amplamente utilizado, Coubertin fez questão de registrar em uma carta um pedido de desculpas ao jornalista e medalhista olímpico Frantz Reichel. Na mensagem, Coubertin escreveu:
“Meu caro amigo, impedido de realizar nossa entrevista, adiada para uma data posterior, lamentações e saudações. Pierre de Coubertin.”
O endereço também foi escrito à mão pelo Barão: Rue Cavalotti, 14, Paris. A carta deveria ter ficado apenas no destinatário. No entanto, após ser lida, a carta se perdeu pelo mundo. Quase um século depois, o manuscrito do Barão atravessou o oceano e está guardado no acervo do Comitê Olímpico do Brasil. A surpresa foi encontrada há três meses em uma caixa.
“Nós não sabemos como ela chegou. Não foi um objeto comprado para nosso acervo. Foi provavelmente uma doação”, afirmaram os responsáveis", afirma Paulo Wanderley, presidente do Comitê Olímpico do Brasil.
Falas controvérsias e críticas
A família Coubertin montou uma exposição e um prédio público de Paris, e mesmo aqui é preciso falar das controvérsias e críticas que ele recebeu. O Barão tinha opiniões consideradas racistas e era contra a participação de mulheres nos Jogos.
Alexandra de Coubertin, da quarta geração de descendentes, ressalta que as atitudes do Barão eram diferentes das suas palavras: “A participação das mulheres e de atletas de todos os povos só aumentou enquanto o Barão cuidou diretamente dos Jogos”.
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Dia 25, 200 anos da imigração alemã no RS
Paulo Timm – Publ. A FOLHA Torres RS 25 JUL 24
Perdoem os leitores e ouvintes, mas há temas sobre os quais volto sempre. Um deles, um imperativo para mim: a imigração alemã - http://www.tonijochem.com.br/bibl_livros.htm .
Há 200 anos, 39 colonos alemães chegavam, exangues , depois de penosa viagem transatlântica, na qual muitos não resistiam, à Feitoria do Linho Cânhamo, onde seria São Leopoldo. Antes, Dom João VI já vinha estimulando a vinda de colonos europeus que viriam a se localizar entre a Bahia e Rio de Janeiro. Mas em 1824, teve início a aventura da imigração teuta no Sul do Brasil. Pela importância do fato, o dia 25 de julho ficou consagrado como “Dia do Colono”, (Lei Nº 5.496, 05/09/1968 ).
Ontem visitei São Leopoldo. Lamentavelmente, a cidade ainda está se recuperando da inundação de maio e os Museus e monumentos referentes à data só serão reabertos em novembro.
Contudo, o maior significado da data não está no fato em si da chegada de colonos livres em solo brasileiro, mas de que este seria um marco do fim da escravidão no Brasil. Contribuiria, também, sobremaneira para a personalização mui peculiar da sociedade riograndense, marcada pela pequena propriedade familiar, pelo artesanato que viria a dar origem à indústria doméstica, pelo estímulo às letras e à música, como frisa Angelita Kasper em sua pesquisa http://angelitakasper.blogspot.com/ . Em 1872 o pequeno núcleo já estava consolidado e se interligaria, por via férrea a Porto Alegre, dando considerável impulso à economia, às artes e à urbanização da capital. Este fato, poucos anos depois, levaria a cidade a assumir papel preponderante na vida social do Rio Grande do Sul, enfrentando-a, sob o republicanismo emergente, com a sua metade sul, reduto dos grandes fazendeiros, em duas sangrentas guerras civis: 1893 e 1925.
Depois desta primeira leva de alemães para o Rio Grande do Sul, que logo se alastrou de São Leopoldo para Torres (S.Pedro de Alcântara e Três Forquilhas-1826) e daí para outras cidades e países, cerca de 60 milhões de europeus pobres seriam expatriados, entre 1824 e 1924. Isto está contado em várias épicos da literatura e do cinema, merecendo destaque o já quase esquecido “América, América”, do diretor Elia Kazan e o magnífico nacional “ O Quatrilho”, de Fábio Barreto, uma saga dos italianos aqui no Estado. No Brasil, tivemos a oportunidade de perceber este processo graças a algumas novelas, algumas memoráveis, da Rede Globo, tanto sobre a imigração italiana, como japonesa. Falta-nos, ainda, uma grande obra de ficção, de alcance nacional, sobre os alemães. Merece destaque o romance de Rui Nedel “Te arranca alemão batata”, Ed. Tchê, e “A ferro e fogo: tempo de solidão” e “A ferro e fogo: tempo de guerra”, de Josué Guimarães L&PM Ed. - http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/Numero_010/artigos/artigos_vivencias_10/li1.htm
Os nomes destes primeiros colonos alemães ficaram registrados nos Livros da época e permanecerão inscritos na memória de seus descendentes, hoje plenamente integrados na sociedade riograndense :
“A primeira leva de imigrantes era formada pelas seguintes pessoas, num total de 39: Miguel Kräme e esposa Margarida (católicos). João Frederico Höpper, esposa Anna Margarida, filhos Anna Maria, Christóvão, João Ludovico (evangélicos). Paulo Hammel, esposa Maria Teresa, filhos Carlos e Antônio (católicos). João Henrique Otto Pfingsten, esposa Catarina, filhos Carolina, Dorothea, Frederico, Catarina, Maria (evangélicos). João Christiano Rust (Bust?), esposa Joana Margarida, filha Joana e Luiza (evangélicos). Henrich Timm, esposa Margarida Ana, filhos João Henrique, Ana Catarina, Catarina Margarida, Jorge e Jacob (evangélicos). August Timm, esposa Catarina, filhos Christóvão e João (evangélicos). Gaspar Henrique Bentzen, cuja esposa morreu na viagem, um parente, Frederico Gross; o filho João Henrique (evangélicos). João Henrique Jaacks, esposa Catarina, filhos João Henrique e João Joaquim (evangélicos). Essas 39 pessoas, seis católicos e 33 evangélicos, são as fundadoras de São Leopoldo, nome e lugar então inexistentes, porque tudo se resumia à Feitoria do Linho-Cânhamo.”
Este pequeno grupo, ao qual se seguiram outros, para outras partes do mundo, drenando a região alemã de cerca de 250 mil homens, venceu os obstáculos e se impôs como uma nova realidade no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A Alemanha de Hitler até sonhou em fazer destes núcleos um ponto de apoio do III Reich, o que levou o Presidente Getúlio Vargas, em1939, a proibir o funcionamento das Escolas alemãs e circulação de jornais entre os colonos. Finda a guerra, porém, restabeleceu-se a concórdia, mas se perdeu o fio da meada de um rico patrimônio literário teuto-brasileiro, só acessível em raros trabalhos acadêmicos como “A Literatura da imigração alemã e a imagem do Brasil” da Prof. Dra Valburga Huber – F. Letras/UFRJ- http://www.letras.ufrj.br/liedh/media/docs/art_valb2.pdf .
Mas foi de tal ordem o impacto da imigração alemã, seguida mais tarde da vinda de italianos, poloneses e outros, que se pode dizer que a história do Rio Grande do se divide em dois períodos: antes e depois de 1824, marco da imigração. Aleluia!
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Convenções municipais abrem processo eleitoral
Sábado passado já tiveram início as convenções municipais para indicação de Prefeitos e Vereadores em todo o país. Na nossa região, Passo de Torres saiu na frente com a indicação, em chapa puro sangue PT, de Jeff, um jovem advogado, oriundo da terra, com 23 anos para Prefeito. Animada e concorrida convenção que tem o apoio naquela cidade da Direção Provisória Municipal do PTB encabeçada por Fernando Freitas.
Convenção do PT indicará neste sábado MARIA DO ROSÁRIO, com 38% de preferência dos eleitores nas pesquisas, como candidata a Prefeita de Porto Alegre. Lula deverá estar presente. Esta será , certamente, a mais importante vitória do PT no país e a Direção Nacional do PT dará todo apoio à campanha de Maria do Rosário. Ela tem o apoio da Federação PT-PV-PCdoB e do PSOL, que indicará a vice prefeita. Cabeça de chapa só de mulheres. O PTB apoia este chapa e indicará , como candidato a vereador , pela legenda PT , CASSIO MOREIRA.
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Neste dia em 2013, nascido em 1942 , morre Dominguinhos, cantor, compositor e músico brasileiro - José Domingos de Morais
José Domingos de Morais (Garanhuns, 12 de fevereiro de 1942 — São Paulo, 23 de julho de 2013), conhecido como Dominguinhos, foi um instrumentista, cantor e compositor brasileiro. Exímio sanfoneiro, teve como mestres nomes como Luiz Gonzaga e Orlando Silveira. Teve em sua formação musical influências de baião, bossa nova, choro, forró, xote e jazz.
BIOGRAFIA
José Domingos de Morais nasceu na cidade de Garanhuns, agreste pernambucano, oriundo de uma família humilde e numerosa, eram ao todo dezesseis irmãos. O pai, "mestre Chicão", era um conhecido sanfoneiro e afinador de sanfonas e sua mãe era conhecida como "dona Mariinha", ambos alagoanos.[1]
Desde menino José Domingos já se interessava por música, por influência do pai, que lhe deu de presente uma sanfona de oito baixos. Aos seis anos de idade aprendeu a tocar o instrumento e começou a se apresentar em feiras livres e portas de hotéis em troca de algum dinheiro, junto com dois de seus irmãos, Moraes e Valdomiro, formando o trio Os Três Pinguins. No início da formação, tocava triângulo e pandeiro, passando depois a tocar sanfona. Praticava o instrumento por horas a fio e tornou-se um exímio sanfoneiro, passando a ser conhecido em Garanhuns como "Neném do acordeon".[nota 1][1]
ENCONTRO COM LUIZ GONZAGA[ Conheceu Luiz Gonzaga quando tocava no hotel em que este estava hospedado, em Garanhuns. O nome do hotel era Tavares Correia e o trio, que sempre tocava na porta, foi convidado naquele dia a tocar dentro do hotel para Gonzaga e seus acompanhantes.[nota 2]
Luiz Gonzaga se impressionou com a desenvoltura do menino e o convidou a ir ao Rio de Janeiro, onde morava. Essa viagem aconteceria anos mais tarde, pois algum tempo depois deste encontro, em 1948, Neném do acordeon foi para Recife estudar.
IDA AO RIO DE JANEIRO[EDITAR |
Alguns anos depois, em 1954, seu pai decide ir para o Rio de Janeiro procurar Gonzaga, devido às dificuldades que passavam em Garanhuns. Junto com o pai, foi também o menino Neném do acordeon, então com treze anos de idade, numa viagem de pau de arara que durou onze dias. Foram morar em Nilópolis, onde já estava o seu irmão Moraes.[1]
Em pouco tempo foram procurar Luiz Gonzaga, que morava no bairro do Méier, zona norte do Rio de Janeiro. Este deu-lhe de presente uma sanfona de oitenta baixos logo neste primeiro encontro. A partir de então, o menino passou a frequentar a casa de Gonzaga, o acompanhando em shows, ensaios e gravações.
Nos anos seguintes, o menino que ainda era conhecido como Neném do acordeon, passou a participar de programas de rádio e se apresentar em casas noturnas, aprendendo outros estilos de música, como o chorinho, samba e outros estilos da época.
Somente em 1957, receberia o nome artístico de Dominguinhos dado pelo próprio Gonzaga em homenagem a Domingos Ambrósio. Foi quando Luiz Gonzaga pegou um acordeom 120 baixos pela primeira vez, das mãos do saudoso Domingos em Juiz de Fora - Minas Gerais.
De 1957 a 1958, integra a primeira formação do grupo de forró Trio Nordestino, ao lado de Miudinho e Zito Borborema, que haviam deixado o grupo que acompanhava Gonzaga. Neste mesmo ano de 1958 casa-se com Janete, sua primeira mulher. Deste casamento nascem os filhos Mauro e Madeleine.
Depois de deixar o Trio Nordestino em 1958, continuou a se apresentar em programas de rádio e casas noturnas, até gravar seu primeiro disco, o LP Fim de festa em 1964.
VIAGENS COM GONZAGA E CONSAGRAÇÃO
Depois de mais dois discos gravados, volta a integrar o grupo de Gonzaga em 1967, viajando pelo nordeste e dividindo as funções de sanfoneiro e motorista. Em uma dessas viagens, naquele mesmo ano, conhece uma cantora de forró, a pernambucana Anastácia, com quem compôs mais de 200 canções, inclusive um de seus maiores sucessos, Eu só quero um xodó,em uma parceria que durou onze anos.
Anastácia revelou em 2013 que se arrependeu de ter destruído 150 fitas cassete com melodias inéditas de Dominguinhos, depois de ter sido abandonada por ele.[2]
A sua integração ao grupo de Luiz Gonzaga fez com que ganhasse reputação como músico e arranjador, aproximando-se de artistas consagrados dos movimentos bossa nova e MPB, nos anos 70 e 80. Fez trabalhos junto a músicos de renome, como Nara Leão, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Chico Buarque, Toquinho e Roberto Carlos.
Acabou por se consolidar em uma carreira musical própria, englobando gêneros musicais diversos como bossa nova, jazz e pop.[3]
No final dos anos 70, Dominguinhos conhece a também cantora Guadalupe Mendonça, com quem se casa em 1980. Deste casamento, nasceria uma filha, a cantora Liv Moraes.[4]
DOMINGUINHOS - EU SÓ QUERO UM XODÓ - YOUTUBE
www.youtube.com › watch
https://www.google.com/search?q=EU+SO+QUERO+UM+XOD%C3%93&rlz=1C1AWFC_enBR902BR902&oq=EU+SO+QUERO+UM+XOD%C3%93&aqs=chrome..69i57j46j0l5.5567j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8
Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim do meu jeito assim
Que alegre o meu viver
Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim do meu jeito assim
Que alegre o meu viver
Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim do meu jeito assim
Que alegre o meu viver
Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim do meu jeito assim
Que alegre o meu viver
Fonte: LyricFind
Compositores: Jose Moraes / Jose Domingos De Moraes / Lucinete Ferreira
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Biden desiste e indica Kamala Harris
Acabou-se a tensão sobre a questão Biden no processo eleitoral americano. Depois de visitado por Nancy Pelosi, o Presidente entregou os pontos. Desistiu de ser candidato e indicou sua vice Kamala Harris para substitui-lo. Tempos difíceis, entretanto, para ela , mulher negra sem grande peso no Partido Democrata, obscurecida no seu cargo na Administração Biden, e para os democratas, em geral, diante da franca dianteira de Donald Trump depois do atentado de que foi vítima. O grande desafio de Kamala, primeiro, será a de ser consagrada pelo Partido como efetiva candidata na Convenção em agosto. Importantes políticos do Partido Democrata, inclusive, o ex Presidente Obama, preferem uma disputa interna que poderá dar maior popularidade aos candidatos. Alguns chegam a dizer que prefeririam Michele Obama a Kamala, pelo protagonismo dela em favor das populações mais vulneráveis. Kamala, como Procuradora, ficou caracterizada como dura cumpridora de leis que levaram à prisão milhares de jovens negros. Ela, porém, tem a seu favor, não só a indicação de Biden, este com grande peso no Partido Democrata, como por ser a mais legítima e legal sucessora de seu legado. O segundo desafio de Kamala será a campanha contra Trump. Além de ser moída pela máquina da extrema direita, Kamala terá que enfrentar o duro embate com um candidato que está à sua frente nas pesquisas, como conhecido pela combatividade de seus enfrentamentos. A solução, para ela, será tentar levar o debate para o campo prático das propostas. Trump tem narrativas, mas não indica como as realizará. É o demagogo populista clássico, pregoeiro de um passado romantizado, mas vai apontar os pontos fracos do governo Biden, por ela representado: Migrações e Guerras. Ela, entretanto, deve contrapor apresentando resultados concretos do Governo Biden no tocante à economia, defesa das instituições e da democracia. Tem formação e capacidade performática para se enfrentar com altivez ao truculento Trump. Não será apenas um confronto entre um Republicano e uma Democrata. Será um libelo à democracia americana com reflexos sobre o mundo inteiro.
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Anexo
Luiz Gonzaga Belluzzo - Entre Lincoln e Trump
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../luiz-gonzaga-belluzzo...
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O declínio da Política e dos políticos
Estamos entrando no calendário eleitoral. Neste fim de semana inicia-se o prazo para a realização de Convenções partidárias que indicarão os candidatos a Prefeito e Vereadores em mais de cinco mil municípios brasileiros. O espetáculo da democracia, entretanto, instituído pelos antigos gregos, séculos antes de Cristo, como fórmula para a tomada de decisões de interesse público, está em crise. No mundo dito Ocidental, que se jacta das tradições helênicas, o regime democrático foi fortalecido no século XX com a disseminação de Constituições que, ao lado dos deveres do cidadão, lhes conferia direitos: Direitos civis, direitos políticos, direitos sociais. Foi o tempo da consagração dos Direitos Humanos. Tratou-se de uma verdadeira revolução no caráter do Estado que, desde então (século passado) ,passou de órgão gestor dos interesses dominantes, a caixa de ferramentas para a formulação de Políticas Públicas de interesse geral, tendo nos Partidos instrumento de articulação destes interesses. Isso não ocorreu em brancas nuvens em céu de brigadeiro. Revoluções e guerras selaram esta mudança. (Vide aqui mesmo no Rio Grande do Sul a crueza de duas guerras civis travadas na I República opondo, em 1893, “federalistas” contra “pica paus” republicanos, e em 1925, “maragatos contra chimangos”, ambas no bojo do ocaso do “ancien régime” oligárquico.) E onde elas não se realizaram, no sentido da promoção do bem estar geral da população, as águas represadas das revoltas sociais impulsionaram rupturas que acabariam moldando formas de organização social avessas ao Ocidente. Aí estão experiências tão díspares que dificilmente se poderia acreditar que constituíssem um bloco como o atual SUL-SUL rebelde: China, Rússia, Irã, Turquia, Síria, América Latina, todas com baixa intensidade de organização institucional interna indispensável para mover a Sociedade Civil no sentido da democratização da vida pública, mas, todas, articuladas a notáveis projetos de desenvolvimento humano. A China retirou nada menos do que 400 milhões de pessoas da pobreza nos últimos 30 anos. No Ocidente, entretanto, o avanço democrático do século XX começa a tropeçar diante da incapacidade da Política e seus instrumentos assegurarem paz e prosperidade a todos. Um autor consagrado, Richard Sennet, escreveu o livro “O declínio do homem público”, evidenciando a perda de capacidade dos Políticos para se legitimarem perante o público. Outros livros, mais recentes, tratam do mesmo assunto apontando para a crise da democracia nos tempos atuais. E ontem mesmo, dois artigos publicados na imprensa corporativa do Brasil, um deles traduzido do Financial, apontam para o mesmo problema: A cidadania odeia cada vez mais a Política e os políticos. Vale ler, as conclusões são alarmantes:
Janan Ganesh* - O círculo vicioso da política moderna- O ódio aos políticos afasta as pessoas boas da atividade, o que piora o governo, o que faz com que os eleitores odeiem ainda mais os políticos
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../janan-ganesh-o... - Financial Times / Valor Econômico
Maria Hermínia Tavares - As raízes da desfaçatez. A rigor, são institucionais os fatores que sustentam um sistema partidário tão autônomo quanto distante da sociedade
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-herminia... - Folha de S. Paulo
É precisamente esta crise no sistema democrático contemporâneo que está corroendo os Partidos tradicionais e erodindo o processo que os credencia à sua legitimação perante o público. Insatisfeitos, os eleitores correm atrás dos Salvadores da Pátria que lhes prometem o retorno a um passado mitificado, incapaz de se reproduzir. No caso da Argentina de Milei a promessa nem é de voltar ao século XX, no qual, aliás, os hermanos alcançaram alto nível de vida, mas ao século XIX. Verdadeiro absurdo. Nos Estados Unidos o triunfante Trump volta a proclamar a promessa de fazer aquele país Great Again, tarefa difícil diante de sua perda de competitividade no mercado mundial.
De qualquer, forma, bem vindas Convenções. Bem vindos candidatos à renovação ou continuidade de administrações municipais. Já tentamos, no Brasil, fazer mudanças de cima pra baixo, seja no longo regime militar de 21 anos – 1964-1985 - , seja na malfadada Lavajato, que não deram certo. O melhor mesmo, será ir mudando de baixo para cima, formando novas e promissoras lideranças, afinadas com o interesse público, a partir das Prefeituras. Daí, certamente, emergirão quadros capazes de reafirmar a confiança na Política e nos Políticos capazes de levar a cabo à recuperação do prestígio da DEMOCRACIA-ENTRE-NÓS.
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Anexo
Um dos livros mais estimulantes e desafiadores jamais escritos,” O declinio do homem público – As tiranias da intimidade” , clássico da década de 1970 e surpreendentemente ainda atual, examina o crescente descompasso entre a esfera pública e privada. E urge a todos a se reconectar com a comunidade. Solidão e individualidade. ... Google Books
Data da primeira publicação: 21 de outubro de 2014
Autor: Richard Sennett
Como as democracias morrem? Levitsk
ASSINANTE
26 min
Entrevista com Steven Levitsky, autor de do livro 'Como as democracias morrem'
Marcelo Lins entrevista Steven Levitsky, autor de do livro 'Como as democracias morrem'.
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A delicada questão das aposentadorias dos militares
O aprofundamento da discussão sobre a questão fiscal no Brasil traz à tona o déficit crescente da Previdência, especialmente pública, onde releva o peso dos militares. O assunto, quando se refere a militares, é sempre delicado. Nas últimas reformas da previdência eles não só ficaram de fora das restrições, como ampliaram, sobretudo no Governo Bolsonaro, privilégios. Além de terem um tempo de serviço menor, os militares têm garantidos os vencimentos da ativa, devidamente corrigidos, quando se reformam. Ao final da carreira, os oficiais superiores, como não recebem FGTS, ganham um bônus compensatório de R$300 mil. Todas estas vantagens dos militares acabam se traduzindo num elevado peso das aposentadorias militares na Previdência. Resta saber como um governo inclinado á esquerda poderá rever este estatuto.
Remuneração e aposentadoria de militares pode ser revista para corte - Carlos Lisboa em 14 de junho de 2024 às 13:21
Recentemente, o tema da revisão da aposentadoria militar ganhou destaque na agenda da equipe econômica do governo, visando reduzir gastos e melhorar o desempenho das contas públicas.
Sob a supervisão dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), essa proposta está sendo cuidadosamente avaliada antes de ser submetida à análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A seguir, confira mais detalhes, incluindo as possíveis mudanças na reforma da aposentadoria militar.
O que você vai ler neste artigo:
• Militares assumem o maior gasto por beneficiário anual
• Quais benefícios dos militares podem ser alterados?
• Embate no governo
• Perguntas frequentes
•
Militares assumem o maior gasto por beneficiário anual
Atualmente, o sistema de aposentadoria dos militares na reserva ou reformados destaca-se pelo custo elevado por beneficiário, sendo 16 vezes maior do que o déficit constatado no setor privado – aqueles que contribuem com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Enquanto o déficit por beneficiário no setor privado é cerca de R$ 9,4 mil e entre os servidores públicos civis alcança aproximadamente R$ 69 mil, os militares têm um custo significativamente maior, chegando a R$ 159 mil.
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Quais benefícios dos militares podem ser alterados?
Os benefícios que estão sendo considerados para possíveis mudanças na reforma da aposentadoria militar incluem:
• Remuneração dos militares da reserva
• Idades máximas de transição para a reserva
• Pensão vitalícia por morte para filhas solteiras
• Recebimento de ajuda de custo para militares que ingressam na reserva
• Instituto da “morte ficta” – pagamento de pensão aos beneficiários do militar que comete crime comum ou grave infração disciplinar
Embate no governo
A proposta de revisão da aposentadoria militar tem gerado um embate dentro do atual governo.
Confira também: Como pedir aposentadoria especial para aeronautas
Setores mais à esquerda, juntamente com aqueles alinhados a políticas liberais, mostram apoio à iniciativa, argumentando que as mudanças são essenciais para equilibrar as contas públicas.
Por outro lado, a oposição mais ideológica tem manifestado resistência à proposta, principalmente os aliados do antigo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que possuía militares em cargos de primeiro escalão.
Carlos Lisboa
Com o sol em copywriting, ascendente em marketing de conteúdo e lua em storytelling, o Carlos é um dos redatores SEO da meutudo. Formado em publicidade e propaganda, esse sergipano é apaixonado por ouvir e contar histórias!
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15 de Julho – Dia do Homem
O Dia do Homem tem, entre outros objetivos, chamar a atenção para a saúde do homem e é celebrado, no Brasil, no dia 15 de julho.3023
Em 15 de julho é celebrado, no Brasil, o Dia do Homem. Entretanto, essa mesma data é comemorada por muitas nações do exterior aos 19 dias do mês de novembro. Ambas as datas têm o propósito de chamar a atenção da sociedade para problemas e circunstâncias que possam atingir, em especial, o sexo masculino. Além disso, ambas foram instituídas na década de 1990.
No Brasil, a data foi proposta pela Ordem Nacional dos Escritores em 1992. Desde esse ano, as atenções para tal data vêm se tornando crescentes, sobretudo por parte de autoridades políticas e por núcleos de especialistas na saúde do homem. Em se tratando do tema da saúde do homem, o médico Jerome Teelucksingh, de Trinidad e Tobago, tendo em vista exatamente pôr em destaque a saúde do gênero masculino à comunidade internacional, propôs à Organização das Nações Unidas (ONU), em 1999, que fosse criado um dia para tal objetivo.
O dia escolhido foi 19 de novembro. Desde o início do século XXI, muitas campanhas vêm sendo feitas em vários países com o objetivo de conscientizar os homens da importância de cuidarem de seu corpo e de sua saúde. Um exemplo desse tipo de conscientização diz respeito ao câncer de próstata, que atinge grande parcela da população masculina de todo o mundo. Outras doenças relacionadas com o uso do tabaco e de bebidas alcoólicas também são colocadas em questão na oportunidade desse dia.
Outro dos objetivos da reflexão que propõe o Dia do Homem é a igualdade entre os gêneros masculino e feminino. O alvo principal dessa proposta é a mudança de comportamento com relação a muitas posturas colocadas, tanto por condutas machistas quanto por condutas do radicalismo feminista, que tendem a restringir o debate da valorização profissional e social da mulher e do papel fundamental que o homem desempenha nesse processo.
Além disso, há ainda a discussão sobre o paradigma do homem contemporâneo, que já não segue o mesmo padrão comportamental do século passado, nem em seu seio familiar nem em seu trabalho ou na convivência com círculos de amigos, etc.
Sendo assim, tanto o dia 15 de julho quanto o dia 19 de novembro são situações oportunas para esse tipo de reflexão.
AVISO - A Saúde do Homem: Hospital do Homem
Anexo
Homens só se tornam adultos aos 54 anos
https://osegredo.com.br/2015/03/homens-so-se-tornam-adultos-aos-54-anos/
O Segredo • 11 de março de 2015
A vida começa aos 54 anos para homens. O número bastante preciso foi apontado por uma pesquisa como a idade em que eles finalmente crescem e começam a aproveitar a vida como “adultos de verdade”. O estudo com 1000 homens descobriu que esta era a idade em que eles se sentiam “resolvidos e seguros”, segundo o jornal “Telegraph”.
Ele sugere que os homens levam mais tempo do que as gerações passadas para atingir este estágio, principalmente devido às pressões financeiras e à paternidade adiada. Hoje, dois terços dos bebês nascem de pais com mais de 30 anos, com a média de 32 anos para o primeiro filho nos EUA.
A pesquisa sugere que os homens de 54 anos de idade, como Simon Cowell, Hugh Laurie e Kevin Spacey estão apenas no início de sua vida bem resolvida. Realizado pelo Centro Crown Clinic, em Manchester, o estudo mostra que aos 40, os homens ainda não deixaram para trás suas inseguranças juvenis.
A pesquisa revelou inseguranças que não deixam o homem amadurecer mais jovem, incluindo imperfeições físicas, problemas com dinheiro e solidão. Eles citaram medos como o de não conseguir adquirir a primeira casa, perder o cabelo e estar desempregado. O processo de envelhecimento também apareceu com força, além de ter que lidar cabelos grisalhos, queixo duplo e mamas.
– Estamos vivendo muito mais e, com os custos de vida aumentando e a paternidade sendo adiada, homens inevitavelmente levam mais tempo para se sentirem resolvidos – comentou Asim Shahmalak, da Crown Clinic.
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POR QUE É QUE OS HOMENS RARAMENTE ESTÃO DEPRIMIDOS
L.F.Veríssimo
Não engravidam. Os mecânicos não mentem pra eles...
Nunca precisam procurar outro posto de gasolina para achar um banheiro limpo.
Rugas são traços de caráter...
Barriga é prosperidade!
Cabelos brancos são charme...
Ninguém fica encarando os peitos deles quando estão falando.
Os sapatos não lhes machucam os pés.
As conversas ao telefone duram apenas 30 segundos.
Para férias de 5 dias, apenas precisam de uma mochila.
Se outro aparecer na mesma festa usando uma roupa igual, não há problema.
Cera quente não chega nem perto.
Ficam assistindo a TV com um amigo, em total silêncio, por muitas horas, sem ter que pensar: "Deve estar cansado de mim."
Se alguém se esquece de convidá-los para alguma festa, ainda assim vai continuar sendo seu amigo.
Sua roupa íntima custa no máximo 20 reais (em pacote de 3).
Três pares de sapatos são mais que suficientes.
São incapazes de perceber que a roupa está amassada.
Seu corte de cabelo pode durar anos, aliás, décadas.
Meia dúzia de cervejas geladas e um jogo de futebol na televisão são o suficiente para a extrema felicidade.
Os shoppings não fazem falta para eles.
Podem deixar crescer o bigode.
Se um amigo chamá-lo de gordo, careca, bicha velha etc, não abala em nada a amizade. Aliás, é prova de grande amizade.
Podem comprar os presentes de Natal para 25 pessoas, no dia 24 de dezembro em, no máximo, 25 minutos!
Que maravilha é ser homem!
Faltou falar de um churrasco...precisa carne e sal grosso, uma faca e uma tábua e no máximo uma bermuda para limpar os dedos sujos de gordura.
Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
A difícil questão dos moradores de rua
A questão dos moradores de rua tornou-se um problema mundial. Mesmo capitais de países desenvolvidos hoje estão repletas de pessoas que vivem sem teto. Mais de 60 ONGs ajudam pessoas em situação de rua em Buenos Aires, como resultado da crise sócio-econômica que avança na Argentina.
No Brasil a situação chegou a tal ponto que o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL já se pronunciou exigindo que Governos tomem iniciativas para solucionar o problema.Como resultados várias Prefeituas já elaboraram Relatórios sobre as respectivas populações de rua Em PORTO ALEGRE, por exemplo, sabe-se que, antes das inundações, havia cerca de 5000 moradores em situação de rua, a maior parte alfabetizado e que já trabalharam com carteira assinada. Só 30% eram drogadictos ou portadores de doença mental. Os próprios moradores veem se organizando e participando de encontros em busca de soluções. Querem participar destas soluções. Em Torres, por exemplo, eles são liderados por NILTON POLICENA, ex morador de rua, que informa haverem 80 moradores em permanente situação de rua na cidade.
A Rede Globo está dedicando, agora, uma série de reportagens sobre os moradores em situação de rua. Vale acompanhar.
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Anexo
‘Vidas na rua’: não ter onde morar é perder o acesso a uma série de direitos fundamentais
O último levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, de 2022, mostra que em 10 anos a quantidade de pessoas em situação de rua aumentou 211% no Brasil.
Por Jornal Nacional - 11/07/2024 -https://g1.globo.com/jornal-nacional/vidas-na-rua/noticia/2024/07/11/vidas-na-rua-nao-ter-onde-morar-e-perder-o-acesso-a-uma-serie-de-direitos-fundamentais.ghtml
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‘Vidas na rua’: não ter onde morar é perder o acesso a uma série de direitos fundamentais
Nesta semana, o Jornal Nacional está chamando a atenção para a situação peculiar em que se encontram milhões de pessoas no mundo todo. Gente que passa os dias e as noites na rua por não ter um teto. As duas primeiras reportagens da série especial mostraram que países ricos como os Estados Unidos e o Reino Unido têm milhares de seres humanos nessas condições. Nesta quinta-feira (11), o nosso olhar é para o Brasil.
Uma vez por semana a praça, em Copacabana, é o que foi feita para ser: um lugar de encontros. Moradores do entorno e voluntários dividem afeto e comida com quem também vive por ali, mas não tem endereço.
“Somos todos vizinhos. Assim como você conhece o vizinho, o padeiro, o jornaleiro, você pode conhecer a pessoa que está em situação de rua naquele momento”, diz Deborah Barrocas, diretora-executiva do Proj. Ruas.
“Boa noite, meu nome é Carlos Martins. Cheguei aqui cansado, receoso, agora estou feliz e grato”, diz um homem em situação de rua.
Olhar para uma pessoa e enxergar uma pessoa. Parece óbvio, mas esse é o primeiro passo. A chamada situação de rua vai muito além de dormir ao relento. Perder um teto é perder o acesso a uma série de direitos fundamentais que deveriam ser garantidos a todos.
“Habitação, trabalho, educação, assistência social, saúde. Essa é a realidade da rua: são andarilhos da alimentação”, afirma a defensora pública Cristiane Xavier.
Quando os voluntários vão embora, o lugar deixa de ser praça e volta a ser uma fronteira entre dois mundos que mal se olham.
“Muitos olham com cara de nojo”, conta uma mulher em situação de rua.
“Eu acho que elas enxergam o morador de rua como um verdadeiro trapo humano”, afirma um homem em situação de rua.
“Tem algumas pessoas que cospem, debocham. E tem algumas pessoas que chegam com uma comida, uma coberta”, diz outro.
“A gente sabe que a população em situação de rua cresceu. Para começo de conversa, o olhômetro das pessoas indica isso, quem mora nas grandes cidades sabe que aumentou, e o que a pesquisa do Ipea mostra é que essa impressão que a gente tem, ela condiz com a realidade”, afirma Marco Natalino, pesquisador do Ipea.
O último levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, de 2022, mostra que em 10 anos a quantidade de pessoas em situação de rua aumentou 211%. O número é ainda mais chocante se comparado com o crescimento geral da população: 2,4% no mesmo período.
“A pandemia pode ser considerada uma causa do crescimento nos últimos anos porque ela, na verdade, gerou uma série de vulnerabilidades, não só de ordem econômica, que é uma das principais causas, mas também fragilização dos vínculos familiares e de amizade, comunitários das pessoas”, diz Marco Natalino.
Crescimento da população — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Um outro levantamento, mais recente, mostra que o número segue aumentando. Segundo o CadÚnico, no último mês de maio, mais de 290 mil pessoas estavam em situação de rua; 13% são mulheres - uma a cada cinco é mãe.
Em meio à multidão masculina e solitária, uma voz feminina se destaca ainda mais. Voz de comando. Nathália Mendes nasceu na favela, viveu de perto o problema das ruas e desistiu de enxugar gelo. Ela percebeu que não vai haver comida que chegue se, junto com o alimento, não oferecer oportunidades.
“É uma lenda, um absurdo quando falam que população de rua não quer trabalhar. Para a gente é o que eles mais pedem”, afirma Nathália Mendes, diretora da ONG Recomeçar.
Mas nessa busca, muitas vezes, a porta se fecha logo na primeira linha da ficha de emprego.
“Que endereço é esse? Abrigo? Não. Como uma pessoa em situação de rua vai em uma entrevista de trabalho? Ela não tem roupa. A gente tem que viabilizar roupa. A gente precisa inúmeras vezes... Toma aqui, vamos lá cortar seu cabelo para você chegar na entrevista apresentável”, conta Nathália.
VIDAS NA RUA
• Série especial mostra problema que desafia governos no Brasil e no mundo
• Iniciativa nos Estados Unidos inspira projetos de acolhimento no mundo todo
De roupa nova, cabelo cortado e barba feita, Arquimedes Pereira Lima relembra os tempos em que tinha casa, família, três filhos, e trabalhava em uma grande empresa.
“Quando eu separei, de lá para cá, minha vida começou a decair. Devagarzinho, mas decaiu. Você não percebe, mas vai caindo devagarzinho”, afirma.
Ele não percebia que estava doente: alcoolismo.
“Quando eu vi, eu já estava no papelão, deitado no papelão enrolado”, lembra.
Na calçada, se equilibrava entre os olhares tortos e o desprezo.
“Passei muita fome, passei muita fome. Eu passei muita fome. Pedia um pão e ninguém me dava, cara”, conta.
Ele nunca desistiu de tentar um emprego. Perdeu a conta de quantas vezes ouviu um “não”. Foi então que as histórias de Arquimedes e Nathália se encontraram.
"Não tinha R$ 1 no bolso. Recorria a Nathália. Era meu anjo, sempre foi o meu anjo", diz Arquimedes.
“Sem um trabalho onde a pessoa consiga autonomia para ela ter dignidade, para ela se suprir as próprias necessidades, pode ser que eu seja radical, mas sem isso não funciona”, afirma Nathália.
Com a ajuda da Nathália, Arquimedes arrumou emprego: serviços gerais em um hotel. Nem chega a ser uma visita. Ele está de licença enquanto se recupera de uma cirurgia que foi paga pelo plano de saúde da empresa. Para quem tinha o céu como telhado, a vida deu uma reviravolta completa.
“Agora eu tenho uma casa, graças a Deus, onde morar, onde botar minha cabeça”, comemora.
A história de Wallace percorreu outros caminhos, mas também passou pela calçada. Abandonado pela mãe, foi criado em um abrigo. Na adolescência, fugiu em busca de ser livre. Foram 13 anos de caminhada até descobrir que a liberdade mora da porta para dentro.
Habitação primeiro. Essa ideia inverteu a lógica do atendimento à população de rua, e fez o menino das calçadas, pela primeira vez na vida, ter quatro paredes só para ele. A moradia é mantida pela mesma ONG que atua na praça de Copacabana.
“A casa em primeiro lugar. A casa é um fator estabilizador para a pessoa que está em situação de rua. Em um modelo tradicional, a pessoa primeiro passa por diversas etapas e para depois conquistar a casa. No entanto, a casa é uma base, é um fator de segurança que entra como estabilizador para essa pessoa se cuidar, para essa pessoa se tratar”, explica Allini Fernandes, presidente do projeto Ruas.
Wallace tem a responsabilidade de cuidar desse pedacinho do mundo, e a oportunidade de decorar o próprio espaço. O que ilumina a casa é o sorriso do morador.
“Foram dois, três meses para eu me adaptar. Porque eu não estava acreditando que eu estava dentro de uma casa que seria minha”, diz.
Um cômodo, cozinha e banheiro. Um novo mundo para quem nunca se acostumou a dormir no chão duro da rua.
Repórter: O que você mais gosta da sua casa?
“É a cama. É que antigamente eu dormia no papelão. Tinha vezes que eu não conseguia achar um papelão devido à chuva e, hoje em dia, a cama para mim agora está sendo...”, conta.
No canto oposto, um objeto igualmente importante. O diploma de cozinheiro, um pedaço de papel capaz de transformar uma vida. O fogão é bem velhinho, deixado pelo antigo morador. Mas Wallace prepara quentinhas para distribuir pelas ruas. Quem ganhava comida hoje oferece.
Hora de descansar. Amanhã, ele vai acordar cedo. Sabemos disso porque a casa não tem cortina, a claridade não incomoda. Quem viveu tanto tempo nas ruas aprendeu que uma casa não resolve todos os problemas da vida, mas é o mínimo de que um ser humano precisa para se reencontrar.
Na sexta-feira, o Jornal Nacional vai mostrar a situação na cidade de São Paulo.
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Dia da População
O Dia Mundial da População é um evento anual, celebrado no dia 11 de julho.] No século XIX a população do globo não passava de 1 bilhão de pessoas, em 1900 éramos 1,2 bilhões e no ano 2000 já chegávamos a perto de 7 bilhões. O objetivo do DIA MUNDIAL DA POPULAÇÃO é alertar para as questões do planejamento e desenvolvimento populacional, quando parte significativa da humanidade não tem acesso a recursos e serviços básicos como saúde, educação, saneamento e alimentação, entre outros. O evento foi criado pelo Conselho de Governo do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas em 1989. Foi inspirado pelo interesse público no Dia dos Cinco Bilhões, em 11 de julho de 1987, data aproximada em que a população mundial atingiu cinco bilhões de pessoas. Os seis bilhões foram atingidos em outubro de 1999, e os sete bilhões em outubro de 2011. E segue crescendo devendo chegar a 10,4 bilhões na década de 2080.
No Brasil, íamos acompanhando as primeiras décadas do século XX com um crescimento em torno de 10 milhões ano, .partindo do número de 14 milhões de pessoas no ano da Proclamação da República. Chegamos a 1970 com “noventa milhões em ação”, como dizia uma canção muito cantada á época da Copa do Mundo. Daí saltamos, em 30 anos, para 180 milhões no ano 2000 e agora somos 214 milhões, maior parte vivendo em condições precárias nas regiões metropolitanas.
Responsabilidade compartilhada
População mundial deve ultrapassar marca de 8 bilhões ainda este ano | ONU News
Ele lembra que atingir uma população global de oito bilhões é um marco numérico. Mas o foco deve permanecer nas pessoas como responsabilidade compartilhada, que é “cuidar do planeta” e honrar os compromissos mútuos.
De acordo com o relatório publicado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, a população mundial está projetada para atingir um pico de cerca de 10,4 bilhões de pessoas durante a década de 2080 e permanecer nesse nível até 2100.
O estudo aponta que a população global está crescendo no ritmo mais lento desde 1950, tendo caído abaixo de 1% em 2020. As últimas projeções da ONU sugerem que a população mundial pode crescer para cerca de 8,5 bilhões em 2030 e 9,7 bilhões em 2050.
Metade dos 8 bilhões adicionados à população mundial foi resultado da expansão demográfica da Ásia. A África fez a segunda maior contribuição, com quase 400 milhões.
Dez países contribuíram para mais da metade do crescimento populacional: Índia, China e Nigéria são os países com maior índice. A África e a Ásia devem impulsionar o crescimento populacional até que o 9º bilhão seja alcançado em 2037.
O levantamento aponta que mais da metade do aumento projetado da população global entre 2022 e 2050 fique concentrada em apenas oito países: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e República Unida da Tanzânia.
As populações da República Democrática do Congo e da Tanzânia devem crescer rapidamente, entre 2% e 3% por ano entre 2022 e 2050.
Segundo os dados, as taxas de crescimento populacional díspares entre os maiores países do mundo mudarão sua classificação por tamanho: a Índia deverá superar a China como o país mais país populoso em 2023.
Desigualdades
Guterres afirma que um mundo de oito bilhões de pessoas significa “oito bilhões de oportunidades para viver vidas dignas e realizadas”. Na contramão, ele lembra que se habita num mundo de grande desigualdade e destaca a questão de gênero.
O líder da ONU ressalta que estamos testemunhando novos ataques aos direitos das mulheres, incluindo serviços essenciais de saúde. As complicações relacionadas à gravidez e ao parto ainda são a principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos.
Dados
Segundo os dados da ONU, desde meados do século 20, o mundo experimentou um crescimento populacional sem precedentes. A população mundial mais do que triplicou de tamanho entre 1950 e 2020.
A taxa de crescimento da população mundial atingiu um pico entre 1965 e 1970, quando o número de pessoas aumentou em média 2,1% ao ano.
Durante o período de 2000 a 2020, embora a população global tenha crescido a uma taxa média anual de 1,2%, 48 países ou áreas cresceram pelo menos duas vezes mais rápido: estes incluíam 33 países ou áreas na África e 12 na Ásia.
A expectativa de vida dos adultos no mundo desenvolvido aumentou desde meados do século 20 - o número de pessoas que atingem a idade de 100 anos nunca foi maior do que é hoje.
Em todo o mundo, o número de mortes em relação ao tamanho da população vem diminuindo desde a década de 1950. Nas próximas décadas, as projeções das Nações Unidas preveem uma diminuição gradual contínua nas taxas de mortalidade específicas por idade.
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PARA ONDE SOPRAM OS VENTOS?
Diz-se que breve é a vida, longa a arte. E a Política, faz parte da vida ou da arte? Aqui é bom lembrar que a natureza é a arte de Deus e a arte natureza do homem. Uma e outra, porém, dançam no tablado do tempo. Se entrelaçam. Revezam-se. O tecido político é um de seus resultados: breve e longa ao mesmo tempo. Tem raízes mas voa no vento das circunstâncias. Sempre uma incógnita, daí o erro de muitas pesquisas de opinião. A recente vitória da esquerda, na França, é um exemplo. Em 1974, no Brasil, quando não havia eleições diretas nem para Presidente nem para Governadores, ainda sob o impacto do “Milagre Econômico” dos anos 1969-1973, as urnas revelaram a vitória de 17 Senadores da Oposição. Um susto, que obrigaria o Presidente General Geisel ao Pacote de abril de 1977 e instituição dos Senadores biônicos, para evitar a precipitação da crise do regime militar. Não adiantou. Acabou na lenta, segura e gradual redemocratização.
E agora, então, o que estaria acontecendo no Brasil? Será que estamos na iminência de novos ventos?
Aparentemente, subsiste a polarização Lula x Bolsonaro, mas há indícios de mudança no ar.
A estrela de Bolsonaro acendeu em 2018, amparada pelo impeachment da Dilma dois anos antes, pela refrega da Lavajato e pela prisão de Lula. Um obscuro deputado do baixo clero, ex capitão expulso do Exército como “mau militar”, nas palavras do então Presidente Geisel, engole o centro e lidera um inédito movimento de extrema direita no país que viria desembocar, em 2022, na maior bancada – PL – na Câmara dos Deputados e inúmeros governadores, inclusive de São Paulo.
Lula havia saído muito bem ao final do seu mandato em 2010 e, graças a isso, conduziu sua sucessão com o que se considerava um “poste”, Dilma Roussef, tanto neste ano quanto em 2014. Mesmo impedido, sustentou, com bom resultado, embora vencido, outro “poste”, Haddad, em 2018. Lutou pela sua reabilitação judicial, venceu uma máquina infernal a serviço da reeleição de Bolsonaro em 2022 e governa com bons resultados, tanto em indicadores como em pesquisas de opinião, há um ano e meio, embora enfrentando um Congresso Nacional francamente contrário. Faz “milagres”, já perto de seus 80 anos. Diz-se rejuvenescido e pronto para o Lula IV em 2026.
Bolsonaro ainda tem peso. Entretanto, não só perdeu a reeleição em 2022 mas vem perdendo terreno na Justiça Eleitoral, onde já cavou sua inelegibilidade, e agora, enfrentará os processos criminais abertos pelo seu indiciamento pela Polícia Federal. Num primeiro momento, ainda tentou se fazer de vítima de perseguição política. Diante dos fatos, vai se inclinando ao modelo Trump: Descaramento aberto, do tipo “Meti a mão grande, sim , e daí”. Indiciado por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro no embrulho das joias, ele não pode mais bater no peito e dizer-se honesto Isso vai abrindo fendas no seu próprio campo, embora ninguém ainda o tenha confrontado. Mas no seu berçário político, Rio de Janeiro, já não convence. Eduardo Paes, candidato a Prefeito, apoiado por Lula, surfa com 53% de preferência, enquanto o Delegado Ramagem, bolsonarista, na alcança dois dígitos. Em São Paulo, outro reduto eleitoral importante do país, Boulos, também apoiado por Lula, parece levar a melhor sobre o Prefeito Nunes, MDB, candidato a reeleição com um vice bolsonarista raíz. Em Porto Alegre, outro aliado circunstancial, o Prefeito Mello, vai se despedaçando em folhetins depois das inundações. Resta-lhe, entretanto, o interior: interior da sociedade, interior da economia, interior das almas obcecadas pelo fanatismo.
Lula, enquanto isso, peleja para manter a economia sob controle, intercalando diatribes anti-mercado com concessões, como a que resultou do encontro dele com economistas heterodoxos que lhe explicaram o poder real do sistema financeiro para o qual trouxeram o famoso discurso de F.D.Roosevelt de 1936. No plano político, consciente de já não ter um grande Partido procura ampliar e fortalecer uma frente democrática capaz de ganhar o tempo suficiente para enterrar a onda extremista de direita. Seu maior problema é a sucessão, eis que não se percebe um herdeiro natural da sua obra. Outro questão é a incógnita do desenvolvimento. A China até inventou um modelo mas antes teve que fazer uma Revolução e atravessar, além da Longa Marcha daquele processo, outra longa marcha de desacertos que lhe custou milhões de mortos. Cingapura, também, sem marchas nem revoluções, mas é menor do que São Paulo. Continuamos singrando a resteva do baixo crescimento, assombrados pelo risco da inflação e da subida do dólar.
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DATA MAGNA DE SÃO PAULO – 9 JULHO
São Paulo é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na Região Sudeste e tem por limites os estados de Minas Gerais a norte e nordeste, Paraná a sul, Rio de Janeiro a leste e Mato Grosso do Sul a oeste, além do Oceano Atlântico a sudeste. É dividido em 645 municípios e sua área total é de 248 222,362 km², o que equivale a 2,9% da superfície do Brasil, sendo pouco maior que o Reino Unido. Sua capital é o município de São Paulo . Com quase 50 milhões de habitantes, ou cerca de 22% da população brasileira, é o estado mais populoso do Brasil, a terceira unidade política mais populosa da América do Sul (superado pela Colômbia e pelo restante da federação brasileira) e a subdivisão nacional mais populosa do continente americano. A população paulista é uma das mais diversificadas do país e descende principalmente de italianos, que começaram a emigrar para o país no fim do século XIX, num processo similiar ao que passou Buenos Aires, de portugueses, que colonizaram o Brasil e instalaram os primeiros assentamentos europeus na região, de povos ameríndios nativos, de povos africanos e de migrantes de outras regiões do país. Outras grandes correntes imigratórias, como de árabes, alemães, espanhóis, japoneses e chineses, também tiveram presença significativa na composição étnica da população local.
Conhecido como a "locomotiva do Brasil". O PIB paulista equivale à soma das economias de Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.[10] Se fosse um país independente, seu PIB nominal poderia ser classificado entre os 20 maiores do mundo (estimativa de 2010).[11] Além da grande economia, São Paulo possui bons índices sociais em comparação ao registrados no restante do país, como o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o segundo maior PIB per capita, a segunda menor taxa de mortalidade infantil, a menor taxa de homicídios e a terceira menor taxa de analfabetismo entre as unidades federativas brasileiras.
O que foi a revolução constitucionalista de 1932?
O movimento conseguiu mobilizar 35 mil homens pelo lado dos paulistas, contra 100 mil soldados do governo Vargas
POR Eliza Kobayashi 07 de Março | 2018
Cartaz de convocação de voluntários.Acervo do Instituto Histórico e Geográficode São Paulo Foto: Renato Chaui)
Antes de falar sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, é preciso voltar alguns anos na história para buscar os embriões deste que foi um dos maiores movimentos armados da história do Brasil. Durante a República Velha (1889-1930), formou-se uma aliança entre os estados mais ricos e influentes do país na época, São Paulo e Minas Gerais, cujos representantes alternavam-se no posto da presidência da república naquilo que ficou conhecido como a "política do café com leite". Em 1930, porém, o presidente Washington Luís, representante dos paulistas, rompe a aliança com os mineiros e indica o governador de São Paulo Júlio Prestes como seu sucessor, que venceu as eleições. As oligarquias mineiras não aceitam o resultado e, por meio de um golpe de estado articulado com os estados do Rio Grande do Sul e da Paraíba, colocam Getúlio Vargas no poder.
"Getúlio vem com uma nova proposta de modernização do país. O grupo que chega ao poder pretende promover essas mudanças de maneira autoritária, sem consultas eleitorais", conta Alexandre Hecker, professor de História Contemporânea da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Mackenzie. O novo presidente fecha o Congresso Nacional, anula a Constituição de 1891 e depõe governadores de diversos estados, passando a nomear interventores. As medidas desagradam profundamente as elites paulistas tradicionais. "Esses grupos, que eram ligados ao Partido Republicano Paulista (PRP) e haviam sido derrotados pela revolução de 1930, passam a trabalhar em oposição ao governo de Getúlio", diz Alexandre. Já, a partir de 1931, se junta a essa elite deposta um "grupo mais moderno", que exige do governo a criação de uma carta magna que regesse a legislação do país - algo que Vargas vinha adiando cada vez mais - além de eleições gerais para presidente da república.
Ao mesmo tempo em que se formava esse grupo opositor, fortaleciam-se, em São Paulo, os chamados tenentistas, constituídos não apenas por militares, mas também de civis que agiam sob sua liderança. "Eles se reuniam no Clube Três de Outubro e apoiavam as ações do governo", explica o professor. "Havia diversas brigas de rua entre os estudantes do Largo São Francisco e esse grupo getulista, os tenentistas". No dia 23 de maio, essas forças se encontraram e se defrontaram nas ruas de São Paulo, o que resultou na morte de alguns estudantes em praça pública, que ficaram famosos como MMDC (sigla das iniciais dos quatro jovens mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Mais tarde, adicionou-se a letra A, de Alvarenga, ao final da sigla, de outro jovem que acabou morto por causa do conflito).
Essas mortes foram o estopim que deu início no dia 9 de julho de 1932 à Revolução Constitucionalista. Com a ajuda dos meios de comunicação em massa, o movimento ganha apoio popular e mobiliza 35 mil homens pelo lado dos paulistas, contra 100 mil soldados do governo Vargas. "Havia uma possibilidade de que outros estados viessem em apoio ao governo do estado de São Paulo, mas ele ficou isolado e, com isso, se desenvolveu uma série de batalhas", destaca Alexandre. Foram quase três meses de batalhas sangrentas, encerradas em 2 de outubro daquele mesmo ano, com a derrota militar dos constitucionalistas. "Moralmente, porém, em termos de denúncia política, o movimento foi vencedor, porque logo depois do término do conflito, o governo federal convocou eleições para uma Assembleia Constituinte, que promulgou a Constituição do Brasil em 1934. Foi também quando, pela primeira vez no país, as mulheres participaram do processo eleitoral", ressalta o historiador.
O termo "revolução" para o movimento constitucionalista não é muito adequado àquilo que se propunha fazer, segundo o professor. "Não era uma revolução. Na verdade, desejava-se a normatização da legislação e do processo eleitoral, e não uma mudança no sentido de alteração das relações de poder ou qualquer coisa que significasse uma limitação no processo de desenvolvimento capitalista", afirma. Ele diz que, para alguns historiadores, o movimento é considerado até conservador e anti-revolucionário. "Era uma elite derrotada que queria voltar ao poder e encontraram nesse movimento uma desculpa para isso".
https://novaescola.org.br/conteudo/333/o-que-foi-a-revolucao-constitucionalista-de-1932
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Nós sempre teremos Paris...
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Após a vitória da esquerda, França vive impasse político porque Macron se nega a entregar o poder à França Insubmissa
Começam nesta segunda-feira as negociações para a formação de um novo governo, às vésperas dos Jogos Olímpicos
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A Nova Frente Popular, de esquerda, sem dúvida é a maior vitoriosa do segundo turno, enquanto a Reunião Nacional, da extrema direita, é derrotada, caindo para o terceiro lugar, atrás do grupo liderado pelo presidente Emmanuel Macron. Embora deva dobrar o número de cadeiras na Assembleia, o partido de Marine Le Pen ficou longe da maioria absoluta necessária para liderar o governo. A esquerda da Frente Popular também não tem maioria para governar e terá que se compor com o Centro de Macron numa espécie de geringonça capaz de reproduzir a instabilidade reinante na Itália antes de Meloni. Os interesses, enfim, da esquerda e do centro não são metais que se fundem com facilidade. Como assinala o sociólogo Renato S. Oliveira a distância entre Macron, líder o Centro e Presidente da República, e Mélanchon, líder da esquerda, será um espaço a ser duramente construído. João Carlos Brum Torres destaca a peculiaridade institucional da França: “A situação é muito complexa. Não só politicamente complexa, mas institucionalmente. Uma professora de direito esclareceu que, no texto constitucional, o Presidente é árbitro e garantidor da integridade territorial, da unidade nacional, com prerrogativas com relação à política externa, ocorrendo, porém, que quando tem maioria parlamentar torna-se chefe o governo. Quando isso não ocorre, com agora, ele se torna um rei da Inglaterra um pouco mais forte e quem governa passa a ser efetivamente o primeiro ministro. Como os franceses não têm a tradição alemã do pós-guerra de criar alianças interpartidárias estáveis é bem possível que se formem governos instáveis e sem poderes para governar, o que, se ocorrer, obviamente facilitará avanços ainda mais robustos da extrema direita. Por ora, alívio ! “
Não obstante, a esquerda celebrou a vitória, que junto com a vitória trabalhista no Reino Unido freia o impulso ultradireitista que vinha alarmando a Europa Ocidental.
“Formada por cinco partidos, a Nova Frente Popular se aglutinou rapidamente após a dissolução da Assembleia Nacional, por Macron. São partidos que têm diferenças ideológicas entre si, mas em comum, alcançaram o mesmo objetivo: frear a ascensão do RN neste segundo turno e impedir a nomeação do discípulo de Marine Le Pen — o jovem Jordan Bardella — a primeiro-ministro francês. Não por acaso Jean-Luc Mélenchon, o líder da França Insubmissa, foi o primeiro a se pronunciar, como o principal partido do bloco, para cobrar e reivindicar a vitória de seu bloco, logo após a divulgação das projeções dos resultados.
“O presidente tem que se curvar e admitir que isso é uma derrota. Ele tem o poder e o dever de chamar a Nova Frente Popular para governar”, vaticinou Mélenchon. Não por acaso, Macron preferiu se manter calado até que o panorama esteja mais claro.”
Enfim, como ao final do “Casablanca” : NÓS SEMPRE TEREMOS PARIS...
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Candidatos apoiados por Bolsonaro lideram em quatro capitais contra três apadrinhados por Lula = https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/candidatos-apoiados-por-bolsonaro-lideram-em-quatro-capitais-contra-tres-apadrinhados-por-lula,54fed29db41d626cc1cadcbdff7e583buslzg6rm.html
Disputa entre apadrinhados por Bolsonaro e por Lula está parelha em outras três capitais, incluindo São Paulo, e há localidades ainda sem definição; segundo especialista, pré-candidatos precisam dosar o índice de rejeição do candidato antes de colar sua imagem a deles
Por Gabriel de Sousa, Juliano Galisi, Karina Ferreira e Rayanderson Guerra - 03/07/2024 | 09h30
BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO - Quatro pré-candidatos que recebem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa pelo comando das capitais lideram as intenções de voto conforme levantamentos mais recentes dos principais institutos de pesquisa do País. Os nomes apadrinhados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão à frente em outras três capitais.
Os pré-candidatos que têm o aval do ex-presidente disputam as prefeituras em Aracaju (SE), Belém (PA), Curitiba (PR) e Salvador (BA). Já os concorrentes que recebem o apoio de Lula lideram nas intenções de voto em Porto Alegre (RS), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ). Somadas, as cidades onde os postulantes apoiados pelo petista são favoritos possuem sete milhões de eleitores. As que os apadrinhados de Bolsonaro estão na frente, totalizam 4,9 milhões.
Os dados fazem parte de levantamento feito pelo Estadão com base em pesquisas eleitorais mais recentes da Atlas Datafolha, Quaest, Paraná Pesquisas e Real Time/Big Data.
Na capital paulista, a última pesquisa Real Time Big Data, divulgada nesta segunda-feira, 1º, mostrou que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que é o pré-candidato de Lula, está empatado com prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Bolsonaro. De acordo com o levantamento, que ouviu 1.500 eleitores paulistanos entre os dias 25 e 28 de junho, ambos tem 29% das intenções de voto.
O mesmo ocorre em Rio Branco (AC) onde, segundo levantamento do Real Time Big Data divulgado no início de abril, o ex-prefeito Marcus Alexandre (MDB), apoiado por Lula está empatado com o atual prefeito Tião Bocalom (PL), com 34% de menções. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Em Fortaleza (CE), Campo Grande (MS) e Belo Horizonte (BH), os pré-candidatos do ex-presidente Bolsonaro estão à frente dos apoiados pelo petista, mas ambos não lideram as intenções de voto. Na capital cearense, o preferido é Capitão Wagner (União), na “Cidade Morena” é Rose Modesto (União Brasil) e em BH o líder é Mauro Tramonte (Republicanos).
Em Vitória (ES), nem o pré-candidato apoiado por Lula, o deputado estadual João Coser (PT), nem o afilhado de Bolsonaro, o também deputado estadual Capitão Assumção (PL), lideram na pesquisa mais recente. Divulgada há mais de um mês, em 22 de maio, o levantamento do Paraná Pesquisas apontou que o atual prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), segue à frente da disputa, com 47,1%. Em seguida, o pré-candidato do PT tem 17% e é seguido pelo deputado do PL, com 7,10% das intenções de voto.
Vinícius Alves, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e diretor da IPESPE Analítica, explica que as eleições municipais representam um quadro multifacetado, com características específicas de cada cidade. Pesam o contexto político local, se o apoio dos padrinhos veio precoce ou tardiamente, por exemplo, além de um possível histórico de votação mais à esquerda ou à direita.
Por estar relacionada ao contexto local, o voto na eleição municipal é permeado por fatores que escapam à polarização entre Lula e Bolsonaro. Ainda assim, em cada capital estadual, a preferência do eleitorado é diferente e pode distinguir o potencial de votos dos pré-candidatos avalizados ou pelo petista ou pelo ex-presidente.
No segundo turno da eleição presidencial de 2022, por exemplo, a capital mais bolsonarista do País foi Boa Vista (RR), onde 78% do eleitorado optou pela reeleição do então presidente. Por outro lado, a capital com o maior porcentual de votos a Lula naquela ocasião foi Salvador, onde 71% dos votos válidos foram direcionados ao petista.
Além das variáveis, o cientista político também pontua que o apoio de Lula e de Bolsonaro não tem a mesma “intensidade” em todas as cidades, ou seja, há locais em que é preciso medir a quantidade de rejeição que um ou outro tem, antes que os pré-candidatos e seus partidos decidam que a melhor estratégia é colar a imagem ao petista ou a Bolsonaro. “Os dois são capazes de atrair apoiadores, mas eles também atraem rejeição em considerável medida, portanto, se associar claramente a um deles no início da disputa, antes da fase de definição, pode ter algum custo”, indica.
Por serem cidades com maior proporção de pessoas engajadas ou mais ativas politicamente, ambiente proporcionado por organizações políticas mais estruturadas, as capitais tendem a ser locais onde a disputa nacional reverbera com mais peso. O cientista político avalia que a polarização pode ser uma estratégia instrumentalizada nessas grandes cidades para gerar ainda mais engajamento contra o adversário.
“Acredito que, em geral, existe um terreno mais favorável nas capitais de grandes cidades para tentar polarizar a disputa, de alguma maneira, emular isso, o que acontece no plano nacional. Mas não dá para achar que vai ser do mesmo jeito em todos os locais”, adverte.
O Estadão procurou os comandos do PT e do PL que são responsavéis pelas estratégias para as eleições deste ano, mas não obteve retorno.
Veja o cenário nas capitais
Aracaju (SE)
A vereadora e ex-defensora pública Emília Corrêa, pré-candidata apoiada por Bolsonaro, lidera a disputa pela prefeitura de Aracaju (SE). O nome do PL aparece com 26% das intenções de voto, em uma liderança isolada para o pleito. Já a petista Candisse Carvalho (PT) tem apenas 1% das intenções de voto, de acordo com a pesquisa do Real Time Big Data, encomendada pela Record.Os dados foram divulgados no dia 11 de junho. O Real Time Big Data ouviu mil pessoas entre 8 e 10 de junho de 2024. A pesquisa tem SE-02812/2024 com nível de confiança de 95% com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Belém (PA)
Na capital paraense, o pré-candidato e deputado federal Éder Mauro (PL), apoiado por Jair Bolsonaro, detém vantagem ante o prefeito Edmilson Rodrigues, do PSOL. É o que aponta levantamento do Paraná Pesquisas divulgado em 15 de junho. Em um dos cenários estimulados, o deputado federal figura com 30% de menções, ante 13,4% do atual chefe do Executivo local. O Paraná Pesquisas realizou 800 entrevistas em Belém entre os dias 9 e 14 de junho. O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erro é de 3,5 pontos porcentuais. O levantamento está registrado no TSE sob o número PA-04749/2024.
Belo Horizonte (MG)
Em Belo Horizonte, tanto o PL quanto o PT devem ter candidatos próprios na disputa pela prefeitura. O pré-candidato petista é o deputado Rogério Correia que, de acordo a última pesquisa divulgada pela Real Time Big Data no dia 17 de junho, tem 9% das intenções de voto. O pré-candidato do partido de Bolsonaro é o deputado estadual Bruno Engler, que tem 14% da preferência dos eleitores. Os dois estão atrás do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), que lidera a corrida com 23%.. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais e para menos. A equipe da Real Time Big Data entrevistou 1.000 eleitores entre os dias 14 e 16 de junho. O índice de confiabilidade é de 95% e o levantamento está registrado no TSE sob o número MG-00754/2024.
Campo Grande (MS)
Adriane Lopes (PP), pré-candidata à reeleição apoiada pelo PL, sigla de Jair Bolsonaro, detém 14,4% de intenções de voto, figurando em terceiro lugar no principal cenário estimulado. Adriana está na frente da deputada federal Camila Jara (PT), apoiada por Lula, que tem 6,5% e está na quinta colocação. Contudo, ambas estão atrás da ex-deputada federal Rose Modesto, com 19,5% de menções, e do ex-governador do Estado André Puccinelli (MDB), que lidera com 26,4% de intenções de voto. Por outro lado, o cenário está indefinido, pois Puccinelli desistiu da disputa desde a realização da pesquisa. O Paraná Pesquisas realizou 800 entrevistas na capital do Mato Grosso do Sul entre os dias 19 e 24 de abril. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de 3,5 pontos porcentuais. O registro no TSE é o número MS-05358/2024.
Curitiba (PR) - vai apoiar o deputado federal Luciano Ducci (PSB) que, segundo o último levantamento do Paraná Pesquisas, divulgado no último dia 14 de maio, tem 13,1% das intenções de voto. Já Jair Bolsonaro vai apoiar o candidato da situação, o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD). Segundo a pesquisa, ele lidera a corrida com 22,9% da preferência dos eleitores no principal cenário estimulado.A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais. O Paraná Pesquisas ouviu 800 eleitores entre os dias 8 e 13 de maio. O índice de confiabilidade é de 95% e o estudo está registrado no TSE sob o número PR-01291/2024.Na capital do Ceará, o candidato avalizado por Lula é o deputado federal Evandro Leitão (PT), que apareceu no último levantamento do Datafolha, divulgado nesta quinta-feira, 27, com 9% das intenções de voto. O candidato de Bolsonaro é o deputado federal André Fernandes (PL), que pontuou 12% no estudo. Ambos estão atrás do ex-deputado federal Capitão Wagner, que liderou o cenário estimulado com 33% de menções. A margem de erro é de quatro pontos percentuais. O Datafolha ouviu 644 eleitores entre os dias 24 e 26 de junho. O índice de confiança é de 95% e o levantamento está registrado no TSE sob o número CE-01909/2024.
Manaus (AM) Em Manaus, o candidato apoiado por Lula é o ex-deputado federal Marcelo Ramos, que recém se filiou ao PT e tem 8% das intenções de voto segundo a última pesquisa Quaest divulgada no dia 16 de maio. O candidato de Bolsonaro é o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL), que tem 15% da preferência dos eleitores. Ambos estão atrás do atual prefeito David Almeida (Avante), que tem 30% e do deputado federal Amom Mandel (Cidadania), que tem 27%. A margem de erro do levantamento é de 3,1 pontos percentuais. O Quaest entrevistou 1.002 eleitores manauaras entre os dias 8 e 11 de maio de 2024. O índice de confiança é de 95% e a pesquisa está registrada no TSE sob o número AM-07730/2024.
Porto Alegre (RS)
Segundo levantamento Atlas/Intel realizado com eleitores de Porto Alegre (RS), a deputada federal e pré-candidata Maria do Rosário (PT), apoiada por Lula, tem 30% de intenções de voto no principal cenário estimulado. Com o índice, ela figura na frente do prefeito Sebastião Melo (MDB), pré-candidato à reeleição apoiado por Jair Bolsonaro, que detém 25% de intenções de voto.
A pesquisa ouviu 1.798 eleitores porto-alegrenses entre os dias 9 e 14 de junho e tem margem de erro de dois pontos porcentuais, com índice de confiança de 95%. O registro no TSE é RS-09253/2024.
Salvador (BA)
Segundo levantamento Paraná Pesquisas divulgado em 4 de junho, o prefeito de Salvador (BA), Bruno Reis (União Brasil), pré-candidato apoiado por Jair Bolsonaro, é favorito a se reeleger, com 64% de intenções de voto. O mandatário está na frente de Geraldo Júnior (MDB), nome apoiado por Lula, que detém 11% de menções.
O Paraná Pesquisas realizou 800 entrevistas presenciais em Salvador entre os dias 29 de maio e 3 de junho. A margem de erro é de 3,5 pontos porcentuais e o índice de confiança é de 95%. O registro no TSE é BA-01943/2024.
São Paulo (SP)
Na segunda-feira, 1º, o Real Time Big Data divulgou um levantamento que evidenciou um empate entre o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, e o deputado Guilherme Boulos (PSOL), apadrinhado por Lula. Ambos possuem 29% das intenções de voto do eleitorado paulistano.
A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O Real Time Big Data realizou entrevistas com 1.500 eleitores paulistanos entre os dias 25 e 28 de junho e o índice de confiabilidade é de 95%. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-06703/2024.
Recife (PE)
Em Recife, o atual prefeito João Campos (PSB) tentará a reeleição com o apoio do PT e do presidente Lula. A capital de Pernambuco é a cidade com o candidato apoiado pelo petista mais bem colocado entre todas as capitais. Caso a eleição fosse hoje, Campos seria eleito em primeiro turno com 57,3%, contra 21,4% do pré-candidato bolsonarista Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo de Bolsonaro. É o que aponta levantamento do Atlas Intel/CNN divulgado em 26 de abril. O Atlas/CNN ouviu 827 moradores de Recife, por meio de Recrutamento Digital Aleatório (Atlas RDR), entre os dias 18 e 23 de abril. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número PE-05351/2024.
Rio Branco (AC)
Na capital do Acre, a disputa pela Prefeitura de Rio Branco está tecnicamente empatada. Segundo pesquisa do RealTime, divulgada em 9 de abril, os candidatos Marcus Alexandre (MDB), apoiado pelo presidente, está com 39% das intenções de voto, ante 34% de Tião Bocalom (PL), pré-candidato de Bolsonaro e atual prefeito que tenta reeleição. O instituto entrevistou 800 pessoas, entre 6 e 8 de abril. A pesquisa foi registrada no TSE sob o código AC-04245/2024 e tem nível de confiança de 95%.
Rio de Janeiro (RJ)
Uma pesquisa do instituto Quaest divulgada no último dia 18 de junho mostrou que o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que tem o apoio de Lula, pode ser eleito ainda em primeiro turno, com 51% das intenções de voto. O pré-candidato de Bolsonaro, o deputado Alexandre Ramagem (PL) tem 11% da preferência dos eleitores. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O Quaest fez entrevistas presenciais com 1.145 cariocas entre os dias 13 e 16 de junho. O índice de confiabilidade é de 95% e a pesquisa está registrada no TSE sob o número RJ-04459/2024.
Vitória (ES)
Em Vitória, capital do Espírito Santo, nem o pré-candidato apoiado por Lula, o deputado estadual João Coser (PT), nem o afilhado de Bolsonaro, o também deputado estadual Capitão Assumção (PL), lideram de acordo com a pesquisa mais recente. Divulgada há mais de um mês, em 22 de maio, o levantamento do Paraná Pesquisas apontou que o atual prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), segue à frente da disputa, com 47,1%. Em seguida, o pré-candidato do PT tem 17% e é seguido pelo deputado apoiado por Bolsonaro, com 7,10% das intenções de voto. A pesquisa, registrada no TSE com o número ES-08077/2024, foi realizada entre os dias 17 a 22 de maio, entrevistou 800 pessoas e tem margem de erro de 3,5 p.p. para mais ou para menos.
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Maria do Rosário tem 29,2% e Mello, 28%, em Porto Alegre, aponta pesquisa Futura Inteligência
Pesquisa para prefeito em Porto Alegre: Maria do Rosário tem 29,2% e Mello, 28%, aponta Futura Inteligência | Exame
Na terceira posição, Juliana Brizola (PDT) aparece com 10%, seguida por Any Ortiz (Cidadania), que aparece com 5,8%, e Dr. Thiago (União), com 5,1%
(Câmara dos Deputados/Assembleia de POA/Reprodução)
André Martins
A deputada federal e pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário (PT), tem 29,2% das intenções de voto, e o atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), 28%, de acordo com a pesquisa da empresa 100% Cidades, em parceria com a Futura Inteligência, obtida com exclusividade pela EXAME. Pela margem de erro da pesquisa, há empate técnico entre o atual prefeito e a deputada.
Na terceira posição, Juliana Brizola (PDT) aparece com 10%, seguida por Any Ortiz (Cidadania), que aparece com 5,8%, e Dr. Thiago (União), com 5,1%. Luciano Zucco (PL) tem 3,1% das intenções de voto, e Felipe Camozzato (Novo) aparece com 2,9%. Ainda há um considerável número de eleitores indecisos ou que preferem votar nulo ou em branco, representando 7,8% e 7,9%, respectivamente.
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• Maria do Rosário (PT): 29,2%
• Sebastião Melo (MDB): 28%
• Juliana Brizola (PDT): 10%
• Any Ortiz (Cidadania): 5,8%
• Doutor Thiago Duarte (União): 5,1%
• Luciano Zucco (PL): 3,1%
• Felipe Camozzato (Novo): 2,9%
• Indecisos: 7,8%
• Voto branco/nulo: 7,9%
Outros cenários
Maria do Rosário lidera em todas as simulações de primeiro turno realizadas pelo instituto de pesquisa. Sem Juliana Brizola, a pré-candidata do PT aparece com 29,6%, seguida por Melo com 27,2%. Ortiz tem 8,9% nesse cenário, enquanto Duarte aparece com 6,5% e Luciano Zucco, 5,9%. Camozzato avança 1 ponto percentual e chega a 4,2%.
No terceiro cenário, sem o Dr. Thiago e com Fabiana Sanguiné, Rosário tem 28,6% e Melo, 28,5%. Brizola aparece na segunda posição com 10,6%. Os demais candidatos não têm variação significativa nessa projeção.
No último cenário estimulado, Rosário aparece com 28,1%, Melo com 25,3% e Juliana Brizola com 10,1%. Comandante Nádia (PL), incluída nesse cenário no lugar de Luciano Zucco, tem 9,6%. Dr. Thiago Duarte aparece com 7,9% e Delegada Nadine surge com 4%.
José Luiz Soares Orrico, fundador e diretor técnico da Futura Inteligência, afirma que Melo tinha uma situação confortável para uma reeleição tranquila até as enchentes que atingiram Porto Alegre, o que fortaleceu a candidata da oposição.
"Após as enchentes, o processo ficou indefinido. A campanha e a exploração do que foi feito ou não foi feito pelo prefeito é o que deve pautar a eleição. A candidata Maria do Rosário cresceu muito e, a pesquisa indica, que ela vai disputar a eleição com chances", diz Orrico.
A capital do Rio Grande do Sul vai enfrentar um contexto desafiador, marcado pela situação de calamidade devido às chuvas intensas que afetaram a região em maio. A cidade de Porto Alegre ainda enfrenta os impactos das enchentes, incluindo o fechamento do Aeroporto Salgado Filho - cuja reabertura está prevista para dezembro - como uma das mais graves consequências. Em todo o estado, as mortes chegaram a 180 e mais de meio milhão de pessoas ficaram desabrigadas.
Pesquisa espontânea em POA
Na pesquisa espontânea, quando o entrevistado afirma a preferência eleitoral por conta própria, sem sugestões do instituto, Melo lidera com 32,7%, enquanto Maria do Rosário aparece com 21,7%. Os demais candidatos não passam de 2% nesse levantamento.
Melo lidera na simulação de segundo turno
Apesar de aparecer com uma leve desvantagem em todos os cenários do primeiro turno, o atual prefeito de POA tem vantagem nas simulações de segundo turno. Melo aparece com 47,2% contra 39,5% da Maria do Rosário, sua principal concorrente neste momento da disputa eleitoral. O chefe do executivo portoalegrense também vence Juliana Brizona, Any Ortiz e Dr. Thiago Duarte.
Rosário aparece em empatada tecnicamente com Brizola em uma simulação de segundo turno, e venceria Ortiz com 40,7% contra 35,1% da pré-candidata do Cidadania.
A pesquisa Futura/100% Cidades foi registrada no TSE como RS-04997/2024 e ouviu 800 pessoas entre os dias 17 e 21 de junho, usando a abordagem CATI (entrevista telefônica assistida por computador). A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para um nível de confiança de 95%.
Enchentes no RS
Quando vai ser a eleição para prefeito?
As eleições municipais de 2024 vão acontecer no dia 6 de outubro de 2024, o primeiro domingo do mês. Já o segundo turno, se houver, deve acontecer no último domingo do mês, dia 27 de outubro, nas cidades com mais de 200.000 eleitores em que a candidata ou candidato mais votado à prefeitura não tenha atingido a maioria absoluta, isto é, metade mais um dos votos válidos (excluídos brancos e nulos).
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POR QUE O BRASIL É O SEGUNDO PAÍS COM MAIOR NÚMERO DE NOVOS CASOS DE HANSENÍASE
MARCO ZERO CONTEÚDO/26/01/2024- https://marcozero.org/por-que-o-brasil-e-o-segundo-pais-com-maior-numero-de-novos-casos-de-hanseniase/
Por Fabiana Coelho
Vinte e seis de janeiro é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hanseníase. As estatísticas mais recentes registram mais de 200 mil casos novos da doença no mundo. Quase 30 mil deles estão no Brasil, que ocupa a vice-liderança mundial – atrás apenas da Índia. Neste Janeiro Roxo, mês em que a população deveria ser convocada a discutir a hanseníase, é o caso de questionar como uma doença, que tem cura e não se transmite facilmente, pode continuar existindo por mais de 3.500 anos?
Para quem atua na área, três pontos merecem ser destacados: as falhas nos diagnósticos; a negligência com alguns sintomas e as políticas públicas insuficientes de prevenção e tratamento.
O caso de Maurineia Vasconcelos é emblemático. Ela tem hanseníase há 23 anos. Quando obteve o diagnóstico, a doença já estava avançada. Não havia manchas no corpo, apenas dores. Os médicos falavam em reumatismo ou febre reumática. Foram quase dois anos de peregrinação pelos postos de saúde.
Maria (nome fictício) passou mais de 20 anos buscando a causa para suas dores. Recebeu diagnósticos de fibromialgia, Síndrome do Túnel do Tarso, polineuropatia, a lista é longa.
Ambas carregam no corpo as consequências destes diagnósticos tardios: Maurineia tem as “mãos em garra”, um nervo dos braços comprometido e metade da perna esquerda amputada; Maria tem pés e mãos deformados. “A hanseníase tem cura mas, se não tratada logo, as sequelas são permanentes, a exemplo de poblemas vasculares, feridas crônicas e nervos destruídos. Tudo isso pode causar cegueira, amputações e muitos outros problemas”, afirma Pollyane Medeiros, do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase (Morhan), em Jaboatão.
Foi o que aconteceu com Maurineia. Com uma ferida crônica, que não foi tratada adequadamente, ela precisou amputar metade da perna esquerda em 2020. “Isso acontece com muitas pessoas e é uma de nossas lutas: que as pessoas com sequelas possam ter acesso a um acompanhamento digno, com salas de curativo e mais facilidade na assistência”, diz Pollyane.
SINTOMAS NEGLIGENCIADOS
Para Alexandre Menezes, diretor da organização não governamental Fundação NHR Brasil, pouquíssimos médicos estão capacitados para diagnosticar a doença. “Fala-se da hanseníase como uma doença dermatológica e a maioria dos especialistas da área são dermatologistas, mas trata-se de uma doença dos nervos. Geralmente as lesões na pele só surgem quando ela já está adiantada. Os sintomas neurais são negligenciados”, explica.
Andrea Maia é médica vascular e hansenóloga. Trabalha nessa área há 14 anos, no Serviço de Referência Municipal de Petrolina. Para ela, a própria OMS (Organização Mundial de Saúde) tem responsabilidade na negligência aos sintomas neurais quando define os casos da doença conforme o número de lesões na pele. “A bactéria parasita células que ficam dentro dos nervos periféricos ou em pequenos nervinhos da pele. Os profissionais de saúde não aprendem sobre o acometimento neural na faculdade. Como tentar acabar com uma doença neurológica se temos que esperar que ela apareça na pele?”, questiona.
Uma das pacientes de Andrea, que prefere não se identificar, descobriu a hanseníase por acaso. Com uma espécie de cansaço permanente nas pernas, procurou uma médica vascular para tratar o que ela acreditava ser um problema de circulação. Ao apalpar os nervos da paciente, Andrea percebeu um espessamento. Os sintomas eram discretos mas, com as observações clínicas e um exame PCR, a especialista conseguiu confirmar o diagnóstico.
A maioria dos exames disponíveis hoje podem apenas sugerir a doença. A baciloscopia só é positiva quando o paciente já apresenta muitos bacilos espalhados pela pele. A dosagem de anticorpos pode servir para acompanhamento, mas a presença de anticorpos apenas indica que o paciente está exposto à doença, e não que tenha a presença da bactéria. O PCR permite detectar a infecção e investigar o DNA do microorganismo.
No caso dos sintomas neurais, também é possível observar o espessamento e alterações dos nervos a partir de instrumentos como a ultrassonografia e a eletroneuromiografia. “Mas a ultrassom de nervos periféricos e a eletroneuromiografia não estão disponíveis na maioria das cidades. E o PCR, por enquanto, só é realizado em centros de pesquisa. Não está disponível comercialmente e nem pelo SUS”, afirma Andrea.
Para o diagnóstico, os médicos precisam levar em conta diversos fatores, incluindo o histórico do paciente. Segundo Andrea, área de pele aparentemente normal, mas com anestesia, já fecha o diagnóstico. É importante avaliar a sensibilidade e a força muscular dos olhos, mãos e pés. “Outro achado comum, mas desconhecido pela maioria das pessoas e profissionais de a saúde, é a presença de áreas sem pelo nas pernas de homens”, relata a médica.
FALTA PREVENÇÃO
Apesar de não ser uma doença cuja transmissão esteja relacionada à questões de saneamento básico ou higiene, a hanseníase afeta sobretudo as classes sociais mais baixas. “A qualidade da nutrição é um dos fatores que contribui para isso. Trata-se de uma doença que afeta de forma diferente as pessoas conforme o grau de imunidade. E uma alimentação inadequada diminui a imunidade”, explica Andrea.
Para Alexandre Menezes, questões como moradia e assistência à saúde também contribuem para que a doenca se torne uma doença que atinge sobretudo os mais pobres. “A hanseníase não se transmite facilmente, como uma covid ou uma gripe. É preciso haver um contato prolongado. Nas áreas mais pobres é comum mais de dez pessoas dividirem um único quarto. Ambientes pequenos, mal ventilados e com grande concentração de pessoas”, explica.
A recomendação da OMS e do Ministério da Saúde é que, nos casos de hanseníase, seja feita a investigação dos contatos, ou seja, que as pessoas próximas sejam acompanhadas clinicamente. Mas, os vários grupos que atuam no enfrentamento à doença são unânimes em afirmar que esse acompanhamento é falho e, quando acontece, restringe-se aos contatos domiciliares.
Entre outras iniciativas, a NHR Brasil tem se dedicado a uma pesquisa clínica de medicação preventiva para contatos próximos de pacientes com hanseníase. Os testes estão sendo feitos com famílias de Fortaleza e Sobral (Ceará), e também por filiais da organização na Índia e Indonésia. A pesquisa envolve estudos, mapeamento de casos e administração dos medicamentos. A expectativa é que seja concluída em 2026.
JUNTOS CONTRA O PRECONCEITO
Mesmo sendo uma doença que tem cura e de difícil transmissão, o estigma ainda pesa contra os que têm hanseníase. Recentemente, Pollyane Medeiros, do Morhan, testemunhou um episódio de preconceito que de um profissional de saúde em uma clínica de fisioterapia. “Ao ter acesso ao laudo de uma pessoa com sequelas, que já tinha cumprido tratamento, ele chegou a afirmar, na frente de todos, que a hanseníase não tinha cura, revelando sua ignorância sobre a doença e expondo a pessoa à discriminação e preconceito”.
Falta de informações e uma cultura milenar, atrelada a conceitos bíblicos e religiosos, contribuem para isso. Uma das entrevistadas que não quis se identificar relata: “Deixei de ser convidada para alguns eventos quando falei a colegas sobre minha doença”.
Organizações como a NHR Brasil e a Morhan, e diversos grupos de autocuidado, contribuem para que pessoas com hanseníase lidem de forma coletiva com a doença. Premiada no ano passado durante o Fórum Social Brasileiro de Doenças Infecciosas e Negligenciadas, Maurineia Vasconcelos coordena o Grupo Saúde, que reúne pacientes da policlínica municipal Clementino Fraga, no Vasco da Gama. Atividades de empoderamento, oficinas de empreendedorismo, troca de experiências, apoio e assistência, festividades e eventos ajudam os participantes a lidar com a doença e com o preconceito.
Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase existe há 42 anos. Crédito: Acervo pessoal
CONTROVÉRSIAS NO TRATAMENTO
A hanseníase tem cura, mas ainda há controvérsias quanto à forma de administração dos medicamentos. A médica Andrea Maia, por exemplo, é contra a padronização nos prazos de duração do tratamento. “Passado o período de seis meses ou um ano, sugerido pela OMS, é preciso haver um acompanhamento cuidadoso. Tenho observado casos em que algumas bactérias resistem”, conta.
Glauco Lima teve hanseníase na década de 80. Teve erupções na pele e demorou até obter o diagnóstico. Na época, o processo de tratamento era mais longo e complexo. Seis anos depois, a doença se manifestou nos tendões.
Ele garante que foi infectado duas vezes. Mas, para Andrea, é possível que alguma bactéria tenha resistido e, com o tempo, voltou a se reproduzir no organismo. “Este é o objeto de minha tese de mestrado. Venho acompanhando casos em que, mesmo depois do período de tratamento, o material coletado e enviado para biópsia revela a presença de bactérias vivas. Acredito na importância de haver um acompanhamento dos pacientes para que os prazos para administração dos medicamentos seja adequado a cada situação”, diz.
O fato é que, embora seja uma doença milenar, ainda há um longo caminho a percorrer até zerar a transmissão da doença, meta antiga para quem atua na Saúde Pública. Para isso, há que reforçar os estudos e informações sobre a doença; melhorar as políticas de prevenção e tratamento; dar atenção aos sintomas invisíveis e neurais; e agir contra a desinformação e preconceito.
Serviço:
Fique atento aos sintomas: não apenas manchas ou falta de sensibilidade na pele. Dormência ou formigamento em mãos ou pés, câimbras constantes, dores no corpo, fraqueza ou cansaço muscular. Tudo isso também pode ser um sinal de Hanseníase. O tratamento da doença é feito apenas pela rede pública. Se você tem alguns destes sintomas e é atendido na rede particular, pode convencer seu médico a fazer uma investigação mais aprofundada antes de procurar o posto de saúde de seu bairro.
• A NHR Brasil é filial da NLR, uma organização holandesa que atua há 50 anos no enfrentamento à Hanseníase no mundo. A sede fica no Ceará, mas ela tem atuação em todo o país. Você pode entrar em contato pelo e-mail nhr@nhrbrasil.org.br ou acompanhar a instituição pelo site ou no Instagram @nhrbrasil
• O Morhan tem 42 anos de atuação em todo Brasil. Em Pernambuco, possui núcleos no Recife, Jaboatão e Vitória de Santo Antão. Você pode se informar pelo site ou acompanhar pelo Instagram @morhanjaboataope e @morhanrecife
• Grupos de autocuidado: existem cinco grupos de autocuidado ativos em pernambuco: um no sistema prisional; um na policlínica Clementino Fraga; dois no hospital Otávio de Freitas; e um na policlínica municipal Lessa de Andrade, na Madalena.
Marco Zero Conteúdo = É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.
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FRUSTRADA TENTATIVA DE GOLPE NA BOLÍVIA
Coluna Paulo Timm – Publicada em A FOLHA, Torres RS – 28 junho 2024
A Bolívia revive um pesadelo recorrente:Tentativa de golpe militar, entretanto, com tanques cercando Palácio de Governo que, felizmente, naufragou. O Presidente Luis Arce não se intimidou diante da soldadesca. Chamou o povo para as ruas e desceu as escadarias para enfrentar os golpistas. Passou uma descompostura no Chefe do Exército, Juan Zúñiga, na frente do assessores, dos soldados rasos e oficiais seguidores e o prendeu em praça pública. A União Europeia, a Organização dos Estados Americanos e o governo brasileiro repudiaram imediatamente a tentativa de golpe militar. Lula telefonou para a presidente de Honduras, Xiomara Castro, propondo uma reunião extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A reunião, marcada para esta quinta-feira (27), visou emitir uma declaração conjunta dos países da região condenando a tentativa de ruptura democrática na Bolívia.
O Presidente Biden, depois de algum tempo, tempo a condenou. Tendo percebido, aliás, sinais de sabotagem dos Estados Unidos à sua gestão, sobretudo diante da questão do lítio, abundante no país, Arce convocou representante da Casa Branca em La Paz dias antes da tentativa de golpe. Convocando a encarregada de negócios americana, Debra Havia, para uma reunião a portas fechadas. Parece que resultou.
Milei, Presidente Argentino, calou-se. No fundo, torceu pelo sucesso do golpe. No Brasil, o deputado federal Ricardo Salles, bolsonarista de carteirinha, ex Sinistro do Meio Ambiente notabilizado pelo estímulo ao estouro da boiada na Amazônia , até regozijou-se com o golpe. Agora, certamente, terá que se explicar ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados...
Afinal, as tropas recuaram, o que sinalizou o fracasso do movimento antidemocrático.
A Bolívia conheceu inúmeros golpes na sua vida republicana. Ganhou alguma tranquilidade e prosperidade depois da vitória de um líder indígena: Evo Morales. Justifica-se: Grande parte da população boliviana é indígena ou mantém estreitos laços com as comunidades indígenas. Nada mais justo do que um de seus líderes governe o país. Quando saiu do Governo, acossado pela direita, houve nova tentativa de golpe, felizmente contigo. Agora, tendo a frente do Governo um de seus seguidores, o golpismo ressurge no país Andino.
Um dos problemas da Bolívia é sua divisão entre o altiplano, majoritariamente indígena e a planície que se estende em torno de Santa Cruz de la Sierra, vizinha ao Brasil, mais ocidentalizada. Por várias vezes, esta região já tentou se separar do altiplano, sem êxito, mas continua sempre em ferrenha oposição à La Paz.
O ocorrido na Bolívia é uma advertência aos democratas latino-americanos. O ex Chanceler Celso Amorim alerta: - “Essa tentativa falhou, mas podem ocorrer outra.A Bolívia é um país que tem sido fracionado entre as forças populares. Tem que tomar muito cuidado". Celso Amorim destacou ainda a importância das relações entre Brasil e Bolívia, mencionando as compras de gás natural e a iminente adesão plena da Bolívia ao Mercosul. No entanto, ele fez uma ressalva: “tudo isso só funciona na democracia".
Aqui, a lembrança do velho ditado: Quem vê as barbas do vizinho arder, pôe as suas de molho... O nazi-fascismo não morreu com Hitler, em 1945. Virou um fantasma com novas roupagens, sempre à espreita do ressurgimento. Mas como dizia a velha UNIÃO DEMOCRÁTICA NACIONAL – UDN - , numa época em que abrigava um direita esclarecida e que se pretendia defensora da democracia:
“ O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Ó tempos! Bons tempos!
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A QUESTÃO DA MACONHA
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Decisão 'nobre', 'invasão de competência': veja como repercutiu a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.
Lula disse que é 'nobre' diferenciar usuário de traficante; Pacheco disse considerar decisão 'invasão de competência' do legislativo. STF ainda precisa definir quantidade que diferencia usuário de traficante.
O que é mito e o que é verdade sobre maconha? Faça o QUIZ e veja infográfico sobre a droga - STF formou maioria para considerar que não há crime quando uma pessoa carrega consigo uma quantidade de maconha. Ministros vão agora definir parâmetros para separar usuário de traficante.
Porte de maconha para uso pessoal: entenda como fica a proposta em análise no Congresso após a decisão do STF - Tribunal decidiu que não é crime porte de maconha para consumo próprio e vai diferenciar usuário de traficante. Decisão não impede que Congresso analise proposta sobre o tema.
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Ao encerrarem, nesta quarta-feira (26), o julgamento sobre o porte de maconha para consumo próprio, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) fixaram o parâmetro de 40 gramas ou seis plantas fêmeas para diferenciar usuários de maconha e traficantes da planta.
E é aí que começa uma outra parte da discussão. O que significam 40 gramas? É muito? É pouco?
Para Cristiano Maronna, doutor em Direito Penal pela USP e diretor da organização Justa, os ministros reconheceram a necessidade de fixar um parâmetro objetivo. Mas, na avaliação dele, essa não é a quantidade ideal para efeitos no sistema prisional.
É o que ele explica em entrevista ao podcast O Assunto desta quinta-feira (27).
"Eu entendo que um peso maior, uma quantidade maior, seria melhor para fins de impactos no sistema de Justiça criminal, sistema prisional. Mas, de qualquer modo, 40 gramas já é um parâmetro melhor do que existe hoje, em que há uma anomia."
"E vários ministros reconheceram isso. Daí a necessidade de fixação de parâmetros objetivos", complementa.
Ele também ressalta que a decisão é provisória e deve vigorar até que o Congresso ou o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) tratem da matéria.
Reproduzir vídeo40g de maconha é muito ou pouco?
Mais especificamente, Maronna lembra que a necessidade de fixar uma quantidade surgiu com mais força após o ministro Alexandre de Moraes, em agosto, fundamentar seu voto citando um estudo da Associação Brasileira de Jurimetria apontando a diferença de flagrantes para brancos e negros.
"Chegaram a conclusão de que pessoas negras flagradas com até 20 gramas de maconha são classificadas como traficantes, enquanto pessoas brancas flagradas com até 60 gramas de maconha são classificadas como usuárias", disse Maronna.
Os ministros não liberaram o uso de maconha nem legalizaram qualquer entorpecente. Outras condutas envolvendo a substância, que não o porte, podem ser configuradas como tráfico.
Por exemplo, se uma pessoa for flagrada com maconha, ainda que em quantidade inferior a 40 gramas, e haja elementos de que ela estava vendendo a droga, poderá ser presa e responder pelo crime de tráfico.
Ouça a íntegra do episódio.
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ASSANGE : Livre, porém culpado: entenda quem é Julian Assange e qual o acordo para sua liberdade
Liberdade para Assange, fundador do WikiLeaks, ocorre após 12 anos encarcerado por ter divulgado segredos de Estado dos EUA, como violações aos direitos humanos na Guerra do Iraque
Vanessa Martina-Silva - https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/livre-porem-culpado-entenda-quem-e-julian-assange-e-qual-o-acordo-para-sua-liberdade/?utm
• Quem é Julian Assange?
• Por que ele foi preso?
• Por que ele foi liberto?
• O que consta no acordo?
Julian Assange foi libertado após chegar a um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA. Ele se declarou culpado de um único crime grave, encerrando assim uma longa saga que envolveu vários continentes.
Quem é Julian Assange?
Assange nasceu em 1971 em Townsville, no estado australiano de Queensland. Começou a se interessar por computadores desde cedo e, no início dos anos 1990, já era considerado um dos hackers mais habilidosos da Austrália.
Em 2006, fundou o WikiLeaks, uma organização que publicava material vazado. Em 2010, Assange ganhou notoriedade mundial ao publicar uma série de vazamentos de Chelsea Manning, ex-soldado do exército estadunidense. Entre os arquivos, havia um vídeo de um ataque de helicópteros Apache das forças estadunidenses em Bagdá em 2007, no qual 11 pessoas foram mortas, incluindo dois jornalistas da agência Reuters.
O governo dos EUA iniciou uma investigação criminal e Manning foi finalmente condenada e presa pelos vazamentos, embora posteriormente sua pena tenha sido atenuada.
Em novembro de 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA.
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Em 2016, Assange voltou a ser notícia após o WikiLeaks publicar e-mails de operativos do Partido Democrata no período anterior às eleições presidenciais dos EUA. Segundo a Procuradoria dos EUA, os e-mails foram roubados pela inteligência russa e faziam parte de uma operação para interferir nas eleições a favor de Donald Trump.
Assange é aclamado por muitos em todo o mundo como um herói que revelou irregularidades militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão.
Protesto em Londres, em 26 de agosto de 2023, contra a prisão de Julian Assange e os processos de extradição dos EUA (Foto: Alisdare Hickson)
Por que ele foi preso?
Em 2010, foi emitida uma ordem de prisão contra Assange por duas acusações diferentes de abuso sexual na Suécia. Após um tribunal britânico decidir que ele poderia ser extraditado para a Suécia, Assange foi para a embaixada do Equador, onde foi concedido a ele asilo político pelo governo do então presidente Rafael Correa. Na época, se teve conhecimento de que ele temia que, uma vez extraditado para a Suécia, poderia ser extraditado para os Estados Unidos.
Ele permaneceu lá por quase sete anos, durante os quais suas relações com o governo equatoriano se tornaram cada vez mais hostis com a saída de Correa da presidência e a chegada de Lenin Moreno. Em 2019, o ministro das Relações Exteriores do país acusou Assange de comportamento inapropriado, o que incluía andar de patinete e jogar futebol dentro da embaixada, além de ameaçar funcionários da embaixada.
Em 2017, as autoridades suecas retiraram suas acusações contra Assange, mas sua ordem de prisão no Reino Unido por violar a fiança ainda estava em vigor. Em 2019, o Equador retirou o asilo e permitiu que a polícia britânica entrasse na embaixada para prendê-lo.
Após sair da embaixada, Assange foi detido em nome dos Estados Unidos, que haviam solicitado sua extradição. Os Estados Unidos queriam que ele respondesse a 18 delitos e o acusavam de incentivar e ajudar Manning a roubar arquivos militares. Se fosse condenado, poderia enfrentar uma pena de até 175 anos de prisão.
Por que ele foi liberto?
Nos últimos cinco anos, Assange ficou detido em uma prisão de segurança máxima no sul de Londres, onde teve a liberdade sob fiança negada por suposto risco de fuga. Durante todo esse tempo, sua família e simpatizantes afirmavam que sua saúde física e mental estava piorando.
Em 2021, um tribunal britânico disse que Assange poderia ser extraditado para os Estados Unidos, mas no início deste ano ele ganhou o direito de apelar desse veredicto.
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Em fevereiro, o Parlamento australiano aprovou uma moção pedindo aos governos dos EUA e do Reino Unido que permitissem que Assange retornasse ao seu país natal. Em abril, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que estava analisando um pedido da Austrália para retirar a acusação contra Assange.
A família de Assange — incluindo sua mãe — disse nessa terça-feira (25) que o fim de seu “calvário” se deve a uma “diplomacia tranquila”, enquanto seu pai agradeceu ao primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese.
O que consta no acordo?
Assange deve comparecer nesta quarta-feira (26) a um tribunal federal das Ilhas Marianas do Norte, uma comunidade dos EUA localizada no Pacífico ocidental, onde ele deve se declarar culpado de uma acusação prevista na Lei de Espionagem por conspirar para obter e divulgar ilegalmente informações classificadas de defesa nacional. É esperado que o pedido de extradição seja retirado e que Assange não enfrente nenhuma outra acusação.
A audiência ocorre nas Ilhas Marianas do Norte devido à oposição de Assange de viajar para o território continental dos EUA e à proximidade do tribunal com a Austrália.
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Os promotores concordaram com uma sentença de cinco anos, mas disseram que o tempo já cumprido em uma prisão britânica contará para isso. Isso significa que ele será libertado após a sentença.
A declaração de culpa ainda precisa ser aprovada por um juiz, e, neste caso, ele poderá retornar à Austrália após a sentença.
John Shipton, pai de Assange, declarou nesta terça (25) à mídia australiana que parece que “Julian poderá desfrutar de uma vida normal com sua família e sua esposa, Stella”.
* Este texto foi traduzido com o auxílio de Inteligência Artificial.
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Aumenta violência contra idosos no Brasil
Violência contra idoso cresce 38% no Brasil, diz levantamento
Foram mais de 65 mil denúncias no primeiro semestre de 2023; segundo especialistas, as pessoas estão se sentindo confiantes em denunciar. Veja estados que tiveram maior crescimento.
Por Amanda Lüder, Fábio Santos, g1 SP e GloboNews
26/07/2023 11h55 Atualizado há 7 meses
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Violência contra idoso cresce 38% no Brasil, diz levantamento
Um levantamento da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos aponta que houve um aumento de 38% nos casos de violência contra pessoas idosas no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado. Foram mais de 65 mil denúncias e o crescimento foi registrado em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal.
Veja os estados que tiveram alta mais significativa:
📍Tocantins + 155%
📍Amapá: +110%
📍Pernambuco: +90%
📍São Paulo: +44%
Segundo especialistas, os casos aumentaram, mas as pessoas estão se sentindo confiantes em denunciar.
"A gente precisa olhar com esses números com preocupação e, depois, pensar na política pública com certo otimismo. A preocupação é porque os casos aumentaram e o otimismo é que a gente tem a retomada do nosso 'Disque 100' e consequentemente as ações dessa gestão que estão sendo para explicar e educar quais são os tipos de violência que afetam mais as pessoas idosas", diz Alexandre da Silva, Secretário Nacional Dos Direitos da Pessoa Idosa.
Para a Marisa Acciolly, especialista em gerontologia pela SBGG e professora da USP, o crescimento indica que há um conhecimento maior por parte das pessoas idosas, no sentido de como procurar ajuda.
As violências mais denunciadas são a física, a patrimonial e a psicológica.
Idosa sofre etarismo ao tentar financiamento imobiliário
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Idosa diz que sofreu etarismo ao tentar financiamento imobiliário: 'Muito desdém'
A aposentada Marly Gama, que mora em São Paulo, foi até uma agência bancária para buscar informações a respeito de um financiamento para uma casa própria. No entanto, ao solicitar ao atendente, ele a atendeu com desrespeito e etarismo, algo que é mais comum do que parece.
"Eu fui pedir informações, e disse que eu era aposentada. E o atendente me olhou com muito desdém e disse: 'Quantos anos mesmo que a senhora tem?'. Eu me identifiquei que tinha 67 anos. E: 'Ah, mas com essa idade não precisa'. Esse problema de 'essa idade' a gente ouve quase que diariamente em várias situações", lamentou.
A idosa revelou que motoristas e cobradores de ônibus também fazem comentários etaristas, reclamando que pessoas velhas estejam andando nos coletivos.
"Na eleição do ano passado eu resolvi ir (votar). E ouvi: 'Esses velhos não têm o que fazer, e vão votar'. Por que isso?', indagou.
Saiba como denunciar
Qualquer tipo de violação contra idosos podem ser denunciados pelo disque 100, que funciona por qualquer tipo de aparelho telefônico. É possível, também, registrar a denúncia pelo site do Ministério dos Direitos Humanos, ou pelo aplicativo de celular. As denúncias podem ser feitas de forma anônima.
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20-06-2024
Brasileiro é conservador, não fanático religioso ou político
Maria Cristina Fernandes - Eleitor é conservador, não fundamentalista
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-cristina... Valor Eco.
Eleitor é punitivista, não aceita ser garfado em direitos nem se engana sobre a vítima de estupro
Foram duas derrotas consecutivas, num prazo de duas semanas, impostas pela sociedade, nas redes sociais e nas ruas, à extrema-direita: a proposta de emenda constitucional que prevê a venda de terrenos de marinha, chamada de “pec das praias”, e o projeto que criminaliza a prática do aborto, nos casos já previstos em lei (estupro, risco de vida da mulher e má-formação do feto), acima de 22 semanas.
Os governistas puseram o pescoço para fora depois que a derrota, em ambos os casos, já estava consolidada. Calejados pela derrubada do veto presidencial à proibição da saída temporária dos presos por razão familiar, as chamadas “saidinhas”, fruto de um cochilo em relação ao consenso punitivista vigente, deixaram de enxergar o fosso que separa uma sociedade conservadora da extrema-direita fundamentalista.
Na PEC das praias e no PL do aborto o que aconteceu foi mais uma derrota da aliança entre o bolsonarismo e o centrão do que uma vitória do governo. No primeiro caso, a PEC já havia passado discretamente pela Câmara na legislatura passada, já sob a batuta do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e buscava uma via ligeira para ser referendada pelo Senado quando foi atravessada pelo ativismo digital de organizações não-governamentais de ambientalistas que contaminou as redes antes que a atriz Luana Piovani se engalfinhasse com o jogador Neymar Jr. e o assunto contaminasse as redes sociais.
No segundo caso, o acordo de gaveta entre o autor do projeto e Lira, acabou sendo confirmado por Sóstenes Cavalcante. O deputado do PL do Rio disse que, obtida a urgência, poderia votá-lo até o “último dia do mandato” do presidente da Câmara. A existência do acordo ficou patente quando o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo principal aliado de Lira no PT, lavou as mãos em relação ao projeto.
Foi só com as primeiras pesquisas sobre a surra do PL nas redes sociais e as manifestações de rua que a primeira-dama, Janja da Silva, sempre muito vigiada em seus posicionamentos sobre costumes, veio ao X, ex-Twitter, se manifestar, sendo seguida por uma miríade de ministros (Alexandre Padilha, Marina Silva, Silvio Almeida, Cida Gonçalves e Anielle Franco) e pelo próprio marido. De Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de “insanidade” a tentativa de se imputar uma pena para as mulheres equivalente ao dobro daquela do estuprador.
Nenhum deles apareceu com sacadas melhores do que aquelas que pautaram a mobilização nas redes e nas ruas. Todos ficaram a reboque da campanha “criança não é mãe, estuprador não é pai”, que começou espontânea, puxada por grupos feministas e entidades de direitos humanos, e acabou impulsionada pela massificação de notícias dando conta de pastores evangélicos estupradores. A guerrilha digital recuperou um vídeo do médico Drauzio Varella, de 2014, por ocasião de uma primeira tentativa da bancada evangélica no tema, em que ele dizia que se estaria autorizando os homens a escolher em que mulheres desejavam fazer filhos.
No acompanhamento sistemático de grupos qualitativos de pesquisa, Esther Solano, socióloga e professora da Unifesp, constata que os governistas se limitam a ser reativos na pauta moral pela incapacidade de entender os paradoxos e sofisticações de uma sociedade que cultiva valores conservadores (veto às saidinhas) mas não aceita ser garfada em seus direitos (PEC das praias) nem enganada sobre quem é a vítima de um caso de estupro (PL do aborto).
A despeito das duas últimas derrotas, Solano aposta que o recuo da extrema-direita é tático. A grotesca encenação sobre assistolia fetal, método usado para a interrupção da gravidez acima de 22 semanas, no Senado na manhã desta segunda-feira é um exemplo. Já estava marcada quando o embate na Câmara se deu, mas não foi desmarcado nem amenizado e teria irritado o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O avanço da extrema direita fundamentalista nos conselhos tutelares estendeu o tapete vermelho para a entrada desta pauta nas eleições municipais, especialmente em São Paulo. A campanha do prefeito e pré-candidato à reeleição Ricardo Nunes poderá se valer do tema aquecido na opinião pública para confrontar o pré-candidato do Psol, Guilherme Boulos, que é favorável ao aborto para além dos casos previstos em lei, contrariamente à pré-candidata do PSB, Tabata Amaral.
Em maio, reportagem da revista digital “Pública” deu conta da ofensiva de Nunes contra o serviço de aborto legal do hospital municipal de Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da cidade. Funcionava ali o serviço com o maior número de casos da cidade de interrupção acima de 22 semanas, mas foi fechado pela prefeitura e seus médicos, perseguidos por uma aliança entre o Conselho Regional de Medicina e a prefeitura.
Cochilo do governo em relação ao consenso punitivista vigente, o privou de enxergar o fosso que separa uma sociedade conservadora da extrema direita fundamentalista.
Editorial Cultural FM Torres RS – 19 junho 24
O DIA DO QUÍMICO NO BRASIL –
Ontem celebrou-se, no Brasil, o Dia do Químico, data em que, no ano de 1956, foi regulamentada sua profissão que hoje abrange cerca de 50 denominações diferenciadas, todas contribuindo decisivamente para o desenvolvimento tecnológico do país: Técnicos em Química, Bacharéis/Licenciados em Química, Químicos Industriais ou Tecnólogos equivalentes, Engenheiros Químicos e suas especializações. A indústria química, através da química fina e petroquímica, foi o último setor a ser montado no Brasil, no sendeiro doi modelo de substituição de importações que impulsionou o desenvolvimento do país no século XX, durante o Governo Geisel, década de 1970.
“O dia do Químico serve para relembrar todas as conquistas que essa classe obteve com a Lei Mater e, principalmente, homenagear o trabalho árduo — e muitas vezes anônimo — que esses profissionais desempenham. Graças a eles, há um constante desenvolvimento técnico-científico e industrial do nosso país, pois esses profissionais adequam a Química à solução de problemas tecnológicos e impulsionam os centros de pesquisas químicas e universitárias do Brasil.
Isso torna evidente também o papel do Químico no bem-estar da sociedade, pois ele propicia que produtos, tais como medicamentos, alimentos e produtos de higiene e limpeza, sejam fabricados com uma melhor qualidade tanto para a saúde do consumidor e de quem os produz quanto para minimizar ao máximo os impactos ambientais. Desse modo, pode ser desfeito o preconceito que muitos desenvolveram sobre a Química e que dissemina a ideia de que essa ciência só traz malefícios para o meio ambiente e para nossas vidas.
Assim, gostaríamos de aproveitar essa oportunidade para agradecer aos profissionais da Química por seu importante trabalho! Parabéns a todos os Químicos do Brasil! Além do mais, que tal aproveitar essa data para conhecer de perto alguns dos cientistas que contribuíram sobremaneira para o desenvolvimento da Química? Confira nossa seção exclusiva sobre os grandes Químicos da História neste link: Grandes Cientistas da Química.” –(Jennifer Fogaça
Graduada em Química)
Dentre os baluartes da Química no mundo, num contraponto científica do Iluminismo que marcou época na França do século XVIII, releva o papel de Antonio Lavoisier, célebre por suas pesquisas e pela sua frase: “Na natureza nada se perde, tudo se transforma”.
Anexo
Antoine Lavoisier - Antoine Lavoisier (Químico)1743-1794
Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)
Talvez uma das sentenças mais comentadas no mundo da química seja a célebre frase “Na Natureza, nada se perde e nada se cria, tudo se transforma.” Escrita de modo poético, essa frase aborda um dos princípios de edificação da química moderna: a lei de conservação de massa. De acordo com a mesma, o que mais tarde viria a ser aplicado analogamente à energia, a matéria está sujeita a constantes transformações, mas jamais à destruição ou criação. Ou, em uma linguagem mais técnica, a massa dos reagentes é sempre igual à dos produtos, em uma transformação de qualquer natureza.
O primeiro cientista a anunciar esse princípio foi Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794), considerado hoje o grande precursor da química moderna. Lavoisier era proveniente de uma importante e abastada família francesa, herança que o proporcionou a estrutura necessária para a realização de suas pesquisas. “Ao jovem Antoine Laurent Lavoisier cabe o mérito da introdução do novo método na experimentação química. Gênio versátil, filho de rica família, Lavoisier cedo ficaria órfão de mãe. O pai e a tia, que o educaram, preferiam que ele estudasse Direito, e o encaminharam ao Colégio Mazzarino. Ao passar para a universidade, o interesse pela ciência prevaleceu. Era o começo de uma revolução dos métodos científicos”1.
Lavoisier ficou amplamente conhecido por suas contribuições na conservação da matéria e por sua refutação à teoria flogística da combustão, predominante na época. Isso fora possível por meio de seus trabalhos, e posterior descoberta, e nomenclatura, do elemento oxigênio. Além disso, descobrira a composição química da água, formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Dessa forma, acabaria também refutando a teoria de Tales de Mileto, a qual afirmava que a água era um dos quatro elementos dos quais todas as demais substâncias derivariam.
Na verdade, atribui-se a descoberta do oxigênio a Lavoisier, entretanto, o elemento químico fora realmente identificado por Lavoisier, mas o gás oxigênio foi apenas melhor compreendido em relação às suas propriedades físicas e químicas, o que viria a conformar a dependência desse gás nos processos da combustão e da calcinação.
Lavoisier também participou efetivamente de trabalhos que viriam a compreender melhor outros elementos químicos, como o nitrogênio. O nome nitrogênio significa “...azoto, e quer dizer ‘sem vida’. Este nome, sugerido por Lavoisier, designava um novo elemento, até então conhecido como ‘ar mefítico’. O ar mefítico havia sido descoberto em 1722, quando Priestley, queimando corpos em vasos fechados, verificou que, exaurido o oxigênio do ar, restava ainda um gás inerte junto ao gás carbônico. O gás recém descoberto não ativava a combustão e não podia ser respirado; era, portanto, alheio à vida”1.
Lavoisier acabará se envolvendo na coleta de impostos francesa, o que o levaria à morte em praça pública na guilhotina, durante a Revolução Francesa, fazendo-o interromper alguns trabalhos na área de fisiologia, envolvendo a respiração e a transpiração.
Referências:
1. http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/person/lavoisie.htm
FELTRE, Ricardo; Fundamentos da Química, vol. Único, Ed. Moderna, São Paulo/SP – 1990.
RUSSELL, John B.; Química Geral vol.1, São Paulo: Pearson Education do Brasil, Makron Books, 1994.
Editorial Cultural FM Torres RS – 18 junho
ENCHENTE/PORTO ALEGRE
Holandeses vieram, viram e confirmam: O Sistema Contra Cheias de Porto Alegre é bom. Ruim é a gestão!
Publicado em junho 17, 2024 por LUIZ MÜLLERDeixe um comentário
Foi preciso que Técnicos da Holanda, que tem 70% do território abaixo do nível do mar e tem experiência de Sistema de Proteção contra Cheias desde o Século 17, viessem a Porto Alegre confirmar o que Diferentes Grupos de Técnicos e Engenheiros da UFRGS , DEMAE e outros daqui já tinham dito:
O relatório preliminar da comitiva holandesa, com as sugestões, foi apresentado no dia 10/06 e deve ser entregue ao DMAE até o dia 30:
Entre as propostas consta: “a recuperação do sistema de proteção contra enchentes, a instituição de um sistema de monitoramento de níveis, vazões e ventos, e a criação de mecanismos para verificar a integridade dos componentes do sistema, como diques.”
Ou seja: O Sistema é bom. Precisa ser “recuperado”, por que pela falta de manutenção e de Geradores, Casas de Bombas deixaram de funcionar e comportas romperam com a força da água e outras acabaram sendo derrubadas pela Prefeitura, por que o Nível da água no Centro de Porto Alegre durante vários dias esteve mais alto do que no próprio Rio Guaíba. Absurdo? Não. Estava mais alta aqui dentro, por que além de não jogar mais o grande volume de chuvas pra dentro do Rio, as bombas não funcionando, elas acabaram sendo “porta de entrada” pra água do Rio que se somou a água da chuva que caia. Como morador do Centro eu mesmo vi, ainda no dia 3/05, a água invadindo as ruas pela casa de bombas.
Os holandeses também sugeriram o acompanhamento das previsões climáticas, a emissão de alertas para a população e a criação de um Sistema Integrado de Proteção contra Enchentes, envolvendo município, estado e governo federal.
Essas sugestões já haviam sido dadas pela UFRGS, através do IPH, salientando-se que as previsões baseadas nos modelos hidrológicos da cheia foram muito precisas e deveriam ter sido utilizadas pela prefeitura para balizar as ações de enfrentamento da crise.
Mas… A forma atabalhoada como a Prefeitura e o Prefeito trataram moradores das regiões atingidas, criando pânico, gerando confusão e pior, com o Prefeito tentando responsabilizar os moradores, acusando-os de morar onde não deveriam, deixou patente que pelo menos até aquele momento, a ciência sobre os temas sobre o Meio Ambiente não tinham espaço no Gabinete e nem na gestão da Prefeitura.
“Há muito o tema do Saneamento não é mais tratado apenas como “básico”, mas sim como “Saneamento Ambiental”, por que diz respeito não mais só encaminhar e tirar o esgoto da cidade, mas de criar as condições para que a Vida e a Saúde dos Cidadãos seja preservada”, diz o Ex Diretor do DEP, Engenheiro Vicente Rauber.
O DEP – Departamento Municipal de Esgotos Pluviais, que foi desativado por Sebastião Melo em 2019, na contramão inclusive do Novo Marco Legal do Saneamento, era o órgão responsável pela supervisão e manutenção do Sistema de Proteção contra as Cheias e como diz seu nome, pelo Esgoto Pluvial, aquele das aguas que inundaram o Centro Histórico mesmo antes da chegada da água do Rio pelas comportas rompidas. Aliás, as águas da chuva meses antes já tinham alagado uma parte do Mercado Público e região, quando nem enchente do Rio havia.
Com o Desmonte do DEP, as atribuições foram passadas ao DMAE. No entanto, apesar da Vital Função do DEP, nenhum recursos novo foi injetado no DMAE e nem Técnicos e Servidores a mais destacados para manter funções essenciais para a vida dos cidadãos.
E pra piorar, o Prefeito, na ânsia de Privatizar tudo que é público, queria privatizar também o DMAE e pior, com muito dinheiro em Caixa.
Por isto, mesmo com o DMAE tendo mais de R$ 400 milhões em Caixa, proibiu que a autarquia fizesse muitos investimentos necessários como estes no Sistema de Proteção as Cheias, por que quer entregar a empresa “com dinheiro em caixa”, como ele próprio chegou a dizer.
O que fica cada vez mais evidente, é que ou propositalmente falta uma gestão da Cidade voltada para o conjunto de seus cidadãos, ou se trata de incompetência.
Olhando para posturas do Prefeito, que extinguiu o DEP, defendia a Derrubada do Muro da Mauá junto com o Governador, para que privatizada a área do Porto, ali também pudessem ser construídos suntuosos prédios só acessíveis a poucos milionários, e também a pressa em aceitar uma parceria com a tal Alvarez & Marçal, já envolvida com bilionárias negociatas em New Orleans depois do furacão Katrina, eu diria que isto faz parte de um Projeto mesmo.
Imagina agora, como assustados cidadãos vão querer vender suas casas nas regiões atingidas, por que julgadas “desvalorizadas”.
Há notícias de que os poucos voos possíveis para Porto Alegre, via Canoas, tem trazido muitos representantes de mega incorporadoras nacionais e internacionais, que obviamente estão comprando tudo que dá de cidadãos temerosos de novas enchentes, que virão, se esta ‘gestão” continuar com quem e como esta.
Mas, o SISTEMA DE PROTEÇÃO AS CHEIAS FUNCIONA, MAS PRECISA DE SUPERVISÃO, MANUTENÇÃO E ATUALIZAÇÃO PERIÓDICA, como disseram dezenas de técnicos daqui e que foram CONFIRMADOS pelos Especialistas Holandeses.
“Considerando que a Cidade possui mais de 40% de sua área praticamente na mesma cota das águas do Guaíba em tempos normais, tem a necessidade de completar, aperfeiçoar e manter o seu Sistema de Drenagem Urbana, manter e aperfeiçoar permanentemente o seu Sistema de Proteção contra inundações, é necessário e urgente recriar uma estrutura de primeiro escalão, o DEP ou semelhante. As empresas de saneamento de água potável e esgotos, por absoluta emergência e por ter tarifa específica para estas atividades, como é o caso do DMAE, não tem e não terão qualquer prioridade para as atividades de drenagem urbana e proteção contra inundações” Recorte do Documento dos Técnicos e Ex Diretores do DEP que pode ser conferido na íntegra clicando no link a seguir:
maio-de-2024-manifestacao-e-medidas-emergenciais-inundacao-porto-alegre.-versao-15maio-noite-1Baixar
Editorial Cultural FM Torres RS – 17 junho
Sociedade cansada. Inteligência humana comprometida. Geração deprimida
Vivemos tempos de um grande paradoxo: A tecnologia diminui os esforços físicos e até mentais para o desempenho de tarefas laborais e domésticas. Não obstante, a sociedade se sente cada vez mais cansada, as pessoas deprimidas, jovens, sobretudo, desanimados quanto ao futuro. Fala-se na "geração deprimida" que engloba já duas gerações: a dos millennials (também chamados de geração Y) e a geração Z. A primeira se refere, aproximadamente, às pessoas nascidas entre 1981 e 1995 e a segunda, aos que chegaram ao mundo entre 1995 e 2010. Um historiador, no final do século XIX, Eric Hobsbawn, já chamava a atenção para o fato de que o grande otimismo do começo do século XX havia se esvaído no seu curso. Fechamos o 1900 perplexos diante do futuro, já não confiávamos piamente nem na Ciência, nem na Política: A Crise Ambiental, o declínio do homem público, as intensas migrações de países pobres e ameaçados por conflitos internos ameaçavam o horizonte. O advento das Redes Sociais de Comunicação no começo do século XX , com o mergulho da juventude nos artefatos eletrônicos, proclamado como uma nova Era de Democracia Digital, não reverteu este quadro. Pelo contrário, reveladas como instrumento de manipulação da opinião pública pelo direcionamento dos algoritmos por “Engenheiros do Caos”, temperou o desânimo com o ódio às instituições, não poupando sequer as Universidades, a Ciência e os saberes seculares. O resultado tem sido apontado por Filósofos e Cientistas: O mundo está não só piorando como em risco, sob a crença de que a Terra é plana. Miguel Nicollelis, cientista brasileiro consagrado, autor de inúmeros livros, dentre eles o último, tipo ficção, no qual revela que a facilitação tecnológica está interferindo na nossa capacidade intelectual. Jovens tristes escrevem casa vez menos e com número de vocábulos cada vez mais reduzido, têm dificuldade para fazer contas. Confiamos na Inteligência Artificial como a solução definitiva para os problemas da humanidade sem nos darmos conta de que ela nem é Inteligência, que um atributo plástico da vida biológica, regida analogicamente, nem Artificial, pois que criada pelo homem na falsa perspectiva de se converter em VERDADE ABSOLUTA. Bem disse Nietzche: “O iluminismo matou Deus, mas deixou seu cadáver insepulto”. Sobre este Seu nome agora colocam a Inteligência Artificial... Fixa Nicollelis a data de 2036, marca temporal de sua ficção, na qual espera não estar vivo para ver, como um vórtice fatal, capaz de nos reconduzir à escuridão.
E ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE, tentando, aqui e ali, colocar esperadrapos na represa fendida da contemporaneidade, ora tentando regulamentar as Redes, ora tentando impedir o acesso de jovens até 14 anos aos celulares, ora, tentando impedir o último confronto entre as grandes potências mundiais. Meras tentativas, até necessárias, mas que talvez não impeçam o agravamento da grave crise existencial que nos abala.
Editorial Cultural FM Torres RS – 14 junho 24
O dia em que Milei dobrou, pelo voto de sua Vice Presidente, o Senado argentino
Ontem, foi aprovado pelo Senado da Argentina, embora desidratado, reduzido de 600 artigos para cerca de 200, a Lei ônibus que dá poderes especiais ao Presidente Milei para governar por decreto. Poderá, por um ano, implementar sua moto-serra aos direitos fundamentais dos trabalhadores hermanos sob a alegação de modernizar o capitalismo no país, ferindo de morte a soberania popular e nacional. Será uma tristeza. Do lado de fora do Senado, as forças de repressão, que sequer pouparam alguns parlamentares, intimidaram a manifestação de populares que clamavam para a rejeição do Projeto. Com isso, a Argentina ingressa num período de virtual autoritarismo, cujo desfecho poderá culminar num novo banho de sangue naquele país, já tão massacrado pela ditadura militar. A aprovação da LEI ONIBUS de Milei tem uma nítida similaridade com o A Lei de Concessão de Plenos Poderes de 1933 ou Lei habilitante de 1933 (em alemão: Ermächtigungsgesetz), , aprovada, também sob pressão, pelo Reichstag da Alemanha e assinada pelo Presidente Paul von Hindenburg em 23 de março de 1933 e que habilitava Adolf Hitler a assumir autoridade excessiva para se afirmar no poder e implementar seu projeto totalitário do III Reich. Era o começo do fim da República de Weimar e o início da barbárie nazi-fascista, acompanhada pelos tons marciais da música de Wagner e combate às manifestações estéticas contemporâneas. Um país amante da Filosofia e da Cultura, tal como a Argentina, que tem o orgulho de deter uma população com alto nível educacional, a melhor Universidade do continente e um patrimônio cultural exuberante na quantidade de museus e bibliotecas que pululam na sua paisagem urbana, sucumbia ao demagogo. Até Heidegger, Filósofo, se deixa arrastar pela retórica autoritária neste fragmento de carta enviada a seu irmão:
Caro Fritz, querido Liesl, queridos meninos, Gostaríamos de lhe desejar um feliz Natal. Provavelmente está nevando onde você está, inspirando a esperança de que o Natal mais uma vez revele sua verdadeira magia. Costumo pensar nos dias que antecederam o Natal em nossa pequena cidade, e desejo que a energia artística capte verdadeiramente o clima, o esplendor, a emoção e a expectativa deste tempo.[...] Parece que a Alemanha está finalmente despertando, entendendo e aproveitando seu destino. Espero que você leia o livro de Hitler; seus primeiros capítulos autobiográficos são fracos. Esse homem tem um instinto político notável e seguro, e ele o teve mesmo enquanto todos nós ainda estávamos em uma névoa, não há como negar isso. O movimento nacional-socialista em breve ganhará uma força totalmente diferente. Não se trata de mera política partidária - trata-se da redenção ou queda da Europa e da civilização ocidental. Qualquer um que não entenda merece ser esmagado pelo caos. Pensar nessas coisas não impede o espírito do Natal, mas marca nosso retorno ao caráter e à tarefa dos alemães, ou seja, ao local onde se origina esta bela celebração.”
SEM “ESPÍRITO DE NATAL”. HEIDEGGER SONHANDO COM HITLER. Carta de Heidegger ao irmão: “18 de dezembro de 1931.
Ainda naquele momento, Hitler se apresentava como um gentleman, usando fraque e cartola no ato público da aprovação do Ato de Habilitação e prometendo converter o Partido Nacional Socialista numa alternativa popular a serviço dos trabalhadores contra as elites, às quais logo associaria aos judeus. Até 1938, quando se reúne com líderes europeus em Munique, ludibriando Lord Chamberlain, ele vende uma imagem de estadista preocupado em manter a paz, sem pretensões belicosas e territoriais. Internamente, porém, asfixiava a oposição, inclusive liquidando o até mesmo braço mais popular do Partido que o havia conduzido ao Poder, a S.A. – Sturm Apteilung -, ou tropa de choque, substituindo-o pela S.S., vinculada ao Exército. Suas relações internacionais são elogiadas e saúda, inclusive, as delegações estrangeiras, presentes às Olimpíadas de Berlim em 1936. Tudo aparecia como se a Alemanha vivesse um momento de edificante reconstrução nacional, até que se iniciam as ocupações sucessivas sobre a Austria, Sudetos e Dantzig, em 1939, quando, ainda surpresas e despreparadas, Inglaterra e França lhe decretam guerra. Guerra que perdurará surda por mais de seis meses, dando tempo a Hitler para preparar a ocupação da França. Começava a II GUERRA MUNDIAL, deixando em seus rastro mais de 50 milhões de vítimas.
Ontem, enfim, assistimos à reedição do Ato de Habilitação de Hitler aqui ao lado...
Anexo
O dia em que Hitler matou a democracia alemã - 23 MARÇO 33 - Michael Marek -https://www.dw.com/pt-br/o-dia-em-que-hitler-matou-a-democracia-alem%C3%A3/a-480521
Em 23 de março de 1933, o Reichstag adotou a chamada Lei Plenipotenciária, que permitia ao regime nazista impor leis sem a aprovação prévia do Parlamento. Era o início da ditadura nazista.
https://p.dw.com/p/210L
ANÚNCIO
O movimento nazista de Adolf Hitler começara a ganhar importância na Alemanha a partir de 1930. Aproveitando-se da onda de descontentamento nacional e do enorme índice de desemprego, seu Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (NSDAP), com tendências extremamente antidemocráticas e antissemitas, tornou-se em 1932 o mais forte no Reichstag (Parlamento alemão até 1945). Um ano mais tarde, Hitler assumiu a chefia de governo.
Havia esperanças de poder evitar a supremacia nazista porque, além dos membros do NSDAP, o gabinete de governo era formado por ministros sem partido e políticos de outros partidos de direita. Mas a máquina de propaganda chefiada pelo ministro Joseph Goebbels usou o episódio do incêndio do Reichstag, em fevereiro de 1933, atribuído aos comunistas, para justificar medidas violentas de perseguição a eles. Cinco mil oposicionistas foram presos, principalmente comunistas e social-democratas, e cancelada grande parte dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição de Weimar.
Deputados foram intimidados
No dia 23 de março de 1933, o próprio Hitler compareceu à sessão parlamentar, que havia sido cercado pelas tropas das forças paramilitares nazistas SS e SA, para intimidar os deputados. Era o dia da votação da sua Lei de Concessão de Plenos Poderes. Se os parlamentares não a aprovassem, ele ameaçou usar "outros métodos" para impor seu regime ditatorial. Os social-democratas foram os únicos que votaram contra.
Ele optou por submetê-la ao Reichstag para calar os críticos dentro e fora do país e dar a impressão de legalidade parlamentar. Hitler compareceu à sessão vestido com uma camisa marrom. Atrás dele, uma enorme suástica cobria a parede. A lei que instaurou a ditadura nazista, aprovada por todos os partidos conservadores, levava o nome oficial "lei para acabar com a miséria do povo e do Reich".
Ela proibia todos os partidos, exceto o nazista, os sindicatos foram desmantelados e a liberdade de imprensa extinta. O regime passou a perseguir e internar em campos de concentração as pessoas indesejadas. Os órgãos parlamentares foram dissolvidos ou destituídos. Quando o presidente, marechal Paul von Hindenburg, morreu em 1934, Hitler também ocupou seu cargo, assumindo o controle total sobre a Alemanha. Estava consolidada a ditadura nazista.
Editorial Cultural FM Torres RS – 13 junho
MENSAGEM DAS FLORES
Ontem foi o DIA DOS NAMORADOS mas hoje é dia de SANTO ANTONIO, o casamenteiro. Poucos sabem o que dizem as flores. Bom lembrar .Antigamente era comum o uso das flores como mensagens de sentimentos. Hoje esta linguagem estáesquecida e quase ninguém sabe o real significado delas. Por isso é bom lembrar;
Amor Perfeito : “Penso apenas em Você”.
Azaléia-Rosa-Claro: “Estou feliz porque Você me ama”.
Begônia : “ Podemos ser amigos”.
Camélia: “Sinto-me orgulhoso com seu amor”.
Cravo: “Amo Você com ardor”.
Cravina: “Sou seu escravo”.
Crisântemo : “Não acredito mais em Você”.
Dente-de-leão: “Meu coração está cheio de alegria”.
Erva Cidreira: “ Tenha pena de fazer sofrer o meu amor”
Gardênia Branca: “Fugindo de mim Você me faz sofrer”.
Hortência: “Posso ter esperança?”
Jasmim: “ Imploro que Você me ame”.
Lírio: “ Meus sentimentos são puros”.
Madressilva: “ Apesar de tudo, amo Você.”
Mimosa: “Fique tranqüilo. Ninguém sabe de nosso amor”
Miosótis: “Não se esqueça de mim”.
Orquídea: “ O meu amor é puro”
Petúnia: “ Uma carta de amor foi interceptada”.
Rosa branca: “ Meu amor é triste”
Rosa vermelha: Meu amor é ardente.:
Violeta: “ Ninguém deve saber do nosso amor”.
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Editorial Cultural FM Torres RS –Cartas de amor.
Fernanda Montenegro – (autoria não confirmada)
O modo de vida, os novos costumes e o desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está o macho da espécie humana.
Tive apenas 1 exemplar em casa, que mantive com muito zelo e dedicação num casamento que durou 56 anos de muito amor e companheirismo, (1952-2008) mas, na verdade acredito que era ele quem também me mantinha firme no relacionamento. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem os Homens!'
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da masculinidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:
- Habitat
Homem não pode ser mantido em cativeiro.
Se for engaiolado, fugirá ou morrerá por dentro.
Não há corrente que os prenda e os que se submetem à jaula perdem o seu DNA.
Você jamais terá a posse ou a propriedade de um homem, o que vai prendê-lo a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente, com dedicação, atenção, carinho e amor.
- Alimentação correta
Ninguém vive de vento. Homem vive de carinho, comida e bebida. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ele não receber de você vai pegar de outra. Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã os mantêm viçosos, felizes e realizados durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não o deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Portanto não se faça de dondoca preguiçosa e fresca. Homem não gosta disso. Ele precisa de companheira autêntica, forte e resolutiva.
- Carinho
Também faz parte de seu cardápio – homem mal tratado fica vulnerável a rapidamente interessar-se na rua por quem o trata melhor.
Se você quer ter a fidelidade e dedicação de um companheiro completo, trate-o muito bem, caso contrário outra o fará e você só saberá quando não houver mais volta.
- Respeite a natureza
Você não suporta trabalho em casa? Cerveja? Futebol? Pescaria? Amigos? Liberdade? Carros?
Case-se com uma Mulher.
Homens são folgados. Desarrumam tudo. São durões. Não gostam de telefones. Odeiam discutir a relação. Odeiam shoppings. Enfim, se quiser viver com um homem, prepare-se para isso.
- Não anule sua origem
O homem sempre foi o macho provedor da família, portanto é típico valorizar negócios, trabalho, dinheiro, finanças, investimentos, empreendimentos. Entenda tudo isso e apóie.
- Cérebro masculino não é um mito
Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino.
Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente não possuem! Também, 7 bilhões de neurônios a menos!).
Então, agüente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração.
Se você se cansou de colecionar amigos gays e homossexuais delicados, tente se relacionar com um homem de verdade.
Alguns vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você.
Não fuja desses, aprenda com eles e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com as mulheres, a inteligência não funciona como repelente para os homens.
Não faça sombra sobre ele...
Se você quiser ser uma grande mulher tenha um grande homem ao seu lado, nunca atrás.
Assim, quando ele brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ele estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.
Aceite: homens também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar.
A mulher sábia alimenta os potenciais do parceiro e os utiliza para motivar os próprios. Ela sabe que, preservando e cultivando o seu homem, ela estará salvando a si mesma.
E Minha Amiga, se Você acha que Homem dá muito trabalho, case-se com uma Mulher e aí Você vai ver o que é Mau Humor!
Só tem homem bom quem sabe fazê-lo ser bom!
Eu fiz a minha parte, por isso meu casamento foi muito bom e consegui fazer o Fernando muito feliz até o último momento de um enfisema que o levou de mim. Eu fui uma grande mulher ao lado dele, sempre.
Com carinho, F. M.
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O VERDADEIRO AMOR, Danielle Mitterrand |
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POR QUE O BRASIL É O SEGUNDO PAÍS COM MAIOR NÚMERO DE NOVOS CASOS DE HANSENÍASE
MARCO ZERO CONTEÚDO/26/01/2024- https://marcozero.org/por-que-o-brasil-e-o-segundo-pais-com-maior-numero-de-novos-casos-de-hanseniase/
Por Fabiana Coelho
Vinte e seis de janeiro é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hanseníase. As estatísticas mais recentes registram mais de 200 mil casos novos da doença no mundo. Quase 30 mil deles estão no Brasil, que ocupa a vice-liderança mundial – atrás apenas da Índia. Neste Janeiro Roxo, mês em que a população deveria ser convocada a discutir a hanseníase, é o caso de questionar como uma doença, que tem cura e não se transmite facilmente, pode continuar existindo por mais de 3.500 anos?
Para quem atua na área, três pontos merecem ser destacados: as falhas nos diagnósticos; a negligência com alguns sintomas e as políticas públicas insuficientes de prevenção e tratamento.
O caso de Maurineia Vasconcelos é emblemático. Ela tem hanseníase há 23 anos. Quando obteve o diagnóstico, a doença já estava avançada. Não havia manchas no corpo, apenas dores. Os médicos falavam em reumatismo ou febre reumática. Foram quase dois anos de peregrinação pelos postos de saúde.
Maria (nome fictício) passou mais de 20 anos buscando a causa para suas dores. Recebeu diagnósticos de fibromialgia, Síndrome do Túnel do Tarso, polineuropatia, a lista é longa.
Ambas carregam no corpo as consequências destes diagnósticos tardios: Maurineia tem as “mãos em garra”, um nervo dos braços comprometido e metade da perna esquerda amputada; Maria tem pés e mãos deformados. “A hanseníase tem cura mas, se não tratada logo, as sequelas são permanentes, a exemplo de poblemas vasculares, feridas crônicas e nervos destruídos. Tudo isso pode causar cegueira, amputações e muitos outros problemas”, afirma Pollyane Medeiros, do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase (Morhan), em Jaboatão.
Foi o que aconteceu com Maurineia. Com uma ferida crônica, que não foi tratada adequadamente, ela precisou amputar metade da perna esquerda em 2020. “Isso acontece com muitas pessoas e é uma de nossas lutas: que as pessoas com sequelas possam ter acesso a um acompanhamento digno, com salas de curativo e mais facilidade na assistência”, diz Pollyane.
SINTOMAS NEGLIGENCIADOS
Para Alexandre Menezes, diretor da organização não governamental Fundação NHR Brasil, pouquíssimos médicos estão capacitados para diagnosticar a doença. “Fala-se da hanseníase como uma doença dermatológica e a maioria dos especialistas da área são dermatologistas, mas trata-se de uma doença dos nervos. Geralmente as lesões na pele só surgem quando ela já está adiantada. Os sintomas neurais são negligenciados”, explica.
Andrea Maia é médica vascular e hansenóloga. Trabalha nessa área há 14 anos, no Serviço de Referência Municipal de Petrolina. Para ela, a própria OMS (Organização Mundial de Saúde) tem responsabilidade na negligência aos sintomas neurais quando define os casos da doença conforme o número de lesões na pele. “A bactéria parasita células que ficam dentro dos nervos periféricos ou em pequenos nervinhos da pele. Os profissionais de saúde não aprendem sobre o acometimento neural na faculdade. Como tentar acabar com uma doença neurológica se temos que esperar que ela apareça na pele?”, questiona.
Uma das pacientes de Andrea, que prefere não se identificar, descobriu a hanseníase por acaso. Com uma espécie de cansaço permanente nas pernas, procurou uma médica vascular para tratar o que ela acreditava ser um problema de circulação. Ao apalpar os nervos da paciente, Andrea percebeu um espessamento. Os sintomas eram discretos mas, com as observações clínicas e um exame PCR, a especialista conseguiu confirmar o diagnóstico.
A maioria dos exames disponíveis hoje podem apenas sugerir a doença. A baciloscopia só é positiva quando o paciente já apresenta muitos bacilos espalhados pela pele. A dosagem de anticorpos pode servir para acompanhamento, mas a presença de anticorpos apenas indica que o paciente está exposto à doença, e não que tenha a presença da bactéria. O PCR permite detectar a infecção e investigar o DNA do microorganismo.
No caso dos sintomas neurais, também é possível observar o espessamento e alterações dos nervos a partir de instrumentos como a ultrassonografia e a eletroneuromiografia. “Mas a ultrassom de nervos periféricos e a eletroneuromiografia não estão disponíveis na maioria das cidades. E o PCR, por enquanto, só é realizado em centros de pesquisa. Não está disponível comercialmente e nem pelo SUS”, afirma Andrea.
Para o diagnóstico, os médicos precisam levar em conta diversos fatores, incluindo o histórico do paciente. Segundo Andrea, área de pele aparentemente normal, mas com anestesia, já fecha o diagnóstico. É importante avaliar a sensibilidade e a força muscular dos olhos, mãos e pés. “Outro achado comum, mas desconhecido pela maioria das pessoas e profissionais de a saúde, é a presença de áreas sem pelo nas pernas de homens”, relata a médica.
FALTA PREVENÇÃO
Apesar de não ser uma doença cuja transmissão esteja relacionada à questões de saneamento básico ou higiene, a hanseníase afeta sobretudo as classes sociais mais baixas. “A qualidade da nutrição é um dos fatores que contribui para isso. Trata-se de uma doença que afeta de forma diferente as pessoas conforme o grau de imunidade. E uma alimentação inadequada diminui a imunidade”, explica Andrea.
Para Alexandre Menezes, questões como moradia e assistência à saúde também contribuem para que a doenca se torne uma doença que atinge sobretudo os mais pobres. “A hanseníase não se transmite facilmente, como uma covid ou uma gripe. É preciso haver um contato prolongado. Nas áreas mais pobres é comum mais de dez pessoas dividirem um único quarto. Ambientes pequenos, mal ventilados e com grande concentração de pessoas”, explica.
A recomendação da OMS e do Ministério da Saúde é que, nos casos de hanseníase, seja feita a investigação dos contatos, ou seja, que as pessoas próximas sejam acompanhadas clinicamente. Mas, os vários grupos que atuam no enfrentamento à doença são unânimes em afirmar que esse acompanhamento é falho e, quando acontece, restringe-se aos contatos domiciliares.
Entre outras iniciativas, a NHR Brasil tem se dedicado a uma pesquisa clínica de medicação preventiva para contatos próximos de pacientes com hanseníase. Os testes estão sendo feitos com famílias de Fortaleza e Sobral (Ceará), e também por filiais da organização na Índia e Indonésia. A pesquisa envolve estudos, mapeamento de casos e administração dos medicamentos. A expectativa é que seja concluída em 2026.
JUNTOS CONTRA O PRECONCEITO
Mesmo sendo uma doença que tem cura e de difícil transmissão, o estigma ainda pesa contra os que têm hanseníase. Recentemente, Pollyane Medeiros, do Morhan, testemunhou um episódio de preconceito que de um profissional de saúde em uma clínica de fisioterapia. “Ao ter acesso ao laudo de uma pessoa com sequelas, que já tinha cumprido tratamento, ele chegou a afirmar, na frente de todos, que a hanseníase não tinha cura, revelando sua ignorância sobre a doença e expondo a pessoa à discriminação e preconceito”.
Falta de informações e uma cultura milenar, atrelada a conceitos bíblicos e religiosos, contribuem para isso. Uma das entrevistadas que não quis se identificar relata: “Deixei de ser convidada para alguns eventos quando falei a colegas sobre minha doença”.
Organizações como a NHR Brasil e a Morhan, e diversos grupos de autocuidado, contribuem para que pessoas com hanseníase lidem de forma coletiva com a doença. Premiada no ano passado durante o Fórum Social Brasileiro de Doenças Infecciosas e Negligenciadas, Maurineia Vasconcelos coordena o Grupo Saúde, que reúne pacientes da policlínica municipal Clementino Fraga, no Vasco da Gama. Atividades de empoderamento, oficinas de empreendedorismo, troca de experiências, apoio e assistência, festividades e eventos ajudam os participantes a lidar com a doença e com o preconceito.
Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase existe há 42 anos. Crédito: Acervo pessoal
CONTROVÉRSIAS NO TRATAMENTO
A hanseníase tem cura, mas ainda há controvérsias quanto à forma de administração dos medicamentos. A médica Andrea Maia, por exemplo, é contra a padronização nos prazos de duração do tratamento. “Passado o período de seis meses ou um ano, sugerido pela OMS, é preciso haver um acompanhamento cuidadoso. Tenho observado casos em que algumas bactérias resistem”, conta.
Glauco Lima teve hanseníase na década de 80. Teve erupções na pele e demorou até obter o diagnóstico. Na época, o processo de tratamento era mais longo e complexo. Seis anos depois, a doença se manifestou nos tendões.
Ele garante que foi infectado duas vezes. Mas, para Andrea, é possível que alguma bactéria tenha resistido e, com o tempo, voltou a se reproduzir no organismo. “Este é o objeto de minha tese de mestrado. Venho acompanhando casos em que, mesmo depois do período de tratamento, o material coletado e enviado para biópsia revela a presença de bactérias vivas. Acredito na importância de haver um acompanhamento dos pacientes para que os prazos para administração dos medicamentos seja adequado a cada situação”, diz.
O fato é que, embora seja uma doença milenar, ainda há um longo caminho a percorrer até zerar a transmissão da doença, meta antiga para quem atua na Saúde Pública. Para isso, há que reforçar os estudos e informações sobre a doença; melhorar as políticas de prevenção e tratamento; dar atenção aos sintomas invisíveis e neurais; e agir contra a desinformação e preconceito.
Serviço:
Fique atento aos sintomas: não apenas manchas ou falta de sensibilidade na pele. Dormência ou formigamento em mãos ou pés, câimbras constantes, dores no corpo, fraqueza ou cansaço muscular. Tudo isso também pode ser um sinal de Hanseníase. O tratamento da doença é feito apenas pela rede pública. Se você tem alguns destes sintomas e é atendido na rede particular, pode convencer seu médico a fazer uma investigação mais aprofundada antes de procurar o posto de saúde de seu bairro.
• A NHR Brasil é filial da NLR, uma organização holandesa que atua há 50 anos no enfrentamento à Hanseníase no mundo. A sede fica no Ceará, mas ela tem atuação em todo o país. Você pode entrar em contato pelo e-mail nhr@nhrbrasil.org.br ou acompanhar a instituição pelo site ou no Instagram @nhrbrasil
• O Morhan tem 42 anos de atuação em todo Brasil. Em Pernambuco, possui núcleos no Recife, Jaboatão e Vitória de Santo Antão. Você pode se informar pelo site ou acompanhar pelo Instagram @morhanjaboataope e @morhanrecife
• Grupos de autocuidado: existem cinco grupos de autocuidado ativos em pernambuco: um no sistema prisional; um na policlínica Clementino Fraga; dois no hospital Otávio de Freitas; e um na policlínica municipal Lessa de Andrade, na Madalena.
Marco Zero Conteúdo = É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.
Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
FRUSTRADA TENTATIVA DE GOLPE NA BOLÍVIA
Coluna Paulo Timm – Publicada em A FOLHA, Torres RS – 28 junho 2024
A Bolívia revive um pesadelo recorrente:Tentativa de golpe militar, entretanto, com tanques cercando Palácio de Governo que, felizmente, naufragou. O Presidente Luis Arce não se intimidou diante da soldadesca. Chamou o povo para as ruas e desceu as escadarias para enfrentar os golpistas. Passou uma descompostura no Chefe do Exército, Juan Zúñiga, na frente do assessores, dos soldados rasos e oficiais seguidores e o prendeu em praça pública. A União Europeia, a Organização dos Estados Americanos e o governo brasileiro repudiaram imediatamente a tentativa de golpe militar. Lula telefonou para a presidente de Honduras, Xiomara Castro, propondo uma reunião extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A reunião, marcada para esta quinta-feira (27), visou emitir uma declaração conjunta dos países da região condenando a tentativa de ruptura democrática na Bolívia.
O Presidente Biden, depois de algum tempo, tempo a condenou. Tendo percebido, aliás, sinais de sabotagem dos Estados Unidos à sua gestão, sobretudo diante da questão do lítio, abundante no país, Arce convocou representante da Casa Branca em La Paz dias antes da tentativa de golpe. Convocando a encarregada de negócios americana, Debra Havia, para uma reunião a portas fechadas. Parece que resultou.
Milei, Presidente Argentino, calou-se. No fundo, torceu pelo sucesso do golpe. No Brasil, o deputado federal Ricardo Salles, bolsonarista de carteirinha, ex Sinistro do Meio Ambiente notabilizado pelo estímulo ao estouro da boiada na Amazônia , até regozijou-se com o golpe. Agora, certamente, terá que se explicar ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados...
Afinal, as tropas recuaram, o que sinalizou o fracasso do movimento antidemocrático.
A Bolívia conheceu inúmeros golpes na sua vida republicana. Ganhou alguma tranquilidade e prosperidade depois da vitória de um líder indígena: Evo Morales. Justifica-se: Grande parte da população boliviana é indígena ou mantém estreitos laços com as comunidades indígenas. Nada mais justo do que um de seus líderes governe o país. Quando saiu do Governo, acossado pela direita, houve nova tentativa de golpe, felizmente contigo. Agora, tendo a frente do Governo um de seus seguidores, o golpismo ressurge no país Andino.
Um dos problemas da Bolívia é sua divisão entre o altiplano, majoritariamente indígena e a planície que se estende em torno de Santa Cruz de la Sierra, vizinha ao Brasil, mais ocidentalizada. Por várias vezes, esta região já tentou se separar do altiplano, sem êxito, mas continua sempre em ferrenha oposição à La Paz.
O ocorrido na Bolívia é uma advertência aos democratas latino-americanos. O ex Chanceler Celso Amorim alerta: - “Essa tentativa falhou, mas podem ocorrer outra.A Bolívia é um país que tem sido fracionado entre as forças populares. Tem que tomar muito cuidado". Celso Amorim destacou ainda a importância das relações entre Brasil e Bolívia, mencionando as compras de gás natural e a iminente adesão plena da Bolívia ao Mercosul. No entanto, ele fez uma ressalva: “tudo isso só funciona na democracia".
Aqui, a lembrança do velho ditado: Quem vê as barbas do vizinho arder, pôe as suas de molho... O nazi-fascismo não morreu com Hitler, em 1945. Virou um fantasma com novas roupagens, sempre à espreita do ressurgimento. Mas como dizia a velha UNIÃO DEMOCRÁTICA NACIONAL – UDN - , numa época em que abrigava um direita esclarecida e que se pretendia defensora da democracia:
“ O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Ó tempos! Bons tempos!
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A QUESTÃO DA MACONHA
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Decisão 'nobre', 'invasão de competência': veja como repercutiu a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.
Lula disse que é 'nobre' diferenciar usuário de traficante; Pacheco disse considerar decisão 'invasão de competência' do legislativo. STF ainda precisa definir quantidade que diferencia usuário de traficante.
O que é mito e o que é verdade sobre maconha? Faça o QUIZ e veja infográfico sobre a droga - STF formou maioria para considerar que não há crime quando uma pessoa carrega consigo uma quantidade de maconha. Ministros vão agora definir parâmetros para separar usuário de traficante.
Porte de maconha para uso pessoal: entenda como fica a proposta em análise no Congresso após a decisão do STF - Tribunal decidiu que não é crime porte de maconha para consumo próprio e vai diferenciar usuário de traficante. Decisão não impede que Congresso analise proposta sobre o tema.
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Ao encerrarem, nesta quarta-feira (26), o julgamento sobre o porte de maconha para consumo próprio, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) fixaram o parâmetro de 40 gramas ou seis plantas fêmeas para diferenciar usuários de maconha e traficantes da planta.
E é aí que começa uma outra parte da discussão. O que significam 40 gramas? É muito? É pouco?
Para Cristiano Maronna, doutor em Direito Penal pela USP e diretor da organização Justa, os ministros reconheceram a necessidade de fixar um parâmetro objetivo. Mas, na avaliação dele, essa não é a quantidade ideal para efeitos no sistema prisional.
É o que ele explica em entrevista ao podcast O Assunto desta quinta-feira (27).
"Eu entendo que um peso maior, uma quantidade maior, seria melhor para fins de impactos no sistema de Justiça criminal, sistema prisional. Mas, de qualquer modo, 40 gramas já é um parâmetro melhor do que existe hoje, em que há uma anomia."
"E vários ministros reconheceram isso. Daí a necessidade de fixação de parâmetros objetivos", complementa.
Ele também ressalta que a decisão é provisória e deve vigorar até que o Congresso ou o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) tratem da matéria.
Reproduzir vídeo40g de maconha é muito ou pouco?
Mais especificamente, Maronna lembra que a necessidade de fixar uma quantidade surgiu com mais força após o ministro Alexandre de Moraes, em agosto, fundamentar seu voto citando um estudo da Associação Brasileira de Jurimetria apontando a diferença de flagrantes para brancos e negros.
"Chegaram a conclusão de que pessoas negras flagradas com até 20 gramas de maconha são classificadas como traficantes, enquanto pessoas brancas flagradas com até 60 gramas de maconha são classificadas como usuárias", disse Maronna.
Os ministros não liberaram o uso de maconha nem legalizaram qualquer entorpecente. Outras condutas envolvendo a substância, que não o porte, podem ser configuradas como tráfico.
Por exemplo, se uma pessoa for flagrada com maconha, ainda que em quantidade inferior a 40 gramas, e haja elementos de que ela estava vendendo a droga, poderá ser presa e responder pelo crime de tráfico.
Ouça a íntegra do episódio.
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ASSANGE : Livre, porém culpado: entenda quem é Julian Assange e qual o acordo para sua liberdade
Liberdade para Assange, fundador do WikiLeaks, ocorre após 12 anos encarcerado por ter divulgado segredos de Estado dos EUA, como violações aos direitos humanos na Guerra do Iraque
Vanessa Martina-Silva - https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/livre-porem-culpado-entenda-quem-e-julian-assange-e-qual-o-acordo-para-sua-liberdade/?utm
• Quem é Julian Assange?
• Por que ele foi preso?
• Por que ele foi liberto?
• O que consta no acordo?
Julian Assange foi libertado após chegar a um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA. Ele se declarou culpado de um único crime grave, encerrando assim uma longa saga que envolveu vários continentes.
Quem é Julian Assange?
Assange nasceu em 1971 em Townsville, no estado australiano de Queensland. Começou a se interessar por computadores desde cedo e, no início dos anos 1990, já era considerado um dos hackers mais habilidosos da Austrália.
Em 2006, fundou o WikiLeaks, uma organização que publicava material vazado. Em 2010, Assange ganhou notoriedade mundial ao publicar uma série de vazamentos de Chelsea Manning, ex-soldado do exército estadunidense. Entre os arquivos, havia um vídeo de um ataque de helicópteros Apache das forças estadunidenses em Bagdá em 2007, no qual 11 pessoas foram mortas, incluindo dois jornalistas da agência Reuters.
O governo dos EUA iniciou uma investigação criminal e Manning foi finalmente condenada e presa pelos vazamentos, embora posteriormente sua pena tenha sido atenuada.
Em novembro de 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA.
Leia também | Esposa de Assange, sobre apoio de Lula: “É um líder global e pode mudar os rumos da história”
Em 2016, Assange voltou a ser notícia após o WikiLeaks publicar e-mails de operativos do Partido Democrata no período anterior às eleições presidenciais dos EUA. Segundo a Procuradoria dos EUA, os e-mails foram roubados pela inteligência russa e faziam parte de uma operação para interferir nas eleições a favor de Donald Trump.
Assange é aclamado por muitos em todo o mundo como um herói que revelou irregularidades militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão.
Protesto em Londres, em 26 de agosto de 2023, contra a prisão de Julian Assange e os processos de extradição dos EUA (Foto: Alisdare Hickson)
Por que ele foi preso?
Em 2010, foi emitida uma ordem de prisão contra Assange por duas acusações diferentes de abuso sexual na Suécia. Após um tribunal britânico decidir que ele poderia ser extraditado para a Suécia, Assange foi para a embaixada do Equador, onde foi concedido a ele asilo político pelo governo do então presidente Rafael Correa. Na época, se teve conhecimento de que ele temia que, uma vez extraditado para a Suécia, poderia ser extraditado para os Estados Unidos.
Ele permaneceu lá por quase sete anos, durante os quais suas relações com o governo equatoriano se tornaram cada vez mais hostis com a saída de Correa da presidência e a chegada de Lenin Moreno. Em 2019, o ministro das Relações Exteriores do país acusou Assange de comportamento inapropriado, o que incluía andar de patinete e jogar futebol dentro da embaixada, além de ameaçar funcionários da embaixada.
Em 2017, as autoridades suecas retiraram suas acusações contra Assange, mas sua ordem de prisão no Reino Unido por violar a fiança ainda estava em vigor. Em 2019, o Equador retirou o asilo e permitiu que a polícia britânica entrasse na embaixada para prendê-lo.
Após sair da embaixada, Assange foi detido em nome dos Estados Unidos, que haviam solicitado sua extradição. Os Estados Unidos queriam que ele respondesse a 18 delitos e o acusavam de incentivar e ajudar Manning a roubar arquivos militares. Se fosse condenado, poderia enfrentar uma pena de até 175 anos de prisão.
Por que ele foi liberto?
Nos últimos cinco anos, Assange ficou detido em uma prisão de segurança máxima no sul de Londres, onde teve a liberdade sob fiança negada por suposto risco de fuga. Durante todo esse tempo, sua família e simpatizantes afirmavam que sua saúde física e mental estava piorando.
Em 2021, um tribunal britânico disse que Assange poderia ser extraditado para os Estados Unidos, mas no início deste ano ele ganhou o direito de apelar desse veredicto.
Leia também | “Temos que continuar agindo, isso vai acabar bem”, diz líder pró-Assange na América Latina
Em fevereiro, o Parlamento australiano aprovou uma moção pedindo aos governos dos EUA e do Reino Unido que permitissem que Assange retornasse ao seu país natal. Em abril, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que estava analisando um pedido da Austrália para retirar a acusação contra Assange.
A família de Assange — incluindo sua mãe — disse nessa terça-feira (25) que o fim de seu “calvário” se deve a uma “diplomacia tranquila”, enquanto seu pai agradeceu ao primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese.
O que consta no acordo?
Assange deve comparecer nesta quarta-feira (26) a um tribunal federal das Ilhas Marianas do Norte, uma comunidade dos EUA localizada no Pacífico ocidental, onde ele deve se declarar culpado de uma acusação prevista na Lei de Espionagem por conspirar para obter e divulgar ilegalmente informações classificadas de defesa nacional. É esperado que o pedido de extradição seja retirado e que Assange não enfrente nenhuma outra acusação.
A audiência ocorre nas Ilhas Marianas do Norte devido à oposição de Assange de viajar para o território continental dos EUA e à proximidade do tribunal com a Austrália.
Leia também | Chomsky defende Assange: “Lei de Espionagem dos EUA não cabe em uma sociedade livre”
Os promotores concordaram com uma sentença de cinco anos, mas disseram que o tempo já cumprido em uma prisão britânica contará para isso. Isso significa que ele será libertado após a sentença.
A declaração de culpa ainda precisa ser aprovada por um juiz, e, neste caso, ele poderá retornar à Austrália após a sentença.
John Shipton, pai de Assange, declarou nesta terça (25) à mídia australiana que parece que “Julian poderá desfrutar de uma vida normal com sua família e sua esposa, Stella”.
* Este texto foi traduzido com o auxílio de Inteligência Artificial.
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Aumenta violência contra idosos no Brasil
Violência contra idoso cresce 38% no Brasil, diz levantamento
Foram mais de 65 mil denúncias no primeiro semestre de 2023; segundo especialistas, as pessoas estão se sentindo confiantes em denunciar. Veja estados que tiveram maior crescimento.
Por Amanda Lüder, Fábio Santos, g1 SP e GloboNews
26/07/2023 11h55 Atualizado há 7 meses
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Violência contra idoso cresce 38% no Brasil, diz levantamento
Um levantamento da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos aponta que houve um aumento de 38% nos casos de violência contra pessoas idosas no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado. Foram mais de 65 mil denúncias e o crescimento foi registrado em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal.
Veja os estados que tiveram alta mais significativa:
📍Tocantins + 155%
📍Amapá: +110%
📍Pernambuco: +90%
📍São Paulo: +44%
Segundo especialistas, os casos aumentaram, mas as pessoas estão se sentindo confiantes em denunciar.
"A gente precisa olhar com esses números com preocupação e, depois, pensar na política pública com certo otimismo. A preocupação é porque os casos aumentaram e o otimismo é que a gente tem a retomada do nosso 'Disque 100' e consequentemente as ações dessa gestão que estão sendo para explicar e educar quais são os tipos de violência que afetam mais as pessoas idosas", diz Alexandre da Silva, Secretário Nacional Dos Direitos da Pessoa Idosa.
Para a Marisa Acciolly, especialista em gerontologia pela SBGG e professora da USP, o crescimento indica que há um conhecimento maior por parte das pessoas idosas, no sentido de como procurar ajuda.
As violências mais denunciadas são a física, a patrimonial e a psicológica.
Idosa sofre etarismo ao tentar financiamento imobiliário
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Idosa diz que sofreu etarismo ao tentar financiamento imobiliário: 'Muito desdém'
A aposentada Marly Gama, que mora em São Paulo, foi até uma agência bancária para buscar informações a respeito de um financiamento para uma casa própria. No entanto, ao solicitar ao atendente, ele a atendeu com desrespeito e etarismo, algo que é mais comum do que parece.
"Eu fui pedir informações, e disse que eu era aposentada. E o atendente me olhou com muito desdém e disse: 'Quantos anos mesmo que a senhora tem?'. Eu me identifiquei que tinha 67 anos. E: 'Ah, mas com essa idade não precisa'. Esse problema de 'essa idade' a gente ouve quase que diariamente em várias situações", lamentou.
A idosa revelou que motoristas e cobradores de ônibus também fazem comentários etaristas, reclamando que pessoas velhas estejam andando nos coletivos.
"Na eleição do ano passado eu resolvi ir (votar). E ouvi: 'Esses velhos não têm o que fazer, e vão votar'. Por que isso?', indagou.
Saiba como denunciar
Qualquer tipo de violação contra idosos podem ser denunciados pelo disque 100, que funciona por qualquer tipo de aparelho telefônico. É possível, também, registrar a denúncia pelo site do Ministério dos Direitos Humanos, ou pelo aplicativo de celular. As denúncias podem ser feitas de forma anônima.
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20-06-2024
Brasileiro é conservador, não fanático religioso ou político
Maria Cristina Fernandes - Eleitor é conservador, não fundamentalista
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-cristina... Valor Eco.
Eleitor é punitivista, não aceita ser garfado em direitos nem se engana sobre a vítima de estupro
Foram duas derrotas consecutivas, num prazo de duas semanas, impostas pela sociedade, nas redes sociais e nas ruas, à extrema-direita: a proposta de emenda constitucional que prevê a venda de terrenos de marinha, chamada de “pec das praias”, e o projeto que criminaliza a prática do aborto, nos casos já previstos em lei (estupro, risco de vida da mulher e má-formação do feto), acima de 22 semanas.
Os governistas puseram o pescoço para fora depois que a derrota, em ambos os casos, já estava consolidada. Calejados pela derrubada do veto presidencial à proibição da saída temporária dos presos por razão familiar, as chamadas “saidinhas”, fruto de um cochilo em relação ao consenso punitivista vigente, deixaram de enxergar o fosso que separa uma sociedade conservadora da extrema-direita fundamentalista.
Na PEC das praias e no PL do aborto o que aconteceu foi mais uma derrota da aliança entre o bolsonarismo e o centrão do que uma vitória do governo. No primeiro caso, a PEC já havia passado discretamente pela Câmara na legislatura passada, já sob a batuta do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e buscava uma via ligeira para ser referendada pelo Senado quando foi atravessada pelo ativismo digital de organizações não-governamentais de ambientalistas que contaminou as redes antes que a atriz Luana Piovani se engalfinhasse com o jogador Neymar Jr. e o assunto contaminasse as redes sociais.
No segundo caso, o acordo de gaveta entre o autor do projeto e Lira, acabou sendo confirmado por Sóstenes Cavalcante. O deputado do PL do Rio disse que, obtida a urgência, poderia votá-lo até o “último dia do mandato” do presidente da Câmara. A existência do acordo ficou patente quando o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo principal aliado de Lira no PT, lavou as mãos em relação ao projeto.
Foi só com as primeiras pesquisas sobre a surra do PL nas redes sociais e as manifestações de rua que a primeira-dama, Janja da Silva, sempre muito vigiada em seus posicionamentos sobre costumes, veio ao X, ex-Twitter, se manifestar, sendo seguida por uma miríade de ministros (Alexandre Padilha, Marina Silva, Silvio Almeida, Cida Gonçalves e Anielle Franco) e pelo próprio marido. De Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de “insanidade” a tentativa de se imputar uma pena para as mulheres equivalente ao dobro daquela do estuprador.
Nenhum deles apareceu com sacadas melhores do que aquelas que pautaram a mobilização nas redes e nas ruas. Todos ficaram a reboque da campanha “criança não é mãe, estuprador não é pai”, que começou espontânea, puxada por grupos feministas e entidades de direitos humanos, e acabou impulsionada pela massificação de notícias dando conta de pastores evangélicos estupradores. A guerrilha digital recuperou um vídeo do médico Drauzio Varella, de 2014, por ocasião de uma primeira tentativa da bancada evangélica no tema, em que ele dizia que se estaria autorizando os homens a escolher em que mulheres desejavam fazer filhos.
No acompanhamento sistemático de grupos qualitativos de pesquisa, Esther Solano, socióloga e professora da Unifesp, constata que os governistas se limitam a ser reativos na pauta moral pela incapacidade de entender os paradoxos e sofisticações de uma sociedade que cultiva valores conservadores (veto às saidinhas) mas não aceita ser garfada em seus direitos (PEC das praias) nem enganada sobre quem é a vítima de um caso de estupro (PL do aborto).
A despeito das duas últimas derrotas, Solano aposta que o recuo da extrema-direita é tático. A grotesca encenação sobre assistolia fetal, método usado para a interrupção da gravidez acima de 22 semanas, no Senado na manhã desta segunda-feira é um exemplo. Já estava marcada quando o embate na Câmara se deu, mas não foi desmarcado nem amenizado e teria irritado o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O avanço da extrema direita fundamentalista nos conselhos tutelares estendeu o tapete vermelho para a entrada desta pauta nas eleições municipais, especialmente em São Paulo. A campanha do prefeito e pré-candidato à reeleição Ricardo Nunes poderá se valer do tema aquecido na opinião pública para confrontar o pré-candidato do Psol, Guilherme Boulos, que é favorável ao aborto para além dos casos previstos em lei, contrariamente à pré-candidata do PSB, Tabata Amaral.
Em maio, reportagem da revista digital “Pública” deu conta da ofensiva de Nunes contra o serviço de aborto legal do hospital municipal de Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da cidade. Funcionava ali o serviço com o maior número de casos da cidade de interrupção acima de 22 semanas, mas foi fechado pela prefeitura e seus médicos, perseguidos por uma aliança entre o Conselho Regional de Medicina e a prefeitura.
Cochilo do governo em relação ao consenso punitivista vigente, o privou de enxergar o fosso que separa uma sociedade conservadora da extrema direita fundamentalista.
Editorial Cultural FM Torres RS – 19 junho 24
O DIA DO QUÍMICO NO BRASIL –
Ontem celebrou-se, no Brasil, o Dia do Químico, data em que, no ano de 1956, foi regulamentada sua profissão que hoje abrange cerca de 50 denominações diferenciadas, todas contribuindo decisivamente para o desenvolvimento tecnológico do país: Técnicos em Química, Bacharéis/Licenciados em Química, Químicos Industriais ou Tecnólogos equivalentes, Engenheiros Químicos e suas especializações. A indústria química, através da química fina e petroquímica, foi o último setor a ser montado no Brasil, no sendeiro doi modelo de substituição de importações que impulsionou o desenvolvimento do país no século XX, durante o Governo Geisel, década de 1970.
“O dia do Químico serve para relembrar todas as conquistas que essa classe obteve com a Lei Mater e, principalmente, homenagear o trabalho árduo — e muitas vezes anônimo — que esses profissionais desempenham. Graças a eles, há um constante desenvolvimento técnico-científico e industrial do nosso país, pois esses profissionais adequam a Química à solução de problemas tecnológicos e impulsionam os centros de pesquisas químicas e universitárias do Brasil.
Isso torna evidente também o papel do Químico no bem-estar da sociedade, pois ele propicia que produtos, tais como medicamentos, alimentos e produtos de higiene e limpeza, sejam fabricados com uma melhor qualidade tanto para a saúde do consumidor e de quem os produz quanto para minimizar ao máximo os impactos ambientais. Desse modo, pode ser desfeito o preconceito que muitos desenvolveram sobre a Química e que dissemina a ideia de que essa ciência só traz malefícios para o meio ambiente e para nossas vidas.
Assim, gostaríamos de aproveitar essa oportunidade para agradecer aos profissionais da Química por seu importante trabalho! Parabéns a todos os Químicos do Brasil! Além do mais, que tal aproveitar essa data para conhecer de perto alguns dos cientistas que contribuíram sobremaneira para o desenvolvimento da Química? Confira nossa seção exclusiva sobre os grandes Químicos da História neste link: Grandes Cientistas da Química.” –(Jennifer Fogaça
Graduada em Química)
Dentre os baluartes da Química no mundo, num contraponto científica do Iluminismo que marcou época na França do século XVIII, releva o papel de Antonio Lavoisier, célebre por suas pesquisas e pela sua frase: “Na natureza nada se perde, tudo se transforma”.
Anexo
Antoine Lavoisier - Antoine Lavoisier (Químico)1743-1794
Por André Luis Silva da Silva
Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)
Talvez uma das sentenças mais comentadas no mundo da química seja a célebre frase “Na Natureza, nada se perde e nada se cria, tudo se transforma.” Escrita de modo poético, essa frase aborda um dos princípios de edificação da química moderna: a lei de conservação de massa. De acordo com a mesma, o que mais tarde viria a ser aplicado analogamente à energia, a matéria está sujeita a constantes transformações, mas jamais à destruição ou criação. Ou, em uma linguagem mais técnica, a massa dos reagentes é sempre igual à dos produtos, em uma transformação de qualquer natureza.
O primeiro cientista a anunciar esse princípio foi Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794), considerado hoje o grande precursor da química moderna. Lavoisier era proveniente de uma importante e abastada família francesa, herança que o proporcionou a estrutura necessária para a realização de suas pesquisas. “Ao jovem Antoine Laurent Lavoisier cabe o mérito da introdução do novo método na experimentação química. Gênio versátil, filho de rica família, Lavoisier cedo ficaria órfão de mãe. O pai e a tia, que o educaram, preferiam que ele estudasse Direito, e o encaminharam ao Colégio Mazzarino. Ao passar para a universidade, o interesse pela ciência prevaleceu. Era o começo de uma revolução dos métodos científicos”1.
Lavoisier ficou amplamente conhecido por suas contribuições na conservação da matéria e por sua refutação à teoria flogística da combustão, predominante na época. Isso fora possível por meio de seus trabalhos, e posterior descoberta, e nomenclatura, do elemento oxigênio. Além disso, descobrira a composição química da água, formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Dessa forma, acabaria também refutando a teoria de Tales de Mileto, a qual afirmava que a água era um dos quatro elementos dos quais todas as demais substâncias derivariam.
Na verdade, atribui-se a descoberta do oxigênio a Lavoisier, entretanto, o elemento químico fora realmente identificado por Lavoisier, mas o gás oxigênio foi apenas melhor compreendido em relação às suas propriedades físicas e químicas, o que viria a conformar a dependência desse gás nos processos da combustão e da calcinação.
Lavoisier também participou efetivamente de trabalhos que viriam a compreender melhor outros elementos químicos, como o nitrogênio. O nome nitrogênio significa “...azoto, e quer dizer ‘sem vida’. Este nome, sugerido por Lavoisier, designava um novo elemento, até então conhecido como ‘ar mefítico’. O ar mefítico havia sido descoberto em 1722, quando Priestley, queimando corpos em vasos fechados, verificou que, exaurido o oxigênio do ar, restava ainda um gás inerte junto ao gás carbônico. O gás recém descoberto não ativava a combustão e não podia ser respirado; era, portanto, alheio à vida”1.
Lavoisier acabará se envolvendo na coleta de impostos francesa, o que o levaria à morte em praça pública na guilhotina, durante a Revolução Francesa, fazendo-o interromper alguns trabalhos na área de fisiologia, envolvendo a respiração e a transpiração.
Referências:
1. http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/person/lavoisie.htm
FELTRE, Ricardo; Fundamentos da Química, vol. Único, Ed. Moderna, São Paulo/SP – 1990.
RUSSELL, John B.; Química Geral vol.1, São Paulo: Pearson Education do Brasil, Makron Books, 1994.
Editorial Cultural FM Torres RS – 18 junho
ENCHENTE/PORTO ALEGRE
Holandeses vieram, viram e confirmam: O Sistema Contra Cheias de Porto Alegre é bom. Ruim é a gestão!
Publicado em junho 17, 2024 por LUIZ MÜLLERDeixe um comentário
Foi preciso que Técnicos da Holanda, que tem 70% do território abaixo do nível do mar e tem experiência de Sistema de Proteção contra Cheias desde o Século 17, viessem a Porto Alegre confirmar o que Diferentes Grupos de Técnicos e Engenheiros da UFRGS , DEMAE e outros daqui já tinham dito:
O relatório preliminar da comitiva holandesa, com as sugestões, foi apresentado no dia 10/06 e deve ser entregue ao DMAE até o dia 30:
Entre as propostas consta: “a recuperação do sistema de proteção contra enchentes, a instituição de um sistema de monitoramento de níveis, vazões e ventos, e a criação de mecanismos para verificar a integridade dos componentes do sistema, como diques.”
Ou seja: O Sistema é bom. Precisa ser “recuperado”, por que pela falta de manutenção e de Geradores, Casas de Bombas deixaram de funcionar e comportas romperam com a força da água e outras acabaram sendo derrubadas pela Prefeitura, por que o Nível da água no Centro de Porto Alegre durante vários dias esteve mais alto do que no próprio Rio Guaíba. Absurdo? Não. Estava mais alta aqui dentro, por que além de não jogar mais o grande volume de chuvas pra dentro do Rio, as bombas não funcionando, elas acabaram sendo “porta de entrada” pra água do Rio que se somou a água da chuva que caia. Como morador do Centro eu mesmo vi, ainda no dia 3/05, a água invadindo as ruas pela casa de bombas.
Os holandeses também sugeriram o acompanhamento das previsões climáticas, a emissão de alertas para a população e a criação de um Sistema Integrado de Proteção contra Enchentes, envolvendo município, estado e governo federal.
Essas sugestões já haviam sido dadas pela UFRGS, através do IPH, salientando-se que as previsões baseadas nos modelos hidrológicos da cheia foram muito precisas e deveriam ter sido utilizadas pela prefeitura para balizar as ações de enfrentamento da crise.
Mas… A forma atabalhoada como a Prefeitura e o Prefeito trataram moradores das regiões atingidas, criando pânico, gerando confusão e pior, com o Prefeito tentando responsabilizar os moradores, acusando-os de morar onde não deveriam, deixou patente que pelo menos até aquele momento, a ciência sobre os temas sobre o Meio Ambiente não tinham espaço no Gabinete e nem na gestão da Prefeitura.
“Há muito o tema do Saneamento não é mais tratado apenas como “básico”, mas sim como “Saneamento Ambiental”, por que diz respeito não mais só encaminhar e tirar o esgoto da cidade, mas de criar as condições para que a Vida e a Saúde dos Cidadãos seja preservada”, diz o Ex Diretor do DEP, Engenheiro Vicente Rauber.
O DEP – Departamento Municipal de Esgotos Pluviais, que foi desativado por Sebastião Melo em 2019, na contramão inclusive do Novo Marco Legal do Saneamento, era o órgão responsável pela supervisão e manutenção do Sistema de Proteção contra as Cheias e como diz seu nome, pelo Esgoto Pluvial, aquele das aguas que inundaram o Centro Histórico mesmo antes da chegada da água do Rio pelas comportas rompidas. Aliás, as águas da chuva meses antes já tinham alagado uma parte do Mercado Público e região, quando nem enchente do Rio havia.
Com o Desmonte do DEP, as atribuições foram passadas ao DMAE. No entanto, apesar da Vital Função do DEP, nenhum recursos novo foi injetado no DMAE e nem Técnicos e Servidores a mais destacados para manter funções essenciais para a vida dos cidadãos.
E pra piorar, o Prefeito, na ânsia de Privatizar tudo que é público, queria privatizar também o DMAE e pior, com muito dinheiro em Caixa.
Por isto, mesmo com o DMAE tendo mais de R$ 400 milhões em Caixa, proibiu que a autarquia fizesse muitos investimentos necessários como estes no Sistema de Proteção as Cheias, por que quer entregar a empresa “com dinheiro em caixa”, como ele próprio chegou a dizer.
O que fica cada vez mais evidente, é que ou propositalmente falta uma gestão da Cidade voltada para o conjunto de seus cidadãos, ou se trata de incompetência.
Olhando para posturas do Prefeito, que extinguiu o DEP, defendia a Derrubada do Muro da Mauá junto com o Governador, para que privatizada a área do Porto, ali também pudessem ser construídos suntuosos prédios só acessíveis a poucos milionários, e também a pressa em aceitar uma parceria com a tal Alvarez & Marçal, já envolvida com bilionárias negociatas em New Orleans depois do furacão Katrina, eu diria que isto faz parte de um Projeto mesmo.
Imagina agora, como assustados cidadãos vão querer vender suas casas nas regiões atingidas, por que julgadas “desvalorizadas”.
Há notícias de que os poucos voos possíveis para Porto Alegre, via Canoas, tem trazido muitos representantes de mega incorporadoras nacionais e internacionais, que obviamente estão comprando tudo que dá de cidadãos temerosos de novas enchentes, que virão, se esta ‘gestão” continuar com quem e como esta.
Mas, o SISTEMA DE PROTEÇÃO AS CHEIAS FUNCIONA, MAS PRECISA DE SUPERVISÃO, MANUTENÇÃO E ATUALIZAÇÃO PERIÓDICA, como disseram dezenas de técnicos daqui e que foram CONFIRMADOS pelos Especialistas Holandeses.
“Considerando que a Cidade possui mais de 40% de sua área praticamente na mesma cota das águas do Guaíba em tempos normais, tem a necessidade de completar, aperfeiçoar e manter o seu Sistema de Drenagem Urbana, manter e aperfeiçoar permanentemente o seu Sistema de Proteção contra inundações, é necessário e urgente recriar uma estrutura de primeiro escalão, o DEP ou semelhante. As empresas de saneamento de água potável e esgotos, por absoluta emergência e por ter tarifa específica para estas atividades, como é o caso do DMAE, não tem e não terão qualquer prioridade para as atividades de drenagem urbana e proteção contra inundações” Recorte do Documento dos Técnicos e Ex Diretores do DEP que pode ser conferido na íntegra clicando no link a seguir:
maio-de-2024-manifestacao-e-medidas-emergenciais-inundacao-porto-alegre.-versao-15maio-noite-1Baixar
Editorial Cultural FM Torres RS – 17 junho
Sociedade cansada. Inteligência humana comprometida. Geração deprimida
Vivemos tempos de um grande paradoxo: A tecnologia diminui os esforços físicos e até mentais para o desempenho de tarefas laborais e domésticas. Não obstante, a sociedade se sente cada vez mais cansada, as pessoas deprimidas, jovens, sobretudo, desanimados quanto ao futuro. Fala-se na "geração deprimida" que engloba já duas gerações: a dos millennials (também chamados de geração Y) e a geração Z. A primeira se refere, aproximadamente, às pessoas nascidas entre 1981 e 1995 e a segunda, aos que chegaram ao mundo entre 1995 e 2010. Um historiador, no final do século XIX, Eric Hobsbawn, já chamava a atenção para o fato de que o grande otimismo do começo do século XX havia se esvaído no seu curso. Fechamos o 1900 perplexos diante do futuro, já não confiávamos piamente nem na Ciência, nem na Política: A Crise Ambiental, o declínio do homem público, as intensas migrações de países pobres e ameaçados por conflitos internos ameaçavam o horizonte. O advento das Redes Sociais de Comunicação no começo do século XX , com o mergulho da juventude nos artefatos eletrônicos, proclamado como uma nova Era de Democracia Digital, não reverteu este quadro. Pelo contrário, reveladas como instrumento de manipulação da opinião pública pelo direcionamento dos algoritmos por “Engenheiros do Caos”, temperou o desânimo com o ódio às instituições, não poupando sequer as Universidades, a Ciência e os saberes seculares. O resultado tem sido apontado por Filósofos e Cientistas: O mundo está não só piorando como em risco, sob a crença de que a Terra é plana. Miguel Nicollelis, cientista brasileiro consagrado, autor de inúmeros livros, dentre eles o último, tipo ficção, no qual revela que a facilitação tecnológica está interferindo na nossa capacidade intelectual. Jovens tristes escrevem casa vez menos e com número de vocábulos cada vez mais reduzido, têm dificuldade para fazer contas. Confiamos na Inteligência Artificial como a solução definitiva para os problemas da humanidade sem nos darmos conta de que ela nem é Inteligência, que um atributo plástico da vida biológica, regida analogicamente, nem Artificial, pois que criada pelo homem na falsa perspectiva de se converter em VERDADE ABSOLUTA. Bem disse Nietzche: “O iluminismo matou Deus, mas deixou seu cadáver insepulto”. Sobre este Seu nome agora colocam a Inteligência Artificial... Fixa Nicollelis a data de 2036, marca temporal de sua ficção, na qual espera não estar vivo para ver, como um vórtice fatal, capaz de nos reconduzir à escuridão.
E ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE, tentando, aqui e ali, colocar esperadrapos na represa fendida da contemporaneidade, ora tentando regulamentar as Redes, ora tentando impedir o acesso de jovens até 14 anos aos celulares, ora, tentando impedir o último confronto entre as grandes potências mundiais. Meras tentativas, até necessárias, mas que talvez não impeçam o agravamento da grave crise existencial que nos abala.
Editorial Cultural FM Torres RS – 14 junho 24
O dia em que Milei dobrou, pelo voto de sua Vice Presidente, o Senado argentino
Ontem, foi aprovado pelo Senado da Argentina, embora desidratado, reduzido de 600 artigos para cerca de 200, a Lei ônibus que dá poderes especiais ao Presidente Milei para governar por decreto. Poderá, por um ano, implementar sua moto-serra aos direitos fundamentais dos trabalhadores hermanos sob a alegação de modernizar o capitalismo no país, ferindo de morte a soberania popular e nacional. Será uma tristeza. Do lado de fora do Senado, as forças de repressão, que sequer pouparam alguns parlamentares, intimidaram a manifestação de populares que clamavam para a rejeição do Projeto. Com isso, a Argentina ingressa num período de virtual autoritarismo, cujo desfecho poderá culminar num novo banho de sangue naquele país, já tão massacrado pela ditadura militar. A aprovação da LEI ONIBUS de Milei tem uma nítida similaridade com o A Lei de Concessão de Plenos Poderes de 1933 ou Lei habilitante de 1933 (em alemão: Ermächtigungsgesetz), , aprovada, também sob pressão, pelo Reichstag da Alemanha e assinada pelo Presidente Paul von Hindenburg em 23 de março de 1933 e que habilitava Adolf Hitler a assumir autoridade excessiva para se afirmar no poder e implementar seu projeto totalitário do III Reich. Era o começo do fim da República de Weimar e o início da barbárie nazi-fascista, acompanhada pelos tons marciais da música de Wagner e combate às manifestações estéticas contemporâneas. Um país amante da Filosofia e da Cultura, tal como a Argentina, que tem o orgulho de deter uma população com alto nível educacional, a melhor Universidade do continente e um patrimônio cultural exuberante na quantidade de museus e bibliotecas que pululam na sua paisagem urbana, sucumbia ao demagogo. Até Heidegger, Filósofo, se deixa arrastar pela retórica autoritária neste fragmento de carta enviada a seu irmão:
Caro Fritz, querido Liesl, queridos meninos, Gostaríamos de lhe desejar um feliz Natal. Provavelmente está nevando onde você está, inspirando a esperança de que o Natal mais uma vez revele sua verdadeira magia. Costumo pensar nos dias que antecederam o Natal em nossa pequena cidade, e desejo que a energia artística capte verdadeiramente o clima, o esplendor, a emoção e a expectativa deste tempo.[...] Parece que a Alemanha está finalmente despertando, entendendo e aproveitando seu destino. Espero que você leia o livro de Hitler; seus primeiros capítulos autobiográficos são fracos. Esse homem tem um instinto político notável e seguro, e ele o teve mesmo enquanto todos nós ainda estávamos em uma névoa, não há como negar isso. O movimento nacional-socialista em breve ganhará uma força totalmente diferente. Não se trata de mera política partidária - trata-se da redenção ou queda da Europa e da civilização ocidental. Qualquer um que não entenda merece ser esmagado pelo caos. Pensar nessas coisas não impede o espírito do Natal, mas marca nosso retorno ao caráter e à tarefa dos alemães, ou seja, ao local onde se origina esta bela celebração.”
SEM “ESPÍRITO DE NATAL”. HEIDEGGER SONHANDO COM HITLER. Carta de Heidegger ao irmão: “18 de dezembro de 1931.
Ainda naquele momento, Hitler se apresentava como um gentleman, usando fraque e cartola no ato público da aprovação do Ato de Habilitação e prometendo converter o Partido Nacional Socialista numa alternativa popular a serviço dos trabalhadores contra as elites, às quais logo associaria aos judeus. Até 1938, quando se reúne com líderes europeus em Munique, ludibriando Lord Chamberlain, ele vende uma imagem de estadista preocupado em manter a paz, sem pretensões belicosas e territoriais. Internamente, porém, asfixiava a oposição, inclusive liquidando o até mesmo braço mais popular do Partido que o havia conduzido ao Poder, a S.A. – Sturm Apteilung -, ou tropa de choque, substituindo-o pela S.S., vinculada ao Exército. Suas relações internacionais são elogiadas e saúda, inclusive, as delegações estrangeiras, presentes às Olimpíadas de Berlim em 1936. Tudo aparecia como se a Alemanha vivesse um momento de edificante reconstrução nacional, até que se iniciam as ocupações sucessivas sobre a Austria, Sudetos e Dantzig, em 1939, quando, ainda surpresas e despreparadas, Inglaterra e França lhe decretam guerra. Guerra que perdurará surda por mais de seis meses, dando tempo a Hitler para preparar a ocupação da França. Começava a II GUERRA MUNDIAL, deixando em seus rastro mais de 50 milhões de vítimas.
Ontem, enfim, assistimos à reedição do Ato de Habilitação de Hitler aqui ao lado...
Anexo
O dia em que Hitler matou a democracia alemã - 23 MARÇO 33 - Michael Marek -https://www.dw.com/pt-br/o-dia-em-que-hitler-matou-a-democracia-alem%C3%A3/a-480521
Em 23 de março de 1933, o Reichstag adotou a chamada Lei Plenipotenciária, que permitia ao regime nazista impor leis sem a aprovação prévia do Parlamento. Era o início da ditadura nazista.
https://p.dw.com/p/210L
ANÚNCIO
O movimento nazista de Adolf Hitler começara a ganhar importância na Alemanha a partir de 1930. Aproveitando-se da onda de descontentamento nacional e do enorme índice de desemprego, seu Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (NSDAP), com tendências extremamente antidemocráticas e antissemitas, tornou-se em 1932 o mais forte no Reichstag (Parlamento alemão até 1945). Um ano mais tarde, Hitler assumiu a chefia de governo.
Havia esperanças de poder evitar a supremacia nazista porque, além dos membros do NSDAP, o gabinete de governo era formado por ministros sem partido e políticos de outros partidos de direita. Mas a máquina de propaganda chefiada pelo ministro Joseph Goebbels usou o episódio do incêndio do Reichstag, em fevereiro de 1933, atribuído aos comunistas, para justificar medidas violentas de perseguição a eles. Cinco mil oposicionistas foram presos, principalmente comunistas e social-democratas, e cancelada grande parte dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição de Weimar.
Deputados foram intimidados
No dia 23 de março de 1933, o próprio Hitler compareceu à sessão parlamentar, que havia sido cercado pelas tropas das forças paramilitares nazistas SS e SA, para intimidar os deputados. Era o dia da votação da sua Lei de Concessão de Plenos Poderes. Se os parlamentares não a aprovassem, ele ameaçou usar "outros métodos" para impor seu regime ditatorial. Os social-democratas foram os únicos que votaram contra.
Ele optou por submetê-la ao Reichstag para calar os críticos dentro e fora do país e dar a impressão de legalidade parlamentar. Hitler compareceu à sessão vestido com uma camisa marrom. Atrás dele, uma enorme suástica cobria a parede. A lei que instaurou a ditadura nazista, aprovada por todos os partidos conservadores, levava o nome oficial "lei para acabar com a miséria do povo e do Reich".
Ela proibia todos os partidos, exceto o nazista, os sindicatos foram desmantelados e a liberdade de imprensa extinta. O regime passou a perseguir e internar em campos de concentração as pessoas indesejadas. Os órgãos parlamentares foram dissolvidos ou destituídos. Quando o presidente, marechal Paul von Hindenburg, morreu em 1934, Hitler também ocupou seu cargo, assumindo o controle total sobre a Alemanha. Estava consolidada a ditadura nazista.
Editorial Cultural FM Torres RS – 13 junho
MENSAGEM DAS FLORES
Ontem foi o DIA DOS NAMORADOS mas hoje é dia de SANTO ANTONIO, o casamenteiro. Poucos sabem o que dizem as flores. Bom lembrar .Antigamente era comum o uso das flores como mensagens de sentimentos. Hoje esta linguagem estáesquecida e quase ninguém sabe o real significado delas. Por isso é bom lembrar;
Amor Perfeito : “Penso apenas em Você”.
Azaléia-Rosa-Claro: “Estou feliz porque Você me ama”.
Begônia : “ Podemos ser amigos”.
Camélia: “Sinto-me orgulhoso com seu amor”.
Cravo: “Amo Você com ardor”.
Cravina: “Sou seu escravo”.
Crisântemo : “Não acredito mais em Você”.
Dente-de-leão: “Meu coração está cheio de alegria”.
Erva Cidreira: “ Tenha pena de fazer sofrer o meu amor”
Gardênia Branca: “Fugindo de mim Você me faz sofrer”.
Hortência: “Posso ter esperança?”
Jasmim: “ Imploro que Você me ame”.
Lírio: “ Meus sentimentos são puros”.
Madressilva: “ Apesar de tudo, amo Você.”
Mimosa: “Fique tranqüilo. Ninguém sabe de nosso amor”
Miosótis: “Não se esqueça de mim”.
Orquídea: “ O meu amor é puro”
Petúnia: “ Uma carta de amor foi interceptada”.
Rosa branca: “ Meu amor é triste”
Rosa vermelha: Meu amor é ardente.:
Violeta: “ Ninguém deve saber do nosso amor”.
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Editorial Cultural FM Torres RS –Cartas de amor.
Fernanda Montenegro – (autoria não confirmada)
O modo de vida, os novos costumes e o desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está o macho da espécie humana.
Tive apenas 1 exemplar em casa, que mantive com muito zelo e dedicação num casamento que durou 56 anos de muito amor e companheirismo, (1952-2008) mas, na verdade acredito que era ele quem também me mantinha firme no relacionamento. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem os Homens!'
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da masculinidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:
Habitat
Homem não pode ser mantido em cativeiro.
Se for engaiolado, fugirá ou morrerá por dentro.
Não há corrente que os prenda e os que se submetem à jaula perdem o seu DNA.
Você jamais terá a posse ou a propriedade de um homem, o que vai prendê-lo a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente, com dedicação, atenção, carinho e amor.
Alimentação correta
Ninguém vive de vento. Homem vive de carinho, comida e bebida. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ele não receber de você vai pegar de outra. Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã os mantêm viçosos, felizes e realizados durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não o deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Portanto não se faça de dondoca preguiçosa e fresca. Homem não gosta disso. Ele precisa de companheira autêntica, forte e resolutiva.
Carinho
Também faz parte de seu cardápio – homem mal tratado fica vulnerável a rapidamente interessar-se na rua por quem o trata melhor.
Se você quer ter a fidelidade e dedicação de um companheiro completo, trate-o muito bem, caso contrário outra o fará e você só saberá quando não houver mais volta.
Respeite a natureza
Você não suporta trabalho em casa? Cerveja? Futebol? Pescaria? Amigos? Liberdade? Carros?
Case-se com uma Mulher.
Homens são folgados. Desarrumam tudo. São durões. Não gostam de telefones. Odeiam discutir a relação. Odeiam shoppings. Enfim, se quiser viver com um homem, prepare-se para isso.
Não anule sua origem
O homem sempre foi o macho provedor da família, portanto é típico valorizar negócios, trabalho, dinheiro, finanças, investimentos, empreendimentos. Entenda tudo isso e apóie.
Cérebro masculino não é um mito
Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino.
Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente não possuem! Também, 7 bilhões de neurônios a menos!).
Então, agüente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração.
Se você se cansou de colecionar amigos gays e homossexuais delicados, tente se relacionar com um homem de verdade.
Alguns vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você.
Não fuja desses, aprenda com eles e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com as mulheres, a inteligência não funciona como repelente para os homens.
Não faça sombra sobre ele...
Se você quiser ser uma grande mulher tenha um grande homem ao seu lado, nunca atrás.
Assim, quando ele brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ele estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.
Aceite: homens também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar.
A mulher sábia alimenta os potenciais do parceiro e os utiliza para motivar os próprios. Ela sabe que, preservando e cultivando o seu homem, ela estará salvando a si mesma.
E Minha Amiga, se Você acha que Homem dá muito trabalho, case-se com uma Mulher e aí Você vai ver o que é Mau Humor!
Só tem homem bom quem sabe fazê-lo ser bom!
Eu fiz a minha parte, por isso meu casamento foi muito bom e consegui fazer o Fernando muito feliz até o último momento de um enfisema que o levou de mim. Eu fui uma grande mulher ao lado dele, sempre.
Com carinho, F. M.
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O VERDADEIRO AMOR, Danielle Mitterrand
** *Texto de Danielle Miterrand, esposa do ex-presidente François
Miterrand, ao povo francês, apÓs ter recebido créticas impiedosas por
ter permitido a presença da amante do marido e de sua filha, Mazarine,
na cerimonia fúnebre.*
*'Antes de mais nada devo deixar claro que não é um pedido de
desculpas. Muito menos um enunciado de justificativas vãs, comum aos
covardes ou `aqueles que vivem preocupados em excesso com a opinião
dos outros.*
*Aos 71 anos, vivendo a hora do balanço de uma existência que é um
sulco bem traçado e profundo, ja não mais preciso, e nem devo, correr
atras de possíveis enganos.*
*Vivo o momento em que as sombras ja esclarecem e que as ausências
são lindas expressões de perenidade e criação.*
*Sombras e ausências podem ser tudo, ao passo que luzes e presenças
confundem os mais precipitados, os mais jovens.*
*Vivi com François 51 anos; estive com ele em muito desse tempo e me
coloquei sempre. Há mulheres que não se colocam, embora estejam; que
não se situam embora componham o cenario da situação presumével de * *
uma vida de altos e baixos.*
*Na época da Resistência nunca sabíamos onde iríamos passar a noite -
se na cama, na prisão, nos bosques ou estendidos por toda a
eternidade. Quando se vive assim em comum, cria-se uma solda e a
consciência de que é preciso viver depressa. Concentrar talvez seja a
palavra. Por isso tentei entendê-lo, relacionar-me com sua complexidade
, com as variações de sua pessoa e não de seu carater...Quem entende
ou, pelo menos, luta para compreender as variações do outro, o ama
realmente. E nunca podera dizer que foi enganada ou que jamais
enganou. Não nos enganamos, nos confundimos quando nos perdemos da
identidade vital do parceiro, familiar ou irmão. Ou jamais os
conhecemos, o eu também, não é um engano. Quem não conhece, não tem
enganos. Nas variações do outro, não cabe o apaziguador tudo antes do
tempo em forma de tranquilidade. Uma relação a dois não deve ser
apaziguada, mas vibrante, apaixonada, e não enfastiada.*
*Nessa complexidade vi que meu marido era tão meu amante quanto da
políica. Vi, também, que como um homem sensível poderia se enamorar,
se encantar com outras pessoas, sem deixar de me amar.*
*Achar que somos feitos para um úico e fiel amor é hipocrisia,
conformismo. É preciso admitir docemente que um ser humano é capaz de
amar apaixonadamente alguém e depois, com o passar dos anos, amar de
forma diferente.*
*Não somos o centro amoravel do mundo do outro. É preciso aceitar,
também, outros amores que passam a fazer parte desse amor como mais
uma gota d'agua que se incorpora ao nosso lago.*
*Simone de Beauvoir dizia bem, que temos amores necessarios e amores
contingentes ao longo da vida.*
*Aceitei a filha de meu marido e hoje recebo mensagens do mundo
inteiro de filhos angustiados que me dizem: - 'Obrigado por ter
aberto um caminho. Meu pai vai morrer, mas eu não poderei ir ao
enterro porque a mulher dele não aceita.*
*É preciso viver sem mesquinhez, sem um sentido pequeno, lamacento,
comum aos moralistas, aos caluniadores aos paranÓicos azedos que
teimam em sujar tudo.*
*Espero que as pessoas sejam generosas e amplas para compreender e
amar seus parceiros em suas dúvdas, fragilidades, divisús e
pequenas paixões
Isso é amar por inteiro e ter confiança em si mesmo .*
*'Deus não prometeu Dias sem
Dor; Risos sem Sofrimentos; Sol semChuva. Ele prometeu Força para o Dia; Conforto para as Lagrimas e Luz
para o Caminho...'*
Editorial Cultural FM Torres RS – 16.05. 24
As perdas culturais das inundações
Já chegam a 149 as perdas humanas nas inundações que assolam o Rio Grande do Sul e sabe-se que mais de 90% de suas empresas também foram afetadas. O baque é tão grande que vai diminuir as expectativas de crescimento do PIB do país neste ano. Teme-se, agora, a descoberta de mais mortes sob as águas que deixam no seu rastro um cenário de destruição similar à guerra, acrescido pelo odor pútrido de roedores apodrecidos. Para piorar, criminosos aproveitam a tragédia para assaltar e invadir residências desocupadas. Vamos levar muito tempo para voltar à normalidade e todos esperam que, doravante, medidas definitivas de contenção das águas sejam tomadas pelas autoridades. O balanço definitivo das perdas ainda está longe de ser calculado, mas uma das maiores perdas terão sido as decorrentes da destruição de obras de arte, bibliotecas e livrarias. Em Porto Alegre, o relato do Editor da LPM, que tinha mais de 500 mil livros em depósito no bairro Humaitá, debaixo d’agua, é simplesmente comovente. Somam-se, a cada dia, novos depoimentos. Tudo isso representa uma perda cultural incalculável para nosso Estado. Levaremos anos para recuperar todo este patrimônio. Falam que o luto passa por cinco fases, negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Não creio, no tocante às perdas culturais, que cheguemos à última delas. Carregaremos a perda por muito tempo...
Anexo
Caixas de peixes que transportaram livros
O que estamos vivendo no Rio Grande do Sul, neste momento, em especial, na cidade de Pelotas é algo nunca imaginado!
As ruas viraram rios, carros trocados por barcos. Há botes, caminhões, helicópteros e máquinas de guerra ao nosso lado! Gritos diversas vezes por dia ecoando “saiam de casa”, “salvem suas vidas”, “o resto se reconstrói”, “bens materiais se compra”!Mas, no fundo de um lugar chamado Laranjal tinha um tesouro, um patrimônio inestimável e impossível de recompor! Ali estavam, materiais de 1600, 1800, obras de Marcel Proust, Machado de Assis, primeiras edições de Freire, livros sobre Napoleão, entre tantos! Eduardo, para quem conhece, sabe bem, passou 50 anos fuçando sebos, barganhando com colecionadores, andando a pé ou deixando de comer um bauru, na época de guri, para comprar aquela relíquia que não poderia ser deixada de preservar! Sim, para além de seu gosto pessoal, ou melhor, seu amor pelos livros, Eduardo tem uma preocupação imensa em preservar esses materiais, e vem fazendo aquilo que o poder público está longe de se preocupar! Nossa casa estava com mais de um metro com água e tivemos que sair! Ele já tinha tomado algumas medidas pensando em um alagamento, mas menosprezou a força e a velocidade das águas, apesar dos avisos de conhecidos. Sua precaução não foi suficiente! Saímos às 3 da manhã, contra sua vontade, porque eu disse “basta”! No dia seguinte se via um homem triste, preocupado, desolado, irritado, pensando nos livros! Acolhemos pessoas que perderam quase tudo em nossa casa e um deles, um pescador, que vendo tamanha tristeza acionou seus companheiros para o trabalho hercúleo de salvar os livros, salvar quem salvaguarda e a jornada começou! Foram dois dias de trabalho pesado, chegando por barco, abaixo de chuva e vejam, que ironia, havia entre os que pegavam, protegiam, cuidavam para não cair na água tamanha raridade dois homens analfabetos, que nós nunca tínhamos visto antes! Eles, que tinham suas caixas para transportar peixes, colocavam livros, cartilhas, tais como, O guri, Queres ler, Lalau, Lili e o lobo, o livro de Lili, Zé toquinho, Primeiro livro de leitura de Abílio Borges para citar apenas algumas. Com tamanha simplicidade, ficaram impactados de ver tantos livros! Não imaginavam que uma pessoa pudesse ter essa quantidade de livro em sua casa! Entre tantas lições e reflexões que ficam, penso na contradição de ter esses heróis analfabetos salvando parte do patrimônio da humanidade! Que isso seja motivo de políticas sérias e efetivas de alfabetização no país e de preservação da memória! Gratidão eterna para esses homens que trouxeram seus barcos e caixas de carregar peixe para ajudar um homem triste! Mal sabem eles a grandiosidade dessa ação, que contribuiu para que obras continuem sendo guardadas.
Gabriela Nogueira
Editorial Cultural FM Torres RS – 10.05. 24
Caos no Sul: 68% consideram o governo Eduardo Leite culpado pela crise
Governo conduzido pelo PSDB fragilizou as normais ambientais do Rio Grande do Sul = 09 de maio de 2024
247 – A pesquisa Quaest, cujos resultados foram divulgados nesta quinta-feira (9), aponta como o público percebe a responsabilidade do governo do Rio Grande do Sul, conduzido pelo tucano Eduardo Leite, diante da tragédia das chuvas no estado. Conforme os dados coletados pela Genial Investimentos entre os dias 2 e 6 de maio, 68% dos entrevistados acreditam que o governo estadual tem uma parcela significativa de responsabilidade no desastre. O estudo abrangeu 2.045 pessoas em 120 municípios e possui uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Por outro lado, apenas 20% dos entrevistados consideram que o governo do estado tem uma responsabilidade reduzida no evento catastrófico, enquanto 12% acreditam que ele não tem qualquer responsabilidade. A pesquisa também avaliou a percepção em relação ao governo federal e às prefeituras, revelando que uma parcela considerável da população atribui responsabilidade às autoridades em todos os níveis.
Os resultados também destacam que, segundo 70% dos entrevistados, investimentos em infraestrutura poderiam ter contribuído para evitar a tragédia, enquanto 30% acreditam que o evento era inevitável. Além disso, a pesquisa questionou como as pessoas avaliam a atuação das autoridades durante a tragédia, com 54% considerando positiva a atuação do governo do RS, 53% avaliando de forma positiva o governo federal e 59% a prefeitura de Porto Alegre. Os percentuais restantes indicam avaliações regulares ou negativas das atuações governamentais
Editorial Cultural FM Torres RS – 09.05. 24
ANÁLISE: evangélicos e região Sul ajudam a estancar a queda na avaliação de Lula, aponta diretor da Quaest
Quaest: 50% aprovam o trabalho de Lula e 47% desaprovam; fatias empatam tecnicamente pela 1ª vez
Aprovação oscilou um ponto percentual para baixo na comparação com março, enquanto a reprovação oscilou um ponto para cima. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Por Marina Pinhoni - g1
Quaest: 50% aprovam o trabalho de Lula e 47% desaprovam
Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (8) aponta que 50% dos entrevistados aprovam o trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por outro lado, 47% desaprovam. Esta é a primeira vez que o percentual dos que aprovam e desaprovam empata tecnicamente. Outros 3% não souberam ou não responderam. O levantamento encomendado pela Genial Investimentos ouviu 2.045 pessoas, em 120 municípios, entre os dias 2 e 6 de maio. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. A aprovação do trabalho de Lula oscilou um ponto percentual para baixo e a reprovação um ponto para cima em relação à última pesquisa, realizada em março. À época, 51% dos entrevistados aprovavam o trabalho do presidente, enquanto 46% desaprovavam.
Aprovação do trabalho que o presidente Lula está fazendo:
• Aprova: 50%
• Desaprova: 47%
• Não sabe ou não respondeu: 3%
Pesquisas de opinião realizadas em março pelos institutos Datafolha, Quaest e Ipec apontam que a popularidade de Lula está em tendência de queda em 2024. Em abril, o governo lançou uma campanha com viagens pelo país e inauguração de obras para tentar melhorar a popularidade do presidente, que conta também com uma tentativa de aproximação ao eleitorado religioso. Segundo apuração do blog da Andreia Sadi, também faz parte da estratégia do governo mirar o público que considera a gestão como “regular”. Avaliação por setores "A aprovação parou de cair, muito porque [a avaliação de Lula] parou de piorar no Sul e entre os evangélicos. As pessoas ainda têm uma percepção negativa da economia, acham que Lula não está entregando o que prometeu", afirma Felipe Nunes diretor da Quaest. A pesquisa indica que, entre os evangélicos, o índice de desaprovação de Lula agora é de 58% (era de 62% em março), se igualando ao percentual observado entre os católicos (que se manteve estável em 58% entre as pesquisas). Já a aprovação entre os evangélicos passou de 35% para 39% no mesmo período. A margem de erro máxima para esse grupo é de 4 pontos percentuais. A maior variação na avaliação positiva do trabalho de Lula entre março e maio aconteceu na região Sul, subindo sete pontos percentuais, de 40% para 47%. Já a rejeição, que era de 57% (a maior entre as regiões), passou para 52%. A margem de erro máxima nesse recorte da pesquisa é de 6 pontos percentuais. Avaliação geral do governo Lula A Quaest também perguntou como os entrevistados avaliam o governo Lula de forma geral.
Segundo o levantamento, 33% avaliam o governo de forma positiva, mesmo percentual dos que avaliam de forma negativa. Não souberam ou não responderam somam 3%. Na comparação com a pesquisa anterior, a avaliação positiva do governo oscilou 2 pontos percentuais para baixo (antes era 35%). Já a avaliação negativa oscilou 1 ponto para baixo (era de 34%). Os que consideram o governo regular subiram de 28% para 31%.
Avaliação geral do governo Lula:
• Positiva: 33%
• Negativa: 33%
• Regular: 31%
• Não sabem/Não responderam: 3%
Rumos do governo
Os entrevistados também foram questionados sobre se o país está indo na direção certa ou errada. Para 49%, o país está na direção errada, contra 41% que consideram que a direção é correta. Já 10% não souberam ou não responderam. Sobre as intenções de Lula, 51% responderam que consideram o presidente bem-intencionado. Já 42% disseram que Lula não é bem-intencionado. Outros 7% não souberam ou não responderam. Em relação às promessas de campanha, 63% consideram que Lula não tem conseguido fazer aquilo que prometeu. Já 32% consideram que o presidente tem conseguido fazer o que prometeu, e 6% não souberam ou não responderam. A Quaest também perguntou para os entrevistados para quem acham que o governo Lula trabalha. A maioria (52%) considera que o governo trabalha para atender às necessidades de todos; 35% acham que o governo trabalha para atender às necessidades de quem votou em Lula, e 13% não souberam ou não responderam. Economia Para 38% dos entrevistados, a economia no Brasil piorou nos últimos 12 meses. Para 32%, ficou do mesmo jeito. Já para 27%, a economia melhorou.
Nos últimos 12 meses, a economia do Brasil...
• Piorou: 38%
• Ficou como estava: 32%
• Melhorou: 27%
A pesquisa perguntou, ainda, o que os entrevistados esperam da economia brasileira nos próximos 12 meses. Segundo a Quaest, 48% dos entrevistados afirmaram que têm a expectativa de que a economia vai melhorar. Para 30%, a economia vai piorar. Além disso, 19% acreditam que vai permanecer como está. Por fim, 3% não souberam ou não responderam.
Editorial Cultural FM Torres RS – 06.05. 24
Enchentes no RS : Fatalidade ou ...
ENCHENTES NO RGS
Eugenio Giovenardi
A chuva, as enchentes de São Miguel e de São José, o calor, o frio, o vento. a natureza, as árvores, as curicacas são conhecidos dos gaúchos. Nasci, há quase 90 anos, num vilarejo, Casca, que se tornou cidade, 9.400 habitantes, na Serra Gaúcha, entre Guaporé e Passo Fundo.
As rodovias da Serra se abriram cortando montanhas, deslocando pedras, abatendo pinheirais. Abriram-se centenas de quilômetros de campos e florestas para cobri-los de soja, arroz, trigo e milho, culturas que usam água, mas não a retém. A morfologia que orientava ventos e chuvas e canalizava as águas para os rios que descem rumo ao mar pelo Guaíba e pela Lagoa dos Patos e Lagoa Mirim, foi alterada de maneira a canalizar quase todas as águas para as terras ocupadas por imigrantes italianos, alemães, poloneses que nelas replantaram a criatividade de suas culturas.
A recuperação do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com vistas aos acontecimentos climáticos previstos para as próximas décadas, dependerá de nossa capacidade de repensar o uso do solo e recompor corajosamente a morfologia geográfica, medidas capazes de prevenir catástrofes semelhantes às que a natureza está mostrando ao Brasil. Um novo olhar sobre a natureza é necessário e urgente para redefinir as condições sociais de sobrevivência da teia da vida humana e não humana no planeta.
Editorial Cultural FM Torres RS – 03.05. 24
Comitiva de ministros irá ao RS na sexta-feira (3) por causa de chuvas. Estado enfrenta fortes temporais desde o início da semana Paulo Timm –Publ. A FOLHA, Torres 03 maio 24
Chove sem parar, com grossos volumes de água, há vários dias em todo Estado. O Governador Leite, que antecipou seu retorno do exterior, decretou Estado de Calamidade e diz que é o 'maior desastre do estado', superior ao de 2023, quando choveu apenas dois dias. Teme-se que Porto Alegre venha a ter uma enchente como a de 1941, que cobriu o Mercado Público à meia altura. Todas as regiões afetadas, dezenas de vítimas, milhares de desabrigados, deslizamento de terras e pontes desabando sob forte correnteza das águas. Situação preocupante nos vales do Jacuí, Pardo, Taquari e Caí. Nesta quinta-feira (2) havia 137 trechos em 57 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes, Criticado no ano passado por não ter vindo ao Rio Grande, Lula agora apressou-se e se dirigiu com comitiva de Ministros a Santa Maria, no coração do Estado e virtualmente isolada. Prometeu Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 7apoio. Paradoxalmente, enquanto visitava a tragédia no Rio Grande do Sul a Agência Brasil se desdobrava em noticiar a presença espetacular de Madona no Rio... O Governador Leite está atento mas visivelmente abalado e perplexo, reafirmando que procurou autoridades federais, mas lamentando a demora das providências, por causa da burocracia. Acompanha de perto a Sala de Situação e redistribui a alta cúpula do Governo de forma a entregar à população maior presença das autoridades estaduais. O vice-governador Gabriel Souza (MDB) está em Santa Cruz do Sul e o chefe da Casa Civil, Arthur Lemos (PSDB), em Bento Gonçalves, duas áreas críticas. A Oposição, entretanto, já o critica por ter destinado apenas R$ 50 mil reais para Defesa Civil e não ter desenvolvido planos de antecipação de providências diante de tragédias ambientais. O Brasil todo, aliás, acostumou-se com a dicção de que é “abençoado por Deus e bonito por Natureza”, distante dos terremotos e maremotos. Agora a mudança climática nos pegou de jeito e não há cultura de previsão de eventos catastróficos. O próprio conceito de Defesa Civil, no Brasil, ainda é vinculado a corpos especializados de caráter militar. Em países como Japão e Chile tem caráter civil há muito tempo, o que permite maior entrosamento com o conjunto da população. Nosso conceito constitucional de Segurança ainda se refere apenas à Segurança Nacional e Segurança Pública, sem qualquer referência à Segurança Civil, para não falar de outros campos de Segurança, já incorporados por vários países depois da pandemia, como Segurança Alimentar, Segurança Energética e Segurança Sanitária. Continuamos apostando na hiperglobalização da fábrica do mundo, desconhecendo a gravidade da crise climática e acreditando na eterna salvação da Pátria por forças militarizadas... Diante da pobreza conceitual sobre Segurança e providências governamentais a respeito, resta o eterno muro das lamentações: "Infelizmente, será o maior desastre que o nosso estado tenha enfrentado, maior que o do ano passado. Estamos vivendo um momento muito crítico no estado. Em setembro do ano passado, tivemos uma enxurrada muito severa, mas o tempo abriu em seguida, o que nos deu condições de entrar em campo mais rapidamente. Neste momento temos muitas dificuldades operacionais para fazer os resgates", disse o governador em coletiva realizada no final da tarde desta quarta-feira (1º). É verdade que corpos especializados do Estado, com o auxílio de forças federais, inclusive Forças Armadas, esforçam-se para fazer o salvamento de pessoas ilhadas. Boletim informa que há 134 municípios afetados, 3.079 pessoas em abrigos e 5.257 desalojados (pessoas que saíram de suas casas e estão em residências de familiares ou amigos). O governador, meio aturdido, pediu às pessoas que não se exponham a riscos tentando acessar áreas afetadas pelas chuvas e suspendeu as aulas em várias cidades. Enfatizou a necessidade urgente de que os moradores que residem em áreas de risco nos municípios atingidos por situações semelhantes em 2023 deixem suas residências e busquem abrigo seguro. Mas isso é insuficiente. Os afetados se perguntam, atônitos: - “Ir para onde? Qual a rota dos abrigos? Por sorte, em Torres, o Prefeito decidiu, oportuna e convenientemente, suspender o Balonismo. Mas tardou.
Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 8
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Situação dos rios – BRASIL DE FATO
O Rio Caí está em inundação severa, com extremo risco à vida. O município de Montenegro, no Vale do Caí, registra a maior enchente dos últimos 80 anos. A confirmação é da Defesa Civil, que prevê a elevação do nível do Rio Caí até o final da tarde desta quarta-feira (1º) a um índice jamais visto. Já para o rio Gravataí o alerta é de inundação, com níveis em elevação. A avenida de entrada de Cachoeirinha para quem vem da capital encontra-se parcialmente alagada pelo rio, com o trânsito em uma pista. O alerta vale também para o Rio dos Sinos, que segue em elevação, a partir de Taquara. Nesta, quinta-feira, o nível do rio dos Sinos chegou a 7,38 metros às 7h, em Novo Hamburgo. Na medição das 8h30 o rio alcançou 7,48 metros. Em razão da elevação que vem ocorrendo rapidamente, as águas estão avançando sobre ruas e algumas casas, principalmente nas vilas Getúlio Vargas (Canudos) e Palmeiras (Santo Afonso). Em São Leopoldo o rio dos Sinos registrou 4,88 metros e segue em elevação de 2 cm em média por hora. O Sinos já atinge a rua da Praia e a rua das Camélias. Força-tarefa da prefeitura está mobilizada e preparada para prestar auxílio às famílias atingidas. A situação mais grave se encontra no rio Taquari. Conforme aponta a Metsul, a enchente catastrófica que atingiu a região do Vale do Taquari é a maior da história. De acordo com o instituto de metereologia, o nível do Taquari em Lajeado e Estrela superou a marca de 30 metros nesta noite pela primeira vez desde o começo das medições há um século e meio. O nível supera o das grandes e até então recordes enchentes de 1941 e 2023, quando o Taquari atingiu cotas na casa de 29 metros. Diante da situação, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul emitiu um comunicado urgente na noite desta quarta-feira (1º) recomendando a evacuação da população de áreas de risco em diversas cidades do Vale do Taquari.
Editorial Cultural FM Torres RS – 02.05. 24
Ai de ti Argentina
O Pres. Milei, da Argentina, conseguiu aprovar parcialmente seu pacote “ônibus” na Câmara dos Deputados, autorizando-o a algumas privatizações e demissões, e que lhe dá poderes excepcionais para governar por decreto por um ano, considerado de grava crise nacional. O projeto ainda depende de autorização do Senado, mas é anunciado como uma vitória de Milei. Nas ruas, porém, Milei enfrenta manifestações cada vez maiores contra sua agenda de rígido controle de gastos públicos, com milhares de demissões e fechamentos de órgãos públicos. O dia 23 passado bateu o recorde: 1, 5 milhão de pessoas nas ruas de Buenos Aires em defesa da educação pública e gratuita. Muitos deles, votantes em Milei mas preocupados com seus excessos. Livros, bibliotecas, educação são valores tradicionais entre os Hermanos e motivo de orgulho da Argentina frente ao mundo. Lamentavelmente, à falta de um mínimo de consenso interno para a formulação de um Plano de Desenvolvimento, uma das populações com melhores índices do mundo em educação hoje é vítima da pobreza que atinge cerca de 70% da população argentina. Comprova-se lá a falácia de que a educação resolve todos os problemas de desigualdades sociais. Falácia. Sem desenvolvimento, cai no vazio. Outros casos de elevados esforços em educação e que conseguiram ultrapassar a maldição da renda média, alcançando altos níveis de renda per capita, como Japão e Coreia do Sul, tiveram, paralelamente aos investimentos em educação, vigorosos planos de desenvolvimento, com enorme peso do Estado em sua promoção. A Argentina, entretanto, enfrenta, há décadas, depois dos bons indicadores que apresentava no pós guerra, desolação e pobreza. Agora, mergulha no pós liberalismo radical que acredita misticamente no Mercado como regulador da economia e promotor de investimentos privados, praticamente o oposto do que, aqui, Lula procura implementar, confrontado, também, com um Congresso de Oposição, mas com o qual tenta negociar na defesa das regras republicanas. Milei quer mais e mais poder. Poder, talvez, que coloque em cheque a democracia na Argentina como preço para a “limpeza do convés” da economia. Ai de ti Argentina!
ANEXOS:
Café da Manhã Podcast Folha Uol
Podcast discute vitória de Milei no Congresso e faz panorama do início do governo. Presidente viu Lei Ônibus ser aprovada na Câmara; pacote de medidas liberais agora vai para o Senado
https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2024/05/podcast-discute-vitoria-de-milei-no-congresso-e-faz-panorama-do-inicio-do-governo.shtml
23 de abril: um dia histórico para o povo argentino - O ato reuniu estudantes, professores, operários, desempregados, famílias inteiras de extratos humildes à da classe média e alta - 29 de abril de 2024, 21:36 h - 247
Manifestações na Argentina (Foto: Reprodução (Resumen LatinoAmericano))
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A manifestação deste 23 de abril, dita Marcha Federal Universitária na Argentina, em protesto aos cortes orçamentários brutais do governo de Milei contra a UBA (Universidade de Buenos Aires) e várias universidades públicas, foi histórica, não só pela gigantesca participação (800 mil na capital e cerca de 1 milhão em todo o país), mas pelo caráter social amplo, transversal que uniu estudantes, professores e reitores a operários e desempregados, jovens a anciãos, famílias inteiras de extratos humildes à da classe média e alta, desde militantes e sindicatos a cidadãos comuns autoconvocados dos bairros.
Muito além das costumeiras faixas de organizações partidárias e militantes dos movimentos sociais, a participação ativa da juventude foi através de cartazes escritos à mão. Alguns dos tantos exemplos foram: “Um povo culto nunca pode ser escravizado”, “Universidade pública, gratuita”, “Os lápis nunca vão deixar de escrever”, “Porque tanto medo de educar nosso povo”, “Sem educação pública não há futuro”, “Não somos mercadoria para vender”, “Estamos na rua para não perder as aulas”, “Educação Pública, Gratuita e Universitária”, “A educação não se vende, se defende”, “Não queres que sejamos livres, mas ignorantes”, “Mais dinheiro para educar, não para reprimir”, “Mais Telam, menos twitter”, “Rebele-se e se eduque”, “Vou poder ser o primeiro médico da minha família”. “Pai (pedreiro), Mãe (dona de casa), filha (profissional universitária)”.
Além disso, manifestantes levantavam nos braços livros de cultura, literatura, sociologia e política, ciência, etc... de autores conhecidos, desde Rodolfo Walsh, Eduardo Galeano, Marx e Engels, Orwell, Freud, Peron, Cristina Kirchner; temas diversos, desde infantis até a guerra das Malvinas. Enfim, uma manifestação com visual e conteúdo amplo na defesa da cultura e da educação. Sentiu-se no ar e nas emoções o recado do cubano José Marti: “Somente um povo culto pode ser verdadeiramente livre”. Não foi, como disse Milei, contrariando um autêntico e apartidário movimento popular, postando nas redes uma imagem de um leão e a frase: “foram lágrimas da esquerda”.
Uma torrente densa de gente comprimida, numericamente similar à vitória na copa mundial de futebol 2022, defendendo a Universidade pública e gratuita, um patrimônio da cultura nacional afiançado por Peron, e alargado na era kirchnerista. O protesto foi um basta aos efeitos nefastos no funcionamento das universidades públicas, produzidos pelo corte dos orçamentos estatais impossibilitando pagar as exorbitantes tarifas elétricas, material didático e salário dos professores. Quem paga a dívida com o FMI contraída na era Macri? Quem paga, para chegar à tal meta do “déficit fiscal zero” de Milei, não é a casta das grandes fortunas, mas o povo trabalhador com o aumento dos impostos e redução de serviços do Estado: educação, saúde, transportes. Não é mágica. É algo que está tocando fundo no bolso da maioria do povo argentino, dos comerciantes, e das pequenas e médias indústrias nacionais, das construtoras de obras públicas obrigadas a fechar e demitir.
A manifestação do 23 de abril foi um basta contundente! Basta aos cortes na educação pública global que atinge transversalmente a população, incluindo a classe média forçada a ir às escolas privadas com prestações impagáveis. E não somente. Foi também um basta de amplitude horizontal porque a linha de redução de gastos do Estado em todos os campos atinge a todos, rumo ao insuportável. Foi um basta ao túnel obscuro de desmonte brutal dos entes estatais da Ciência, Tecnologia, Cultura, como Conicet, Telam, INCA e cine Gaumont, rumo ao desemprego massivo e às privatizações, ameaçando outros setores como Aerolíneas Argentinas, Correio Argentino, e Banco Nação.
O fato é que cerca da metade dos manifestantes do dia 23 de abril são votantes arrependidos de haver votado neste governo. Segundo uma pesquisa do CEOP publicada pelo jornalista Raúl Kollmann no Página12, “Dois em cada três argentinos (65,2%) apoiam a Manifestação Universitária que ocorreu na última terça-feira e, além disso, uma grande maioria da população avalia como negativa a gestão educacional do governo de Javier Milei. Há uma unanimidade quase total entre os cidadãos sobre a importância da educação pública (87,5 por cento), o que coloca um limite muito acentuado à ofensiva desencadeada pela Liberdade Avança (LLA)”. O ato, que formalizou a caminhada multitudinária desde a praça do Congresso, terminou no palanque em frente à Casa Rosada com lideranças dos movimentos sindicais, sobretudo da educação e professores. O movimento estudantil, através da presidenta da Federação Universitária Argentina, Piera Fernández De Piccoli, encerrou com a leitura de um documento unitário que dizia entre outras:
“Defendemos o acesso ao ensino superior público como um direito. Acreditamos na capacidade de criar igualdade do ensino público gratuito, no poder transformador da universidade como formidável ferramenta de mobilidade social ascendente e na contribuição diferencial e substantiva da produção científica” ... “Todos os problemas que temos se resolvem com mais educação e universidades públicas, com mais investimento em ciência e tecnologia. Queremos que nossas instituições sejam o dispositivo que permita à Argentina reconstituir as desigualdades estruturais e embarcar no caminho do desenvolvimento e da soberania. A educação nos salva e nos liberta. Apelamos à sociedade argentina para defendê-la."
A ex-presidenta Cristina Kirchner reaparece no dia 27 de abril, ao inaugurar o estádio esportivo Néstor Kirchner em Quilmes, neste cenário político, com um discurso que rebate o ataque do governo atual à educação pública, à economia social e à soberania energética e industrial do país. Qualificou tal economia de caráter extrativista dos recursos naturais: “isso é mais que anarcocapitalismo é anarco-colonialismo”: "60 por cento das pessoas podem ter votado em você, mas depois, quando você está no governo e as pessoas morrem de fome, perdem o trabalho e não conseguem chegar ao fim do mês, o que adianta?”. Veja vídeo.
Cristina ressalta que essa não é mais uma das suas “aulas magistrais”, mas reitera a necessidade de nos informar e conscientizar o povo. O seu papel é indiscutível, bem como o do kirchnerismo, pela sua experiência de gestão e conquistas de soberania e bem-estar social entre 2003 e 2015. Sem um cargo político, ameaçada por lawfare e por um atentado, Cristina Kirchner encoraja e não deixa de ser uma líder ordenadora e formadora de quadros do peronismo e da UP. Sua atuação se concentra em construir no Campo Popular âmbitos de debate e elaboração política, de programa e quadros capazes de poder derrotar este projeto neoliberal criminoso, seja na área parlamentar, sindical e nos movimentos sociais. No seu discurso Cristina dá prioridade a esse ordenamento e não às questões internas do justicialismo.
Na semana entrante se retomam, as sessões para debater e votar a nova Lei de Bases e o Pacto Fiscal de Milei. A Lei de Bases com seus 220 artigos é o que restou da Lei Ônibus com seus 664 artigos que em fevereiro foi rechaçada no Congresso. Mas, substancialmente continua danosa e dá campo às chamadas faculdades delegadas do Executivo para desregular a economia, privatizar as empresas públicas e concretizar uma reforma trabalhista que permita a precarização, restitua a cobrança do imposto de renda a um piso inferior, e a venda de terras aos estrangeiros. Cristina Kirchner deixou claro que é preciso estar alerta ao capítulo da Lei que “dá poderes ao Presidente para cancelar 2.308 obras públicas” e que, ao mesmo tempo, “proíbe a revisão dos contratos dolarizados de geração de energia renovável, térmica e hidroelétrica, principal causa do aumento astronômico das tarifas de eletricidade."
Algum sábio analista disse que o 23 de abril foi um plebiscito pela escola pública. Verdade. O povo votou com os pés. Agora, há que ver como respondem as lideranças políticas para dar uma saída à pressão social. No dia 25 de abril, dois dias depois da sinalização de um milhão nas ruas, a oposição, UP (União pela Pátria), FIT e parte da U. Cívica Radical, convocaram uma sessão especial na Câmara de Deputados para responder ao tema das verbas das universidades públicas. Não houve quórum por ausência de oficialistas e centristas entre os quais, contraditoriamente, alguns haviam presenciado a manifestação.
A força do 23 de abril deve dar a pensar às forças políticas oficialistas e opositoras, antes de votar no Congresso a Lei de Bases nesta semana em nome do povo: isso é só o começo. Em quatro meses de governo da Liberdade Avança, o povo argentino avançou massivamente às ruas: 24J, 8M, 24M, 23A. Salta-se da quantidade à qualidade. As centrais sindicais preparam uma significativa manifestação de 1º. de Maio e, no próximo 9 de maio há greve geral decretada pela CGT, CTAs, ATE, La Bancária, e diversos sindicatos, com previsível multidão de trabalhadores e estudantes organizados nas ruas.
Editorial Cultural FM Torres RS – 29 setembro
ELIS & TOM
Paulo Timm – Publ.A FOLHA, Torres 29 setembro
“Elis & Tom” é um disco lançado em 1974 por Antonio Carlos Jobim e Elis Regina, pela gravadora Polygram, entre 22 de fevereiro e 9 de março daquele ano, no MGM Studios, de Los Angeles, EU. Tom já morava nos Estados Unidos e fazia um sucesso extraordinário, embora um pouco deslocado das paradas musicais no Brasil, depois do sucesso da Bossa Nova na década anterior. Em vários sentidos,, 1974, que elegeria 18 senadores da Oposição, como resposta à primeira crise do petróleo no anto anterior e que elevou o preço do barril de US$ 2,5 para US $ 13, assustando a classe média auto-centrada, anunciava um Brasil que começava a viver uma transição. Foram ficando para trás os “Anos de Chumbo”, abrindo-se, com a posse do General Geisel, um novo ciclo que culminará na Constituição de 1988. Elis já era uma cantora consagrada, de grande estilo, sem carreira internacional e mergulhada numa fase difícil no meio artístico, depois que aceitou marcar presença numa Olimpíada Militar. Oriunda do Rio Grande do Sul ela havia frequentado, no Auditório da Rádio Farroupilha. o “Clube do Guri”. (Fui testemunha, mas me penitencio de não guardá-la na memória; fascinado por rádio, eu frequentava os programas de auditório das rádios Farroupilha, Itaí e Gaúcha nas manhãs de domingo). Tom e Elis já se conheciam mas não se cultivavam. Tom, marcado pelo economicismo da Bossa Nova, não combinava muito bem com o estilo performático de Lis. Diziam as más línguas que ele achava a gauchinha apimentada ainda com cheiro de churrasco... Adveio, porém, a ideia do empresário dela de juntá-la ao Maestro para um novo disco, um relançamento. Elis, aliás, chegou a ser testada como sucessora de Celi Campelo, nossa primeira roqueira, mas não deu certo. Do encontro, enfim, de Tom e Elis, resultou o álbum excepcional, de grande alcance e destinado a se converter numa relíquia da música popular brasileira. Uma peça musical de qualidade inquestionável, fadado à imortalidade, mais além da Bossa Nova, ecoando até hoje como uma prece num momento em que o mundo se despedia do sonho da década anterior e se iniciava numa era de espetáculos estrondosos. Um verdadeiro “Feitio de Oração”...
-“O sonho acabou”, sentenciou John Lennon, em 1970. Seria assassinado dez anos depois. Em 1973 o pérfido General Pinochet comanda o mais cruel golpe na castigada América Latina e soterra a experiência pioneira de Salvador Allende, no Chile, de construir o socialismo com Paz e Amor. Mas na América! América!, um novo estilo de vida emergia na Califórnia, nas pegadas de Woodstock, onde eles se encontram. Um encontro com obstáculos, mas de gênios fadados a se concertaram na procura da perfeição de tons, subtons e arranjos geniais. Saiu o álbum. Sucesso absoluto em vários países. O Brasil no mundo. Mas ninguém sabia, até pouco tempo, que tudo isso fora filmado, com imagens também memoráveis.. Agora, as filmagens se convertem no magnifico filme, dirigido por Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, com o mesmo nome do álbum para o deleite, tanto dos mais velhos que vivenciaram aquela épica, com dos jovens atuais e futuros que poderão conhecer de perto estes dois personagens históricos da nossa música.
“ELIS E TOM, SÓ TINHA DE SER COM VOCÊ
O filme mostra os bastidores e todos os dramas e tensões que cercaram as gravações a ponto de o projeto quase ser interrompido. No fim, no entanto, a força da música se sobrepõe e conduz Elis Regina, Tom Jobim e um grupo de jovens músicos talentosos a uma obra-prima. Na produção, o espectador é levado numa viagem no tempo, participando de momentos de conflito e também de pura alegria, revelando momentos íntimos do processo criativo e das personalidades extraordinárias desses artistas. A obra é também um emocionante reencontro do diretor com os artistas e o material filmado há quase cinco décadas.”
Assisti ontem ao filme, no Centro Cultural Mario Quintana, POA, e entre suspiros e furtivas lágrimas revivi um tempo em que, no vigor dos 30 anos iniciava minha vida profissional em Brasília, cheio de ilusões e amores. Recomendo. Não percam. Oportunidade única para se voltar a sonhar...
Editorial Cultural FM Torres RS 28 de setembro 23
Haverá um conflito institucional entre Judiciário e Poder Legislativo?
Em meio à seca no Amazonas, calores extremos em várias cidades do sudeste e centro-oeste e fortes inundações no sul do país e até festejos pela posse, hoje, do Ministro Barroso como Presidente do STF, com a presença artística de Maria Betânia, as duas casas do Congresso Nacional se levantam contra o Poder Judiciário. Na Câmara, ontem, um grupo minoritário de deputados da Oposição obstruiu a pauta em protesto contra o ativismo do Supremo. Esta ação não deverá progredir, eis que o Governo tem franca maioria naquela Casa graças ao apoio do Centrão ao Governo Lula III, mas indica uma inquietação parlamentar diante do Judiciário. No Senado, geralmente mais sereno, tanto pela sua composição interna como pela personalidade de seu Presidente, mineiro, a inquietação está indo mais além. Ontem, a casa aprovou a toque de caixa, passando em 24 horas pela Comissão de Constituição e Justiça, regime de urgência e votação em plenário, projeto do MARCO TEMPORAL que não só exclui direito á demarcação de terras indígenas que não estivessem ocupadas em 1988, como introduz uma estranha clausula de prioridade á soberania nacional sobre direitos dos povos originários, como se eles não fossem parte da Nação. Dias antes, o líder da Oposição já havia conseguido aprovar a realização de um plebiscito para definir a questão do direito ao aborto. Ora, tudo isso confronta, sim, com recentes decisões do Supremo e traz à tona uma dúvida sobre a decisão final sobre temas controversos. Diz a teoria e prática constitucionalista, sobretudo quando Barroso será o Presidente do Supremo –ele que coloca na sua Agenda temas como combate à pobreza, dentre outros mais afeitos ao campo das Políticas Públicas sob responsabilidade do Executivo, que o Supremo é o PODER QUE ERRA QUE POR ÚLTIMO, com direito à palavra final em caso de contencioso sobre questões envolvendo a interpretação da Constituição. O Projeto do Marco Temporal aprovado pelo Senado ainda deverá passar pela Câmara, onde será aprovado com facilidade até chegar à sanção presidencial. Tudo indica que Lula o vetará, correndo o risco de ter o veto derrubado pelo Congresso, com o que o assunto, suscitado por algum dos Partidos da base governista ou ONG em defesa dos índios, acabará sob o crivo do Supremo. Aí, certamente, como esta corte já tem posicionamento sobre a matéria, cairá por inconstitucional. Isso posto, restabelecer-se-á a normalidade nas relações do Congresso com o Judiciário ou novos embates entrarão em cena? Quem viver, verá. Oxalá, em algum momento se restabeleça o princípio de harmonia e independência entre os Poderes da República, sob o acicate da autocontenção de cada um deles. Sem isso, a democracia sucumbe e a paz entre os homens cede lugar á guerra de todos contra todos, na qual os mais fortes são sempre os vencedores.
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Editorial Cultural FM Torres RS 27 de setembro 23
Em busca da definição de responsabilidades sobre as inundações no Estado
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Agora eu entendi por que tem gente que quer que o Rio Guaíba seja lago e não um rio. luizmuller-agora-eu-entendi-por-que-tem-gente-que-quer-que-o-rio-guaiba-seja-lago-e-nao-um-rio
Prefeitura de Bento Gonçalves questiona operadora de barragem se comportas foram abertas antes da inundação. A Procuradoria de Bento Gonçalves enviou perguntas à Companhia Hidrelétrica CERAN em busca de informações sobre a enchente que afetou a região e a possível abertura de comportas pela companhia. Terra.com.br>>Prefeitura-de-Bento Goncalves-questiona-operadora-de-barragem-se-comportas-foram-abertas-antes-da-inundacao
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Os sucessivos temporais sobre o Rio Grande do Sul que resultaram na inundação de várias cidades da Bacia do Taquari, com perdas de vidas e materiais vultosas, continua repercutindo junto a autoridades e especialistas no Estado. A primeira versão do Governador Leite de que não havia previsão de tanta chuva foi desmentida por várias instituições. A versão da abertura irresponsável de comportas das pequenas barragens na região, levantada pelo Jornalista Alexandre Garcia, também foi desmentida porque simplesmente inexistem comportas nestas barragens, apenas taipas de sustentação.
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Barragens no Vale do Taquari (RS) não têm comportas que poderiam controlar o fluxo de água; enchente foi causada por ciclone
São falsos os posts que alegam que as barragens do Rio Taquari, que cruza a região mais afetada pelas enchentes dos dias 4 e 5 de setembro no Rio Grande do Sul, se romperam ou tiveram suas comportas abertas. As estruturas sequer têm comportas capazes de controlar o fluxo de água e, segundo a empresa que administra as hidrelétricas, elas se mantiveram íntegras durante a passagem do ciclone extratropical que atingiu a região. Autoridades estaduais, federais e meteorologistas afirmam que o grande volume de água que alagou as cidades do Vale do Taquari foi causado por eventos climáticos naturais
https://www.plural.jor.br/noticias/vizinhanca/barragens-no-vale-do-taquari-rs-nao-tem-comportas-que-poderiam-controlar-o-fluxo-de-agua-enchente-foi-causada-por-ciclone/
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Aparentemente, foram várias as causas das enchentes do Taquari e sobre todas elas se faz necessária maior investigação.
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Combinação de diferentes fatores causou cheia no Vale do Taquari, dizem especialistas
Soma da chuva com questões como aquecimento global, fenômeno El Niño, aumento das temperaturas no oceano e na Amazônia, relevo e solo da região são alguns elementos citados por pesquisadores
https://gauchazh.clicrbs.com.br/ambiente/noticia/2023/09/combinacao-de-diferentes-fatores-causou-cheia-no-vale-do-taquari-dizem-especialistas-clmb9zadf0050011sl0l134gk.html
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Agora, a AGAPAN vem a público manifestar sua posição crítica quanto aos retrocessos na legislação ambiental. Tudo indica, enfim, que o assunto das origens e responsabilidades sobre as inundações no Taquari ainda não se esgotou. Uma CPI na Assembleia Legislativa poderia, enfim, esclarecer melhor a questão.
Leia a íntegra da carta aberta ao governador e aos deputados do Rio Grande do Sul:
Agapan publica carta aberta sobre retrocessos na legislação ambiental; leia a íntegra
A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) publicou na segunda-feira, 25, uma carta aberta ao governador Eduardo Leite e aos deputados e deputadas do Rio Grande do Sul sobre os retrocessos na legislação ambiental no estado. https://red.org.br/noticia/agapan-publica-carta-aberta-sobre-retrocessos-na-legislacao-ambiental-leia-a-integra/
Diante das tragédias ocorridas no Estado, continuarão insistindo em retrocessos ambientais?
No dia 22 de agosto, em artigo publicado no Jornal do Comércio, sob o título de “O gargalo do licenciamento ambiental”, um deputado do partido Republicanos, que atualmente preside a Comissão de Economia da Assembleia Legislativa, acusa o licenciamento ambiental de causar prejuízos à economia do Estado e insinua que quem defende o meio ambiente seria pertencente a um segmento que quer manter a sociedade na idade da pedra.
O deputado é autor de projetos de lei em tramitação da Assembleia Legislativa que propõem alterações na legislação ambiental, causando retrocessos na proteção. Em síntese, para o presidente da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa, o meio ambiente preservado é um entrave ao desenvolvimento.
Cabe a pergunta a todos deputados e deputadas: o pensamento desse senhor seria uma voz destoante ou representa a da maioria dos parlamentares? A sociedade gaúcha precisa saber. Afinal, os rumos do Estado passam pela Assembleia Legislativa e as tragédias ambientais estão aí, causando mortes e danos à vida da população. Embora alguns não percebam ou ainda prefiram dar de ombros, as crescentes tragédias já demonstram ser resultados da intensificação da atual crise climática, reforçadas por ações deletérias de alguns setores da sociedade.
A Agapan considera como muito graves os reiterados ataques do deputado à legislação e às estruturas de proteção ao meio ambiente, sintetizados no conteúdo dos seus projetos de lei, no artigo e em manifestações. Assim, viemos a público colocar algumas questões para reflexão dos representantes da população no Legislativo e da sociedade gaúcha, assim como aos eleitores, que definem quem continuará nestes cargos públicos.
Para início de diálogo, é importante todos terem consciência que o que está em debate diz respeito a nós, enquanto sociedade, e isso tem severas consequências. Por coincidência, neste período, o Rio Grande do Sul, lamentavelmente, passa por uma imensa tragédia ambiental. Falamos no desastre que impactou fortemente o Vale do Taquari, principalmente os municípios de Muçum e Roca Sales, entre outros, causando dezenas de mortes, destruição das cidades, bem como perdas econômicas e culturais. Uma verdadeira tragédia anunciada. Também é importante lembrar que, há poucas semanas, houve outro evento, o ciclone extratropical que impactou a região do litoral gaúcho, com perdas econômicas na produção e na vida das famílias que ali residem. O Rio Grande do Sul passou por quatro estiagens nos últimos anos, sendo uma delas a maior em sete décadas.
Há pelo menos 30 anos, deste a conferência do Rio de Janeiro, realizada em 1992, que colocou as mudanças climáticas na pauta mundial, a Ciência tem apontado, com inúmeros estudos, que os potenciais impactos no mundo decorrentes das mudanças climáticas cresceriam em intensidade e frequência caso não se alterasse o modelo de economia predominante. No entanto, desde muito antes, enquanto entidade pioneira no Brasil, estamos buscando ecologizar a nossa sociedade, tarefa árdua da qual nunca abrimos mão e jamais desistiremos, ainda que os comandos dos governos e dos parlamentos se modifiquem. Infelizmente, os rumos apontam que tem sido para pior.
Atualmente, todas as mídias do mundo mostram, todos os dias, que a mudança do clima já é uma realidade. Negar a emergência climática se torna até vexatório, indício de alienação a respeito da realidade ou má fé com interesses escusos.
Em conjunto com outras entidades ambientalistas, e sempre com base científica, temos alertado para os prejuízos que as alterações na legislação ambiental e na precarização na gestão ambiental provocam para a sociedade. Desde o debate do Código Florestal (em 2012), passando pelo desastre da gestão irresponsável do ex-ministro Ricardo Salles (governo Bolsonaro, 2019-2022) no âmbito nacional, ainda lutamos contra a permissão criminosa do desmatamento da Amazônia e do Cerrado, entre outros biomas. Aqui no Estado, nos opomos às mudanças do Código Estadual de Meio Ambiente, patrocinada pelo governador Eduardo Leite, alertamos para a devastação dos biomas Pampa e Mata Atlântica e a irresponsabilidade do governo na gestão das águas. Nossos cursos d’água estão impactados, poluídos e desprotegidos por pressões comerciais e orientações equivocadas aos nossos pequenos e médios produtores rurais.
No mesmo sentido, alertamos para a necessidade de abandonar as fontes fósseis de energia. Defendemos banir o uso do carvão – por meio da participação ativa no Comitê de Combate à Megamineração no Rio Grande – e acelerar a transição energética para fontes renováveis, com o incentivo a processos de instalações que respeitem o meio ambiente em sua totalidade, o que inclui a fauna, a flora e as comunidades tradicionais. A Agapan, há 52 anos, coloca esses temas na pauta do Estado, que é precursor do ambientalismo, bem como do Brasil e do mundo, através de suas participações nos mais variados fóruns, conselhos e coletivos de meio ambiente.
As alterações nas legislações e visão como a apresentada no artigo e ações do deputado são motivadas por pressões de setores econômicos e pensamentos egoístas e retrógrados que somente pensam em lucros e vantagens imediatistas, mas que transferem o ônus e as consequências para toda a população, que posteriormente paga a conta, inclusive com vidas, incluindo as futuras gerações, para quem pouco ou nada restará a não ser lutar para sobreviver em meio a eventos extremos. Posturas negacionistas, irresponsáveis e lesivas à proteção ambiental prejudicam a sociedade porque comprometem o futuro, a qualidade de vida e mesmo a segurança das populações, expondo as pessoas a riscos e tragédias.
O Governo do Estado do Rio Grande do Sul e a Assembleia Legislativa devem assumir a realidade da emergência climática e construir um pacto para não permitir mais retrocessos ambientais. Além disso, devem assumir o compromisso de tomar a frente em vultuosas campanhas e investimentos em recuperação de vegetação nativa, na proteção das áreas de preservação permanente, energias renováveis e sistemas de produção com uma economia industrial, comercial e agrícola de baixa emissão de carbono e em bases sustentáveis. Sem um novo modelo social, com base na sabedoria do pensamento ecológico, não há futuro.
Diante dessas considerações, solicitamos que:
Os seguintes Projetos de Lei sejam RETIRADOS de tramitação na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul por se caracterizarem por retrocessos ambientais: PL 218/2023; PL 268/2023; PL 151/2023; PL 204/2023; PL 433/2021; PL 97/2018.
Os temas Mudanças Climáticas e Transição Energética sejam colocados como prioridade da pauta da Assembleia Legislativa e do Governo Estadual.
Não se admitam mais projetos que reduzam cobertura de vegetação nativa, e que, por outro lado, se amplie as unidades de conservação no Estado.
A legislação dos recursos hídricos seja totalmente implementada, impedindo que a água seja domínio de setores econômicos (sejam produtores rurais, energia ou indústria), garantindo-a como bem público de uso de todos, com prioridades e gestão sustentável.
Os instrumentos de gestão ambiental como Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) e outros instrumentos de gestão ambiental sejam implementados e aperfeiçoados para que a produção não destrua mais o meio ambiente, com garantia de participação plena da sociedade e dos movimentos socioambientais interessados na proteção da vida natural.
A Secretaria de Meio Ambiente volte a ter órgão independente da Infraestrutura, por ser inaceitável que o órgão central da gestão ambiental esteja subordinado a quem estimula projetos de mineração e infraestrutura, que sabidamente são impactantes para o ambiente natural. Essa junção é lesiva à gestão ambiental e deve ser revertida.
A Casa do Povo se abra à participação e ao debate público, atuando decisivamente para a proteção do meio ambiente. As decisões da Assembleia Legislativa têm impactos na vida da população e podem ser as responsáveis por tragédias.
Estamos consternados e solidários com as famílias que foram diretamente impactadas pelas recentes enchentes. No entanto, resta saber quem de fato em nosso Estado assumirá compromissos verdadeiros para que tragédias ambientais assim não se repitam.
A sociedade gaúcha espera do governador Eduardo Leite um pedido de desculpas sinceras por ter tomado decisões tão erradas na gestão ambiental, e que daqui em diante haja de forma diferente, que ouça os alertas da Ciência, em especial dos especialistas em Meteorologia e Clima. Nós, ambientalistas, que sempre nos dedicamos voluntariamente no RS para ajudar a preparar um futuro melhor para todos, continuamos dispostos a colaborar. Entendemos que o Estado deveria perceber e valorizar a trajetória que construímos, reconhecida internacionalmente, e abra espaço para somarmos em prol de nossa sociedade.
ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE PROTEÇÃO AO AMBIENTE NATURAL – AGAPANA Vida Sempre em Primeiro Lugar Desde 1971
Editorial Cultural FM Torres RS 25 de setembro 23
O VOTO DE ROSA WEBER PELA JUSTIÇA REPRODUTIVA
A constatação de que o grande número de abortos no Brasil é feito por mulheres pobres e negras, maior parte delas muito jovens, inclusive meninas de 12 a 14 anos, fez a Ministra Rosa Weber, do STF, votar pela descriminalização deste procedimento quando realizado até 12 semanas do feto. Introduziu a Ministra um conceito de Justiça Reprodutiva com vista à salvaguarda destas mulheres. Abaixo o voto dela:
Ministra Rosa Weber vota pela descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação
portal.stf.jus-noticias=VER NOTÍCIA . - 22/09/2023
A ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela descriminalização da interrupção voluntária da gravidez (aborto), nas primeiras 12 semanas de gestação. Ela é a relatora da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que começou a ser julgada na madrugada de hoje (22), em sessão virtual. O julgamento foi suspenso por pedido de destaque do ministro Luís Roberto Barroso, e, com isso, prosseguirá em sessão presencial do Plenário, em data a ser definida.
A discussão sobre a descriminalização do aborto foi provocada no STF pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), autor da ação, e chegou a ser objeto de audiência pública em 2018 convocada pela ministra Rosa Weber. O objetivo era debater o tema com especialistas e representantes de entidades governamentais e da sociedade civil.
Extrema delicadeza
Em voto de 129 páginas, a ministra considera que os artigos 124 e 126 do Código Penal não estão de acordo com a atual Constituição Federal. Na sua avaliação, é desproporcional atribuir pena de detenção de um a quatro anos para a gestante, caso provoque o aborto por conta própria ou autorize alguém a fazê-lo, e também para a pessoa que ajudar ou realizar o procedimento.
A ministra ressalta que o debate jurídico sobre aborto é “sensível e de extrema delicadeza”, pois suscita “convicções de ordem moral, ética, religiosa e jurídica”. Apesar dessas conotações discursivas, porém, Rosa Weber considera que a criminalização do aborto voluntário, com sanção penal à mulher e ao profissional da medicina, “versa questão de direitos, do direito à vida e sua correlação com o direito à saúde e os direitos das mulheres”.
Início da vida
Um dos pontos destacados pela ministra é que a falta de consenso sobre o momento do início da vida é fato notório, tanto na ciência quanto no campo da filosofia, da religião e da ética. Para Rosa Weber, o argumento do direito à vida desde a concepção como fundamento para a proibição total da interrupção da gestação, como defendem alguns setores, “não encontra suporte jurídico no desenho constitucional brasileiro”.
Ela lembra que a discussão sobre direito à vida e suas formas de proteção não é nova no Supremo: ela esteve presente tanto no julgamento da Lei de Biossegurança (ADI 3510), sobre o uso de embriões humanos para pesquisas com células-tronco, quanto no da interrupção da gravidez de feto anencéfalo (ADPF 54). Nesse julgamento também foi debatida a liberdade reprodutiva e a autonomia da mulher na tomada de decisões.
Direitos reprodutivos
O Estado, portanto, segundo a ministra, tem legítimo interesse (e deveres) na proteção da vida humana configurada no embrião e no nascituro conforme a legislação civil, por exemplo. Todavia, essa proteção encontra limites no Estado constitucional, e a tutela desse bem não pode inviabilizar, a priori, o exercício de outros direitos fundamentais também protegidos pela legislação nacional e tratados internacionais de direitos humanos, incluindo-se os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
Saúde pública
A ministra destacou que, em diferentes países onde o aborto foi descriminalizado, houve redução do número de procedimentos, associada à ampliação do uso de métodos contraceptivos. Após citar vários dados e casos julgados em outros países, ela concluiu que há uma tendência contemporânea do constitucionalismo internacional de considerar o problema da saúde sexual e reprodutiva das mulheres como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. A principal nota é a interdependência dos direitos - à liberdade e à vida digna em toda sua plenitude, física, mental, psicológica e social.
Proporcionalidade
“O aborto não se trata de decisão fácil, que pode ser classificada como leviana ou derivada da inadequação social da conduta da mulher”, afirmou a ministra. Para ela, a discussão normativa, diante de valores constitucionais em conflito, não deve violar o princípio constitucional da proporcionalidade, ao punir com prisão a prática do aborto. Essa medida, a seu ver, é “irracional sob a ótica da política criminal, ineficaz do ponto de vista da prática social e inconstitucional da perspectiva jurídica”.
Autodeterminação
Segundo Rosa Weber, após oito décadas de vigência da norma no Código Penal (1940), é hora de colocar a mulher “como sujeito e titular de direito”, e não como uma cidadã de segunda classe, que não pode se expressar sobre sua liberdade e autonomia.
“Não tivemos como participar ativamente da deliberação sobre questão que nos é particular, que diz respeito ao fato comum da vida reprodutiva da mulher, mais que isso, que fala sobre o aspecto nuclear da conformação da sua autodeterminação, que é o projeto da maternidade e sua conciliação com todos as outras dimensões do projeto de vida digna”, ressaltou a ministra.
Rosa Weber lembrou que, na época da edição da lei, a maternidade e os cuidados domésticos compunham o projeto de vida da mulher. “Qualquer escolha fora desse padrão era inaceitável, e o estigma social, certeiro”. Por outro lado, a criminalização do aborto visava tutelar de forma digna a vida humana, mas não produziu os efeitos pretendidos.
Diálogo institucional
A relatora destacou que, apesar da competência do Congresso Nacional para legislar sobre o tema, o Poder Judiciário é obrigado, constitucionalmente, a enfrentar qualquer questão jurídica a ele apresentada sobre lesão ou ameaça a direitos seja da maioria ou das minorias. “Na democracia, os direitos das minorias são resguardados, pela Constituição, contra prejuízos que a elas possam ser causados pela vontade da maioria. No Brasil, essa tarefa cabe ao Supremo Tribunal Federal”, frisou.
Ela explicou que não cabe ao STF elaborar políticas públicas relacionadas à justiça reprodutiva ou escolher alternativas normativas às adotadas pelos Poderes Legislativo e Executivo, como as relacionadas às políticas de saúde pública das mulheres. “Não obstante, compete-lhe o diálogo institucional, por meio das técnicas processuais pertinentes, sejam elas para a coleta de dados e informações, como as audiências públicas, sejam as técnicas decisórias instauradoras da conversação democrática, como o apelo ao legislador”.
Diante disso, a ministra, na parte final de seu voto, fez um apelo a esses Poderes para a implementação adequada e efetiva do sistema de justiça social reprodutiva, com “a remoção dos entraves normativos e orçamentários indispensáveis à realização desse sistema de justiça social reprodutivo”.
Leia a íntegra do voto da ministra Rosa Weber na ADPF 442.
Editorial Cultural FM Torres RS 22 de setembro 23
Senado quer avançar sobre o STF em drogas, aborto e imposto sindical
O jornal FOLHA DE S.PAULO chama a atenção para movimentação em curso no Senado, entre líderes partidários, no sentido de avançar com propostas de emendas à Constituição que enderecem temas que estão sendo objeto de julgamento pelo STF. Como pano de fundo dessas articulações, anota o jornal, está a percepção de que o Judiciário está invadindo assuntos de competência do Legislativo. Nesse sentido, a primeira ofensiva vem na PEC apresentada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, definindo na Constituição que é crime o porte ou posse de qualquer droga ilícita, independentemente de sua quantidade - entendimento oposto ao que vem sendo indicado pelo STF em julgamento retomado há um mês, e que tende a descriminalizar o porte de maconha em pequenas quantidades. Segundo a reportagem, porém, os senadores também estão se movimentando para atuarem nessa mesma linha em relação ao imposto sindical e ao aborto. “Esses temas são muito caros aqui e a tendência é fazer algo parecido [com o caso das drogas]”, afirmou o senador Izalci Lucas (PSDB-DF).
Também na FOLHA, reportagem mostra que “tem enfrentado resistência de tribunais do país” a proposta de resolução do CNJ que determina a alternância de gênero no preenchimento de vagas de desembargadores nos tribunais. A proposta deverá ser analisada hoje, após ser pautada pela presidente do CNJ, Rosa Weber, que está próxima da aposentadoria. Essa alternância valeria para as promoções tanto pelo critério de antiguidade quanto pelo de merecimento, e passando a valer a partir de janeiro de 2024. A resolução proposta prevê que esse sistema seja mantido até que cada tribunal alcance proporção de pelo menos 40% de mulheres em sua composição. Conforme o jornal, há expectativa de que haja pedido de vista, dada a sensibilidade do tema. No entanto, também é possível que haja antecipação de votos dos demais conselheiros em caso de pedido de vista.
Também em relação à ministra Rosa Weber, os jornais informam que a presidente do STF atendeu a pedido do ministro Alexandre de Moraes e pautou para o próximo dia 26 o julgamento do quarto réu acusado de envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro. O acusado, nesse caso, será julgado no plenário virtual. Moacir José dos Santos, de 52 anos, é acusado de ser um dos executores dos ataques aos palácios. Ele é o primeiro réu a ser julgado que não se encontra preso. A análise do caso começa na quarta-feira da próxima semana, dia 26.
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Editorial Cultural FM Torres RS 21 de setembro 23
Lula surfa, o Brasil vai bem, mas o mundo nem tanto...
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Lula e Biden lançam Agenda pela defesa do trabalho digno
Também está no portal da RED o discurso de Lula na ONU. Acesse e ouça ou leia os dois. "O Brasil voltou!" https://red.org.br/noticia/assista-lula-e-biden-lancam-iniciativa-global-em-defesa-do-trabalho-digno/
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Quase nove meses do novo Governo e já se pode dizer que Lula III vai indo bem, obrigado. Em recente entrevista ao jornalista Breno Altman - POLÍTICA ECONÔMICA DE LULA AGRADA OS LIBERAIS? - SAMUEL PESSÔA - PROGRAMA 20 MINUTOS - YouTube, Samuel Pessoa, economista avesso `a esquerda, ativo membro da equipe econômica do ex Presidente Bolsonaro, reconheceu que as medidas do Ministro Haddad, a quem deu uma nota 9, mesmo com uma certa ‘inconsistência’ do Arcabouço Fiscal, estão corretas. Ao governo deu nota de aprovação 7,5. Com efeito, as últimas estimativas dão uma taxa do crescimento do 3,2% ao PIB deste ano, dez vezes superior à do começo do ano. O desemprego está caindo, os salários melhorando, a inflação sob controle e as vendas de fim de ano prometendo uma retomada aos melhores níveis de anos anteriores. Ou seja, é o Brasil voltando a crescer. Não obstante, o cenário externo não é nada promissor, mercê do aperto monetário frente ao recrudescimento da inflação, embora o anterior pessimismo quanto ao crescimento chinês tenha arrefecido. O PIB mundial (OCDE) deverá crescer apenas 3%, puxado pela economia da Índia 6,3%, da China 5,1%. Estados Unidos não vai muito bem – 2,2% e países europeus, nem isso. A Alemanha, aliás, que é o carro chefe da economia europeia está em recessão, isto é, com dois trimestres no negativo. Atrás dela prenuncia-se o pior para os demais países europeus
“Durante décadas a Alemanha foi a menina dos olhos da economia europeia. Seus pilares eram uma grande estabilidade monetária com um mínimo de inflação, juros baixos, um sistema de transporte muito eficiente, um padrão de consumo interno alto e estável, uma pauta de exportações e importações de alto padrão e last but not least, um equilíbrio político de espírito “conservador ilustrado” tido como inabalável, com a alternância ou combinação entre socialdemocratas (SPD), verdes (Bündnis 90/Die Grúnen) e as uniões cristãs, a social da Baviera (CSU) e a democrata (CDU) do resto do país, além da presença eventual do liberal FDP.
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Com tais predicados, o governo de Berlim tornou-se o fiel da balança da União Europeia e do continente como um todo, exercendo uma parceria sobretudo com Paris. ... Ela e Nicolas Sarkozy tiveram uma influência decisiva para impedir que o estilo histriônico do italiano Silvio Berlusconi se tornasse a marca principal da política europeia. Ao contrário, Angela Merkel transformou a austeridade – para além da fiscal – no brasão político mais importante da Europa no começo do século XXI. Ao mesmo tempo, a Alemanha tornou-se o carro-chefe da economia continental, graças à sua variada pauta de importações e exportações.
Dos dez países que mais importam da Alemanha, oito são europeus: os outros dois são a China e os Estados Unidos. Os mesmos números e as duas exceções se repetem na coluna das exportações. A economia continental europeia está presa à alemã como um comboio na locomotiva, ou… um peixe no anzol.
De repente, não mais que de repente, este belo edifício mostrou frinchas e rachaduras nos alicerces, e hoje ameaça desequilibrar-se, arrastando o continente inteiro. A inflação subiu meteoricamente, de quase 0% para quase 10% ao ano, em média: no setor de alimentos, 20% e na energia, 40%. A demanda interna caiu, a externa adernou perigosamente com as oscilações da economia chinesa e a pressão protecionista dos Estados Unidos. A indústria alemã, carro-chefe das exportações e importações, sobretudo de veículos, autopeças e acessórios, de produtos farmacêuticos, artefatos elétricos, aviões e helicópteros, além de outros, entrou em depressão. No começo de 2023 o FMI previu uma retração de 0,1% na economia do país. Depois aumentou-a para 0,2% e agora a previsão está em 0,4% negativos. ”
Flávio Aguiar, in A recessão alemã. A guerra na Ucrânia se prolonga, e a recessão alemã veio para ficar, afetando o continente inteiro. 19 de setembro de 2023, - • https://www.brasil247.com/blog/a-recessao-alema
A economia ocidental, portanto, paga um preço alto ao ser arrastada `a sustentação da política externa americana de sustentação da Ucrânia contra a invasão da Rússia, a qual, entretanto, vai se reacomodando com novas alianças com China, Irã e países árabes, os quais não estão nem aí para as sanções econômicas.
O Brasil, entretanto, ao se equilibrar diante do conflito Ucrânia/Rússia, tem conseguido receber fertilizantes necessários ao novo boom do agrobusiness e superando, gradativamente os desequilíbrios provocados tanto pela pandemia, quanto pelos erros da administração federal passada. Prova-o o calor da recepção e os aplausos a Lula em seu pronunciamento na Assembleia Geral da ONU. O problema é que, como assinala o economista P. Patnaik, abaixo, como os países avançados estão sob uma crise sem precedentes, isso acabará impactando todo o Sul Global, inclusive o Brasil. Ou seja, nas palavras de Antonio Gutierres, Secretário Geral da ONU, que associa a crise às mudanças climáticas: “ A humanidade abriu as portas do inferno”.
Anexo
Os silêncios da Declaração de Deli por Prabhat Patnaik Com as economias dos países avançados a enfrentarem uma crise sem precedentes, o seu impacto também será enfrentado no Sul global = Publicado em 19/09/2023
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A reunião do G-20 em Deli ocorreu em meio a uma crise econômica aguda na economia mundial. O FMI espera que as economias capitalistas avançadas testemunhem uma desaceleração do crescimento de 2,7 por cento em 2022 para 1,3 por cento em 2023; de acordo com uma estimativa alternativa do FMI, o seu crescimento em 2023 poderá mesmo cair abaixo dos 1 por cento. Como é provável que a taxa de crescimento da produtividade do trabalho exceda este valor, isso significaria um aumento substancial do desemprego na metrópole. Isto seria agravado, especialmente no caso da UE, por um vasto afluxo de migrantes da Europa de Leste que já ocorre há algum tempo, e de refugiados da Ucrânia, que está a ser incitada a travar a guerra por procuração da Otan contra a Rússia.
A tendência em direção ao fascismo na Europa, que ultimamente ganhou um impulso considerável, receberá um impulso ainda maior com este crescimento do desemprego, o qual incentivará ainda mais a animosidade em relação aos imigrantes. O neonazi AfD na Alemanha já está a obter perto de 20 por cento dos votos e está preparada para fazer acordos a fim de chegar ao poder, pelo menos nos governos provinciais, com partidos que até agora o tinham evitado. Marine Le Pen, porta-estandarte do fascismo em França, está a ter um índice de aprovação maior do que Emmanuel Macron. A Itália já elegeu um governo fascista e a Espanha, que em geral se esperava que o fizesse, acaba de obter uma trégua temporária ao apresentar um resultado inconclusivo nas suas recentes eleições. Todos estes elementos receberão um novo impulso.
Com as economias dos países avançados a enfrentarem uma crise sem precedentes, o seu impacto também será enfrentado no Sul global, em termos de abrandamento do crescimento do PIB, de aumento do desemprego, de acentuação da crise da dívida e de fortalecimento da tendência para o fascismo. A Argentina está prestes a eleger um presidente empenhado em eliminar todas as despesas sociais; e esta tendência angustiante poderá muito bem propagar-se a países ainda não afetados.
Seria de esperar que a cimeira do G-20 realizada nesta circunstância tomasse alguma iniciativa quanto à superação da crise econômica, tal como o fez a reunião do G-20 realizada pouco após o colapso da bolha imobiliária dos EUA. Em particular, esperava-se alguma iniciativa em relação à dívida externa dos países do terceiro mundo, tendo em vista que a Índia projetava a sua liderança no G-20 como um desenvolvimento favorável para a causa do Sul global – e de alguns porta-vozes oficiais indianos sinalizarem a dívida do terceiro mundo como assunto a ser discutido.
Mas nada disso aconteceu. A declaração de Deli que emergiu da cimeira disse muito pouco sobre as questões económicas candentes do momento, embora, como os delegados chineses e russos sempre enfatizaram, o G-20 devesse preocupar-se mais com questões económicas do que com questões de segurança. Sem dúvida, a declaração efetuou uma mudança de posição em comparação com a declaração da cimeira anterior em Bali, na Indonésia, em relação à guerra na Ucrânia: se bem que a Rússia ali tivesse sido alvo de críticas explícitas naquele país, em Deli evitou-se escrupulosamente que qualquer atribuição de culpa fosse colocada à porta da Rússia. Mas o seu apelo à paz, embora louvável, terá muito pouco efeito.
Todas as iniciativas em prol da paz foram frustradas pelos países da Otan, que estão determinados a usar o povo ucraniano como carne de canhão na sua luta contra a Rússia: foram os EUA e a Grã-Bretanha que torpedearam o acordo de Minsk; os mesmos países também afundaram as negociações de paz logo após o início das operações militares russas; e ainda estão ocupados a incitar a Ucrânia a persistir na guerra. A guerra só terminará, portanto, quando a Otan estiver disposta a acabar com ela e a vontade da Otan não será influenciada nem um pouco pela declaração de Deli do G-20, apesar de terem condescendido com o fraseado que não lhes é muito favorável. A declaração contém parágrafos que exaltam a tolerância religiosa e o respeito pela diversidade; mas estes objetivos, certamente louváveis, têm pouco significado efetivo. Sendo Erdogan da Turquia e Modi da Índia signatários desta declaração, mesmo quando os seus países estão a mover-se precisamente na direção oposta com a conivência dos seus governos, tais frases só podem ser vistas como platitudes piedosas.
Não que as questões econômicas não figurem na declaração; mas fazem-no apenas em termos muito gerais. Não só não existe uma proposta específica, nem mesmo uma reunião internacional para discutir o alívio da dívida dos países pobres do terceiro mundo; mas, mesmo quanto a alcançar um crescimento econômico sustentado, nem um único pensamento parece ter sido apresentado sobre os meios para isso. Pode-se argumentar que uma declaração não é o lugar para propostas concretas; mas não há provas de qualquer discussão que tenha ocorrido na cimeira sobre estas candentes questões atuais.
Isto não deveria ser uma surpresa. O interesse esmagador do governo anfitrião na cimeira era dela obter o máximo de publicidade, o que conseguiu. Os países pobres, que são as principais vítimas da crise em curso porque são eles os esmagados pela “austeridade” imposta pelo FMI, não estiveram de todo representados na cimeira. E os países avançados nem mesmo admitem o facto da crise econômica, muito menos discutem propostas para a superar, embora os “economistas do establishment” individuais tenham atestado a sua existência. Em suma, a reunião do G-20 foi um espetáculo em que participaram diferentes países pelas suas razões particulares, mas que não estava muito preocupado em resolver os problemas que o mundo enfrenta.
Contudo, isto levanta a questão: porque é que os governos dos países avançados encaram a atual crise econômica com tanta tranquilidade? O desemprego numa era anterior fora uma questão de grande preocupação para os governos capitalistas, com John Maynard Keynes, um defensor confesso do capitalismo dizendo mesmo que “o mundo não tolerará por muito mais tempo o desemprego o qual está associado… ao individualismo capitalista dos dias de hoje”. . É claro que, na época anterior, o desemprego, que era sintoma de uma recessão, era acompanhado por uma perda de lucros, de modo que tanto os trabalhadores como os capitalistas sofriam com a crise da qual o desemprego era um sintoma. No capitalismo contemporâneo, contudo, esse não é mais o caso: a produção não é a única nem mesmo a principal fonte de lucros; as operações financeiras representam um segmento substancial dos lucros, de modo que mesmo quando a economia está em recessão, os lucros dos capitalistas mantêm-se bem. É verdade que nenhuma mais-valia é gerada nas operações financeiras, mas elas criam direitos sobre recursos, de modo que, mesmo quando a produção está estagnada, esses direitos sobre os ativos públicos, sobre os ativos dos pequenos capitalistas e sobre os recursos naturais podem continuar a crescer. Dito de outra forma, a mais-valia apropriada da produção é complementada no capitalismo contemporâneo pela aquisição direta de ativos pelas grandes corporações de outros capitalistas, do Estado e de setores até então não mercantilizados (o que constituiria exemplos de centralização ou acumulação primitiva de capital). Portanto, uma recessão per se importa menos para os interesses corporativos dominantes no capitalismo contemporâneo.
Mas e quanto à instabilidade social que se gera devido ao desemprego em massa e à miséria por ele criada? Temos de olhar para o contexto em que Keynes escreveu e ver a sua diferença em relação aos dias de hoje, a fim de compreender a tranquilidade dos Estados metropolitanos face à crise. Keynes escrevia tendo como pano de fundo a Revolução Bolchevique, quando o socialismo parecia não apenas uma possibilidade, mas uma perspectiva iminente. A menos que algo fosse feito imediatamente acerca do desemprego, o descontentamento dos trabalhadores traria a transcendência do capitalismo para a agenda. Infelizmente, isso não é mais o caso. Com o retrocesso do socialismo realmente existente, os governos capitalistas metropolitanos já não estão tão preocupados quanto às perspectivas de instabilidade social. É verdade que os países capitalistas avançados enfrentam um desafio à sua hegemonia, mas este desafio não tem a nítida agudez ideológica que tinha anteriormente; e qualquer ameaça que venha da classe trabalhadora pode ser reduzida pelo uso de elementos fascistas.
No entanto, eles estão vivendo em um paraíso dos tolos. Atualmente há enormes lutas grevistas dos trabalhadores nos países capitalistas avançados; e não esqueçamos que também a Revolução Bolchevique no seu tempo surgiu “do nada”. Fonte(s) / Referência(s): Resistir.info
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Editorial Cultural FM Torres RS 19 de setembro 23
Defender e fortalecer a PETROBRAS como vetor do desenvolvimento nacional
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PETROBRÁS, a maior realização do trabalhismo no Brasil, criada por G.VARGAS - HISTORIA DA PETROBRÁS – Autor José Augusto Ribeiro, já está disponível em PDF e no formato e-book, inteiramente grátis, em seu site (aepet.org.br).
Vão destruir a PETROBRÁS??
Felipe Coutinho, engenheiro químico e vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras - AEPET, em artigo publicado ontem, abordando o recorde de exportação de petróleo cru no Brasil, afirma que Lula conduz o Brasil na rota colonial pavimentada por Temer e Bolsonaro.
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A onda privatizante que varreu o mundo sob a égide do CONSENSO DE WASHINGTON de 1989 e que sobrevive teimosamente na cabeça dura de muitos economistas, comentaristas da Mídia Corporativa e governantes, como nosso governador Eduardo Leite já fez água até mesmo junto a instituições financeiras internacionais. Em vários países europeus está havendo, agora, uma desprivatização de empresas de serviços públicos como fornecimento de água e saneamento e , em alguns, casos de transporte público, à vista da introdução da tarifa zero como mecanismo de indução ao uso do transporte público. Alimentada aqui no Brasil pela Lavajato, que concentrou sua ação sobre a PETROBRAS, acabou comprometendo o elevado papel que esta empresa tem, pelo seu tamanho, nos investimentos públicos. A adoção depois do golpe contra Dilma, em 2016, a levou, inclusive, a privilegiar os interesses dos acionistas com a política de alinhamento aos preços internacionais do petróleo e desmonte de sua vigorosa estrutura corporativa. Com a eleição de Lula III e sua determinação em fortalecer a economia nacional com o incentivo á reindustrialização, embora pautada por critérios ambientais, a PETROBRÁS deve revisar toda a sua política de preços e investimentos de forma a recuperar papel estratégico nesta retomada. O ideal seria revisar a decisão que a converteu numa S.A. com ações na Bolsa do país e do exterior, o que a submete á legislação específica de proteção de pequenos acionistas, dificultando seu uso como instrumento decisivo a Política de Desenvolvimento Nacional. Isso implicaria na recompra de ações já distribuídas, num processo oneroso e praticamente inviável. Isso posto, trata-se de recuperar a estrutura horizontal que dava maior envergadura à empresa com internacionalização de economias que reverteriam na sua maior capacidade de investimento. Afinal, estamos falando da maior empresa do Brasil. Além disso, na empresa produtora de energia, vetor indispensável à afirmação da soberania de um país e vital ao aprofundamento do processo industrial. Vide, por exemplo, o que ocorreu no período 75-79, quando o então Presidente Geisel impulsionou a química fina e petroquímica com eixo na PETROBRÁS. Recompor, portanto, o amplo espectro da PETROBRÁS é um clamor de todo brasileiro, começando pela recomposição de sua frota, tal como propõe o artigo abaixo.
ANEXO:
Afretamento ou unidades próprias? A importância de retomar o papel estratégico da Petrobrás no desenvolvimento do Brasil. Precisamos rever as estratégias de priorizar o afretamento das unidades marítimas, sejam de produção ou de apoio, bem como de construí-las majoritariamente fora do Brasil, gerando empregos em outros países. Podemos e devemos fazer muito mais.
Publicado em 18/09/2023 = TelegramWhatsAppTwitterFacebookLinkedInEmail
Rosagela Buzanelli Torres- Rosangela Buzanelli Torres é engenheira geóloga formada pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). É a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás
O custo do petróleo e gás que são extraídos nas plataformas operadas pela própria Petrobrás, na Bacia de Campos, é mais baixo do que o da maioria das unidades afretadas, cujos serviços são terceirizados pela companhia. A informação faz parte de um levantamento realizado pelo Dieese e sua conclusão é que o afretamento não se justifica, nem mesmo sob o ponto de vista meramente econômico.
O levantamento foi solicitado pelo Sindipetro Norte Fluminense e comparou os gastos de produção nas plataformas próprias e contratadas no primeiro semestre deste ano. As unidades terceirizadas apresentaram custo maior do que o da Petrobrás em dois de três níveis de profundidade das áreas de exploração e custo igual em um terceiro nível.
O Dieese constatou que o custo médio de extração de cada barril de óleo equivalente (boe) em águas rasas foi o mesmo, de US$ 15,21, tanto nas plataformas próprias da companhia quanto nas terceirizadas. Quando avaliado o pós-sal profundo e ultra profundo, o gasto das unidades contratadas é 14,46% mais caro. O boe extraído pela Petrobrás custa US$ 12,93 e nas afretadas o valor sobe para US$ 14,80.
A diferença ganha proporção muito relevante nas reservas do pré-sal. Enquanto na operação própria da companhia o custo é de US$ 3,72 por barril, nas plataformas afretadas é de US$ 5,66, um aumento de mais de 52%.
Esses dados nos fazem refletir sobre a propalada economicidade da terceirização via afretamento. Mas essa questão vai muito além do fator econômico, como destacou o sindicato. É um tema que envolve geração e qualidade de emprego, desenvolvimento econômico e soberania nacional.
Durante muitos anos a Petrobrás manteve suas plataformas próprias, com seus trabalhadores bem treinados e preparados para operar com técnica, segurança e respeito ao meio ambiente em alto mar. As políticas de conteúdo local foram implementadas e incrementadas, gerando milhões de empregos e desenvolvendo a engenharia e indústria nacionais.
Com a operação Lava Jato, já pública e fartamente desmistificada, a situação mudou brutalmente. As empresas foram punidas e, com elas, seus trabalhadores, desempregando mais de 4 milhões de pessoas, destruindo a engenharia e indústria pesada. E esse cenário se aprofundou nos governos pós golpe.
No mês passado, a Petrobrás lançou um edital de afretamento de plataforma FPSO para revitalização dos campos de Barracuda e Caratinga, estabelecendo apenas 10% de conteúdo local e sem obrigatoriedade de cumprimento da determinação. Ou seja, o mesmo que conteúdo zero! Ainda que esse campo esteja no contexto da rodada zero de licitações e não haja obrigação de conteúdo local, realmente devemos nos limitar a isso?
O Brasil tem pressa. Aprovamos outro projeto de país e “a chave precisa virar” em todas as instâncias governamentais que regulam esse setor, retomando as políticas de conteúdo local. A Petrobrás e sua nova gestão não podem e não devem se limitar ao mínimo. Precisamos arrojar e implementar o máximo possível dessas políticas para reconstruirmos a Petrobrás e o Brasil. A parca exigência vigente não pode ser a desculpa para não avançarmos, muito menos para nos limitarmos ao mínimo ou zero.
Precisamos rever as estratégias de priorizar o afretamento das unidades marítimas, sejam de produção ou de apoio, bem como de construí-las majoritariamente fora do Brasil, gerando empregos em outros países. Podemos e devemos fazer muito mais.
Editorial Cultural FM Torres RS dia 18 setembro
Lula abre amanhã em N.Y. a Assembleia Geral da ONU, verdadeira plataforma da comunidade internacional
O Presidente Lula segue em sua Agenda Internacional com vistas a recolocar o Brasil no papel que lhe corresponde tanto pelo tamanho de sua população e economia, como pela tradição de resolução de conflitos pela via diplomática. Em Cuba participou da Reunião do Grupo dos 77, quando condenou o embargo àquele país, e teve encontro com o Presidente Miguel Diaz-Canel. O Grupo dos 77 nas Nações Unidas é uma coalizão de nações em desenvolvimento, que visa promover os interesses econômicos coletivos de seus membros e criar uma maior capacidade de negociação conjunta na Organização das Nações Unida.
Na pauta com o diritente cubano, a promoção do comércio, cooperação técnica em setores como saúde e o pagamento da dívida de US$ 500 milhões que Cuba tem com o Brasil.
Em NY Lula deverá ter vários encontros bilaterais com lideranças mundiais. Já abriu dois espaços para encontro com o Presidente da Ucrânia e deverá ter reunião com o Presidente Biden para tratar de dois assuntos: Meio Ambiente e Programa Mundial de Combate à Pobreza. A ONU, criada depois da II Guerra - 24 de outubro de 1945= é bem vista pela maioria dos brasileiros tem hoje 193 países membros que, em conjunto, definem a COMUNIDADE INTERNACIONAL, é um organismo multilateral voltado à promoção da paz no mundo, ao desenvolvimento com sustentabilidade de todas as nações e à defesa dos Direitos Humanos num conjunto de 274 atividades ao redor do mundo. É dirigida por um Secretário Geral, o português Antonio Gutierres e dispõe de um corpo técnico de alta qualificação, além de órgãos de pesquisa, educação e comunicação social. Tem dois Tribunais de Justiça. Um geral, que tratas do contenciosos entre nações, denominado Corte Internacional de Justiça e outro, mais restrito e não reconhecidos por todos os países membros, o Tribunal Penal Internacional, ao qual qualquer indivíduo ou associação podem recorrer diretamente, voltado à defesa dos Direitos Humanos e trata, particularmente, casos de genocídio. A ele recorreram algumas entidades brasileiras contra o ex Presidente Bolsonaro. Este Tribunal também condenou recentemente o Presidente Putin , da Rússia, por crimes de guerra.
Anexo
ONU - https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/onu.htm
A ONU é a mais importante dentre as organizações internacionais atualmente existentes, sendo responsável por atuar na diplomacia, segurança e paz mundiais.
A ONU, Organização das Nações Unidas, é uma entidade internacional com sede na cidade de Nova York e composta por 193 países-membros, dos quais 51 fizeram parte de sua fundação (entre eles, o Brasil). Essa entidade foi fundada em 24 de outubro de 1945, logo após o término da 2º Guerra Mundial (1939-1945) em substituição à antiga Liga das Nações.
Os objetivos da ONU giram em torno da promoção da paz entre as nações, além de deliberar sobre questões concernentes à segurança, diplomacia e cooperação internacionais, atuando em processos de negociações de paz ou na atenuação dos efeitos de conflitos armados em qualquer parte do mundo.
Os dois principais órgãos que estruturam a Organização das Nações Unidas são a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança, que são as instâncias máximas decisórias desse organismo internacional. A Assembleia Geral é composta por todos os países-membros da ONU, que debatem e deliberam sobre os mais diversos temas internacionais, como ajudas, cooperações e ações diplomáticas, de modo que cada Estado possui um voto. Para aprovação, as decisões precisam ser deliberadas por maioria qualificada de dois terços dos votantes.
No entanto, a Assembleia Geral encontra-se, de certo modo, subalternizada perante o Conselho de Segurança. Este é composto por apenas cinco países permanentes (Estados Unidos, China, França, Inglaterra e Rússia) e dez rotativos, além de possuir o poder de deliberar sobre questões referentes à segurança e questões de paz, temas os quais a Assembleia Geral possui apenas o poder de realizar recomendações.
Os membros rotativos são eleitos pela própria Assembleia, mas esses não possuem o poder de veto sobre qualquer decisão tomada, privilégio exclusivo dos membros permanentes. Para aprovação de qualquer determinação, é preciso um mínimo de nove votos e nenhum veto, o que evidencia a polêmica sobre as correlações de forças dentro da ONU, uma vez que ela concede maior poder a um número pequeno de países, justamente aqueles que saíram vitoriosos da 2ª Guerra Mundial somados à China, que adquiriu um crescente papel geopolítico ao longo da Guerra Fria.
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Além dessas duas estruturas, ainda compõem a ONU: o Conselho de Direitos Humanos, responsável por fiscalizar e apontar eventuais violações aos direitos humanos e liberdades individuais; o Comitê Econômico Social, que visa promover e ampliar a cooperação socioeconômica em nível mundial; o Secretariado, que administra a instituição e organiza as suas atividades; e a Corte Internacional de Justiça, com sede na cidade de Haia, na Holanda (e por isso também conhecida como Tribunal de Haia), que julga crimes de guerra e violações de países em disputas legais.
Para complementar a ação dessas estruturas, a ONU ainda conta com uma série de projetos e agências com funções específicas, como a Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância), a FAO (Organização para a Agricultura e Alimentação), a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
Do ponto de vista financeiro, a ONU é custeada pelos seus países-membros em uma tabela de colaboração estruturada a partir do Produto Interno Bruto de cada Estado. Dessa forma, Estados Unidos, Alemanha, Japão e Inglaterra, juntos, contribuem com quase 60% do orçamento da entidade.
A grande reverência que se faz à Organização das Nações Unidas, atualmente, é o fato de ela ter sido capaz de angariar praticamente todos os Estados do mundo e ter conseguido evitar ou diminuir as possibilidades de uma guerra mundial, ou seja, um conflito armado envolvendo as grandes potências militares e econômicas do mundo, ao contrário do que aconteceu com a Liga das Nações. Por outro lado, as críticas direcionadas à ONU referem-se à sua incapacidade de controlar conflitos armados em inúmeras partes no mundo, como na África e na Ásia, além de ter sido subserviente aos Estados Unidos em ocasiões como a Guerra do Iraque, em que os norte-americanos, mesmo sem a aprovação da entidade, atacaram o território iraquiano e não foram punidos ou sequer sofreram qualquer tipo de advertência por parte da entidade.
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Anexo 2
Luiz Carlos Azedo - A cortina que encobre a viagem de Lula a Cuba
O embargo americano proíbe operações em qualquer porto nos EUA, por seis meses, de navios que atracarem em Cuba e promove retaliações financeiras às empresas que se instalam na ilha - Correio Braziliense = https://gilvanmelo.blogspot.com/.../luiz-carlos-azedo...
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, na cúpula do G77 China, em Cuba, voltou a pedir que países em desenvolvimento tenham financiamento para transição energética. O petista defendeu que este grupo “não tem a mesma dívida histórica dos ricos”. Para Lula, o financiamento climático deve ser assegurado aos países em desenvolvimento “segundo suas necessidades”. Defendeu a “industrialização sustentável” e lembrou que os países ricos têm uma “dívida histórica” pelo aquecimento global.
Lula assumirá a presidência do G20 no ano que vem e pretende propor a criação de um Grupo de Trabalho em Ciência, Tecnologia e Inovação voltado para os países em desenvolvimento. A visita de Lula ocorre às vésperas de sua viagem aos Estados Unidos, para abertura da Assembleia Geral da ONU, na qual se encontrará com o presidente norte-americano, Joe Biden, e terá uma nova oportunidade de se reunir com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, mas isso não consta de sua agenda.
Projetado para navios do tipo New Panamax, que transportam até 12,5 mil contêineres de 6 metros de comprimento por viagem, o Porto de Mariel nunca recebeu uma dessas embarcações. Criada nos moldes das Zonas Econômicas Especiais da China, as ZEEs, a zona de Mariel prevê incentivos fiscais, como impostos zerados sobre mão de obra e sobre a produção nos dez primeiros anos, facilidades de infraestrutura, como o fornecimento de água e energia, e acesso fácil aos mercados do Caribe.
Mas essa estratégia não deu certo. Foi concebida para um futuro diferente do mundo atual, em que os Estados Unidos e a China estão em uma guerra comercial. Em 2016, havia centenas de empresas interessadas em se instalar em Cuba, graças à sinalização de novas relações entre os Estados Unidos e Cuba, após o ex-presidente Barack Obama autorizar a instalação em Mariel de uma fábrica de tratores. Mas Donald Trump ganhou as eleições e o bloqueio econômico dos Estados Unidos recrudesceu.
Reescalonamento da dívida
No Brasil, o governo Bolsonaro só faltou romper as relações diplomáticas com Cuba. Desde o segundo semestre de 2018, Cuba não paga as parcelas dos financiamentos assinados em 2009 e 2013. A dívida atualizada de Cuba com o banco chega a US$ 520 milhões, ou seja, cerca R$ 2,5 bilhões. O embargo americano proíbe operações em qualquer porto nos EUA por seis meses de navios que atracarem em Cuba e promove retaliações comerciais e financeiras às empresas que se instalam na ilha.
No encontro de Lula com o presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, a renegociação da dívida com o BNDES é a pauta principal. O governo brasileiro fala em “reescalonamento” para adequar o regime de pagamento a algo que Cuba possa cumprir. A ilha vive uma crise continuada, desde o fim da União Soviética. Recebe alguma ajuda da Rússia e da China, mas sofre com a redução dos turistas e a guerra da Ucrânia.
Quando Miguel de Cervantes mandou Dom Quixote viajar, rasgou a cortina mágica, tecida de lendas, que estava suspensa diante do mundo. A vida surgiu nua e cômica na sua prosa. “O mundo, quando corre em nossa direção no momento em que nascemos, já está maquiado, mascarado, pré-interpretado. E os conformistas não serão os únicos a ser enganados; os seres rebeldes, ávidos de se opor a tudo e a todos, não se dão conta do quanto também estão sendo obedientes, não se revoltarão a não ser contra o que interpretado (pré-interpretado) como digno de revolta”, lembra o escritor tcheco Milan Kundera (A Cortina, Companhia das Letras).
A ideia do “homem novo”, da qual tanto se jactavam os dirigentes cubanos, fora sufocada pelo anacronismo do “modelo soviético”, apesar da alegria e criatividade do povo. Havia expectativa de que a sucessão de Fidel traria mudanças, ma Raúl Castro fez tímidas aberturas, insuficientes para que o país seguisse o modelo adotado, por exemplo, pelo Vietnã. Mas Cuba está para os Estados Unidos como Taiwan para a China. A diferença é que o mais sofisticado e competitivo produto cubano é charuto artesanal da Cohiba, os melhores do mundo, enquanto o da ilha rebelde chinesa são os chips da TSMC, que também dominam o mercado mundial. A razão é política.
Editorial Cultural 15-09-2023
A Lei é dura, mas é a Lei
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A tentativa de golpe de 8 de janeiro avalizou a ação do Supremo e o transformou, tendo Moraes como figura simbólica do justiceiro da lei, na instituição que mais protegeu a democracia nestes últimos tempos
Merval Pereira - Os limites da lei
Democracia Política e novo Reformismo: Merval Pereira - Os limites da lei (gilvanmelo.blogspot.com)
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A condenação, ontem, pelo STF, dos três primeiros réus do 8 de janeiro tem várias interpretações.
Em primeiro lugar a velha advertência de que se a Lei é dura, ela é a Lei. A ninguém, inclusive, é lícito alegar, quando acusado, que desconhecia a Lei ou que, como alegou, ontem, a advogada de um dos acusados, quase em lágrimas, que seu cliente era quase um menino levado inconscientemente pelos acontecimentos. A multidão, pois somaram a milhares, dos protagonistas do quebra-quebra em Brasília, mais de mil deles presos e acusados por até 5 crimes, agora começa a pagar pela suas escolhas. Não gostaram do resultado das urnas e saíram das suas casas acreditando-se heróis da pátria quando, na verdade, operaram como instrumentos de uma tentativa de golpe de Estado. Começam a pagar por estas escolhas. As primeiras sentenças dão uma espécie de arcabouço jurisprudencial do que serão os demais processos.
Em segundo lugar, o processo e respectivas sentenças condenatórias, como assinalou o Ministro Barroso, constitui um marco histórico-civilizatório em nossa trajetória política. Marca a superação do Poder Moderador, usado e abusado no Império, pelos Imperadores no período de mando que lhes correspondeu, de 1822 até 1889, e depois desta data, até a promulgação da CONSTITUIÇÃO de 88, substituído pelas Forças Armadas, no contexto de uma sociedade em formação ainda pouco amadurecida institucionalmente. Hoje percebemos que a Sociedade Organizada conseguiu resistir à ofensiva golpista, cevada pelo apoio ostensivo de militares a Bolsonaro em 2018 e desenvolvida ininterruptamente até os fatos do 8 de janeiro deste ano. Daí que a punição dos golpistas, conscientes ou não de suas ações, naqueles nefastos acontecimentos seja o marco de um novo tempo para nossa frágil democracia.
Finalmente, os dois votos contrários à maioria na Suprema Corte que condenou os três primeiros acusados por 5 crimes, mais ou menos conexos, demonstra que a sombra do autoritarismo persiste entre nós, como herança de um governo que tentou nos remeter ao passado. Vivemos um período de afirmação dos princípios republicanos e democráticos mas no qual ainda fermentam concepções regressistas com amparo em torno de 25% do eleitorado, nada desprezível. Não se trata aqui de esquerda x direita, divisão inevitável e irrecorrível das sociedades modernas, mas de uma tendência reveladora da capacidade da extrema direita, tal como fez no passado com Hitler e Mussolini, para capitalizar os ressentimentos negativos de parte da população diante dos desafios desta própria modernidade, no nosso caso marcada por forte dependência externa e injustificável injustiça social, particularmente com a Abolição mitigada da escravatura, para aventuras personalistas. Volto aqui a recomendar o livro OS ENGENHEIROS DO CAOS como evidência da mecânica deste processo hoje intercorrente em várias partes do mundo, com o uso e abuso das Redes Sociais.
Com o tempo seremos, certamente, capazes de avaliar mais interpretações das sentenças destes três primeiros réus e que nos ajudarão, por certo, a afirmar o caminho da democracia-entre-nós como o melhor meio de administrar política e civilizadamente nossas divergências.
Alea jacta est...
Editorial Cultural FM Torres RS dia 14 setembro
Pela primeira vez na história, Suprema Corte brasileira julga civis por tentativa de golpe de Estado- https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/09/13/pela-primeira-vez-na-historia-suprema-corte-brasileira-julga-civis-por-tentativa-de-golpe-de-estado-veja-quem-sao.ghtml
O Supremo Tribunal Federal começa a julgar nesta quarta (13) as primeiras ações penais contra acusados de participar dos atos golpistas de 8 de janeiro.
Em um julgamento já considerado histórico, magistrados se reúnem presencialmente no mesmo plenário que, no início do ano, foi invadido e vandalizado por bolsonaristas que pediam intervenção militar.
Esta é a primeira vez em que a corte brasileira julga civis por tentativa de golpe de Estado.
PF reuniu imagens, celulares e banco genético de réus do 8 de janeiro
Em entrevista a Natuza Nery, a professora de Direito da FGV-SP Eloisa Machado aponta os detalhes que mostram o caráter simbólico do julgamento. Machado diz que a própria escolha do Supremo pelo plenário físico, ao invés do virtual, mostra que os magistrados querem dar um tipo de recado público em relação às práticas de crimes contra a democracia.
"Nós tivemos a ditadura militar e a violação de direitos humanos condenadas em tribunais internacionais", explica Eloisa. "Mas nós não tivemos a oportunidade de trazer a devida reparação judicial para as vítimas e as instituições no nosso sistema de justiça em razão da Lei de Anistia."
No decorrer das investigações, também devem ser julgados financiadores da tentativa de golpe, executores e seus autores e intelectuais. Há uma linha de investigação que explora eventuais crimes cometidos por militares na invasão dos prédios públicos em 8 de janeiro.
"A gente vai colocar em movimento e em interpretação uma legislação nova sobre a proteção das instituições democráticas, que substitui o entulho autoritário da Lei de Segurança Nacional e que se mostrou muito oportuna, porque os desafios vieram muito rapidamente."
As denúncias citam crimes que foram estabelecidos a partir de uma norma de 2021, que reformulou a Lei de Segurança Nacional.
Leia também:
• Projeto de lei prevê pena de até 40 anos para quem atentar contra a vida de autoridades
Quem são os réus e quais acusações enfrentam?
Entre mais de 1.300 suspeitos denunciados pela PGR, os quatro primeiro acusados julgados pelo Supremo são:
• Aécio Lucio Costa Pereira;
• Thiago de Assis Mathar;
• Moacir José dos Santos;
• e Matheus Lima Lazaro
As acusações são:
• associação criminosa armada (pena de um a três anos de prisão, mas o MP propõe a aplicação do aumento de pena até a metade, previsto na legislação, por haver o emprego de armas);
• abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena de 4 a 8 anos de prisão);
• golpe de Estado (pena de 4 a 12 anos de prisão);
• dano qualificado (pena de seis meses a 3 anos de prisão) ;
• e deterioração de patrimônio tombado ( pena de um a três anos de prisão).
Editorial Cultural FM Torres RS 13 de setembro 23
O caso Ana Moser.
Toda solidariedade a Ana Moser. Ela é uma pessoa fantástica, com clara inclinação à esquerda, linha ideológica hegemônica do Governo Lula, ligada a todo universo do Esporte e vinha fazendo um trabalho exemplar na pasta. Foi substituída por um deputado do Centrão, com o que o Presidente Lula alcança 39 Ministérios e tenta gerenciar 16 Partidos Políticos dentro do seu Governo, sem perder um mínimo de identidade programática interna e tratando de assegurar não só governabilidade a seu próprio mandato mas, sobretudo, estabilidade à conjuntura. Tudo indica que está conseguindo tudo isso, deixando-nos, porém, o travo amargo de saída de uma extraordinária mulher em sua equipe. Talvez, nos próximos dias ainda tenhamos que testemunhar a perda de mais um lugar feminino na alta cúpula dos Poderes. Já ninguém duvida que a vaga de Rosa Weber no STF será ocupada por um homem.
Mas deve-se compreender, diante disso, que Política de Estado, se faz no espaço próprio da Política, por políticos, através dos Partidos. Se v. não gosta dos políticos e dos Partidos, paciência, é um direito seu. Ainda assim, poderá participar da vida pública numa ONG, numa Associação de Pais e Mestres da Escola dos filhos ou, como eleitor, dos Conselhos Municipais que acompanham a vida das Administrações Municipais. Ou faça trabalho voluntário. Mas saiba que estas alternativas não o credenciam para a vida política institucional. Este, organizado pelo Estado em relativa oposição `a Sociedade Civil, não é, sequer, um campo de méritos pessoais, mas de disputa eminentemente política, mesmo quando sejam exigidos requisitos técnicos, como o preenchimento de vagas nas Cortes de Justiça. Não há concurso para alguém se tornar Ministro de Estado ou das Cortes Superiores de Justiça. Gostemos ou não estas são as regras. Hoje, aliás, a extrema direita se compraz em denunciar tudo isso apelando diretamente às massas, em busca de uma representação primordial direta, dita DEMOCRACIA DIGITAL, mas o faz com uma intervenção arbitrária nas Redes, no fundo, comandada, como explica o livro ENGENHEIROS DO CAOS, por pequenos grupos de interesse. Modelo muito mais autoritário e menos recomendável do que os sistemas parlamentares existentes. Claro que há sempre espaços na gerência governamental para celebridades ou especialistas, mas essa não é a regra. É exceção, sempre dependente das condições políticas subjacentes. Maior preocupação deveríamos ter, nestes dias, com a tramitação de novas regras eleitorais no Congresso. Na sombra da delação premiada do Ajudante de Ordens de Bolsonaro, urdem os parlamentares um retrocesso inominável na questão eleitoral. Além de anistiar os Partidos por malfeitos em eleições passadas, quando semearam laranjais de falsos candidatos com o mero intuito de trapacear a cota de candidatos, o novo regramento aponta para a eternização dos atuais ocupantes de mandatos numa estranha e pouco recomendável aliança da esquerda, direita e Centrão. Aqui, portanto, o registro tanto pela saída de Ana Moser, mas, principalmente de um cenário que vai congelando o perverso perfil identitário das funções públicas no Brasil: Homens brancos heterossexuais.
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Editorial Cultural FM Torres RS 12 de setembro 23
“Vivemos sob a forma de governo que não se baseia nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servimos de modelo a alguns ao invés de imitar os outros. Seu nome, como tudo o que depende não de poucos mas da maioria, é democracia”Péricles, Oração fúnebre, in Tucidides: A Guerra do Peloponeso, Livro II, 37. ”
Longo, mas não deixem de assistir e divulgar
*
Vi, semana passado, um breve mas acurado documentário sobre a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2022, ante-sala do que veríamos em Brasília um ano depois. Muito esclarecedor, sobretudo ao assinalar que vários dos líderes do movimento, os Proud Boys, de extrema direita, estão sendo condenados a severas penas. Coincidindo com isto, li também, o livro OS ENGENHEIROS DO CAOS, de autoria de dois italianos, que recomendo. Ali os autores descrevem com riqueza de detalhes a manipulação digital dos ressentimentos sociais contemporâneos por seleto grupos de extrema direita. Com isso cai por terra o mito da democracia digital, apregoado no início da INTERNET como um avanço no processo de consulta popular para o aperfeiçoamento da democracia.
A democracia virtual é mais comumente compreendida em sua interface relativa à interação entre sistema político e cidadãos, seja por meio da participação direta, seja pelo estímulo à realização de debates entre o governo e a população através da internet.
Ver Democracia Digital – Experiências - Daniel Pitangueira de Avelino João Cláudio Pompeu Igor Ferraz da Fonseca - https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/10440/1/td_2624.pdf
e Democracia Digital mudou a forma política ESP - https://www.estadao.com.br/politica/jornadas-junho-2013-10-anos-era-digital-mudou-a-forma-de-participacao-politica-flavia-pellegrino/
Por trás da "espontaneidade" das massas, seja no episódio do Capitólio, como também no Brasil no 8 de janeiro deste ano, revelam-se farsas. Enraivecidas pelo ressentimento contra as mazelas de uma modernidade cínica, autoritária e excludente o que percebemos é que Senhores desta própria modernidade manipulam estas massas a seu favor , contra o pensamento, movimentos sociais e respectivos Partidos verdadeiramente críticos do stablishment e até instituições republicanas. A proclamada democracia digital instaurada pelas Redes Sociais na Internet, pela qual todo mundo se manifesta, sem os rigores da civilidade, vai, paulatinamente, se revelando como uma perigosa armadilha à democracia. Na verdade, como assinala o Sociólogo português Boaventura de Souza Santos, como isso, a democracia como sistema político vai perdendo a luta contra a própria dominação capitalista.
Editorial Cultural FM Torres RS 11 de setembro 23
“Vivemos sob a forma de governo que não se baseia nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servimos de modelo a alguns ao invés de imitar os outros. Seu nome, como tudo o que depende não de poucos mas da maioria, é democracia”Péricles, Oração fúnebre, in Tucidides: A Guerra do Peloponeso, Livro II, 37. ”
Longo, mas não deixem de assistir e divulgar
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Vi, semana passado, um breve mas acurado documentário sobre a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2022, ante-sala do que veríamos em Brasília um ano depois. Muito esclarecedor, sobretudo ao assinalar que vários dos líderes do movimento, os Proud Boys, de extrema direita, estão sendo condenados a severas penas. Coincidindo com isto, li também, o livro OS ENGENHEIROS DO CAOS, de autoria de dois italianos, que recomendo. Ali os autores descrevem com riqueza de detalhes a manipulação digital dos ressentimentos sociais contemporâneos por seleto grupos de extrema direita. Com isso cai por terra o mito da democracia digital, apregoado no início da INTERNET como um avanço no processo de consulta popular para o aperfeiçoamento da democracia.
A democracia virtual é mais comumente compreendida em sua interface relativa à interação entre sistema político e cidadãos, seja por meio da participação direta, seja pelo estímulo à realização de debates entre o governo e a população através da internet.
Ver Democracia Digital – Experiências - Daniel Pitangueira de Avelino João Cláudio Pompeu Igor Ferraz da Fonseca - https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/10440/1/td_2624.pdf
e Democracia Digital mudou a forma política ESP - https://www.estadao.com.br/politica/jornadas-junho-2013-10-anos-era-digital-mudou-a-forma-de-participacao-politica-flavia-pellegrino/
Por trás da "espontaneidade" das massas, seja no episódio do Capitólio, como também no Brasil no 8 de janeiro deste ano, revelam-se farsas. Enraivecidas pelo ressentimento contra as mazelas de uma modernidade cínica, autoritária e excludente o que percebemos é que Senhores desta própria modernidade manipulam estas massas a seu favor , contra o pensamento, movimentos sociais e respectivos Partidos verdadeiramente críticos do stablishment e até instituições republicanas. A proclamada democracia digital instaurada pelas Redes Sociais na Internet, pela qual todo mundo se manifesta, sem os rigores da civilidade, vai, paulatinamente, se revelando como uma perigosa armadilha à democracia. Na verdade, como assinala o Sociólogo português Boaventura de Souza Santos, como isso, a democracia como sistema político vai perdendo a luta contra a própria dominação capitalista.
Editorial Cultural FM Torres RS 11 de setembro 23
O Assunto g1 dia Mulheres no degrau debaixo do funcionalismo
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/09/11/o-assunto-1042-mulheres-no-degrau-debaixo-do-funcionalismo.ghtml
As mulheres são 51% da população brasileira e também são maioria entre os servidores públicos civis (61%), segundo dados da República.org, mas a proporção se inverte nos cargos de poder – neles, os homens ocupam 61% das posições. O cenário de desigualdade está disseminado pelo serviço público. Das 213 unidades diplomáticas do Brasil pelo mundo, as mulheres ocupam cargos de chefia em apenas 34, de acordo com o Itamaraty. Para entender por que a disparidade ainda persiste e discutir possíveis soluções, Natuza Nery recebe Irene Vida Gala, subchefe do escritório de representação do Itamaraty em São Paulo e presidente da Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras, e Gabriela Lotta, doutora em ciência política, professora da FGV, vice-presidente do conselho da República.org, uma organização que atua na valorização do serviço público. Neste episódio:
Irene diz que a carreira diplomática tem histórico de ser mais masculina e que, aqui no Brasil, isso tem mudado a passos lentos. Por isso, ela e outras diplomatas decidiram criar uma associação para aumentar a representatividade
Para Irene, o Brasil precisa incluir no serviço diplomático mais mulheres, negros, indígenas e todos os grupos não privilegiados, para que a política externa brasileira atenda aos anseios desta população, e não apenas aos anseios de uma elite branca e masculina
Gabriela fala sobre os fatores que explicam a desigualdade vertical nas carreiras de estado. Segundo ela, a discriminação de gênero faz com que as nomeações para cargos comissionados continuem privilegiando homens: "A rede do poder é muito masculina. Homens indicam homens, e isso vai descendo escada abaixo dentro setor público". A mulheres que são mães também são mais penalizadas e preteridas nas indicações
A cientista política também explica por que a desigualdade salarial entre homens e mulheres no serviço público é ainda maior do que no setor privado. "As mulheres estão majoritariamente nas profissões do cuidado, que são as profissões que pagam menos durante toda a carreira."
O que você precisa saber:
O Assunto #915: O déficit de mulheres na política
Brasil avança devagar na redução da desigualdade de gênero
No Brasil, 84,5% das pessoas têm pelo menos um tipo de preconceito contra mulheres, diz ONU
Mesmo salário para homens e mulheres? Por que leis para corrigir desigualdade não 'vingaram' no Brasil
Judiciário ainda é 'impermeável' à igualdade de gênero, diz Cármen Lúcia
O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski, Eto Osclighter e Nayara Fernandes. Apresentação: Natuza Nery.
Editorial Cultural FM Torres RS 08 de setembro 23
Luiz Carlos Azedo - O mito da Independência como ato heroico de D. Pedro I gilvan melo- blogspot - Luiz Carlos Azedo
Lula participa de desfile do 7 de Setembro com Zé Gotinha e pose com chefes das Forças Armadas. = Presidente chegou em carro aberto com a primeira-dama, Janja; governo busca mensagem de união e fim do ódio. Desfile teve temas como paz, vacinação, ciência e defesa da Amazônia.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/09/07/lula-participa-de-desfile-do-7-de-setembro-em-brasilia.ghtml
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Lula é de esquerda ou a esquerda é Lula?
O desfile, ontem, em Brasília, do 7 de setembro, que confirmou a união cívica dos poderes da República, aos quais se perfilaram as Forças Armadas através de seus Comandantes e do Ministro da Defesa, culminando no cruzamento de mãos ao final da cerimônia é um alívio nacional. O protagonismo do Zé Gotinha deu o ar da graça ao acontecimento, expressando, ainda, a bênção da Ciência sobre os novos rumos do país. Retornamos à legalidade e ao pleno respeito às suas instituições. Uma espécie de cachimbo da paz que reabre uma nova etapa na vida pública do país. Isso consagra o sepultamento do indiscreto Poder Moderador introduzido no Império na figura do próprio Imperador, ao qual se substituíram as Forças Armadas desde a Proclamação da República até a promulgação da Constituição de 1988 e perigosamente ressuscitado com ambições golpistas pelo governo anterior. Não passaram. Não passarão! Dentro de poucas semanas cerca de um milhar de descrentes da democracia que atentaram contra a Lei em janeiro passado estarão todos condenados. Ao mesmo tempo, justo nesta semana, o Presidente da República ampliou o espectro ideológico de sua frente de governo com a indicação de dois Ministros de Partidos até então avessos à composição mas que, doravante, lhe garantirão valiosos votos para adequada governabilidade. Consuma-se, enfim, a transição do risco regressista para um futuro de renovadas esperanças para todos os brasileiros. Comprova-se a máxima de que, em certos momentos críticos, há que ser intolerante com os intolerantes se quisermos preservar a liberdade.
Já, então, começam as especulações sobre o caráter desta transição que estamos vivendo e sobre a própria ideologia do Presidente Lula.
Bem, sobre o primeiro ponto – o caráter da transição – ele já esteve definido com Frente Democrática desde a composição da Chapa de Lula, ao indicar como Vice Presidente, um político de perfil claramente conservador, embora submetido à filiação ao Partido Socialista, o qual, no Brasil, sempre teve uma posição moderadamente de esquerda. Lembremo-nos que na sua refundação no pós Guerra um grupo significativo de chamados “udenóides”, avançados progressistas mas com reservas à ortodoxia marxista, a ele aderiram. O segundo turno das eleições, em novembro, ampliou o caráter da Frente ao incorporar à campanha expressivos nomes como Simone Tebet, MDB, terceira colocada no pleito, Marina Silva, REDE e vários nomes ligados ao PSDB e FHC. Iniciado o Governo, este caráter de Frente Democrática consolidou-se diante da ameaça golpista do 8 de janeiro, unindo indissoluvelmente Lula, como Chefe do Poder Executivo aos Chefes do Judiciário e Legislativo, com o endosso das Forças Armadas. Seus grandes projetos, apresentados ao Congresso Nacional, mesmo antes da posse, como a Emenda Constitucional que lhe garantiu os primeiros passos no ano de 2023, fortemente comprometido pelo rombo de R$ 400 bilhões legado pelo Governo anterior, como o Arcabouço Fiscal e Reforma Tributária reafirmaram-se, no Congresso Nacional, comi imperativos de Governo, independentemente de ideologia. Talvez, agora, haja algum tropeço quanto á Reforma Administrativa mas Fernando Haddad já demarcou os limites do debate pouco palatável ao PT: começar pelos altos salários do Judiciário e Legislativo. Acabará trazendo á tona os privilégios criados por Bolsonaro aos militares, um dos principais contributos do déficit previdenciário em expansão...
Resta indagar, pois, sobre Lula.
Um conhecido jornalista inclinado à esquerda assim colocou tais questões:
247 - Nassif: governo Lula não é de esquerda. Para o jornalista, Lula “é um reformador, um pacificador”- 1 de setembro de 2023.
Em artigo publicado nesta sexta-feira (1) no GGN, o jornalista Luís Nassif corrobora a afirmação do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), de que o governo Lula (PT) “não é um governo de esquerda”. Nassif classifica o presidente como “um reformador, um pacificador, com certeza”.
“Lula não é de esquerda, se se entender como liderança política preocupada com mudanças estruturais na vida nacional. Não é um estadista na acepção do termo – o político que muda, que molda o Estado para os novos tempos”, explica, lembrando que o presidente "nem no auge de sua popularidade ousou investir contra os pilares do conservadorismo nacional, mídia, mercado, Justiça e Forças Armadas". Leia a íntegra no GGN.
Com efeito, Lula não vem de quaisquer dos ninhos da esquerda clássica. Nunca foi de qualquer dos Partidos Comunistas, nunca se afirmou socialista e, como sindicalista, esteve muito longe das origens anarquistas que animaram, desde os primórdios, os movimentos sociais modernos. Nem falo em trotskismo, pérola teórica no seio das esquerdas cultivada em estufas acadêmicas de bom gosto. Mesmo quando Brizola retornou ao Brasil, em 1980, propondo a reconstituição do trabalhismo como um caminho brasileiro para um socialismo moreno, Lula declinou do convite. Preferiu um “Partido dos Trabalhadores”, até com certa presunção repetida exaustivamente no bordão: “Nunca antes neste país”... Tampouco foi discípulo devoto das comunidades de base da Igreja Católica, que tanto avançaram, no Brasil no último quartel do século passado, até o papado de Bento XVI. Não obstante, vindo à tona na crista das greves do ABC no ano 1978, deve ter sido influenciado por todas estas tendências, que se abrigaram à sua liderança na formação do PT, sobrepondo-se a elas por um notável instinto político. Esta foi uma vantagem não só para Lula, para o PT ou mesmo para o Brasil pois permitiu avançar um projeto político popular contra a maré vazante da crise do socialismo agudizada pelo fim da União Soviética em 1991. Lula não teve, como muitos partidos de esquerda no mundo ocidental, como por exemplo, o próprio Roberto Freire, líder do PCB, candidato â Presidente em 1989 por esta agremiação, ou o Partido Comunista Italiano. Navegou em águas de boa mina surfando, com êxito, o clima de assenso popular oriundo da luta contra a ditadura militar num contexto, anterior aos efeitos nocivos da globalização. Com isso, transformou o Brasil na última esperança de sobrevivência de ideais de justiça social, tal como vários líderes políticos e teóricos marxistas o disseram, como Barak Obama e Eric Hosbawn.
Isso significa que Lula é de esquerda?
Ora, esse é uma discussão, hoje, meio sem sentido. Nem há consenso sobre o que significa SER DE ESQUERDA, nem produz resultados políticos, como, por exemplo, apontar um caminho ao qual um certo consenso se converta em ACONTECIMENTO histórico – Kant. A esquerda, mesmo se nos ativermos ao marxismo, já era vária, segundo um de seus grandes estudiosos, Isaac Deutscher, em meados do século XX. De lá pra cá, houve novas redivisões. A esquerda católica sofreu também um grande baque com João Paulo II e Bento XVI, mesmo ainda presente em movimentos como o MST. Perdeu seu dinamismo com o avanço dos evangélicos. O proselitismo revolucionário, na verdade, como opção da esquerda, está fora da Agenda, cedendo, até, com isso, espaço para que seus métodos e bandeiras acabem nas mãos da extrema direita. Leia-se, a propósito, o livro ENGENHEIROS DO CAOS. O importante, na atual conjuntura que vivemos nem é tanto saber se este ou aquele governo são de esquerda, mas se ele consegue ou não impedir retrocessos históricos que coloquem em risco a humanidade. Neste sentido a discussão não é tanto de se saber se Lula é de esquerda mas de se avaliar se ele se comporta no sentido da salvação e progresso sustentável desta humanidade – e o faz quando luta pela pacificação interna no Brasil e pela Paz no mundo -. O resto, diria Shakespeare, é silêncio, cortado, aqui e acolá por puristas sem qualquer senso da Política como processo e compromisso histórico, pois não compreendem que mesmo Lula não sendo de esquerda, a esquerda é ele...
A INDEPENDENCIA COMO PROCESSO
Paulo Timm – Publ. A FOLHA, Torres RS – 8 setembro 2023
O 7 de setembro sempre traz à tona, no Brasil, a reflexão sobre nossa Independência de Portugal, em 1822. No Império (1822-89), a data se resumia à exaltação da figura do Imperador, sem destacar, jamais, o papel da Princesa Leopoldina, esposa de Dom Pedro I, quem, na verdade, tomou a decisão de proclamar o Brasil independente de Portugal.. Com a proclamação da República, o 7 de setembro passou a exaltar simbolicamente a Pátria, celebrada, sobretudo, pelos desfiles das Forças Armadas, ainda que acompanhadas, depois da Revolução de 30, por desfiles estudantis. Era o reflexo do trânsito do antigo Poder Moderador do Imperador para uma nova fase de tutela das Forças Armadas na nossa vida pública. O bacharelismo dos punhos de renda dos filhos da aristocracia escravocrata começava a ceder lugar, mesmo sob o retrocesso oligárquico do “Café com Leite” entre a saída de Floriano Peixoto e a Revolução de 1930, aos arquitetos da modernidade industrial, cujo grande símbolo, aliás, foi a “Marcha para o Oeste”, na qual a construção de Brasília ocupa lugar destacado. No começo deste longo período, República Velha, vez que a ela sucede-se a Era Varguista que se prolonga sob várias roupagens até 1979, emergem quadros e dicções que nem sempre correspondem ao que realmente ocorreu na Independência. Foi o resultado do positivismo mais afeito à valorização dos fatos do que aos processos: “Ordem e Progresso”. Contemporaneamente se percebe que nossa independência, na verdade, se constituiu num longo processo, inacabado, travado em vários lugares do Brasil, com o concurso de várias inspirações, primeiro da Revolução Americana, 1776, depois de Francesa, em 1789, e , finalmente, da Revolução Haitiana, na virada daquele Século das Revoluções, e se prolonga até hoje sob a influência dos imperativos da Doutrina dos Direitos Humanos e do princípio da Sustentabilidade do Desenvolvimento. Até os anos 50, aliás, a própria história da Independência foi contada do ponto vista do Rio de Janeiro e São Paulo, como costuma assinalar o historiador Evaldo Cabral de Mello, autor do livro "A Outra Independência", que trata das movimentações políticas entre a Revolução Pernambucana, em 1817, e a Confederação do Equador, em 1824. Poderia, a propósito, ter levado sua reflexão até 1848, última das convulsões do período, atravessado também pela Revolução Farroupilha de 1835 a 1845 no Rio Grande do Sul. Temos, também, que incorporar à análise da Independência as lutas travadas no Norte e Nordeste, dentre elas a resistência na Bahia, que só consagraria a Independência em 1823, bem como todas as iniciativas populares que tentaram melhor articular os interesses da Pátria com a Nação. A redemocratização consagrada pela Constituição de 1988, que inaugura a substituição do Poder Moderador do Imperador ou das Forças Armadas, para o império da Lei, o exige. Ressalta-se que nunca tivemos, no Brasil, uma celebração popular da Independência, como as têm alguns países latino-americanos, como , por exemplo o Chile, quando o país se cobre de “ramadas”, com danças, comidas típicas e muita euforia popular. Precisamos chegar lá...Para alguns analistas, este distanciamento popular do 7 de setembro teria sido uma consequência de ausência de uma verdadeira luta pela conquista da Independência, proclamada pelo filho do Rei de Portugal, sob a advertência de que o fizesse antes que algum outro aventureiro, o qual viria, ainda, depois de sair do Brasil, em 1831, a ser Rei Dom Pedro IV , em Portugal. “Sospechoso!” De resto, o sufocamento da Constituinte por D. Pedro I, logo após sua instauração, com o exílio das personalidades mais exaltadas do liberalismo, do qual não escapou sequer o Patriarca José Bonifácio, no período, quando não sua prisão, com “mano dura” sobre movimentos que teriam levado a Independência mais além da mera conquista da autonomia política, talvez também tenha contribuído para esse distanciamento popular. Não obstante, a data deve ser reverenciada como um marco da fundação do Brasil como Estado Nacional, embora seu encontro com seu principal conteúdo, a Nação, composta por todos aqueles que a constroem diuturnamente, ainda se constitua num desafio. Trata-se, hoje, de lutar pela afirmação da soberania deste Estado Nacional no concerto internacional segundo seus próprios interesses que contribuem para criar os pilares econômicos desta afirmação, ao tempo em que, internamente, se aprofunde a construção da cidadania como acesso à informação, organização, representação e participação de todos â confecção de nosso destino. Compreender, enfim, que a Independência nem a fez apenas o Dom Pedro às margens idílicas do Ipiranga, nem só os sulistas, nem os militares ou bacharéis, num único dia ou mesmo período, mas que se realiza historicamente, em processo, nas obras de um “um povo em fazimento”, como costumava dizer Darcy Ribeiro.
Editorial Cultural FM Torres RS 06 de setembro 23
A INDEPENDENCIA COMO PROCESSO
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BRASIL II CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA 2022
H. Starling. Tiradentes - CANAL LIVRE TV BAND - ASSISTA AQUI YOUTUBE
Lilian Schwarcz – Canal Livre - Vídeo- Lilian Schwarcz É a convidada-do-Canal Livre
José Murillo de Carvalho – Canal Livre - Um dos mais importantes estudiosos da história do Brasil e integrante da Academia Brasileira de Letras, o historiador José Murilo de Carvalho é o convidado do Canal Livre do próximo domingo. O programa faz parte do projeto "Band nos 200 anos da independência''. Autor de verdadeiros - https://www.youtube.com/watch?v=7gZT41HB4Ck
RED -Debate Plural – II Centenário da Independência: ACESSE AQUI YouTube E ASSISTA – Dia 1º/ 09/22 - No terceiro episódio da série sobre o Bicentenário da Independência vamos abordar a formação da identidade do Brasil. Receberemos o Doutor em Filosofia pela Universidade Paris, Agemir Bavaresco; o formado filosofia e economia com mestrado em filosofia, Fabian Scholze Domingues; e o formado em história e é doutorando em História na UFRGS, Erick Kayser.
O DIA DA INDEPENDÊNCIA
Luiza Ribeiro Moraes - Brasil de Fato | Porto Alegre | 01 de Setembro de 2022 às 18:02
FONTE:brasildefators.com.br/2022/09/01/artigo-o-dia-da-in-dependencia-do-brasil
Comemoração excludente - Por PATRÍCIA VALIM* - 04/09/2022 = A sudestinização do bicentenário do 7 de setembro de 1822 – a produção social de um vexame LEIA AQUI
O Assunto g1 dia 6 de setembro A Independência para além da Corte
'Até os anos 50, a história da Independência foi contada do ponto vista do Rio de Janeiro', afirma o historiador Evaldo Cabral de Mello, autor do livro A Outra Independência. Neste episódio, ele detalha os processos históricos que levaram à emancipação do país e explica por que ela se deu a partir 'dois golpes de Estado' liderados por D. Pedro I.
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2022/09/06/o-assunto-788-a-independencia-para-alem-da-corte.ghtml
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O7 de setembro sempre traz à tona, no Brasil, a reflexão sobre nossa Independência de Portugal em 1822. No período do Império, a data se resumia à exaltação da figura do Imperador, sem destacar, jamais, o papel da Princesa Leopoldina, esposa de Dom Pedro I, quem, na verdade, tomou a decisão de proclamar o Brasil independente de Portugal. Com a proclamação da República, ela passou a exaltar simbolicamente a Pátria celebrada, sobretudo, pelos desfiles das Forças Armadas, ainda que acompanhadas, depois da Revolução de 30, por desfiles estudantis. Neste período disseminam-se quadros e dicções libertárias que nem sempre correspondem ao que realmente ocorreu na Independência. Ela se constituiu num longo processo, travado em vários lugares do Brasil, com o concurso de várias inspirações, primeiro da Revolução Americana, 1776, depois de Francesa, em 1789, e, finalmente da Revolução Haitiana, na virada daquele Século das Revoluções. Até os anos 50, aliás, a própria história da Independência foi contada do ponto vista do Rio de Janeiro, como costuma assinalar o historiador Evaldo Cabral de Mello, autor do livro "A Outra Independência", que trata das movimentações políticas entre a Revolução Pernambucana, em 1817, e a Confederação do Equador, em 1824. Poderia, a propósito, ter levado sua reflexão até 1848, última das convulsões do período, atravessado também pela Revolução Farroupilha de 1835 a 45 no Rio Grande do Sul. Temos, também, que incorporar à análise da Independência as lutas travadas no Norte e Nordeste, dentre elas a resistência na Bahia, que só consagraria a Independência em 1823. Mas nunca tivemos, no Brasil, uma celebração popular da Independência, como as têm alguns países latino-americanos, como, por exemplo o Chile, quando o país se cobre de ramadas com danças e comidas típicas. Para alguns analistas este distanciamento popular do 7 de setembro teria sido uma consequência de uma verdadeira luta pela conquista da Independência, proclamada pelo filho do Rei de Portugal, sob a advertência de que o fizesse antes que algum aventureiro, o qual viria, ainda, depois de sair do Brasil, em 1831, a ser Rei Dom Pedro IV, em Portugal. De resto, o sufocamento da Constituinte, logo após sua instauração, com o exílio das personalidades mais exaltadas do liberalismo, do qual não escapou sequer o Patriarca José Bonifácio, no período, quando não sua prisão, com mano dura sobre movimentos que levariam a Independência mais além da mera conquista da autonomia política, talvez também tenha contribuído para esse distanciamento popular. Não obstante, a data deve ser reverenciada como um marco da fundação do Brasil como Estado Nacional, embora seu encontro com seu principal conteúdo, a Nação, composta por todos aqueles que a constroem diuturnamente, ainda se constitua num desafio. Trata-se, hoje, de lutar pela afirmação da soberania deste Estado Nacional no concerto internacional segundo seus próprios interesses que contribuem para criar os pilares econômicos desta afirmação, ao tempo em que, internamente, se aprofunde a construção da cidadania como acesso à informação, organização, representação e participação de todos â confecção de nosso destino. Compreender, enfim, que a Independência nem a fez apenas o Dom Pedro às margens idílicas do Ipiranga, nem só os sulistas, nem os militares ou bacharéis, num único dia ou mesmo período, mas que se realiza historicamente em processo nas obras de um “um povo em fazimento”, como costumava dizer Darcy Ribeiro.
VIVA A INDEPENDÊNCIA! VIVA O POVO BRASILEIRO!
ANEXO -Democracia, Soberania e União: os três pontos do pronunciamento de Lula na Independência
https://www.brasil247.com/poder/democracia-soberania-e-uniao-os-tres-pontos-do-pronunciamento-de-lula-na-independencia?utm_source=mailerlite&utm_medium=email&utm_campaign=as_principais_noticias_desta_manha_no_brasil_247&utm_term=2023-09-06
247 – Em um contexto de reconstrução nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara-se para um pronunciamento histórico na noite de hoje, véspera do Dia da Independência. Com a intenção de resgatar a celebração como um evento que une toda a sociedade, o presidente Lula destaca três pontos fundamentais em seu discurso: Democracia, Soberania e
Em seu pronunciamento, o presidente Lula enfatizará a importância da democracia como um valor fundamental para a nação brasileira. Ele destacará que a democracia não é apenas um sistema político, mas um compromisso com a participação cidadã, a liberdade de expressão e o respeito às instituições democráticas. O presidente buscará reforçar a ideia de que todos os cidadãos têm o direito de expressar suas opiniões e escolher seus representantes por meio de eleições livres e justas.
Outro ponto central do discurso do presidente Lula será a soberania nacional. Ele argumentará que o Brasil deve defender seus interesses de forma independente e autônoma no cenário global. Isso inclui a preservação de recursos naturais, a promoção do desenvolvimento sustentável e a busca por parcerias internacionais baseadas em benefícios mútuos. O presidente enfatizará a necessidade de um Brasil soberano que tome decisões que atendam aos interesses do povo brasileiro e não esteja sujeito a pressões externas.
A busca pela união da sociedade é também um dos principais objetivos do governo Lula no resgate das comemorações do 7 de setembro. O presidente argumentará que o Dia da Independência não deve ser monopolizado por nenhum grupo ou ideologia, mas sim celebrado por todos os brasileiros, independentemente de suas convicções políticas. Ele destacará a importância de superar a polarização que tem dividido o país e unir esforços para enfrentar os desafios comuns, como a desigualdade e o desemprego. O lema "Democracia, Soberania e União" reflete esse compromisso em construir uma nação mais coesa e solidária.
Ao resgatar o 7 de setembro como uma celebração de todos, o presidente Lula espera promover um sentimento de pertencimento nacional, onde os símbolos nacionais, como as cores verde e amarela, representem a unidade e a diversidade do povo brasileiro. Este pronunciamento é uma tentativa de redefinir o significado do Dia da Independência, que foi marcado, nos últimos anos, pelo golpismo bolsonarista.
Editorial Cultural FM Torres RS 0~5 de setembro 23
Lula se prepara para assumir o G20
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Jeffrey Sachs* - A guerra econômica entre EUA e China
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../jeffrey-sachs-guerra...
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O próximo dia 7 de setembro, depois da parada militar clássica em Brasília, vista por muitos como uma evidência da tutela militar sobre a vida pública do país desde a Proclamação da República, Lula viajará para a Índia. Lá, deverá assumir a Presidência rotativa do G20 , um grupo que reúne as principais economias do mundo, quando terá o poder de elaborar a pauta das reuniões do Grupo. Especialistas apontam que ELIMINAÇÃO DA MISÉRIA NO MUNDO e SUSTENTABILIDADE serão as prioridades de Lula. Mas os Estados Unidos vão insistir na condenação à Rússia. Mas encontrará, em Délhi, uma reunião esvaziada pela ausência do Presidente da China. Este país concorre com a Índia na liderança pela Ásia e, apesar de ambos participarem do BRICS, ora ampliado para 11 países, têm visões estratégicas diferentes. Têm também conflito de fronteira no Himalaia. Recentemente a Índia protestou pela divulgação de um mapa chinês atribuindo a China esta disputada área. De resto, a Índia é um país de formação profundamente religiosa, a qual transmitiu ao Ocidente, contrariamente à China, confucionista e pragmática. A Índia é ainda relativamente conservadora, governada nos últimos anos à direita e que tem se inclinado à juntar esforços de inteligência com USA, EU, Japão e Austrália para garantir a “segurança” da região, no que poderá resultar, não muito longe, numa OTAN ASIATICA. Isso contraria a China que, em razão disso, não enviará seu Presidente à reunião do G20. Os dois países concorrem, também, agora, na corrida espacial. De resto, o nível de relacionamento entre China e USA tem sido objeto de crescentes tensões, as quais deverão se restringir a foro bilateral cuidadosamente programado e não a foros multilaterais. A coisa vai de mal a pior, sobretudo depois do anúncio de que a China avançou sobre a tecnologia de microprocessadores. Outra ausência será a de Putin, que tenta evitar com isso, a obrigação de ter que se opor a eventual nota final do evento que condene a invasão da UCRANIA, um dos pontos principais da agenda internacional dos americanos. O G20, com isso tudo, sai enfraquecido e não promete grande coisa com a reunião de Délhi.
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Editorial Cultural FM Torres RS 04 de setembro 23
EDUCAÇÃO NO BRASIL
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FSP – Mais escolarizados têm queda maior de renda na década. Segundo o IBGE quem estudou mais perdeu em média 16,7% dos rendimentos e caiu na informalidade. (Capa da Folha de São Paulo em 4 setembro 23)
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A educação pública, gratuita e universal é um dos maiores legados da modernidade e foi introduzida no mundo inteiro depois da Revolução Francesa. No Brasil ela mourejou até a Revolução de 30, quando Vargas cria, então, o Ministério da Educação. Na Proclamação da República, 85% dos brasileiros eram analfabetos. Apenas os filhos da elite tinham acesso à educação em estabelecimentos geralmente religiosos. O primeiro responsável e defensor da educação pública na Proclamação foi Benjamin Constant, severo positivista, grande defensor da República junto aos quartéis no final do século XIX. Ele acreditava na importância da educação para o progresso do país e conseguiu, mudar o currículo para matérias voltadas à modernização do país e que acabaram sendo introduzidas no COLÉGIO PEDRO II, federal, no Rio de Janeiro. Começávamos a romper com o bacharelismo e beletrismo que animava o que Celso Furtado, quando Ministro da Cultura identificava como tendência ao “bovarismo” no Brasil. Durou pouco Benjamin Constant, caiu com Deodoro da Fonseca. Mas na década de 30 já havia um movimento pela renovação do ensino no Brasil, que acabou consagrado num famoso manifesto liderado por Anísio Teixeira e que desembocou no denominado escolanovismo, uma inspiração oriunda dos ensinamentos de J. Dewey nos Estados Unidos. A mudança de regime impulsionou, então, a educação pública no país e reuniu no novo Ministério, sobretudo na gestão Gustavo Capanema, um histórico núcleo progressista, dentre eles até o poeta Carlos Drummond de Andrade. Ainda assim, ali criou-se o que seria uma característica do sistema brasileiro: A transferência da responsabilidade pela educação básica a Estados e Municípios, sem uma carreira federal de suporte ao magistério, embora amparados estes escalões inferiores da federação com programa de Apoio ao Ensino Básico. Lamentavelmente, quando mais necessitava a educação no Brasil um novo impulso, caímos no desastre do Governo passado, o qual deixou na Educação e Saúde seus mais desastrosos efeitos. Algumas conquistas, entretanto, sobreviveram, dentre elas a instituição do ENEM como instrumento de acesso ao terceiro ciclo. Mas um dos grandes problemas é a evasão escolar dos adolescentes, maioria filhos de classes mais pobres. Eles engrossam os milhões de NEM NENS que acabam sem escola e sem emprego. Ninguém vela sobre eles. As Prefeituras nem sabem quantos eles são e onde estão. Mas mesmo os que alcançam escolaridade mais alta estão cada vez mais precarizados e ganhando cada vez manos. Isso é o que aponta, hoje, a capa de um dos grandes jornais do Brasil, coincidindo com matéria também divulgada no fim da semana da REVISTA PIAUÍ mostrando o abandono do EJA.
Anexo
EDUCAÇÃO NO BRASIL
Desmantelando o Brasil de Paulo Freire - Em crise, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem o menor número de matrículas desde 2007. Em dez anos, 28 mil turmas foram fechadas. Entenda na reportagem. AMANDA GORZIZA = https://piaui.folha.uol.com.br/desmantelando-o-brasil-de-paulo-freire/?utm_campaign=a_semana_na_piaui_177&utm_medium=email&utm_source=RD+Station
DESMANTELAMENTO ESCOLAR – CENSO ESCOLAR 2022
MATRÍCULAS EJA –
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2007 – 5,0 milhões
2018 3,5
2022 2,7
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Em dezembro de 2022, Ana Paula de Lima estava finalizando os últimos trabalhos da escola, já pensando nas festas de fim de ano, quando foi surpreendida por uma notícia: seu colégio extinguiria, no ano seguinte, todas as turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) – modalidade de ensino voltada para pessoas que não puderam estudar na idade adequada. É o caso de Lima, gaúcha de 38 anos que, na adolescência, largou os estudos para trabalhar. Foi merendeira, faxineira, comerciante. Nunca mais tinha pisado numa sala de aula, até que, no ano passado, constatou que precisaria do diploma de ensino médio para prestar um concurso público. Resolveu então se matricular numa escola estadual da cidade onde mora, São Gabriel (RS), e vinha estudando com afinco. Até receber a notícia.
“Hoje em dia, todos os empregos pedem ensino médio completo”, lamenta Lima, que está desempregada, procurando trabalho há quatro meses. Com a extinção das turmas de EJA, o plano de conseguir um diploma foi adiado indefinidamente. Ela tinha acabado de concluir o equivalente ao 1º ano do ensino médio. Como o ensino de jovens e adultos é acelerado em relação ao ensino básico, Lima só precisaria estudar por mais um ano para se formar.
Em São Gabriel, onde vivem 58 mil pessoas, agora há somente uma escola pública com turmas de EJA, mas ela fica no Centro, distante do bairro onde Lima mora. Como as aulas terminam às onze da noite, horário em que não há mais ônibus circulando, a estudante teria de voltar a pé para casa todos os dias. É um trajeto de 50 minutos. “Não tem como andar sozinha a pé nesse horário, ainda mais sendo mulher. Por isso não quis ir para a outra escola, fiquei com medo”, ela justifica. “E não sou só eu. Uns quantos colegas também desistiram. ”
A Educação de Jovens e Adultos lida, historicamente, com altos índices de evasão. Grande parte dos alunos trabalha durante o dia e, por isso, não consegue conciliar a rotina com os estudos. É comum que, pela dificuldade de aprender ou por não ver propósito em estudar, muitos desanimem no meio do caminho. Por isso, as turmas de EJA costumam encolher ao longo do ano letivo. As barreiras são muitas. Mas mesmo aqueles que conseguem superar tudo isso, como Lima, têm sido surpreendidos com problemas estruturais da educação no Brasil.
O número de matrículas da Educação de Jovens e Adultos é, hoje, o menor desde 2007. Naquele ano, havia 5 milhões de brasileiros matriculados nessa modalidade. Em 2018, o número já tinha caído para 3,5 milhões e, no ano passado, eram 2,7 milhões. A queda se deve, em boa medida, ao fechamento de vagas, como aconteceu na cidade de São Gabriel. Nos últimos dez anos, 28 mil turmas de EJA foram fechadas e 7,8 mil colégios deixaram de oferecer ensino para jovens e adultos. Em 921 municípios (16% do total), não há turmas de EJA.
A pandemia influenciou na diminuição de matrículas. A evasão no ensino público aumentou de modo geral nos anos de isolamento, e não foi diferente com a EJA. Mas, no caso dos jovens e adultos, o que está por trás desse fenômeno é também um esvaziamento de políticas públicas e, principalmente, cortes orçamentários. Um dossiê elaborado por entidades civis, entre elas a Instituição Paulo Freire, mostra que o investimento do governo federal na modalidade EJA, no ano passado, equivale a 3% do que foi investido…
Editorial Cultural FM Torres RS 31 de agosto 23
A apatia dos movimentos sociais
19 de abr. de 2023 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (19 que os movimentos sociais devem aprender a se comunicar nas redes ...
O lulismo, os movimentos sociais no Brasil e o lugar social da política* Maria Orlanda Pinassi* - Resumo: Arrisco comentários sobre a maioridade burguesa da política brasileira, algo reconhecido pelos mais exigentes mentores das políticas neoliberais, não só pela eficiência com que o lulismo faz a mediação entre os interesses do grande capital e os produtos incontornáveis do padrão de acumulação ora imposto: desemprego estrutural, fome e destruição ambiental. Sua maior arte é fazer tudo isso sem provocar qualquer mudança substantiva ao país historicamente marcado pela condição de colonialidade crônica, de desigualdade social endêmica, de sua posição pífia no ranking do mercado de bens de produção, da parca geração de tecnologias, da estabilidade débil da sua economia e política internas. - pucsp.br - https://revistas.pucsp.br › article › download
file:///C:/Users/Usuario/Documents/BRASIL%20Artigos/LULA%20E%20MOV%20SOCIAIS.pdf
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Apatia dos movimentos sociais trava demandas populares e preocupa Lula. Segundos aliados próximos, o Presidente tem se queixado de que a mobilização de movimentos sociais tem sido morna durante o seu governo. Mas o que são Movimentos Sociais?
Os princípios dos movimentos sociais, segundo o sociólogo francês Alaine Touraine, se consubstanciam nos seguintes: a identidade, oposição e totalidade.
No entanto, esses são os princípios de existência dos movimentos sociais, na medida em que têm uma identidade: quem é, um nome, de quem fala ou representa, quais são os interesses que defendem, as aspirações que procuram obter ou alcançar numa determinada sociedade, podem defender uma classe, ou grupo profissional específico, como por exemplo a classe de professores, dos médicos, dos jornalistas, ou ainda associações ambientais ou de consumo.
Quanto a oposição, isto tem a ver com aquilo que o grupo procura manifestar, têm essencialmente um carácter reivindicativo, na medida em que procuram alterar a ordem social vigente, todo o sistema social por meio de suas ideias, normas e valores que defendem.
Porém, quanto a totalidade, que vai ser por sua vez, o resultado da ação dos indivíduos organizados em grupos, pois, é um fenómeno coletivo e que por via disso, procura mudar o curso da história de uma dada coletividade humana, resultando concomitantemente numa ação histórica.
No Brasil, até bem pouco tempo, havia uma vaga noção de que nossa sociedade era gelatinosa, pouco organizada socialmente e com baixa capacidade de se movimentar como movimento. Um severo crítico da própria esquerda, Vladimir Safatle, tem compara o Brasil com países como Chile, demonstrando, lá a vitalidade dos movimentos sociais. A Argentina é outro caso concreto de forte presença de movimentos sociais. Dificilmente, por exemplo, o anarco-capitalista Milei governará aquele país diante de eventual rebelião social, já visível em ataques a supermercados. Talvez, mais do que criticar historicamente a esquerda pela sua preferência pelos gabinetes e que a leva aos contratempos de Vargas, Jango e Dilma Roussef, devêssemos compreender melhor as dificuldades estruturais para a organização de movimentos sociais numa sociedade marcada pela escravidão, com poucos laços de cooperação interna. Com exceção da ocupação colonial no Rio Grande do Sul, marcada pelo objetivo de povoamento, no resto do Brasil a colonização se resumiu na montagem de um empreendimento comercial voltado à produção para o exterior. Ora, isso é muito diferente da longa fermentação feudal vivida pela Europa, mesmo Oriental, como no caso da comuna russa do MIR, ou das organizações sociais advindas de comunidades indígenas, muito fortes no caso da Bolívia, Equador e Peru. Em todo o caso, a verdade é que, com todos os obstáculos históricos a modernização, mesmo autoritária no Brasil, acabou ensejando um forte movimento sindical, cuja maior expressão está no fato mesmo da indicação de seu maior líder ocupar, pela terceira vez, a Presidência da República. Ele, porém, se ressente, agora, da falta de mobilização social em seu próprio apoio.
Diversos analistas se têm, então, debruçado sobre essa questão. Destaco, aqui, dois deles, amigos próximos, do Grupo Urutau, de Porto Alegre, nomes fictícios naturalmente, e que trazem algumas hipóteses para se compreender melhor o assunto na avaliação deste comentário PAINEL da FSP MOVIMENTOS SOCIAIS:
Folha.uol-PT-nao-apostou-na-relacao-com-movimentos-sociais-diz-coordenador-de-central
João da Silva
Acho este discurso do Bonfim um pouco meio bastante muito totalmente "fácil e fofo". Um partido jovem de crescimento acelerado (e, por isso mesmo, problemático, pois acaba incorporando "Delcídios da vida") e que assume a responsabilidade de governar um país do tamanho do Brasil tem, necessariamente, que deslocar uma parcela expressiva de seus quadros para a gestão governamental. Ou será que se queria que figuras como Tereza Campello, Zeca Dirceu, Gleisi Hoffman, Lindbergh Farias, Arno Augustin ou Eduardo Suplicy ficassem fazendo trabalho de base e organizando associações de moradores? .... O problema é completamente outro. É quase o inverso. Foram as lideranças sindicais e as lideranças dos movimentos sociais de base que se acomodaram a partir de suas relações privilegiadas com quadros dos governos petistas. A elevação impositiva do salário mínimo e o controle de preços via juros-câmbio garantiu aumentos de salário real sem a necessidade de grandes mobilizações sindicais. O bolsa família e a verba das emendas parlamentares canalizadas para a petralhada do congresso e das câmaras de vereadores e estaduais de deputados passaram a ser disputadas pelos líderes de bairro. E não só para garantir a reeleição do deputado. Esta é uma relação "uma mão lava a outra". O liderzinho bairrista também se reforça. ... Mas é bonitinho e fofo dizer que o problema todo está na burocracia partidária que ignora "as basi". ... Estas "basi", não poucas vezes, são ainda mais clientelistas, cartoriais e oportunistas do que as lideranças. ... Não pactuo nem um pouco com esse discurso. .... O que ele tem de correto, do meu ponto de vista, está na versão do Lula. ... Só que ele não pode pedir mobilização se não fizer o que prometeu: a contrarreforma trabalhista. O fim do imposto sindical colocou os sindicatos num estado de penúria. Como Lula quer mobilização de rua se não há como financiá-la? Isto é urgente. É para ontem.
José de Souza - nem tanto ao mar nem tanto à terra. O problema não se explica apenas pelas dificuldades de um partido jovem e pelo fato de seus qualificados, denodados e esforçados quadros terem sido absorvidos pelas tarefas de governo (pesadíssimas, por óbvio!), a ponto de não poderem cuidar do bom comportamento das bases. As expectativas destas, resumidas, grosso modo, no dito "farinha pouca meu pirão primeiro", constituem, antes de tudo, um problema ideológico, e o partido é um agente fundamental da ideologia! Já se disse inúmeras vezes que o PT no governo apostou numa política de resolução dos conflitos sociais e dos problemas da desigualdade social via incentivo ao consumo! Isto traduz uma ideologia! Quando Lula enchia a boca para dizer "todo brasileiro tem direito de ter seu carrinho" e "todo trabalhador tem direito de querer passar férias em Bariloche" ele estava verbalizando sua visão de "luta de classes". Burlesca, para dizer o mínimo, mas coerente com a política dos seus governos, que deixou as grandes questões de políticas públicas (reforma educacional, inclusive da universidade; reforma urbana; reforma agrária, que obviamente não se resume a financiar assentamentos - enfim, a agenda dos anos 1960 estava à espera...). Ora, com isto ele apontou a nova via para as "bases": transformar a energia da mobilização coletiva (sindicatos, associações, etc.) em combustível dos "batalhadores", para empregar a expressão daquele sociólogo, o Jessé de Souza. Nada contra a política de valorização do salário mínimo, pelo amor de deus! Mas ela precisa ter o complemento de uma política de valorização da solidariedade social, através do fortalecimento das associações públicas que dão estrutura, ossatura, para o debate público autônomo em relação ao governo! E o problema não é só ter acabado com o imposto sindical. Aliás, ajudei a fundar um sindicato que rejeitou explicitamente o imposto sindical em seu estatuto, e nem por isso deixou de ser combativo e mobilizador! Perdeu sua capacidade de mobilização quando incorporou uma agenda de apoio ao governo!
Editorial Cultural FM Torres RS Dia 30 agosto23
- Lavajato e Deltan já eram. Moro, por um fio
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Partidos ligados a Moro são intimados e devem apresentar evidências para cassação a qualquer momento. Podemos e União Brasil devem entregar até 7 de setembro documentos que confirmem gastos do ex-juiz suspeito em valores superiores ao limite estipulado para pré-campanha ao Senado. 247 - Na última quarta-feira (23), os partidos Podemos e União Brasil receberam intimações para colaborar na coleta de provas relacionadas às ações que discutem a cassação do mandato do ex-juiz suspeito Sergio Moro, atualmente senador. A informação é da coluna do Lauro Jardim no jornal O Globo
https://www.brasil247.com/regionais/sul/partidos-ligados-a-moro-sao-intimados-e-devem-apresentar-evidencias-para-cassacao-a-qualquer-momento?utm_source=mailerlite&utm_medium=email&utm_campaign=as_principais_noticias_desta_noite_no_brasil_247&utm_term=2023-08-29
A Operação Lava Jato foi um conjunto de investigações, promovido peo Ministério Público Federal, algumas controversas, realizadas pela Polícia Federal do Brasil, que cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão .
Data: 17 de mar. de 2014 – 1 de fev. de 2021 - https://www.mpf.mp.br/grandes-casos/lava-jato/entenda-o-caso
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A operação Lavajato, cujo nome deriva de uma investigação policial sobre lavagem de dinheiro num mero lavajato em 2014, tomou vulto extraordinário no país e acabou se transformando, sob o comando de um obscuro Juiz Federal, Sérgio Moro, num libelo contra o sistema político ao revelar supostos e espúrios conluios entre grandes empresas e políticos. Com epicentro na “República de Curitiba”, espraiou-se para outros Estados, notadamente Rio de Janeiro. Resultou na prisão do ex Presidente Lula, com a consequente exclusão de sua candidatura à Presidência em 2018, vindo a se constituir num dos principais fatores da eleição de Bolsonaro naquele ano ao Planalto. Os tempos, porém, revelariam não só intenções políticas inequívocas de Sergio Moro, hoje Senador, e seu “parceiro”, do Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol, como desvios de conduta ao longo do processo, levando à anulação dos processos da Lavajato. A revelação de combinações entre o Juiz e o Procurador pela INTERCEPT na denominada VAZAJATO confirmaria estes desvios em 2021, sublihando a tese da defesa de Lula. Aproveitando, o atual Procurador Geral da República, Aras, indicado por Bolsonaro, fez da liquidação da Lavajato, seu principal objetivo e agora o “ajuste de contas de Justiça com a Lavajato”, título de artigo do Jorn. Luiz Carlos Azedo, do Correio Braziliense, vai às últimas consequências, ao tempo em que a Justiça Eleitoral está prestes a cassar o mandato de Sergio Moro por irregularidades em sua eleição em 2022. Vai, assim, chegando ao fim a Operação que chegou a despertar a atenção e simpatia de muitos que substituíram suas esperanças de mudanças políticas, não através da própria Política, mas da Toga. Deltan já se foi. Agora, é o mandato de Moro que está por um fio. Voltarão à planície de sua própria mediocridade, um dia iluminada por desmedida ambição.
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Luiz Carlos Azedo - O ajuste de contas da Justiça com a Lava-Jato - Correio Braziliense - terça-feira, 29 de agosto de 2023
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) realiza correições no Paraná, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul para investigar desvios no transcurso da Operação Lava-Jato
A desconstrução em curso da Operação Lava-Jato é o principal trunfo do procurador-geral da República, Augusto Aras, para permanecer no cargo. Embora essa possibilidade seja remota, o ajuste de contas com a força-tarefa é música para os ouvidos do presidente Luiz Inácio da Silva e o Senado, responsáveis pela escolha do chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Uma conjugação de astros opera contra os principais responsáveis pela sua condenação, que foi anulada pelo STF, o então coordenador da força-tarefa, o ex-deputado Deltan Dallagnol (Republicanos-PR), cujo mandato foi cassado pela Mesa da Câmara, e o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR), à época o titular da 8ª Vara Criminal de Curitiba, que agora também está ameaçado de cassação no Senado.
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) realiza correições no Paraná, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul para investigar desvios no transcurso da Lava-Jato, entre os quais o uso indevido de recursos arrecadados pela operação. Em sigilo, uma correição extraordinária, conduzida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na 13ª Vara Federal de Curitiba e no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, investiga a atuação de promotores e juízes no caso. Está sob responsabilidade do corregedor nacional de Justiça, ministro do STJ Luís Felipe Salomão, que também é candidato a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
O principal caso investigado é a proposta de criação de uma fundação para gerenciar os recursos provenientes dos acordos com as empresas envolvidas no escândalo, ideia que naufragou porque não teve apoio do Supremo. O acordo com a Petrobras previa que R$ 2,5 bilhões seriam depositados em conta vinculada à 13ª Vara Federal de Curitiba, destinados ao empreendimento. Uma das cláusulas previa o fornecimento de informações ao governo dos Estados Unidos sobre os negócios da Petrobras, para que o dinheiro viesse para o fundo.
A própria PGR recorreu ao STF pedindo que fosse declarada a nulidade do acordo; no mesmo dia, o MPF anunciou a suspensão da criação do fundo. A proposta era que o fundo fosse criado com US$ 75 mil e gerenciado por um consórcio entre a Transparência Internacional e a Fundação Getulio Vargas, cujos principais dirigentes à época eram Bruno Brandão e Joaquim Falcão, respectivamente, que supostamente participaram da elaboração do projeto.
A fundação da Lava-Jato seria criada com um caixa bilionário: R$ 2,5 bilhões da Petrobras, R$ 2,3 bilhões oriundos do acordo de leniência do grupo J&F e R$ 1,4 bilhão do acordo de leniência com a Camargo Corrêa. R$ 625 milhões da multa deveriam ser pagos à força-tarefa. O plano ruiu porque, em 2019, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) detonaram o projeto. Ocorre que, antes disso, Moro havia determinado o depósito em conta da 13ª Vara Criminal Federal de US$ 100 milhões do ex-presidente da Sete Brasil Pedro Barusco e outros recursos de alguns acordos de leniência.
Correições
Segundo a AGU e a CGU, Moro não poderia homologar acordos de leniência nem contratos com órgãos dos Estados Unidos e da Suíça à revelia do Ministério da Justiça, do Itamaraty e do governo brasileiro. Num dos acordos, previa-se que dos R$ 3,1 bilhões do acerto da Braskem, R$ 2,3 bilhões iriam para o MPF; R$ 310 milhões, para o Departamento de Justiça americano; R$ 212 milhões, para a CVM dos EUA; e mais R$ 310 milhões, para a Procuradoria-Geral da Suíça. O acordo com a Odebrecht previa que, dos R$ 3,8 bilhões que seriam pagos na leniência, 82,1% iriam para o MPF; 10%, para as autoridades suíças; e 7,9%, para o Departamento de Justiça dos EUA. Cerca de R$ 10 milhões foram destinados à vara do juiz federal Marcelo Bretas, do Rio de Janeiro, afastado do cargo pelo CNJ.
Correições existem para identificar e corrigir erros, eventuais excessos e abusos cometidos por magistrados. No caso do CNJ, o corregedor Luís Felipe Salomão conta com o auxílio de um desembargador e dois juízes para checar todas as fases e informações dos processos. Uma das primeiras medidas tomadas, no fim de maio, foi afastar o juiz Eduardo Appio do comando da 13ª Vara Federal, em Curitiba.
O advogado João Eduardo Malucelli, filho do desembargador Marcelo Malucelli, da 8ª Turma, recebeu uma ligação telefônica suspeita. Perícia da Polícia Federal afirmou que a voz do interlocutor poderia ser do próprio Eduardo Appio. O juiz recorreu ao CNJ para voltar ao cargo, mas o ministro Salomão decidiu mantê-lo afastado da 13ª Vara Federal de Curitiba até que seja concluída a investigação sobre supostas ameaças ao filho do desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
A 13ª Vara também já foi comandada pelo juiz Luiz Bonat e pela juíza substituta Gabriela Hardt. No TRF-4, entre os gabinetes a serem auditados, está o do desembargador Malucelli, cujo filho é sócio no escritório de advocacia do senador Moro e da mulher dele, a deputada federal Rosângela Moro, ambos do União Brasil. Malucelli declarou-se suspeito para julgar o caso
Editorial Cultural FM Torres RS 29 de agosto 23
A tragédia da educação infantil
A educação pública e gratuita foi uma das maiores conquistas da Revolução Francesa, em 1789, que abriu a denominada Idade Contemporânea. Desde então os regimes constitucionais emergentes, sejam na forma monárquica tradicional com poderes mitigados dos soberanos, sejam nos casos republicanos os Governos foram responsabilizados pela oferta de Educação com forma não apenas de treinamento para o mercado de trabalho mas para o exercício da cidadania, incluindo nos currículos matérias indispensáveis à reflexão crítica sobre a existência e o mundo. Com o tempo, esta exigência estendeu-se à educação desde tenra idade como mecanismo indispensável à inserção dos jovens á vida em sociedade.
No Brasil tivemos um grande impulso á Educação pública com a criação do Ministério da Educação depois da Revolução de 1930, com o advento do escolanovismo que revocionou o sistema educacional no país inteiro. No Rio Grande do Sul as brizoletas foram o emblema de um governo que disseminou escolas por todo o Estado, abrindo horizontes, inclusive, para os trabalhadores do campo. Agora, o Governador Eduardo Leite anuncia o que muitos consideram inadequado e perigoso mecanismo de PARCERIA PÚBLICO PRIVADA sobre o sistema educacional, abdicando da missão histórica da responsabilidade pública maior sobre o sistema educacional. Na verdade, ultimamente a educação tem sofrido com os cortes de recursos orçamentários, sobretudo no período de vigência do Teto de Gastos introduzido em 2016 e, em boa hora, já substituído pelo Arcabouço Fiscal. Problemas se acumularam em todo o país e vale ver com atenção a matéria do g1 , hoje, sobre Educação infantil
Educação infantil - arma contra desigualdades
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/08/29/o-assunto-1035-educacao-infantil-arma-contra-desigualdades.ghtml
Um levantamento inédito - e publicado em primeira mão neste episódio de O Assunto - realizado pela organização Todos pela Educação denuncia as condições das escolas públicas de educação infantil em todo o Brasil. Na lista de descobertas, identificou-se que a maioria das escolas não têm banheiros ou refeitórios adequados; 60% não têm rede de esgoto; 64% estão sem parques infantis; 70% sofrem da falta de bibliotecas. Para apresentar os dados e as conclusões do documento, Natuza Nery recebe Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação. Ela conversa também sobre o desenvolvimento das crianças com Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, instituição que trabalha pela causa da primeira infância. Neste episódio:
Priscila justifica os motivos para escolas de educação infantil não serem “escolas quaisquer” e precisarem de “infraestrutura adequada para esta faixa etária”: “É o período no qual há explosão no desenvolvimento da criança”;
Ela justifica como a desigualdade na educação pode “solucionar o maior problema do país, que é a desigualdade socioeconômica alta e injusta”. Ela avalia que parte do problema está na diferença com a qual as crianças são tratadas na primeira infância. “Quanto mais vulnerável a criança, maior deve ser a atenção e o investimento dedicados”, afirma;
Mariana descreve a importância da escola nesta faixa etária para além dos aspectos educacionais: é onde a criança garante sua segurança alimentar e são protegidas de eventuais situações de violência doméstica. “Para as populações vulneráveis, uma creche de qualidade pode gerar benefícios ainda maiores”, avalia;
Ela explica o que a neurociência já descobriu sobre o desenvolvimento cerebral das crianças de 0 a 6 anos: são 1 milhão de conexões por segundo, o que forma até “90% do nosso cérebro” e compõe o tripé de desenvolvimento infantil – cognitivo, físico-motor e socioemocional. “Todas as competências que a gente busca no dia a dia, na escola e no mercado de trabalho estão ancoradas nisso”, conclui.
O que você precisa saber:
Nobel de Economia: investir em educação na primeira infância é a melhor 'estratégia anticrime'// Primeira infância: afeto e estímulos são essenciais na formação//infância: alimentação e educação são protagonistas// IGBE: índice de crianças de 4 e 5 anos na escola cai pós pandemia
O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski, Eto Osclighter e Nayara Fernandes. Apresentação: Natuza Nery
Editorial Cultural FM Torres RS 28 de agosto 23
O BRICS como revolta do Sul Global
A divisão do mundo em blocos de nações com interesses até antagônicos não é nova. Ainda temos na memória a formação de dois grupos de nações que se confrontaram na II Guerra Mundial: O Eixo, com Alemanha, Itália e Japão, de um lado, Aliados, com Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética, de outro. Sim, os comunistas, até então reduzidos apenas à URSS eram aliados das democracias ocidentais contra o nazi-fascismo. E o Brasil, embora modestamente, também fazia parte dos aliados. Deixou nos campos de batalha da Itália cerca de 300 pracinhas da Força Expedicionária Brasileira, a FEB, cujos sobreviventes costumavam desfilar no 7 de setembro em várias cidades do Brasil nas comemorações da Semana da Pátria. Mas já nos primórdios da I Guerra Mundial, um dos fatores que levaram à Guerra foi precisamente a corrida à formação de blocos de países com interesses diversos que acabaram levando-os ao confronto bélico. Resultados das duas grandes guerras mundiais: cerca de 100 milhões de mortos e destruição material de vários países europeus. Em 1945 três grandes países saíram intactos – a India, nesta época ainda era colônia britânica e a China destroçada pela invasão colonial e japonesa, nem contava na geopolítica mundial - : Estados Unidos , Argentina e Brasil. Pouco depois deste ano, já em 1947, começava a esboçar-se uma nova divisão do mundo em blocos, o Ocidental X Comunistas liderados por URSS dando origem ao que se convencionou chamar de Guerra Fria. Com a corrida nuclear, o confronto quase chegou à III Guerra mas o próprio custo armamentista, que saiu das trincheiras de terra para a corrida espacial esgotou a União Soviética, que acabou ruindo em 1991. Daí até 2001, quando ocorre o atentado ás Torres Gêmeas em Nova York, o mundo mergulho na Pax Americana dourada pela retórica da globalização. Parecia que tudo estava em paz sob o “Consenso de Waschington”, um conjunto de regras de governança liberais sob hegemonia do dólar, que se disseminaram como o novo caminho de paz e prosperidade para o mundo inteiro. Vã ilusão, que os atentados às Torres Gêmeas evidenciaram. A paz e a prosperidade eram não só para poucos países do mundo, com epicentro nos Estados Unidos, como mesmo dentro dos países centrais a riqueza gerada principalmente pelos grandes conglomerados financeiros era cada vez mais concentrada. Acabamos na revelação de que 1%¨da humanidade controlava os 99% restantes, empobrecidos e marginalizados. A virada do milênio começou, então, a trazer à tona a revelação de que era necessária uma revisão nas regras da governança e organização do concerto internacional das nações. O modelo da ONU, com mais de 200 nações ali representadas mas sem poder de remodelar Agências importantes para o financiamento do desenvolvimento e garantias à paz já não funcionava. Um fator novo aí começou a se destacar na geopolítica mundial: O enorme crescimento da China cuja desenvoltura econômica a transformou na segunda potência econômica mundial e a primeira no comércio internacional, sendo a principal compradora de mais de 150 país e com o Plano de deslocar o eixo do mundo do Atlântico para a velha Rota da Seda. Isso despertou o interesse de vários países do mundo para se associarem à China para impulsionarem seu desenvolvimento interno travado pela governança financeira internacional, não só onerosa como imperativa em termos de capacidade de expansão de indispensáveis investimentos públicos. A atitude, também, dos Estados Unidos, de usarem e abusarem da política de sanções contra aqueles que se insubordinavam ao Consenso de Waschington, expropriando-os de suas reservas em dólar no sistema bancário ocidental e proibindo-os de operar em seus mecanismos de operação, como ocorreu com Venezuela, Irã e mais recentemente Rússia, acabou atraindo muitos países do mundo à aproximação com a China, que já tem presença marcante na Ásia, África, América Latina e até mesmo na Itália. Lembremo-nos que o COVID, depois da irrupção em Huan, despontou justamente no norte da Itália onde já vivem mais de 200 mil chineses em torno de empresas daquele país. Uma primeira iniciativa foi a criação dos BRICS, reunindo Brasil, Rússia, Índia e China, ao qual somou-se, em seguida a Afinca do Sul, compondo o S final do BRICS. Agora o grupo incorporou mais seis países dos vários continentes e talvez venha incorporar muitos mais dentro de pouco tempo. Isso é o reflexo do descontentamento de duas centenas de países com assento na ONU mas que não são mais polarizados pela hegemonia dita Ocidental, cada vez mais reduzida, apesar da dicção própria de que se constituem a consciência e a voz do mundo. O caso das votações sobre a Guerra na Ucrânia revela isso. A grande maioria dos países na ONU até condena a invasão unilateral da Rússia mas não é favorável às sanções contra esse país. Isso não aparece no noticiário, fiel às Agências Internacionais ainda aliadas do Consenso de Waschington, mas inequívoco. A tal ponto que uma alta dignitária americana já chegou a falar em rebeldia do Sul Global contra o Norte. E até certo ponto ela tem razão. A última reunião do BRICS na África do Sul é uma espécie de resposta de inúmeros países que sofreram com a colonização ocidental, tiveram suas economias e povos destroçados por interesses europeus e americanos e que agora procuram caminhos próprios. Trata-se, enfim, não de uma Declaração de Guerra do Sul contra o Norte, dominado pelo dólar e pelos Estados Unidos, mas numa clara advertência de que há necessidade de se criar uma nova arquitetura para a geopolítica mundial que contemple a entrada de novos atores na cena econômica e isso significa mudança nos marcos da ordem institucional internacional. O mundo deve caminhar para criação de vários polos de desenvolvimento e não apenas ficar condicionado aos ditames de interesses americanos e europeus. Onde tudo isso vai dar ninguém sabe. Tudo depende da capacidade de negociação e acomodação de interesses. Se houver intolerância, não está excluída a hipótese de novo conflito mundial. Mas dado que esta hipótese tangencia o fim da civilização com o holocausto nuclear, talvez ainda subsista uma esperança de paz. Mas não será a PAX AMERICANA sonhada em 1991 por ideólogos daquele país. Será uma nova Era para a humanidade, mais diversificada econômica, monetária e ideologicamente.
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Anexo, leitura relacionada:
Expansão do BRICS é o maior golpe já desferido contra a hegemonia do dólar, diz José Luís Fiori
Brasil247-expansao-do-brics-e-o-maior-golpe-ja-desferido-contra-a-hegemonia-do-dolar-diz-jose-luis-fiori?utm_source=mailerlite&utm_medium=email&utm_campaign=as_principais_noticias_desta_manha_no_brasil
“A reunião de Johanesburgo antecipou a substituição do dólar nas transações energéticas entre os países membros", diz o professor; assista a entrevista ao Tutaméia
BEM-VINDO AO BRICS 11. O G7 está morto. Por Pepe Escobar
https://www.suacidadeemrevista.com.br/o-g7-esta-morto-o-que-importa-agora-e-o-brics-11-afirma-pepe-escobar/
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Editorial Cultural FM Torres RS 25 de agosto 23
A tirania da meritocracia
A presença do Prof. Michael Sandel – Harvard USA – no Brasil, onde fez várias entrevistas, inclusive um RODA VIVA na Band News, traz à tona uma reflexão sobre os fundamentos e rumos do mundo ocidental contemporâneo. Autor de vários livros dentre eles “Justiça”, “Tirania do Mérito”, e “Democracy ´s Discontent” ele prega o retorno à pedagogia das virtudes cívicas a partir de pequenas comunidades (em substituição à valorização da concorrência acionada pelo princípio da meritocracia como caminho) para a salvação das nossas fugidias democracias. Seria um pouco como voltar às bases, numa pregação muito similar à adotada pelas Comunidades Eclesiais de Base nos anos 1960/80, decisivas na formação do PARTIDO DOS TRABALHADORES – PT numa tentativa de valorizar o produto do trabalho instigando os trabalhadores à participação na vida pública.
A verdade é que o mundo ocidental está em crise e seu grande predicado, o sistema de livre organização e representação parlamentar como suporte do Estado de Direito Democrático já não satisfaz. Há uma rebelião visível contra o sistema político estabelecido com base em Partidos que operam estes mecanismos. Os Partidos, no advento do regime republicano, abertos a todo e qualquer cidadão de uma comunidade constitucional ao provimento de funções representativas em substituição ao direito divino dos reis, foram concebidos como Escolas de formação e qualificação dos candidatos. Não funcionaram. Na grande maioria dos países os Partidos foram empolgados por minorias oligárquicas que os administram de acordo com seus interesses particulares distanciando-os, com o tempo, das clivagens sociais que os originaram. Ao mesmo tempo, a expansão dos sistemas universitários ultrapassou de longe a capacidade dos Partidos para a formação de administradores de um mundo cada vez mais complexo. ”. Um velho líder brasileiro os qualificava como “Partidos Axilares”, visto serem controlados por grupos que detêm os respectivos Livros de Atas debaixo das axilas Neste ínterim, do final do século XIX, quando os Partidos Modernos foram fundados, até os dias de hoje, a Sociedade Civil adensou-se e se organizou, ganhando níveis cada vez maiores de reconhecimento social. Mas ficaram reféns dos Partidos. Um Presidente da FIERGS, um alto dirigente do CPERS ou do MST, o maior movimento social organizado da América Latina, um líder ambiental, indígena, ou do Movimento Negro, se quiser se candidatar, terá que se submeter à filiação num Partido Político. De resto, populações dispersas em metrópoles crescentemente favelizadas, sem acesso à informação e à cultura, além de reféns das Redes Sociais, virando-se nos mais distintos afazeres para ganhar a vida, ao contrário dos velhos bairros operários, ressentem-se com o monopólio dos “políticos” sobre a coisa púbica. Basta ver, por exemplo, qualquer Câmara de Vereadores no país. Poucos compreendem seu papel na dinâmica do poder e acompanham suas atividades, não raro sob a asa e controle dos Prefeitos. Enfim, começam a desconfiar dos predicados da Ciência, cada vez mais distante de sua vivência cotidiana. Retornam ao cataplasma e acabam acreditando que a Terra é plana... Isso tudo releva a dicção de Sandel e outros Filósofos Políticos que clamam pelo retorno às virtudes públicas como exigência da cidadania.
Se isso já era crítico até os anos 1980, a partir daí outro fator somou-se a decadência da esfera pública. Um autor, Richard Sennet, tratou disso no seu famoso livro “O Declínio do Homem Público” e outros destacam a degradação dos próprios Governos Nacionais frente à dita Governança Global dos grandes blocos financeiros, cujo marco é o denominado “Consenso de Washington”, 1989, preocupado exclusivamente com garantias a saudável acumulação financeira. Como entender que os bilionários multipliquem seus ganhos além fronteiras, sem qualquer limitação nem muitas vezes pagamento de impostos quando ser erguem muros e barreiras cada vez mais altas para que povos pobres procurem novas oportunidades em países mais ricos? Com isso, os últimos vestígios de definição ideológica dos Partidos Nacionais acabaram se diluindo sob os argumentos da “eficiência” econômica comandada por resultados corporativos globais e não de qualidade de vida das classes assalariadas.
Maus sinais para as democracias que, incapazes de produzirem uma sociedade cada vez mais progressista e homogênea, acabam sucumbindo aos apelos de salvadores de pátria extremistas de direita, vez que, à esquerda, até mesmo os radicais comunistas acabaram acomodando-se à práxis das mornas políticas de estabilização, ainda que defendendo, aqui e acolá, Políticas compensatórias aos menos favorecidos.
Na verdade, vivemos um mundo estranho no qual as bandeiras e métodos de contestação, típicos dos utópicos, acabaram caindo no colo de líderes populistas de extrema direita que, com isso, procuram capitalizar a preferência eleitoral das populações marginalizadas, tal como faz o milionário Donald Trump que não se cansa de dizer: - ‘Amo os sem educação’. Pura canalhice...Hora de se prestar atenção aos conselhos do Professor Sandel. Por que não temos tantas sedes de Partido nas periferias como existem lá Igrejas? Por que os políticos não providenciam levar ao povo a pregação de suas agremiações de forma a que, à cabeceira de cada leito familiar haja, ao lado do Livro Sagrado, uma Constituição? Depois não adiantará reclamar que há excesso de “analfabetos políticos”...
Anexos
RODA VIVA – TV Cultura – dias 14 e 19 agosto – O filósofo MICHEL SANDEL, Prof. Harvard USA, Autor de A TIRANIA DA MERITOCRACIA fala sobre a crise da meritocracia e a revolta contra as elites no mundo inteiro - https://www.youtube.com/watch?v=-XhwAq6CeQo
Michael Sandel e a democracia do cotidiano – gauchazh.clicrbs-cultura-e-lazer/michael-sandel-e-a-democracia-do-cotidiano
Filósofo de Harvard, que estará em Porto Alegre em 9 de agosto, aponta caminhos para fortalecer as instituições e o espírito democrático
RBS BRAND STUDIO - Michael Sandel é frequentemente apresentado como um “popstar” da filosofia. E o título não diz respeito apenas à popularidade de seus livros, que já foram traduzidos em mais de 30 idiomas. Professor da Harvard, o americano consegue transformar discussões densas em conferências tão envolventes e instigantes, quanto a apresentação de um astro da música.
O filósofo político estará em Porto Alegre no dia 9 de agosto, para conversar com o público e divulgar a edição brasileira de “O Descontentamento da Democracia: Uma nova abordagem para tempos periculosos”. O livro examina os motivos pelos quais a democracia tem se fragilizado nas últimas décadas nos Estados Unidos, processo que se repete em muitos outros países.
A conferência será realizada a partir das 20h, na Casa da Ospa. Os últimos ingressos podem ser adquiridos em www.fronteiras.com (participantes da temporada do Fronteiras do Pensamento já têm seu acesso garantido).
Quando está diante de uma plateia, Sandel não se limita ao tradicional posto de palestrante. Ao contrário, questiona e ouve a plateia, estimulando a reflexão e o compartilhamento de ideias. É uma postura de quem acredita que a democracia se fortalece a partir do diálogo e do debate cotidiano.
A seguir, listamos três ideias de Sandel que demonstram o quanto a postura individual dos cidadãos no dia a dia pode influenciar o debate público e a democracia.
1) Esquivar-se da moral é esquivar-se do debate
Sandel acredita que é um equívoco esquivar-se ou ignorar convicções morais e religiosas ao discutir sobre a vida em sociedade. O filósofo afirma que essa postura é erroneamente motivada pelo receio de que o debate escorregue para a intolerância e a coerção. Ele defende um percurso contrário: “Um caminho melhor para o respeito mútuo é engajar-se diretamente com as convicções morais que os cidadãos trazem à vida pública, em vez de exigir que as pessoas abandonem suas convicções morais mais profundas do lado de fora da política. Essa é uma maneira de começar a restaurar a arte da discussão democrática”.
Para Sandel, questões que se tornaram polêmicas em algum momento, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, guardam em seu cerne perguntas como “o que é um casamento? ” Ou “para que serve um casamento? ”. As respostas para essas perguntas muitas vezes são carregadas de influência moral e religiosa. No entanto, deixar de discuti-las faz com o debate se torne ainda mais confuso e mais distante de um acordo firme e respeitoso.
2) Não acredite que o mérito é só seu
Um dos livros mais badalados de Michael Sandel é “A Tirania do Mérito”, que coloca em xeque a meritocracia como fator de organização e hierarquização econômica e social. O filósofo argumenta que a meritocracia raramente é problematizada em nossa sociedade, tanto entre os conservadores, quanto entre os liberais. A discordância entre os grupos não costuma ser a respeito da “meritocracia em si, mas sobre como alcançá-la”.
Como exemplo, Sandel aponta que os conservadores consideram políticas de ação afirmativa em concursos de admissão em universidades como “uma traição à admissão baseada no mérito”. Por sua vez, “os liberais defendem as ações afirmativas como forma de remediar a injustiça persistente e argumentam que uma verdadeira meritocracia só pode ser alcançada nivelando o campo de jogo entre privilegiados e desfavorecidos”.
Essa polarização, no entanto, ainda oportuniza que pessoas privilegiadas creditem seu sucesso exclusivamente a um esforço pessoal. Sandel afirma que essa crença fundamenta uma “arrogância meritocrática” que impede o indivíduo de perceber, por exemplo, que formar um profissional no ensino superior é resultado de um esforço conjunto da sociedade, e não o fruto de uma iniciativa individual. Dessa forma, o indivíduo observa seu sucesso como um ponto isolado, e não como uma linha dentro uma trama complexa de esforços coletivos, atitude que fragiliza o senso de comunidade e, por consequência, o espírito democrático.
3) Fortaleça o debate público – fora das redes
Nos últimos anos, Michael Sandel vem alertando leitores ao redor do mundo para a necessidade do fortalecimento dos espaços de debate público. E as redes sociais não são necessariamente os melhores fóruns para esse tipo de discussão – pelo menos não do modo como funcionam atualmente.
O filósofo aponta que há pouca discussão verdadeira nesses espaços virtuais, ocupados por “guerras culturais” que não promovem acordos, mas geram ainda maior polarização. Em uma entrevista recente ao El País, Sandel afirmou que “precisamos desafiar a maneira como as mídias sociais funcionam e criar plataformas para conversas públicas que não aceitem simplesmente o modelo de negócios baseado em anúncios das empresas de tecnologia. Um modelo de negócios que não dependa da permanência das pessoas no mundo online o maior tempo possível, para que possam coletar cada vez mais dados pessoais e vender coisas aos usuários, reforçando o ciclo de consumismo. É antitético para o tipo de conversa pública de que precisamos”.
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MERITOCRACIA E ARISTOCRACIA
09 de julho de 2014 *
Franklin Cunha – Médico, membro da Academia Riograndense de Letras
A crise de transição dos Estados-Nações diante da globalização provocou uma impotência do poder do Estado, dos partidos políticos e do sindicalismo. Diante destas condições históricas surgiu nas hostes sociais democratas uma nova linha de pensamento: o liberalismo igualitário. Seu principal representante foi o jurista americano John Rawls. A novidade desta teoria está na tentativa de dar resposta ao dilema entre liberdade e igualdade, entre os direitos individuais e a equidade social. Em sua Teoria da Justiça, Rawls afirma que todos os valores sociais deverão ser repartidos de maneira igual, desde que as naturais desigualdades sejam vantajosas para os menos favorecidos. Baseado na teoria dos jogos de John Forbes Nash que pressupunha a ignorância daqueles que intervêm numa situação de escolhas de preferências, as decisões tomadas nesses casos, sob o que Rawls chama de “véu da ignorância”, seriam justas porque os jogadores tomariam uma conduta que, sem saber todos os dados, os levaria aos melhores lugares sociais e assim ser equitativos com os que ficariam nos piores lugares, pois os privilegiados saberiam que também poderiam eventualmente ser os potenciais perdedores. Simplesmente na distribuição às cegas das cartas de um baralho, ganha a partida quem recebe os melhores naipes e souber manejá-los.
Em realidade, as teses de Rawls, aparentemente justas, escondem uma sutil maneira de defender a desigualdade sob o manto da justiça, além de desconhecer o sentido comum de que ninguém quer perder nada e de não levar em conta a vida prática onde os indivíduos raramente tomam decisões desconhecendo suas consequências. Outra condição para que os “jogadores ” aceitem a desigualdade é que todos tenham as mesmas oportunidades não prejudicadas por privilégios socioeconômicos e de castas familiares ou corporativas. E, para que esta igualdade de oportunidades seja efetiva, é preciso que sejam compensadas as desvantagens do ponto de partida. Condição que na atual conjuntura das políticas neoliberais é uma quimera expressa numa falsa meritocracia que na realidade oculta o domínio da aristocracia financeira, sólida e plenamente atuante em todos os setores da economia somadas às cruéis vicissitudes vivenciais da competitividade. Enquanto isso os grandes grupos empresariais do mundo se unem cada vez mais fraternalmente em oligopólios e “holdings” numa concentração cada vez maior de riqueza financeira, dominação de conhecimentos e poder políticos.
E aos perdedores ... nem as batatas, apenas alguns ossos descarnados e descartados ao lixo.
Transcrito e reeditado por ocasião da presença no Brasil do Prof. Michael Sandel, quem, aliás, reitera minha crítica à meritocracia
Editorial Cultural FM dia 24 agosto 23
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Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1954 – Neste dia, suicidava-se o Presidente Getulio Vargas, vítima de insidiosa campanha da direita, deixando esta CARTA TESTAMENTO:
Mais uma vez, as forças que os interesses contra o povo coordenaram novamente se desencadeiam sobre mim.
Não me acusam, me insultam; não me combatem, caluniam. E não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei um regime de liberdade social. Tive que renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras e mal começa a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobras foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente.
Assumi o governo dentro da espiral inflacionária, que destruía os valores de trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500 por cento ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de cem milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma agressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo a vosso lado. Quando a fome bater a vossa porta, sentirei em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício nos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta.
Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória. Eu era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo, não mais será escravo e de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.
Getúlio Vargas (Arquivo Getúlio Vargas / Fundação Getúlio Vargas – CPDOC)
Anexos
O legado da Carta Testamento e a luta pelo socialismo do século XXI - Fonte Rede Morena
De 1930 a 1964 a cena política brasileira foi dominada pelo embate sobre os rumos que o Brasil deveria tomar enquanto nação para tornar-se um país desenvolvido.
De 30 a 54 a figura política de Vargas aglutinou um campo político que defendia a necessidade de um projeto de nação brasileira baseado na independência política e econômica e com um caráter nacionalista burguês. Porém, com o desenrolar da luta política e principalmente após o suicídio de Getulio e a divulgação da Carta Testamento, esse campo modifica sua composição social e vai paulatinamente assumindo a necessidade de um desenvolvimento voltado para as maiorias, socializante e com um caráter nacionalista revolucionário.
Contrapondo-se a esse projeto, conformou-se um campo que inicialmente defendia o retorno ao poder político das oligarquias agro-exportadoras afastadas na chamada Revolução de 30 que, com o passar da luta política, também modifica sua composição e caminha para a defesa de um desenvolvimento associado e dependente do capital internacional, notadamente estadunidense.
Apesar da política brasileira nesse período não se resumir a esses dois campos, a luta política entre seus projetos históricos tendeu a uma radicalização que polarizou a sociedade brasileira.
Getulio foi a principal liderança pela implantação desse projeto de nação de caráter nacionalista burguês que visava conciliar os interesses do capital industrial e do trabalho para enfrentar a poderosa burguesia agro-exportadora aliada ao imperialismo. Setores poderosos que não perderam oportunidades de tentar retomar seus espaços políticos em vários momentos, como em 32 em São Paulo, nas eleições que ocorreriam em 37, no golpe que derruba Getulio em 45, nas eleições deste mesmo ano e na tentativa de golpe em 54, que foi impedido pelas manifestações populares após o suicídio de Getulio.
Paralelamente a esse enfrentamento, agudiza-se no campo político getulista as contradições inconciliáveis entre os interesses do capital industrial e dos trabalhadores. A maior parte da burguesia industrial, que via com desconfiança a política e a legislação trabalhista defendida por Vargas, começa a ceder aos “encantos” econômicos do projeto de desenvolvimento associado e dependente ao capital internacional. Essas contradições se refletem na conjuntura de 1945, onde as forças que apoiavam Getulio não conseguem se unificar em uma única organização política, surgindo a partir dessa realidade o PSD e o PTB.
Após o desastroso governo entreguista e antipopular de Dutra, Getulio, que inicialmente havia se filiado ao PSD, ganha as eleições de 1950, como candidato do PTB e com o apoio das massas trabalhadoras que se debatiam em meio à miséria e a falta de perspectivas.
Com o objetivo de dar continuidade ao projeto histórico interrompido em 45, seu governo retoma e cria mecanismos, como o seguro agrário, o IBC (Instituto Brasileiro do Café), o Banco do Nordeste, a CACEX (carteira de comércio exterior) do Banco do Brasil e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) para incrementar uma política de estimulo às indústrias de base e a elevação da poupança interna.
Várias leis são sancionadas: lei sobre restrição da remessa de lucros das empresas estrangeiras para o exterior, a lei sobre crimes contra a economia popular, a lei que cria o monopólio estatal do petróleo através da Petrobrás e ainda é tentada a criação da Eletrobrás.
Após uma série de greves e mobilizações dos trabalhadores, o poder aquisitivo destes é garantido em face da inflação através de diferentes políticas sociais e do reajuste do salário mínimo de 100% proposto por João Goulart durante sua gestão no Ministério do Trabalho. Jango encaminhou a proposta mesmo sabendo que isso custaria o próprio cargo. Desde quando assumiu o Ministério sua prática de negociar e se antecipar às demandas dos trabalhadores, forçando, muitas vezes, os empregadores a fazer concessões, foi freqüentemente vista e denunciada pela oposição como uma maneira de "pregar a luta de classes".
Assim, Jango não era o ministro do Trabalho, mas o ministro dos trabalhadores. Para a oposição anti varguista Jango era um "manipulador da classe operária", "um estimulador de greves", "um amigo dos comunistas", que tinha como plano a implantação, com o assentimento de Vargas, de uma "república sindicalista" no Brasil.
Além de tudo isso, o governo Vargas participa de uma tentativa de retomar o Tratado do ABC, assinado em 1910 entre Brasil, Argentina e Chile, com o objetivo de buscar alternativas à condição de exportadores de matérias-primas e alimentos, apontando para a necessidade de uma maior integração latino-americana, com o intuito de fazer frente à hegemonia do imperialismo estadunidense na América Latina. Nas conversações mantidas com Perón, Vargas afirma que “Nossa Pátria é a América.”
Com a retomada de seu projeto, além da radicalização do campo opositor - hegemonizado pela burguesia agro-exportadora e cada vez mais aliado ao imperialismo americano - acirram-se as contradições com a maior parte da burguesia industrial, já seduzida pela lógica do capitalismo dependente. Em agosto de 54, Getulio está isolado politicamente, pois as massas trabalhadoras estavam atônitas e desnorteadas perante o ataque brutal da oposição ao seu governo, apoiado nos grandes meios de comunicação de massa.
Prestes a sofrer um golpe, Getulio suicida-se.
O suicídio não obedece a uma lógica de desespero, mas reflete o ato de uma liderança política consciente do momento histórico, de seu papel junto às massas trabalhadoras e do seu projeto histórico. Getulio constata o esgotamento da possibilidade de dar continuidade ao seu projeto nacionalista burguês, baseado na política de conciliação entre capital industrial e trabalho, em plena consolidação do imperialismo estadunidense na América Latina.
Com a divulgação da Carta Testamento, Getúlio entra para a história protagonizando o ato fundador de uma nova continuidade de seu projeto de nação em uma lógica antiimperialista e popular, que vai pautar uma reaproximação pela base de trabalhistas, socialistas e comunistas na década seguinte, dando conteúdo ao crescimento vertiginoso do PTB e de suas frações pela esquerda a partir da mobilização popular pela Legalidade e da ascensão da organização popular nas lutas pelas reformas de base no inicio da década de 60.
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Biógrafo Lira Neto: ao se matar, Getúlio Vargas adiou o golpe militar por dez anos
Já passava das 11 horas da noite do dia 7 de setembro de 1979, na praça Maurício Loureiro, centro de São Borja (RS), quando Leonel Brizola (1922-2004) subiu no palanque para fazer seu primeiro discurso em território brasileiro após voltar dos 15 anos de exílio que lhe foram impostos pela ditadura militar. Diante de 1500 […]
https://www.socialistamorena.com.br/biografo-lira-neto-ao-se-matar-getulio-vargas-adiou-o-golpe-militar-por-dez-anos/
Cynara Menezes - 25 de agosto de 20145
Já passava das 11 horas da noite do dia 7 de setembro de 1979, na praça Maurício Loureiro, centro de São Borja (RS), quando Leonel Brizola (1922-2004) subiu no palanque para fazer seu primeiro discurso em território brasileiro após voltar dos 15 anos de exílio que lhe foram impostos pela ditadura militar. Diante de 1500 pessoas, o trabalhista Brizola fez questão de destacar uma teoria que muitos ainda hoje ignoram ou rejeitam: o suicídio de Getúlio Vargas em 24 de agosto de 1954 foi capaz de deter por dez anos o golpe que se abateria sobre o Brasil em abril de 1964.
Segundo Brizola, ao escrever “saio da vida para entrar na história” na célebre Carta-Testamento, Getúlio publicava “uma denúncia e ao mesmo tempo uma antevisão”. Prevendo o golpe, Vargas se matava para deter a quartelada que se desenhava com o manifesto assinado, na véspera, por 19 generais exigindo sua renúncia –entre eles, o mesmo Castelo Branco que se tornaria presidente à força dez anos depois. Aeronáutica e Marinha já haviam feito idêntico pedido.
“Isso não é aceito pelas elites de nosso país, pela maioria dos sociólogos, pela maioria dos cientistas políticos, mas estou convencido que o Presidente Vargas anteviu este regime, até pensando que viesse no dia imediato à sua morte, mas foi o impacto emocional de seu gesto que ainda permitiu que as nossas liberdades fossem respeitadas durante mais dez anos”, afirmou Brizola, de acordo com o jornal Folha de S.Paulo, citado no livro El Caudillo, de FC Leite Filho.
Getúlio deixara com João Goulart, seu ex-ministro do Trabalho, uma das três cópias da Carta-Testamento, sinalizando que ele seria seu principal herdeiro político. Alçado ao poder em 1961, Jango herdaria também o ódio das mesmas forças que levaram Getulio ao suicídio: os militares, o conservadorismo e a imprensa.
(JANGO E TANCREDO NEVES À FRENTE DO FUNERAL DE GETÚLIO EM 1954)
Procurei o autor da monumental biografia de Getúlio, Lira Neto, para averiguar se ele concorda com a visão de Brizola e também para saber de que forma, ideologicamente, ele situaria o complexo Vargas. Vejam a entrevista.
Brizola dizia que, ao se suicidar, Getúlio adiou o golpe militar em dez anos. É verdade?
Lira Neto: Mais do que uma tese defendida por Brizola, esta é uma constatação histórica, esposada por vários especialistas e estudiosos. Basta dizer que os almirantes, brigadeiros e generais que assinaram os três célebres manifestos militares exigindo o afastamento de Getúlio do poder em agosto de 1954 foram os mesmos que derrubaram João Goulart em 1964. Até o pretexto de que Getúlio planejava instaurar uma república sindicalista se repetiu na deposição de Jango. Em um e outro caso, os mesmos udenistas e setores conservadores do empresariado forneceram o apoio político-civil aos quartéis para derrubar um presidente constitucionalmente eleito.
Dá para imaginar hipoteticamente o que teria acontecido com o Brasil se Getúlio não tivesse se matado?
Lira: Ao optar pelo suicídio, Getúlio neutralizou os adversários que já se
consideravam vitoriosos e com o poder nas mãos. O golpe civil-militar já estava em plena execução. Muito provavelmente, Getúlio seria retirado do palácio e levado para a prisão e, posteriormente, para o exílio. Os militares jamais repetiriam o “erro” de 1945, quando após derrubá-lo permitiram que ele permanecesse livre, em território nacional, recolhido a São Borja, articulando as circunstâncias de sua volta ao poder, o que afinal ocorreu em 1950, por extraordinária votação popular. Nos três livros, mostro como, desde sempre, já a partir de 1930, Getúlio trabalhou com a perspectiva do sacrifício pessoal como um ato político de resistência, como um protesto eloquente contra os inimigos. Ele jamais se permitiria passar à posteridade como um derrotado, exposto ao vexame, eternizado por um fracasso. Nesse sentido, encontrou, na morte, a sua vitória.
(BRIZOLA, SUA MULHER NEUSA E GETÚLIO)
Brizola e Jango eram seguidores do trabalhismo. Darcy Ribeiro via o trabalhismo como uma espécie de socialismo. Você concorda?
Lira: Na verdade, Getúlio era um homem pragmático, que se amoldava de acordo com as circunstâncias, para além das convicções ideológicas. Em 1929, em entrevista a um jornal gaúcho, disse que sua grande inspiração política era, textualmente, “a renovação criadora do fascismo de Benito Mussolini”. No momento em que a democracia e o sistema representativo se encontravam em xeque, com a quebra da Bolsa de Nova York e a Grande Depressão norte-americana, ele se posicionava como um simpatizante assumido dos regimes autoritários europeus, incluindo o nazifascismo, que surgia como pretenso antídoto para a crise do regime democrático. Chegou, inclusive, a cogitar o apoio brasileiro ao Eixo durante a Segunda Guerra, mas acabou aderindo aos Aliados por questões econômicas e estratégicas.
Alguns avanços de Getúlio na área trabalhista são modernos até hoje, tanto é que sofrem críticas dos setores mais conservadores da economia. Neste aspecto, pode-se dizer que Getúlio era “de esquerda”?
Lira: Quando Getúlio, após a queda em 1945, retornou ao cenário político em 1950, em pleno contexto da Guerra Fria, a defesa que sempre fizera do Estado intervencionista o colocou, pelo menos no plano do discurso, à esquerda do espectro político. Enquanto seus adversários pregavam a manutenção do alinhamento incondicional aos Estados Unidos, interpretando assim de modo esquemático qualquer negação ao liberalismo como uma opção pelo comunismo russo, ele passou a defender a “democracia social”, reforçando a ideia geral de que se convertera ao socialismo. Tratava-se, é claro, de uma simplificação, de um reducionismo. Getúlio sempre foi um anticomunista ferrenho. E, a rigor, com sua polca de industrialização e de urbanização do país, promoveu a gênese do próprio capitalismo no Brasil.
Mesmo seu primeiro governo tendo sido uma ditadura severa, você considera que Getúlio teve qualidades como presidente? Quais?
Lira: Getúlio, com todas as suas inúmeras contradições, deixou pelo menos dois grandes legados para o país. O primeiro foi o seu projeto nacional desenvolvimentista, que nos legou por exemplo a Petrobras, a siderúrgica de Volta Redonda e o BNDES, conduzindo assim um país agrário, semifeudal, monocultor, para o caminho da industrialização. O outro legado, sem dúvida, foi a vasta legislação trabalhista, que impôs um relativo equilíbrio na relação entre capital e trabalho e representou um inegável avanço para uma nação que, numa perspectiva histórica, se encontrava recém-saído da escravidão. Em síntese, Getúlio ajudou a modernizar o Brasil. Mas, mesmo nesse caso, é preciso evitar o pensamento simplista. As conquistas no campo do trabalhismo não podem ser entendidas como um gesto benevolente e magnânimo de um “pai dos pobres”. Elas foram conquistas da própria classe trabalhadora. Getúlio teve a sensibilidade histórica e a astúcia política de responder a uma demanda pré-existente. O movimento sindical dos anos 20, controlado por anarquistas e comunistas, pressionava por mudanças. Ao decretar leis favoráveis ao trabalhador, Getúlio tomou-lhes a bandeira e passou a tutelar o sindicalismo, por meio do Ministério do Trabalho. Bom lembrar que não havia sindicatos livres durante o Estado Novo.
Por último: por que São Paulo não tem nenhuma avenida com o nome dele?
A rusga dos paulistas com a memória de Getúlio remete, é óbvio, ao trauma da Revolução Constitucionalista de 1932. Contudo, como bem salientam vários historiadores e cientistas políticos, São Paulo acabou sendo o grande beneficiado pela política de industrialização da chamada Era Vargas. Com um detalhe: na sua volta ao poder, nas eleições de 1950, Getúlio teve a campanha financiada por membros da emergente burguesia industrial paulista.
Clique aqui para ler mais sobre Getúlio e o golpe de 1964 no especial da EBC, de onde reproduzo este vídeo com Lira Neto: https://youtu.be/dTQIbDtdEW4
Editorial Cultural FM Torres RS – 23 agosto 2023
O Arcabouça enterra o Teto de Gastos
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Café da Manhã - ´Podcast FOLHA UOL
https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2023/08/podcast-explica-o-que-esta-em-discussao-na-cupula-do-brics.shtml
Podcast explica o que está em discussão na Cúpula do Brics. Encontro em Joanesburgo debate expansão do grupo e estratégias para reduzir dependência do dólar
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A aprovação, ontem, do Arcabouço Fiscal, instrumento que pretende regular os gastos públicos em substituição à PEC 95, denominada PEC da Fome, de iniciativa do ex Pres. Temer, na sua obsessão por uma PONTE PARA O FUTURO, num sentido absolutamente contrário ao que foi o Programa ESPERANÇA E MUDANÇA de Ulysses Guimarães, na Nova República que se inaugurava promissora em 1985, é um alívio para a Nação. Não se trata de instrumento nem ideal, nem definitivo. Já se imaginam alterações para o ano que vem. Mas tem o mérito de romper a inércia de um discurso que se disseminou pelo mundo e pelo Brasil que proclama a absoluta prioridade da governança ao equilíbrio das contas públicas. Veja-se, por exemplo, aqui mesmo no Rio Grande do Sul. Os dois últimos governadores – Sartori e Leite - só falam em privatizações e cortes de gastos enquanto a economia gaúcho periclita na estagnação à falta de investimentos, tal como vem denunciando o Economista CARLOS PAIVA, autor de um livro, ainda inédito, mas que tivemos oportunidade de apresentar ao público e que será lançado na Feira do Livro de POA neste ano. Esta obsessão pelo equilíbrio fiscal, desprezada por economistas do pós guerra influenciados por J.M.Keynes, veio à tona com os governos conservadores de TATCHER e REAGAN nos anos 1980 e se consolidou como regra compulsória de governança no chamado CONSENSO DE WASHINGTON, em 1989, instaurando o NEOLIBERALISMO como ideologia capaz de promover o progresso e a paz mundial. Não conseguiu nenhuma coisa , nem outra, mas persiste como inércia discursiva em obediência às exigências dos grandes blocos financeiros articulados ao dólar. A mudança ontem aprovada, enfim, é uma abertura a um novo diálogo sobre finanças públicas e governança cujos desdobramentos dependerão da capacidade da sociedade brasileira se mobilizar para a recuperação de sua soberania diante das pressões internacionais e, assim, retomar seu ritmo histórico de desenvolvimento. Coincide, no tempo, com a abertura da Reunião do BRICS na Africa do Sul, o qual emerge com grande autonomia e desenvoltura na geopolítica mundial com o peso de ter metade da sua população e 40¨% do seu PIB, além do peso inequívoco de sua potência militar, aí incluídas três potências nucleares.
O mundo, enfim, gira, a Luzitana roda e como dizemos aqui, “tudo di-muda”.
Anexo
Arcabouço fiscal: chantagem e catastrofismo - 2/08/2023 Paulo Kliass , Doutor em Economia - Todo mundo sabe que a votação na base da tratoragem impede maior debate da matéria e dificulta a visualização de alternativas para tornar o novo arcabouço fiscal menos austero e menos prejudicial ao uso da política fiscal como instrumento de retomada do crescimento da economia
https://forum21br.com.br/todos/arcabouco-fiscal-chantagem-e-catastrofismo/
A dinâmica do debate a respeito da questão fiscal se assemelha às séries que pipocam por todas as telinhas, sempre apresentadas ao público com várias temporadas e muitos episódios. Se considerarmos que os principais roteiristas do tema sempre estiveram pagos e contratados pelos interesses do financismo, não é difícil perceber quais os desenhos e os paradigmas que estiveram presentes nas propostas oficiais desde o início da década de 1990.
Ao contrário das intenções da maioria dos constituintes eleitos em 1986 e que trabalharam no projeto da nova Carta Magna adotada oficialmente em 1988, as classes dominantes brasileiras em quase todos os momentos preferiram se orientar pelos comandos emanados do establishment financeiro internacional. Eram os tempos do esmagamento político e ideológico promovido pelos organismos internacionais, pelas principais instituições universitárias vinculadas ao universo empresarial e pelos grandes meios de comunicação em todos os continentes. Enfim, era a época de ouro do neoliberalismo e do então chamado Consenso de Washington. A doutrina ganhava contornos mais chiques com a sigla em inglês TINA – “there is no alternative”, para dizer que esse era o único caminho possível.
Para além das recomendações de privatização das empresas estatais, de redução da dimensão do setor público ao seu Estado mínimo e de liberalização generalizada das atividades econômicas, havia uma orientação expressa pela implementação de políticas e regras visando a austeridade fiscal. Ao longo desses quase 40 anos, o Brasil cumpriu com boa parte do seu “dever de casa”, para mencionar a famosa expressão tão ao gosto dos articuladores e lobistas vinculados ao povo das finanças. Na verdade, foram os sucessivos governos que levaram à frente tais medidas de natureza conservadora, cada um ao seu ritmo e com suas devidas particularidades.
Austeridade fiscal vem de longa data.
Assistimos ao longo processo de venda de empresas públicas e de economia mista de diversos ramos da economia, da colocação em marcha das medidas de desregulamentação de amplos setores e da adoção de medidas de arrocho na política econômica, em especial na área fiscal. Nesse último caso, um marco importante deu-se com a aprovação da Lei Complementar nº 101/2000, que ficou conhecida como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ela pretendia estabelecer regras mais duras para a dinâmica e a orientação da política fiscal, com definição de atribuições das relações do governo com o Tesouro Nacional e também das formas de relacionamento e obrigações dos tesouros estaduais e municipais.
Surgem aí as determinações oficiais de busca de superávit primário, o cumprimento das metas de indicadores de endividamento público e a orientação generalizada de um viés de ajuste pelo lado de cortes nas despesas. Por outro lado, de alguma maneira, foram lançadas também ali as bases para uma abordagem que apontava para a criminalização da política fiscal. Ao longo das primeiras décadas de vigência da nova legislação, a orientação para penalizar entes federados e gestores públicos atingiu especialmente os governos estaduais e os municípios. Mas a pressão sobre o governo federal aumentou de intensidade a partir da chegada de Lula ao Palácio do Planalto em 2003. O ápice de tal apologia à austeridade veio com o golpe perpetrado contra Dilma Roussef, cujo processo de impedimento foi iniciado com aquilo que a grande imprensa cunhou irresponsavelmente como “pedaladas fiscais”.
No final daquele mesmo ano em que Michel Temer assume a Presidência da República, tem início uma nova temporada na questão fiscal. Em dezembro de 2016 é promulgada a Emenda Constitucional nº 95, estabelecendo o teto de gastos. A partir do chamado “novo regime fiscal” ali estabelecido, o Brasil estaria condenado a atravessar 20 longos anos sem que nenhum aumento no volume de despesas primárias fosse permitido. Entre 2017 e 2036 o total de gastos orçamentários não-financeiros só poderiam ser corrigidos de acordo com a inflação de cada exercício ao longo do período.
Teto de gastos foi catastrófico.
A aprovação de tal dispositivo pelo Congresso Nacional revelou-se uma vitória das alas mais extremistas do financismo e pavimentava a rota para a privatização das empresas estatais e para a transferência ao capital privado da responsabilidade por oferecer à maioria da população as políticas públicas previstas na Constituição. Os “especialistas” papagueavam a torto e a direito a tese de que o orçamento não era capaz de dar conta das obrigações previstas na Constituição. O mais impressionante é que tais ideias equivocadas e oportunistas voltam a circular nos tempos atuais pelas bocas de integrantes do governo.
O flagrante excesso de draconismo previsto na regra colaborou para que ela tivesse uma vida mais curta do que o imaginado por seus criadores. A relação entre os poderes Executivo e Legislativo, por mais que houvesse uma figura como Paulo Guedes como superministro da economia no governo de Jair Bolsonaro, acabou construindo meios para se escapar às restrições de gastos. Essa dinâmica era ainda mais evidente em anos de eleições, quando a lógica da sobrevivência das lideranças políticas acaba falando mais alto do que eventual obediência aos ditames da ortodoxia financista. Assim, buscava-se a cada momento encontrar uma solução casuísta para agradar às bases do governo no parlamento sem que o teto de gastos fosse formalmente revogado.
A derrota de Bolsonaro em outubro do ano passado colocou um sério freio nas pretensões da extrema direita em se perpetuar no poder por meio de mecanismos golpistas e autoritários. A vitória de Lula deu-se com base em uma ampla frente contra o fascismo, mas apontava para um programa desenvolvimentista e de reconstrução do Estado e suas políticas públicas. Durante a campanha, o candidato a um terceiro mandato presidencial sempre se manifestava pela revogação do teto de gastos, com a promessa de fazer 40 anos em 4. No entanto, durante o período de transição, ele foi convencido pelo futuro Ministro da Fazenda de que a melhor estratégia seria apresentar uma PEC, onde a revogação do teto de gastos estaria condicionada à apresentação de um novo arcabouço fiscal pelo novo governo.
Lula 3.0: revogar teto de gastos e romper com austeridade
Naquele momento pode-se dizer que teve início uma nova temporada da série sobre a questão fiscal. A prioridade concedida por Fernando Haddad às negociações com o Presidente do Banco Central e com demais representantes do sistema financeiro culminou no Projeto de Lei Complementar PLP 93. Trata-se de um novo modelo de austeridade fiscal – menos calamitoso do que o teto de gastos, é verdade – mas nem por capaz de atender as reais necessidades de crescimento e desenvolvimento que a maioria do País tanto aguarda. Como o Ministro da Fazenda se recusou a ouvir as propostas de economistas não alinhados com a nata das finanças ou as sugestões das centrais sindicais e demais entidades do campo democrático e progressista, a proposta do governo Lula 3.0 terminou por ser aquela de interesse apenas dos grandes bancos.
Além disso, no afã de carimbar seu passaporte de bom mocismo junto às elites endinheiradas, Haddad colaborou para a criação de um clima enganador de uma suposta urgência urgentíssima para aprovação das novas regras ficais. A PEC dava um prazo até final de agosto para o governo apresentar ao poder legislativo sua proposição. Haddad exigiu que a matéria fosse concluída a toque de caixa, sem nenhum debate e a Exposição de Motivos acompanhando a proposição foi assinada em 17 de abril. Tamanha pressa revelou-se sem necessidade alguma e a matéria segue até agora no interior do Congresso Nacional, em um jogo de empurra entre as versões aprovadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. E nem por isso o Brasil quebrou.
No episódio atual, percebe-se uma tentativa de reanimar o clima de chantagem e catastrofismo que sempre envolveu o tratamento da questão. Por um lado, o Presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, se utiliza pela enésima vez de seu poder na definição de pautas e prioridades para reforçar a chantagem junto a Lula e obter cargos na composição ministerial e no segundo escalão do governo. Por outro lado, cresce um descontentamento generalizado com o texto, uma vez que os próprios parlamentares da base e da oposição percebem os prejuízos de entrar em ano eleitoral sem a possibilidade de se utilizar das despesas orçamentárias em suas regiões.
O financismo e os grandes meios de comunicação alardeiam para os supostos riscos de não se aprovar a matéria rapidamente. Mentira! As regras para execução do orçamento até dezembro de 2023 já estão dadas. As diretrizes do novo arcabouço fiscal previstas no PLP 93 só entrarão em vigor para o exercício de 2024 e os seguintes. Não há razão para tamanho assanhamento – a não ser a reprodução do clima pré apocalíptico caso a medida não seja votada ainda em agosto. Todo mundo sabe que a votação na base da tratoragem impede maior debate da matéria e dificulta a visualização de alternativas para tornar o novo arcabouço fiscal menos austero e menos prejudicial ao uso da política fiscal como instrumento de retomada do crescimento da economia.
A versão apresentada por Haddad não contemplava as falas de Lula quanto à retirada de saúde e educação do conceito reducionista de “despesa”. A proposta enviada não abre alternativas para se aumentar a necessária e urgente capitalização de empresas estatais. O PLP 93 insiste nas regras de superávit primário e aponta a meta de zerar o déficit em 2024, ano em que haverá eleições para prefeitos e vereadores em todos os mais de 5.700 municípios do País. Assim, mesmo os parlamentares de perfil mais conservador reagem a esse tipo de restrição de dispêndios.
Arcabouço fiscal: não há urgência nenhuma!
Além disso, o novo arcabouço fiscal continua focando na contenção das despesas como estratégia para a busca do sacrossanto equilíbrio. De acordo com a medida, os gastos só poderão crescer a um ritmo de 70% do ocorrido com as receitas. Não existe argumento plausível para tal orientação, a não ser apontar para a redução paulatina da capacidade de o Estado cumprir com suas obrigações constitucionais e atender às necessidades da maioria da população.
O mais adequado seria aguardar o retorno de Lula de sua viagem à África para buscar um novo entendimento a respeito do tema. Imagina-se que esses quase 8 meses de governo tenha sido um tempo suficiente para cair a ficha no conjunto dos partidos da base a respeito dos equívocos presentes nos dispositivos do PLP 93. O Senado Federal já incluiu algumas medidas de flexibilização da austeridade. Esse é momento para recomeçar um debate honesto e sincero a esse respeito. Não existe urgência alguma para novo atropelo de tramitação.
Trazer um pouco mais de serenidade, de luz e de oxigênio a essa discussão incomoda aqueles que não querem mudança alguma na medida enviada. Mas a sociedade tem todo segundo semestre pela frente para esclarecer as dúvidas e definir um modelo fiscal que rompa com os preceitos da austeridade burra e desnecessária. Lula sempre insiste na necessidade de oferecer a dimensão social à responsabilidade fiscal. Esse é o momento de incluir tal preocupação no projeto de lei em debate no Congresso Nacional
Editorial Cultural FM Torres RS dia 22 agosto 23
Dia 22 de agosto – Dia do Folclore Brasileiro
O Dia do Folclore Brasileiro, hoje celebrado em todo o Brasil, foi oficialmente fixado em Decreto de Lei nº 56.747, de 17 de agosto de 1965, posteriormente aprovado pelo Congresso Nacional, a partir de proposta do Congresso Nacional de Folclore realizado naquele ano. O folclore se manifesta por meio de , lendas, canções, danças, artesanatos, festas populares, brincadeiras, jogos e outras manifestações, como a própria indumentária. o Brasil muitos elementos folclóricos, embora cada vez mais invadido por manifestações estrangeiras como o Dia das Bruxas, de origem irlandesa, mas há um consenso que nosso manancial se nutre da tradição indígena, africana, lusitana – como as congadas e a Festa do Divino Espírito Santos – e até de imigrantes que trouxeram na bagagem suas próprias tradições, como, por exemplo, italiano e alemães no Sul. Nossos personagens mais autênticos são, entretanto, o saci-pererê, a iara, o boto, o curupira, boi-tá-tá, mula sem cabeça e o negrinho do pastoreio.
Não existe um povo sem folclore, pois ele o identifica culturalmente e antecede a escrita, e, por isso, é considerado pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial, sendo imprescindível a realização de esforços para a sua preservação. O termo folclore vem do inglês – folklore -. Palavra criada por William John Thoms, em 1846 para significar o saber popular transmitido oralmente através de gerações. Quando este saber se institucionaliza, seja pelo Estado, seja por Organizações, mesmo genuínas, como o Movimento Tradicionalista Gaúcho, voltadas à sua preservação, corre o risco de se descaracterizar, transformando-se em fantasmagoria. Daí a emergência de instituições voltadas ao seu estudo, tal como as que hoje existem em vários países do mundo, e de escritores, como Herder e irmãos Grimm que registram e imortalizam esses saberes sempre entremeados de muita fantasia e mitos. Obra imprescindível ao estudo do Folclore, nas suas diversificadas interpretações, é o livro A Invenção das Tradições, do historiador Eric Hobsbawn, até pela desmistificação que faz sobre a “originalidade” desta manifestação cultural.
“Mito e invenção são essenciais à política de identidade pelo qual grupos de pessoas ao se definirem hoje por etnia, religião ou fronteiras nacionais passadas ou presentes, tentam encontrar alguma certeza em um mundo incerto e instável, dizendo: "Somos diferentes e melhores do que os outros". (Eric Hobsbawm , Sobre a História -p. 19)
Aqui no Brasil, destacaram-se como folcloristas Luís Câmara Cascudo, fundador da Sociedade Brasileira de Folclore em 1941 e autor de Folclore do Brasil, e Mário de Andrade, pelo seu exaustivo trabalho de recolecção das manifestações da cultura popular, sendo de se destacar, também, o nome do cearense Leonardo Motta, dedicado editor de adágios populares (tenho-o, por doação de seu neto, velho amigo, já falecido, à cabeceira...) e o de Paixão Cortes, no Rio Grande do Sul, pela sua contribuição ao tradicionalismo gauchesco. Merecem lembrança, ainda os escritores Christopher Kastensmidt, Samir Machado de Machado e Enéias Tavares, os quais constroem tramas que misturam História, ficção e realismo fantástico, com destaque a elementos do folclore nacional. Mas veja-se também estas sugestões:
10 livros para aprender sobre o folclore brasileiro
No Brasil, a questão do folclore é tratada no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular , ligado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, do Ministério da Cultural e periodicamente são realizados congressos nacionais para discuti-lo
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP)
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/400
O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) tem atuação nacional e sua missão consiste na pesquisa, documentação, difusão e execução de políticas públicas de preservação e valorização dos mais diversos processos e expressões da cultura popular. Sua estrutura abriga: o Museu de Folclore Edison Carneiro, a Biblioteca Amadeu Amaral e os setores de Pesquisa e de Difusão Cultural, além da área administrativa.
Criado em 1958 e vinculado ao Iphan desde 2003, o Centro atua em diferentes perspectivas com o objetivo de atender as demandas sociais que se colocam no campo da cultura popular. Entre suas principais ações destacam-se os projetos de fomento da cultura popular, desenvolvidos pelo Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (Promoart) e Sala do Artista Popular (SAP); programas de estímulo à pesquisa, como o Concurso Sílvio Romero de monografias, o Etnodoc (edital de filmes etnográficos), o Dedo de Prosa (fórum de debates) e o Projeto Memórias dos Estudos de Folclore.
Na área de difusão e formação de público, destacam-se o programa de exposições, o programa educativo, o Curso Livre de Folclore e Cultura Popular e os programas de edições e intercâmbio. E na área de documentação, o tratamento, atualização e disponibilização dos acervos museológico (14 mil objetos – MFEC), bibliográfico e sonoro-visual (300 mil documentos – BAA), parte deles disponibilizada em suas coleções digitais.
No Rio Grande do Sul, reina, soberano sobre as tradições o Movimento Tradicionalista Gaúcho- MTG-, sob o qual se disseminam no país e no mundo os Centros de Tradição Gaúcha. Nos últimos anos este Movimento tem sido contestado sob o argumento da diversidade étnica da população rio-grandense. No litoral norte do Estado, de forte presença açoriana e distante do foco original e de maior peso na sociedade do Rio Grande do Sul, o tradicionalismo subsiste, mas sem o peso que tem na metade sul.
Ainda assim, mesmo esta conquista do MTG vem sendo cada vez mais contestada pela crítica mais criteriosa do Rio Grande do Sul. A partir de 2007 começam a crescer as contestações ao caráter hermético e segregacionista do MTG, culminando na subscrição de um “Anti –Manifesto” , cuja principal mensagem é “O talibã é aqui”
“Um dos fenômenos socioculturais mais emblemáticos do Rio Grande do Sul, com repercussão no Brasil, começou a ocorrer em 2007. Alguns representantes da área cultural e da comunicação sistematizaram as interpretações e as opiniões de dezenas de intelectuais e artistas sobre o Movimento Tradicionalista Gaúcho.
Desse ponto de vista, o Manifesto condenou a militância tradicionalista para mangueirar o povo, demonstrando a insustentabilidade histórica de sua pretensão usurpadora, ao mesmo tempo em que defende um processo de inclusão na historiografia e na cultura de participação e representação republicana de todos os segmentos sociais.
Com os signatários iniciais, o Manifesto foi disponibilizado na internet. Através de um link, aqueles que concordavam com suas reflexões, passaram também a assiná-lo durante algum tempo. Multiplicou-se vertiginosamente por blogs, sites e emails. Uma repercussão extraordinária! Exceto para a mídia tradicional. Nenhum jornal impresso, rádio ou televisão pautou o assunto. Enquanto isso, as redes sociais o multiplicaram, novas interpretações apareceram, milhares de acessos ao endereço http://gauchismos.blogspot.com/ .”
(Tau Golin - Hegemonia gauchesca - www.sul21.com.br - 15/09/11 )
Enfim, neste Dia Nacional do Folclore há que ter presente que passado e presente se entrelaçam na construção de nossa identidade, seja nacional ou regional, tal como afirma Rubem Oliven:
Nas Américas, assim como na Europa, a associação entre passado e presente foi uma constante em projetos modernizadores ligados à criação de estados nacionais ou à organização da sociedade. Se a nação é “uma comunidade de sentimento que normalmente tende a produzir um Estado próprio” (Weber, 1982, p. 207), antigas tradições reais ou inventadas - precisam ser invocadas para dar fundamento ‘natural’ às identidades em vias de criação, obscurecendo-se assim o caráter artificial e recente dos Estados nacionais. Essa dialética entre velho e novo, passado e presente, tradição e modernidade, foi uma constante nos processos que estamos analisando no Rio Grande do Sul.
(Ruben G. Oliven , Em busca do tempo perdido - O Movimento Tradicionalista Gaúcho- http://www.torres-rs.tv/site/pags/rgsul_folclore2.php?id=879" )
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Anexo
Encontro com Escritores de POA – Ondina Fachel Leal – 5 agosto 2023 - https://facebook.com/events/s/porto-alegre-250-anos-entrevis/6378318298926865/?mibextid=Gg3lNB
2021 - Lançamento do livro OS GAÚCHOS - CULTURA E IDENTIDADE MASCULINA NO PAMPA, DE ONDINA FACHEL LEAL - TOMO EDITORIAL.- Resenha
Adeli: OS GAÚCHOS
Esta visualização - título com meu nome- é uma provocação para captar sua leitura. Alguns, sem dúvida, vão dizer: o que este catarinense tem a falar?
Não sou eu que tenho uma tese sobre quem é ou não é gaúcho. Vou falar de algo mais amplo, mais sério, que é do livro de Ondina Fachel Leal, “Os Gaúchos – cultura e identidade masculinas no pampa”. É o livro que veio para ficar, para que não se perca mais tempo com discussões esotéricas, porque a realidade do gaúcho e seu locus está nas páginas deste livro.
Trata-se de livro da antropóloga porto-alegrense, lançado em 2021 pela Tomo Editorial. O texto deste livro tem como base sua tese de doutoramento feito nos EUA, em 1989. Ou seja, nosso acesso ao escrito em português se dá há mais de 30 anos depois.
Aqui não temos uma resenha, nem um texto crítico, temos uma provocação para a leitura obrigatória deste texto profundo, sério, fruto de uma pesquisa exaustiva nos campos abertos do pampa, em especial na região de Alegrete e Artigas no Uruguai.
Vou tentar mostrar com alguns tópicos as razões pela leitura, a começar pelo Prefácio – “O mais eloquente dos silêncios” – do professor titular de antropologia do Museu Nacional/UFRGS.
Temos boas razões da leitura, insisto, também na Apresentação – Trinta anos, trezentos anos – feita pelo professor titular de Literatura no Instituto de Letras, Luís Augusto Fischer. Para mim, o Professor Fischer fez um grande bem para todos nós em convencer a autora a produzir o livro em português. Não cabe aqui falar deste tempo em que era “apenas” uma tese acadêmica em inglês. Ganhamos todos nós.
Na Introdução, de 2020, Ondina nos explica o seu “Reencontrando os gaúchos”.
Vou seguir os capítulos, para pegar o fio da meada dos escritos para as pessoas terem uma ideia da pérola que agora os leitores em português em mãos.
Ondina começa com “O gaúcho e o Pampa – terra de fronteira sem fronteiras”, o que lembrou Artigas e Andresito, entre outros que sempre sonhavam com uma “pátria sem fronteiras”. No livro em várias passagens fica claro que para o gaúcho a “fronteira” pouco ou nada lhe diz respeito.
Na página 39, aparece o título “Homens montados: o Sul como área cultural” para logo em seguida tratar da semântica do termo gaúcho: “guerreiro, bandido, herói, trabalhador”.
No Capítulo seguinte: “Trabalho de campo – quando o campo é campo” – temos o “recorte” da pesquisa, das planuras da Pampa, das estâncias, dos vilarejos, do trabalho dos peões etc para ela nos falar de “Uma intrusa em um universo masculino: notas sobre o método”.
“O galpão e suas histórias” é, em minha opinião, o início da apreciação da seiva não só do favo de mel, mas de toda a caixa dele. Ela ao escrever: “O galpão, a casa dos homens” é o toque de mestre para entender a sua busca do “ser gaúcho”: causos ali contados, payadas, chistes, ditados, “lore” (tradição) do riso etc.
Para se entender melhor, o capítulo seguinte “Mulher, a alteridade ausente” (em contraposição a “casa dos homens, no caso o galpão. Ali, Ondina trata da ausência feminina. A autora fala á exaustão da vida das mulheres, fora da estância, em “las casas”.
Em seguida, vamos à leitura de “Os homens e seus galos” – um título genial porque tem significados múltiplos, ali a autora fala de “Rinha de Galos”. E esta relação “homem-galo”, o rinhadeiro, o jogo, tudo com um ar de “proibido”, mostra como há clara indicação do modo de ser galo, postura, coragem, bravura, luta até a morte como um gaúcho e se vê.
O mais chocante é quando chegamos ao capítulo “Suicídio – a morte como um discurso final” – não porque falar da morte por determinação pessoal, mas porque é um meio de ser, de mostrar que o gaúcho tem domínio sobre si e seu meio pela coragem, tanto que pode e vai tirar sua vida.
Expus aqui um relato breve dos capítulos e seu conteúdo.
Não poderia deixar de falar e citar aqui o poeta gauchesco, talvez o mais significativo, Vargas Netto:
E o que o gaúcho fez!?
Quanto caboclo bicharedo
Chegava rindo, como num brinquedo
e entreverava na peleia
Como quem entra num bochincho”
(...)
“Está na massa do sangue desse povo,
Porque o gaúcho é como o cinamomo,
duma ponta de raiz brota de novo
e um outro cinamomo ficará de pé.”
(...)
Um gaúcho se mata e não se vence”
A poesia de anos e anos, bem antes dos estudos de Ondina, Vargas Netto publicou em sua Tropilha Crioula em 1925.
A autora também se valeu da nossa literatura, das musicas, dos causos para poder afirmar o que, de fato, é O GAÚCHO. Não estamos aqui tratando como vulgarmente falamos que gaúcho é qualquer pessoa daqui, do Rio Grande do Sul. Na verdade, estamos diante de rio-grandenses. Já que gaúchos são homens da Pampa, trabalhadores da campanha, que vivem solitários nas lides da produção de gado, equinos, ovelhas, vivendo no galpão da estância, com o “seu” cavalo, sendo ele a figura mitológica do “centauro”.
Vimos linha a linha, página a página, como é o gaúcho, o seu ser, o seu fazer, como se forja o homem trabalhador da estância, como a imagem que se tem desta mesma pessoa: homem, solitário, vivendo isolado numa fazendo, morando, alimentando-se no galpão. Homem vivendo entre outros homens, distante das mulheres que lhes metem mais medo do que qualquer outro sentimento.
Pelos escritos de Ondina Fachel Leal nos levam a pensar na necessidade de discutirmos mais nossa cultura, nossas origens, como chegamos a este gaúcho, passando por Sepé e Andresito.
Nada melhor do que ler o livro, pois este texto é uma mera instigação.
Adeli Sell - 2023, 17.08 – in www.cronoletespoa250.com
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Editorial Cultural FM Torres RS DIA 21 AGOSTO
- “O preço da liberdade é a eterna vigilância”
O título deste Editorial não tem nada de original, nem de inspiração esquerdista. Trata-se do lema da antiga UDN, Partido que se formou no fim da ditadura Vargas em 1945 e que reuniria as forças conservadoras do país em oposição ao seu legado até o golpe militar, em 1964. Depois disso os udenistas se constituiriam no núcleo principal dos políticos que dariam sustentação ao regime ali instalado até a redemocratização em 1985, quando muitos deles já haviam morrido, estavam já fora da vida pública ou simplesmente inconformados com os rumos do regime que ajudaram a criar. Emblemático deste processo foi JOSÉ SARNEY, tido como UDN Bossa Nova nos anos 1950, quando governava o Maranhão e que presidiu o Partido governista – ARENA – até às vésperas do pleito indireto que elegeria Tancredo Neves, pelo PP, meio herdeiro do velho PSD. Sarney, então, saltou da ARENA para o MDB para ocupar a vice-presidência de Tancredo. Como todos sabem, com a morte deste, virou Presidente por cinco anos. O Presidente da Nova República, de 1985 até 1990...
O preço da liberdade, porém, entre nós, voltou a ser cobrado diante dos distúrbios da transição de Bolsonaro para Lula III, culminando nos episódios do 8 de janeiro. Seu produto rolou nas redes sociais como palavra de ordem para impor a vontade direta das mobilizações populares contra a vontade das urnas. Não poucas exortações à liberdade foram disseminadas nas ditas redes como justificativa esfarrapada para o assalto ao Poder. Muitos ingênuos, outros por convicção autoritária, outros por interesse, caíram na cantilena e se lançaram aos acampamentos à frente dos quarteis pedindo INTERVENÇÃO MILITAR, sem se aperceberem que isso conduziria, inevitavelmente, à eliminação, primeiro das liberdades públicas, depois das liberdade privadas, tal como, aliás, aconteceu em 1964 e que perduraria, com grandes sofrimentos até a reconstitucionalização do país em 85. Deu tudo errado para eles. As recentes investigações da Polícia Federal e a CPI dos ATOS DE 8 DE JANEIRO demonstram que tudo não passava de um ardiloso plano para produzir o caos social e permitir um golpe de Estado. Felizmente, as instituições vigilantes reagiram e o desastrado golpe frustrou-se. Hoje, seus inspiradores correm o risco de serem presos. A vigilância conservadora sobre a liberdade se impôs aos liberticidas de ocasião que a queriam soterrada por atos de violência. Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário com apoio da Imprensa e da Opinião Pública se impuseram exemplarmente. Não seguimos o roteiro da República de Weimar que se intimidou diante das ameaças nazifascistas em 1933, ruindo aos ditames de Hitler. Saímos até melhor do que a ameaça de Trump nos Estados Unidos, o qual, ainda, pela fragilidade jurídica daquele país poderá voltar soberano ano que vem, podendo, até vir a presidir o Grande Império desde uma das celas de alguma cadeia, coisa que nenhuma literatura ousaria propor.
O que alguns, aqui, não compreenderam - e agora pagam por isso! -, sobretudo no exercício de funções públicas em armas, sejam meros policiais civis, praças e oficiais superiores das PMs, PRF e oficiais superiores das Forças Armadas é que não é crime ser comunista, socialista, trabalhista ou petista mas é crime ser fascista e atentar contra o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITOS, duramente reconquistado depois de 21 anos de duro regime militar. Perderão seus empregos, gastarão fortunas com advogados e ainda passarão um tom tempo nas grades para aprender o significado das palavras DEMOCRACIA e CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA. Os primeiros julgamentos deverão ocorrer em setembro próximo.
Editorial Cultural FM Torres RS dia 18 de agosto 2023
A CASA CAIU...
O depoimento do hacker Delgatti, ontem, na CPI confirmou o velho dito de que sabe-se como começa uma Comisão de Inquérito, mas nunca se sabe onde vai parar. A CPI dos Atos Golpistas de 8 de janeiro foi uma proposta infeliz dos bolsonaristas animados com a possibilidade de reverter o óbvio: sua própria responsabilidade sobre aquele atentado aos centros do poder republicano, atribuindo-a a falha ou até intenção do novo Governo Lula. O próprio Presidente Lula evitou a criação da CPI mas, afinal, foi tanta a pressão dos bolosonaristas que acabou liberando sua bancada a aceitá-la. Deu no que deu: A CPI vai acabar incriminando não só os seguidores do Ex Presidente, como ele próprio. Já está inelegível pelo TSE, agora corre o risco de ser preso e condenado como responsável por múltiplos crimes contra a Sociedade e o Estado Democrático. As acusações começam lá na sua recusa em administrar a pandemia, passa pela sua campanha contra as urnas eletrônicas e ataques a membros da Suprema Corte , atravessam seu comando sobre os ataques de 8 de janeiro e culminam na rocambolesca venda de jóias do Estado em benefício próprio. O pronunciamento do hacker, embora sujeito a confirmações já em curso pela Polícia Federal foi, para Bolsonaro, o que foi a entrevista à Veja por Pedro Collor, irmão do então Presidente Collor e que o levou ao impeachment em 1992; ou o que foi a revelação da participação do famoso Chefe da Guarda Pessoal de Vargas – Gregório - no atentado que levou à morte o Major Vaz, nos idos de 1954, levando o Presidente ao suicídio. Bolsonaro desmentiu imediatamente as declarações de Delgatti mas não nega o encontro com este criminoso e seu encaminhamento ao Ministério da Defesa. Inútil. Dificllmente escapará ileso. Pior, a trama do golpe contra a democracia tende a ser revelada em maiores detalhes com a revelação de conversas de Bolsonaro,, sua esposa, do General MAURO LORENA CID e do próprio CID, já autorizadas pela CPI e Supremo, entre altos membros do Governo Bolsonaro, inclusive membros do Alto Comando das FFAA. Pior, o Cel. Mauro Cid já cedeu diante do envolvimento do pai em todo este processo e decidiu falar. Está negociando uma confissão à POLICIA FEDERAL e será novamente convocado à CPI. Para ele, CONFISSÃO é melhor do que DELAÇÃO PREMIADA, que poderia leva-lo imediatamente a uma Tribunal Militar. Dirá que negociou as jóias a mando do Ex Presidente e que lhe entregou os recursos obtidos. Igual, dificilmente escapará à expulsão do Exército. Mais um mau militar na lista que começa com o próprio Bolsonaro, que recebeu do General Geisel tal acusação e que não honram Caxias , Deodoro, Floriano Peixoto, Rondon e Henrique Teixeira Lott... O indiciamento judicial de Bolsonaro, doravante, será inevitável e não está excluída sua prisão preventiva para evitar sua interferência na Justiça. Trata-se, com efeito, de um escândalo que dificilmente o poupará de desgaste político junto aos seus próprios seguidores. E um inédito momento para as FORÇAS ARMADAS diante da História que terá que enfrentar o envolvimento de oficiais superior em comando com intenções golpistas em conluio com Bolsonaro. Nem a redemocratização dos anos 80 conseguiu emparedar aqueles que prenderam e arrebentaram durante o regime militar. Agora isso pode acontecer levando à expulsão do Exército não só o CEL MAURO CID mas outros envolvidos. Terá sido o preço da vã tentativa de saudosistas das armas de tentar recuperar o irrecuperável: O Golpe de 1964. Com o ocaso Bolsonaro, 1964 e seus algozes, como o torturador Cel Brilhante Ustra, irão , enfim, definitivamente, para a lixeira da História. O Brasil , entretanto, renasce disso tudo revigorado democraticamente. Fomos mais longe do que a República de Weimar e da próprio República dos Estados Unidos em impedir a consagração do extremismo de direita. VIVA A DEMOCRACIA E SUAS INSTITUIÇÕES.
Editorial Cultural FM Torres RS 16 de agosto 23
ADEUS LÉA GARCIA!
Atriz Léa Garcia morre aos 90 anos de infarto em Gramado - Informação foi confirmada pelo filho e empresário de Léa, Marcelo Garcia. Atriz receberia homenagem com Troféu Oscarito no Festival de Cinema de Gramado nesta terça (15).
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Morreu, na madrugada da terça feira passada, aos 90 anos, atriz Léa Garcia, que seria homenageada com o Troféu Oscarito durante a 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado. Sempre disse que trabalharia como atriz até seu último dia. Fez-se seu sonho: Uma longa e produtiva vida sempre em meio às artes, até o suspiro derradeiro no Festival de Gramado O filho e empresário de Léa, Marcelo Garcia, disse ao g1 que a atriz teve um infarto. Ela chegou a ser encaminhada para o Hospital Arcanjo São Miguel, mas chegou sem vida. Baluarte da presença da mulher negra no palco e nas telas, dela disse, ontem, outra gigante deste protagonismo, Zezé Motta: “Doce, gentil, talentosa, uma estrela, uma pérola. Precisamos reverenciá-la todos os dias". Como Rosa Parks, nos Estados Unidos, que se negou a cumprir, muito jovem, as regras do apartheid para o uso dos ônibus nos anos 1950, virando lenda, Léa Garcia foi, aqui, um marco para atuação da mulher negra no teatro e no cinema, que deve ser sempre reverenciada. AVE LÉA!
A organização do Festival de Cinema de Gramado informou que possíveis alterações na programação serão anunciadas em breve.
Léa Garcia teve uma história marcante nas artes cênicas no Brasil. Contabilizava mais de 100 atuações, que se iniciaram no Teatro Negro no Rio de Janeiro na década de 1940, incluindo cinema, teatro e televisão. No Festival de Gramado conquistou quatro Kikitos, com "Filhas do Vento", "Hoje tem Ragu" e "Acalanto". Teve papéis marcantes em várias novelas da Rede Globo, como "Selva de Pedra", "Escrava Isaura” e "O Clone". Quando se tornou conhecida e admirada em todo o país e até no mundo, vez que muitas destas novelas foram levadas a outros países. Com “Orfeu Negro”, em 1960, ganharia o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Foi casada com Abdias do Nascimento, quem a descobriu como talento incorporando-a ao Teatro Experimental do Negro que levou ao Teatro Nacional do Rio uma peça clássica toda dirigida, montada e atuada por artistas negros
.Abdias Nascimento+cria+o+TEATRO+NEGRO= LEIA E CONHEÇA AQUI .
Antes, Abdias já havia desenvolvido o Teatro do Sentenciado, em que trabalhava com penitenciária dramaturgia e escrita. Uma iniciativa que lhe trouxe experiência e sabedoria empírica para o novo empreendimento. O TEN reuniu pessoas que não tinham contato anterior com as artes cênicas. A primeira turma chegou a juntar 600 alunos, a maior parte deles vindos da classe baixa e sem escolaridade. Assim, além das leituras de textos e dos ensaios, o grupo deu aulas de alfabetização e de cultura geral. Abdias enxergava nesse contexto uma oportunidade de fazer a população afro-brasileira enxergar a discriminação que sofria e encontrar seu lugar dentro da cultura afro-brasileira como protagonista.
Além da ação artística, o Teatro Experimental do Negro também atuou nas frentes sociais. Como defesa da mulher negra, criaram a Associação das Empregadas Domésticas e o Conselho Nacional de Mulheres Negras. Constantemente inferiorizadas, estas mulheres receberam pela primeira vez a chance de questionar as condições de trabalho que lhes eram impostas. Nas palavras de Abdias: “Teve muita “madame” que se aborreceu (…) nós estávamos botando minhocas nas cabeças de suas empregadas”. Era o empoderamento de uma classe que, historicamente, sempre teve seu protagonismo escanteado.
Teatro Experimental do Negro (Foto: Divulgação)
O TEN também promovia concursos como o “Boneca de Pixe” e “Rainha das Mulatas”, que favoreciam a beleza negra. As candidatas eram selecionadas por meio de critérios como a criatividade, conhecimentos gerais e postura ética. O TEN promoveu, ainda, a Semana do Negro e o concurso de artes plásticas sob o tema Cristo Negro. Neste último, organizado pelo sociólogo Guerreiro Ramos junto a Abdias, foram promovidas terapias em grupo de modo a tratar os efeitos psicológicos do racismo em suas vítimas.
O grupo teatral de Abdias do Nascimento afirmava negros e negras dentro de uma sociedade cujo racismo historicamente enraizado era disfarçado pela bandeira da “democracia racial”. Fortemente ativo, Abdias do Nascimento defendia a valorização da cultura negra como meio de combate à discriminação racial. O TEN fazia o negro enxergar a exploração pela qual passava e lhe dava autoconfiança para conquistar seu espaço social. O propósito era criar uma dramaturgia de autoria negra, que focasse em temas da cultura afro-brasileira e discutisse questões que, até então, ninguém dava a devida atenção.
A estreia da companhia nos palcos viria em maio de 1945 com a peça O Imperador Jones, no Theatro Municipal do Rio. O texto, concedido pelo próprio O’Neill a Abdias, foi protagonizado pelo ator Aguinaldo Camargo. Sua atuação rendeu a ele e à companhia elogios da crítica, que subestimaram a qualidade do TEN. Infelizmente, a companhia não pode encenar a peça outras vezes porque o Theatro só fora concedido por uma única noite.
Nota do Festival de Cinema de Gramado
É com imenso pesar que a organização do Festival de Cinema de Gramado informa que a atriz Léa Garcia faleceu na madrugada de hoje (15), no hotel que estava hospedada em Gramado. A atriz receberia o troféu Oscarito na noite de hoje, ao lado de Laura Cardoso. De acordo com o Hospital Arcanjo São Miguel, a causa da morte foi um infarto agudo do miocárdio.
Dona Léa Garcia havia chegado a Gramado no último sábado (12) acompanhada do filho, Marcelo Garcia. A atriz circulava diariamente pelo evento, onde acompanhou diversas sessões no Palácio dos Festivais. Em uma de suas passagens pelo tapete vermelho, a atriz afirmou ao portal Acontece Gramado ter “um enorme prazer em estar mais uma vez em Gramado. Esse calor, essa receptividade com a qual a cidade nos recebe. Aqui tem um leve sabor de chocolate no ar. Obrigado a todos que fazem o festival, que participam e que concorrem. Aqui me sinto sempre prestigiada”.
Léa Garcia possuía uma história antiga com Gramado, conquistando quatro Kikitos com Filhas do Vento, Hoje tem Ragu e Acalanto. Aos 90 anos, a veterana detinha de um currículo com mais de cem produções, incluindo cinema, teatro e televisão. Com uma célebre trajetória nas artes, foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1957 por sua atuação no filme Orfeu Negro que, em 1960, ganharia o Oscar de melhor filme estrangeiro, representando a França.
Atuando em produções para televisão, cinema e teatro, Léa consolidou uma carreira de papéis marcantes em produções como Selva de Pedra, Escrava Isaura, Xica da Silva e O Clone. Foi peça fundamental na quebra da barreira dos personagens tradicionalmente destinados a atrizes negras. Tornou-se, assim, uma referência para jovens atores e admirada pela qualidade de suas atuações.
Dona Léa seguia ativa nas artes cênicas. Em 2022, atuou nos longas Barba, Cabelo e Bigode, Pacificado e O Pai da Rita. Ontem (14) havia confirmado negociações com a TV Globo para atuar no remake da novela Renascer.
Possíveis alterações na programação do Festival de Gramado serão anunciadas em breve pela organização.
Editorial Cultural FM Torres RS 15 de agosto 23
VIÉS DE CONFIRMAÇÃO
Tanta preocupação com a tragédia na UCRANIA! O que dizer, porém, dos 2 mil mortos no Mediterrâneo tentando fugir das guerras e da miséria na África? O que dizer dos 600 mortos no Rio de Janeiro em confrontos da Polícia com o tráfico nos últimos anos...? E o que dizer dos que morrem de fome no mundo? Oressa! Há mais de cem anos, na SEMANA DE ARTE MODERNA de São Paulo, Mario de Andrade declamava ODE AO BURGUÊS, em tom de desabafo contra a razão cínica do mundo moderno - ASSISTA AQUI>> - ; o professor Ricardo de Souza Timm, professor titular da PUC RS, o reitera, com a publicação de seu mais recente livro: “A razão cínica”. O mundo parece mergulhado numa insanidade. Agora, a Arábia Saudita, um dos regimes mais autoritários, suntuosos e regressistas do mundo árabe, acaba de contratar Neymar, como já o fez com outras celebridades do futebol, visando com esta maquiagem uma melhor imagem do país no concerto internacional das nações. A reedição do “Pão e Circo”...
23 carros McLaren por mês, 6 aviões como o usado pelo Palmeiras e 85 imóveis quadriplex: o que Neymar pode comprar após acordo com Al Hilal - Atleta acertou sua transferência para o Al Hilal, clube da Arábia Saudita, por um valor de 320 milhões de euros (cerca de R$ 1,7 bilhão) em contrato válido por dois anos.
Me chama a atenção, diante de tudo isso, uma coisa aparentemente irrecorrível: Muitos simplesmente compram as imagens da razão cínica que recobre o mundo e naturalizam barbaridades como a morte da pequena Eloah no Rio de Janeiro, ontem enterrada entre aplausos e grande indignação dos presentes. Com os mesmos sentidos, a mesma estrutura e dinâmica cerebrais, até uma mesma cultura, cada um de nós vê, lê e ouve a tudo isso com interpretação diferente, a maioria com indiferença. Não se dão conta de que não só selecionam o que querem ver, ouver e ler - e as interpretam - conforme alguma misteriosa empatia - ou antipatia –. Com isso, acabam vítimas da denominada “visão de túnel” ou “viés de confirmação”, dois fatores, alias, causadores de graves acidentes aéreos, quando não de acidentes históricos. O preferido Milei nas primárias argentinas repete o histrionismo de Mussolini, Hitler e Trump e os hermanos parecem não se dar disso conta.
Tem-se a impressão, até, que já não adianta falar, explicar, apontar contradições e erros do mundo. Ninguém ouve a voz da consciência crítica, relegada aos pequenos círculos de reflexão. Os “filósofos”, dizem os ideólogos desta era, os quais negam estarem eles mesmos encharcados de ideologia. Consideram-se “libertários” guiados pelo critério da “eficiência” desdenhando da ética como critério das ações humanas. Com efeito, um inebriante regime de “liberdades” mantém a razão cínica do mundo dispensando velhos mecanismos de opressão e controle. O homem unidimensional sente-se soberano ao escolher a marca do carro que vai adquirir. Tivessem os reis absolutistas este recurso e jamais teríamos assistido a Revolução Francesa e a instaurado a República…Dostoievski já percebia isso no seu tempo e acreditava na Beleza como restauradora do sonho humano. Freud mais tarde, também, meio pessimista, apostava, porém, na cultura. Haverá saída ou mergulharemos no caos? Ontem o Brasil enterrou um de seus grandes intérpretes, sempre preocupado com tudo isso – José Murillo de Carvalho -, autor de 18 livros, membro da Academia de Letras do Brasil. Ele jamais teria topado ser garoto propaganda da Arábia Saudita. Mas quem o chorou…?
Outro professor, José Gerado de Souza Jr., da Universidade de Brasília, sintetizou este descompasso no diálogo contemporânea em sua dicção na CPI do MST na Câmara dos Deputados em Brasília. em resposta á uma indagação parlamentar. Vale ver e ouvir:
JOSE GERALDO SOUZA, Prof. UnB na CPI /MST https://www.bing.com/videos/search?q=prof+JOSE+GERALDO+SOUZA+na+CPI+MST&view=detail&mid=A9BBA9B19303FA1E4239A9BBA9B19303FA1E4239&FORM=VIRE - CPI do MST ouve o professor José Geraldo de Sousa - 14/06/23 - Bing vídeo
Editorial Cultural FM Torres RS 14 de agosto 23
“A MAIOR OPERAÇÃO MILITAR DESDE A GUERRA DA CISPLATINA” –
CAFÉ DA MANHÃ- Podcast FOLHA UOL
Folha.UOL-podcast-como-operacao-sobre-desvio-de-joias-chega-mais-perto-de-Bolsonaro
Podcast: como operação sobre desvio de joias chega mais perto de Bolsonaro. Moraes diz que apuração aponta para uso do governo para vender presentes; defesa do ex-presidente afirma que ele jamais desviou bens públicos.
Tudo começou quando um Almirante trouxe as joias da Arábia Saudita, prosseguiu com mobilização de recursos da FAB para recuperá-las na Alfândega de São Paulo e acabaram vendidas nos Estados Unidos por um alto oficial da reserva do Exército. Eis o enredo final:
A mando de seu Chefe de Ordens, já que ele era o Ajudante destas ordens, o tenente coronel Mauro Cid é escalado para vender um Rolex coberto de esmeraldas, presenteado à Bolsonaro pela Arábia Saudita e Bahrein.
Cid então transfere o compromisso de venda ao seu pai, Coronel Lorena Cid, diretor da Apex, alta função do Governo brasileiro nos EUA, que vende o Rolex.
Aí o TCU descobre o desaparecimento do Rolex e pede devolução.
Então eles, Cid pai e filho, entregam a a missão de recuperar o Rolex ao advogado da Família Bolsonaro, Doutor Wassef, aquele que escondeu o Queiroz na sua casa, e ele vai aos EUA e recompra o dito Rolex pelo trípo do valor de venda. Volta serenamente ao Brasil, vai ao TCU e o devolve ao patrimônio público.
Terminou ai? Não. O general Lorena Cid, que era o responsável nos EUA pela venda das joias, estátuas, quadros e outras muambas afanadas as vende e deposita o dinheiro na própria conta
E tem muito mais. Já se sabe que Bolsonaro levou uma mala cheia de joias no avião da FAB quando fugiu para os EUA dois dias antes da posse de Lula. Delas há foto feita pelo General Lorena Cid , flagrado no reflexo do espelho. Tudo de posse da Polícia Federal.
Os Ajudantes de Ordem, Cel Cid e Ten. Crivellaro, apagaram tudo da área de trabalho, mas esqueceram de apagar da lixeira. 17 mil e-mails foram recuperados e transferidos para a PF e CPI dos ATOS GOLPISTAS.
Assim, os crimes ficaram todos registrados
Em uma das mensagens do Coronel Cid para o pai: "tem que repassar 25 mil dólares para Bolsonaro, mas tem que ser em dinheiro vivo" . E mais, lamenta a perda de 120 mil: “Que pena! ”
E, assim, foram todos parar na Delegacia...Agora é com a Justiça.
Agora se entende porque Bolsonaro tinha tanta certeza de que seria preso SE saísse da Presidência e que, por essa razão, tudo fez para permanecer no cargo, fosse pela manipulação do processo eleitoral ou, na sua falha, por um golpe, para o qual, no entanto, lhe faltaram estofo e coragem.
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Editorial CULTURAL FM – DIA 11 AGOSTO xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
11 DE AGOSTO – O ADVOGADO E O BACHARELISMO =Paulo Timm
“O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho”
Oswald de Andradre - MANIFESTO DA POESIA PAU – BRASIL
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“Desde cedo, os cursos jurídicos nasceram ditados muito mais pela preocupação de se constituir uma elite política coesa, disciplinada, devota às razões do Estado, que se pusesse à frente dos negócios públicos e pudesse, pouco a pouco, substituir a tradicional burocracia herdada da administração joanina, do que pela preocupação em formar juristas que produzissem a ideologia jurídico- (ABREU, 1988:236)
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"De qualquer modo, ainda no vício do bacharelismo ostenta-se também nossa tendência para exaltar acima de tudo a personalidade individual como valor próprio, superior às contingências (...) O que importa salientar aqui é que a origem da sedução exercida pelas carreiras liberais vincula-se estreitamente ao nosso apego quase exclusivo aos valores da personalidade".
"O prestígio da palavra escrita, da frase lapidar, do pensamento inflexível, o horror ao vago, ao hesitante, ao fluido, que obrigam à colaboração, ao esforço e, por conseguinte, a certa dependência e mesmo abdicação da personalidade, têm determinado assiduamente nossa formação espiritual".
HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. Companhia das Letras, 26ª edição, 27ª reimpressão 2007.
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No meu tempo de universitário, o dia 11 de agosto era sempre um dia festivo em Porto Alegre. Os colegas estudantes de direito – eu estudava Economia e Ciências Sociais na URGS – passavam o dia celebrando o DIA DO ADVOGADO e articulando onde iriam dar o golpe da “ Pendura”. Os futuros advogados, curtindo uma tradição que provinha do Império, quando os comerciantes louvavam os advogados, iam aos melhores Restaurantes da cidade, comiam e bebiam à vontade e , então, saíam de fininho, sem pagar. Alegavam aos donos que esse era o “ Dia da Pendura” que celebrava o Ato do Imperador Dom Pedro I (18270 de criar os dois primeiros dois Cursos de Direito, logo da Proclamação da Independência: O de Olinda e o de São Paulo. Enquanto os Cursos de Direito eram poucos e os tempos eram áureos para os bacharéis, o Dia da Pendura foi respeitado e os jovens celebrantes cortesmente dispensados. Com o crescimento dos cursos porém, – hoje são mais de mil ! - e a própria crise do bacharelismo no país, que depois dos anos 60 reinaugurou-se cada vez mais impessoal e moderno, a tradição foi desaparecendo. E quando os estudantes de Direito tentavam seu golpe, isso acabava sempre na Delegacia...
Falo em Advogados e Bacharelismo como se fossem quase sinônimos. Na verdade, são coisas distintas.
O Advogado, por certo é um Bacharel em Direito, cujo aparecimento se deu ainda na Grécia antiga, muito embora o Sistema Judiciário, como um Poder Autônomo, no qual pontifica o advogado seja uma instituição do Estado Moderno. Nas origens da civilização, a administração da Justiça era feita sempre, mesmo na presença de um contraditório ajudado pela presença de um advogado, pelo soberano. No caso de Roma, pelos Cônsules, Pró-Cônsules e até mesmo o Imperador. O exemplo mais conhecido popularmente é o do julgamento de Cristo por autoridades de Roma na Judeia ocupada: Poncio Pilatos e Herodes. Sabe-se hoje que a suposta transferência da decisão final aos supostos presentes – multidão de judeus - , teria sido mais um artifício dos evangelistas, de separação da cristandade do povo judeu, do que um rito típico da gestão da Justiça no Império Romano. A expressão Advogado, aliás, vem do latim – (ad=para junto, e vocatus=chamado) e significa exatamente isto: aquele que é chamado para ajudar um réu ou acusado)
No princípio o exercício da advocacia era uma honra e não podia ser remunerado. Porém, durante o reinado do imperador romano Cláudio, em 451 d.C., surgiram os "honorarium", ou seja, honorários, os tributos de honra. O senado passou a fiscalizar o exercício da profissão e, ao fim do século IV, surgia a Ordem dos Advogados.
A advocacia converteu-se em profissão organizada quando o imperador Justino constituiu, no século VI, a primeira ordem de advogados no império romano do oriente, obrigando o registro a quantos fossem advogar. Requisitos rigorosos foram impostos: ter aprovação em exame de jurisprudência, ter boa reputação, advogar sem falsidade e não abandonar a defesa, uma vez aceita.
(Rénan Kfuri Lopes, advogado in O DIA DO ADVOGADO - UM POUCO DA HISTÓRIA )
-http://www.rkladvocacia.com/…/art_srt_arquivo20080808103224… -
No Brasil os Cursos de Direito cresceram e se multiplicaram e a profissão foi gradualmente se institucionalizando, até se consagrar na Constituição Federal de 1988 que situou a Advocacia num elevado patamar, vindo o Estatuto do Advogado de 04 de abril de 1994 a lhe conferir todas as garantias e prerrogativas, com o objetivo ulterior de assegurar os direitos da cidadania à justa defesa de direitos.
Atualmente, a Constituição Federal de 1.988 alçou a advocacia ao patamar de “preceito constitucional”, preservando sua atividade estritamente privada, como prestadora de serviços de interesse coletivo, conferindo a seus atos múnus público, ex vio art. 133 da Carta Magna: "o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei". Duarte Peres foi o primeiro advogado brasileiro.
Hoje a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB –, criada em 1930, com origem no Instituto dos Advogados Brasileiros de 1843, é o instrumento de registro dos Bacharéis em Direito para o adequado exercício da Profissão e peça chave de sua valorização perante o Estado e a Sociedade.
Numa sociedade iletrada, como o Brasil Imperial, porém, o Advogado passou a se confundir mais como parte de Poder do que peça social. Daí dizer-se que aqui o magistrado brasileiro não representa, ele julga. E é curioso que o Promotor de Justiça e o Ministério Público não sejam anunciados nos Tribunais como os Defensores do Povo, como nos Estados Unidos, mas confundidos com o Estado.
A própria autonomização do Poder Judiciário muito contribuiu para isto. Senhor da palavra e da oratória, como requisitos da profissão, e do poder de mediação entre a Sociedade e o Estado, a figura social do Bacharel em Direito relevou em importância política e deu origem a um fenômeno : o bacharelismo. Mas o que é o bacharelismo? Eis o Aulete:
(ba.cha.re.lis.mo)
sm. - Aulete
1. Forma de falar muito e de modo pretensioso, cansativo e desinteressante; BACHARELICE; BACHARELADA
2. Bras. Valorização exagerada do bacharel, esp. o advogado, no meio sócio-político brasileiro: "...o bacharelismo que comandou a vida nacional, até quando o grupo veio a ser engordado pela tecnocracia..." (, Observatório da Imprensa, 11.02.02))
[F.: De bacharel + -ismo.]
Duas acepções, uma como um maneirismo no falar, outra no papel social do bacharel, ambas, na verdade articuladas de forma a se oferecer , na política nacional, como um equivalente do “bovarismo” nas artes, afetações que se traduzem pelos famosos “ discursos de escadaria” , cuja caricatura acabaria se redistribuindo como um estilo do fazer político como o muito dizer e nada fazer, mas sempre impressionar.
Consta que a palavra bacharel vem de “ bacharéu” , muito usado como denominação de prestigio junto à Corte. Já um vício:
Uma carta de bacharel era o caminho para o alto cargo
Relevou no bacharelismo, também, o fato de que a primeira modernização do Brasil tenha se dado não através da Revolução Industrial mas de seu complemento periférico na forma dos Modelos Primário- Exportadores em vários pontos do globo, mormente o Brasil. Ou seja, nesse contexto, o país não necessitou nem de engenheiros, nem de administradores ao longo de sua urbanização galopante, que acompanhou, entre os anos 1850 e 1930, a sofisticação urbana, comercial e institucional. Precisou de feitores na lavoura e mediadores na cidade, projetando aí o papel do advogado.
Não havia escolas públicas ou mesmo boas escolas no Brasil, no século XIX, quando os primeiros alunos, oriundos das classes altas, passaram a frequentar as faculdades de direito de Olinda ou de São Paulo, e não mais as classes da Universidade de Coimbra. Esses jovens, alfabetizados ou formados sabe-se lá como foram os primeiros juízes, advogados e burocratas que conformaram o Brasil independente, dos impérios à proclamação da república. A história não justifica, mas ajuda a entender como mecanismos arcaicos de apropriação do Estado fincaram raízes e se espalharam pelas instituições públicas.
Muitos autores analisaram o fenômeno do bacharelismo no Brasil como forma de manifestação de poder no espaço organizacional brasileiro Dois deles, entretanto, merecem um registro. Nos idos de 1936, Sérgio Buarque de Holanda, no clássico “Raízes do Brasil” , já nos falava da Praga do Bacharelismo e Gilberto Freire, em “Sobrados e Mocambos”, também o identifica e analisa,
A leitura desses dois clássicos, sob a ótica do poder do bacharel em uma sociedade segregada, emergindo do rural para o urbano, “permitiu entender o bacharelismo nos estudos organizacionais no Brasil como poder condicionado “ (GALBRAITH, apud CRUZ, Breno de Paula
Andrade; MARTINS, P. E. M. 2006, p. 02).
Nesse sentido, seus detentores, os bacharéis, possuem um capital social que legitima o exercício da autoridade e do poder perante aqueles desprovidos de distinções nobiliárquicas e/ou acadêmicas. Em Raízes do Brasil podemos correlacionar história e sociologia, num contexto nacional, de forma a problematizar questões referentes à colonização brasileira e sua influência na sociedade do século XIX.
Paralelo a essa análise, podemos buscar em Sobrados e Mocambos a interpretação acerca das questões referentes ao bacharelismo no Brasil, pois que é ali que encontramos a reflexão acerca da ascensão do portador desse título acadêmico, bem como do mulato na sociedade daquele século.
É por meio da leitura desses dois clássicos, que se pode empreender uma análise sociológica do entendimento das relações intrínsecas de poder na organização política brasileira, uma vez que ambos auxiliam na compreensão da estrutura das relações políticas num país colonizado.
( Lucas de Freitas em ''O Bacharelismo no Brasil, a bacharelice no país: uma análise sócio-histórica'' )
Mais recentemente, Roberto Gomes, no opúsculo “A Filosofia Tupiniquim” tira as consequências do bacharelismo para o modo de (não) pensar o Brasil: O homem levado a sério. Vale a pena ler: http://www.iphi.org.br/sites/filosofia_brasil/roberto_gomes_-_critica_da_razao_tupiniquim.pdf .
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ANEXO
A tradição do "pendura"
https://jus.com.br/artigos/1916/a-tradicao-do-pendura
Luíz Flávio Borges D'Urso
Publicado em 08/1999.
No dia 11 de agosto comemoramos a fundação dos Cursos Jurídicos no Brasil, criados por ato do Imperador Dom Pedro I, que estabeleceu:
"Dom Pedro Primeiro por graça de Deus e unanime aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. Fazemos saber a todos os nossos súditos, que a Assembléia Geral Decretou e nós queremos a lei seguinte: Art. 1º - Crear-se-hão dous cursos de Ciências Jurídicas e Sociais, um na cidade de São Paulo e outro na de Olinda, e neles no espaço de cinco anos e em nove Cadeiras, se ensinarão as matérias seguintes...... Dada no Palácio do Rio de Janeiro aos onze dias do mês de agosto de mil oitocentos e vinte e sete, Sexto da Independência. IMPERADOR PEDRO PRIMEIRO".
A partir dessa data foram abertas as portas para que os brasileiros pudessem estudar ciências jurídicas e sociais em sua terra natal. Assim, o dia 11 de agosto tornou-se a data mais significativa para o contexto jurídico brasileiro, sempre comemorada, perpetuando a tradição do pendura entre os acadêmicos de direito.
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De origem não muito bem definida, conta-se que o pendura pode ter nascido de uma antiga prática dos proprietários que formulavam convites para que os acadêmicos, seus clientes, viessem brindar a fundação dos cursos jurídicos, no dia 11 de agosto, em seus restaurantes, oferecendo-lhes, gentilmente, refeição e bebida.
Com o passar dos tempos, os convites diminuíram e foram acabando, obrigando assim os acadêmicos que se auto-convidassem.
Graças a essa iniciativa, a tradição foi mantida até nossos dias, consistindo em comer, beber e não pagar, solicitando que a conta seja "pendurada". Tudo isso, é claro, envolvido num imenso clima de festa.
O verdadeiro pendura, segundo a tradição, deve ser iniciado discretamente, com a entrada no restaurante, sem alarde, em pequenos grupos, para não chamar a atenção. As roupas devem ser compatíveis com o local escolhido.
Deve-se procurar uma mesa em local central, quanto mais visível melhor. Prossegue-se, com bastante calma, observando-se cuidadosamente o cardápio, inclusive os preços, que sabe não irá desembolsar. O pedido deve ser normal, discreto, sem exageros, admitindo-se inclusive camarões e lagostas.
Quanto à bebida, os jovens devem ser comedidos, pois dela necessitam para "aquecer" suas cordas vocais, preparando-as para o discurso de agradecimento ao gentil "convite" da casa, todavia, a bebida em demasia, pode transformar o discurso e o pendura num desastre.
Ao final, quando satisfeitos, após evidentemente a inevitável sobremesa, pede-se a conta, lembrando-se de um detalhe que faz parte da tradição e não pode ser desrespeitado, que é o pagamento dos 10% da gorjeta do garçom.
Após isso, o líder e orador, deverá levantar-se e começar a discursar, sempre saudando o estabelecimento e seu proprietário, agradecendo o "convite" e a hospitalidade, enaltecendo a data, os colegas, a faculdade de origem, o Direito e a Justiça, tudo isso, sob o estímulo dos aplausos e brindes dos demais colegas do grupo.
Esse é o verdadeiro pendura, que pode ser aceito ou rejeitado. Caso aceito, ficará um sabor de algo faltante! Agora se rejeitado, deve partir dos estudantes de direito a iniciativa de chamar a polícia e de preferência dirigindo-se todos à Delegacia mais próxima, o que lhes dará alguma vantagem pela neutralidade do terreno.
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Existem também, outras modalidades do pendura, que são distorções da tradição, conhecidas pelas alcunhas "troglodita" e "diplomática".
A primeira, "troglodita", bastante primitiva, consiste em, após a refeição, sair correndo do restaurante, levando no peito tudo e todos que estiverem a sua frente, nivelando os estudantes ao "gatuno" que foge para não ser apanhado, cometendo algo errado. Esta modalidade deve ser evitada, pois tal conduta poderá caracterizar o crime de dano, caso algo seja destruído.
Note-se que não há crime na tradição do pendura, pois o delito preconizado pelos pendureiros frustrados – aqueles que sempre desejaram pendurar, sem coragem para tal --, confunde-se com o tipo penal no qual o sujeito realiza refeição sem que tenha condições para seu pagamento, caracterizando o crime.
No pendura, a refeição é realizada, todavia, o estudante deverá ter consigo dinheiro, cheque ou cartão de crédito, portanto, meios para pagar a refeição, descaracterizando o tipo penal e afastando o delito, de modo que, embora tenha condições para pagar, não o fará em respeito à tradição.
Na outra modalidade, "diplomática", mais pacífica, a diplomacia determina que os acadêmicos devam solicitar reservas, revelando o pendura e somente com a concordância do proprietário, fazem a refeição e saciam sua fome, mas não a tradição, posto que fica o estudante de direito nivelado ao que mendiga um prato de comida.
Todas inovações devem ser evitadas, preservando-se a tradição do pendura, com o indispensável discurso, rememorando o papel daqueles "moços" que fizeram os caminhos de nosso país, estimulando, assim, o empenho destes outros "moços", jovens, para que transformem os destinos da nação!
Editorial Cultural FM Torres RS 10 de agosto 23
ELEIÇÕES 2024: Novas Agendas para os Prefeitos.
Matéria da Zero Hora desta semana traz à tona um fato importante: Prefeituras não têm Políticas Municipais de Segurança Pública. Consulta feita pelo Tribunal de Contas do Estado RS entre 482 municipalidades revela que apenas 14 declararam ter alguma ação de combate à violência. Isso que vivemos numa época de intensa violência, seja sobre a vida pública, onde pontificam o tráfico em qualquer cidade do país, por menor que seja, ou milícias, sobretudo nas grandes, seja na vida privada, na qual pontifica soberano o feminicídio. Torres tem uma Guarda Municipal, voltada à defesa do Patrimônio, recentemente brindada com projeto autorizando-a a andar armada. Má notícia. Não é uma arma que faz um bom policial, é seu preparo para o exercício do arco de atribuições que lhe competem. Melhor projeto poderia definir melhor este arco. Por que não incluir aí a preservação do meio ambiente, das Praças, dos pontos vitais à valorização do turismo e das principais agências da Prefeitura? O assunto, porém, remete para uma questão mais abrangente: A Agenda das Prefeituras Municipais.
A competência dos Municípios está devidamente definida na Constituição Federal: é um dos níveis da federação, com competência exclusiva sobre a cobrança de impostos sobre a propriedade urbana e serviços. Isso está mudando na Reforma Tributária, mas continuará o Município com as atribuições clássicas de gestão do solo urbano e cuidados de limpeza, educação até o segundo grau e administração das Unidades Básicas do SUS. Uma das reclamações, inclusive, dos Prefeitos, com apoio em suas Associações Nacionais, é que têm acumulado responsabilidade sem a correspondente transferências de recursos para delas dar cabo. Será que a Reforma Tributária vai melhorar isso? É nestas administrações municipais onde se concentra a grande parte dos servidores públicos do país, cujo salário dificilmente ultrapassa os três salários mínimos. No caso dos professores, acabam sendo vítimas de uma crueldade que compromete não só a vida destes profissionais, como a própria qualidade do ensino: o recurso à contratação de celetistas, sem a garantia do piso salarial da categoria e outras prerrogativas, no Rio Grande do Sul protegida pelo CEPERGS, segunda maior entidade sindical da América Latina, com cerca de 80 mil filiados.
Mas não falemos destas questões da Agenda tradicional das Prefeituras. Os tempos mudaram e um novo leque de atribuições deveria ser incorporado às suas administrações. O enfrentamento à violência, que falamos acima, é apenas um deles. Outros: a crise climática, os desequilíbrios sociais extremos, geradores de miséria extrema, dentre elas os moradores de rua, os milhares de idosos em situação de risco – foram os que mais morreram na pandemia! -, as mulheres vítimas de familiares algozes, jovens nem-nem – aqui em Tores perto de 5000 -, sem emprego e sem escola, crianças desamparadas, indígenas abandonados à sua sorte – 1, 6 mil milhões no Brasil e 36 mil no RS -. Tudo isso vinha sendo debitado ao Governo Federal mas este, mercê da própria crise do endividamento, como também das transformações muito rápidas que veem ocorrendo nos processos produtivos, além do agravamento das crises internacionais que incrementaram sobremaneira as migrações externas e internas, levando ao inédito número de …milhões de asilados, faleceu nestas incumbências. Daí a necessidade de Governos Estaduais e Prefeituras terem que avançar sobre elas de forma a mitigar as tensões sociais aí implicadas.
Como exemplo, veja-se a questão social.
Aí releva o campo do emprego, cujo nível era sempre supostamente regulado pela União como resultado de sua Política de Desenvolvimento que apontava para uma certa Política Monetária (juros), um conjunto de investimentos públicos, uma ação coordenada de iniciativas públicas e privadas para a Economia. No mundo inteiro, isso ainda é feito mas seu resultado sobre o Emprego é insuficiente. Aí cabem às Prefeitura ações complementares, muito além da distribuição de cestas básicas. Em Porto Alegre, por exemplo, já existem Restaurantes Populares que oferecem refeições de boa qualidade às populações cadastradas. Foram 17,6 refeições em 2022. Em São Paulo, recente projeto do Ver. Eduardo Suplicy, dotou a Prefeituras de um conjunto de instrumentos para o desenvolvimento da Economia Solidária. Outro campo é o da Economia Criativa, na qual se podem criar instrumentos como a criação de Distritos Criativos, Programas de Apoio ao Cooperativismo, ampliação dos Espaços de Feiras e, sobretudo, criação de Parques e Festivais temáticos. Ruy Rubem Ruschel, já na década de 1990 reivindicava, por exemplo, um Parque da Mônica aqui em Torres.
Ano que vem teremos eleições. Um bom momento para se colocar na pauta dos candidatos questões de fundo para a vida comunitária, mais além das polarizações extremadas ou eternas fulanizações que pouco inovam na nossa vida cotidiana.
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Editorial Cultural FM Torres RS 09 de agosto 23
Declaração Presidencial por ocasião da Cúpula da Amazônia – IV Reunião de Presidentes dos Estados Partes no Tratado de Cooperação Amazônica
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O documento com 113 pontos ao final da Cúpula de Belém, dentre eles a criação de um Parlamento Amazônico, que reuniu países da OCDA, estabelece que os países devem "iniciar um diálogo entre os Estados Partes sobre a sustentabilidade de setores tais como mineração e hidrocarbonetos na Região Amazônica, no marco da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e de suas políticas nacionais soberanas. Quatro vezes citação PONTO DE NÃO RETORNO, aquele em que, chegada a queimada a 25%, já não se reconstitui. 19 bancos de fomento, inclusive BID e BNDES, se comprometeram a cooperar para o desenvolvimento sustentável da região.
Bndes-e-bid-anunciam-r-45-bilhoes-em-credito-para-micro-pequenas-e-medias-empresas-e-pequenos-empreendedores-na-amazonia
Petro ataca Lula e defende fim da exploração de petróleo
Durante discurso na Cúpula da Amazônia, o presidente colombiano fez críticas ao que chamou de "negacionismo de esquerda" - Leia mais » - 247
Líderes de países amazônicos fecham acordo sem bloqueio à exploração de petróleo
Declaração de Belém não contemplou o aspecto reivindicado pelo presidente colombiano Gustavo Petro e busca fortalecer cooperação regional e evitar ponto de não retorno na Amazônia - Leia mais » - 247
Na Cúpula da Amazônia, Lula defende combinar ‘proteção ambiental e geração de empregos’ - Presidente Lula destacou que, para resolver os problemas da região, “precisamos reconhecer que ela também é um lugar de carência socioeconômica histórica” - Leia mais » - 247
Com a Cúpula da Amazônia, apesar de Petro, Lula se afirma como liderança global da questão ambiental - A realização da Cúpula da Amazônia foi, sem dúvida, o fato mais importante deste ano na política externa brasileira, escreve a colunista Tereza Cruvinel = 247 - Leia mais »
Macron agradece a Lula pela Cúpula da Amazônia e defende desmatamento zero - "É urgente cessar, de uma vez por todas, com o desmatamento", escreve o presidente francês 247 - Leia mais »
Editorial Bom Dia, Torres RS – DIA 8 agosto 23
AMAZÔNIA, santuário ou habitat?
A Cúpula da Amazônia, que reúne diversos Chefes de Estado da América Latina com porções territoriais na Amazônia e membros da OCDA, observadores convidados da África e Asia, como a República do Congo, a República Democrática do Congo, Indonésia e São Vicente e Granadinas, além de especialistas e movimentos sociais, deverá emitir, hoje, uma Carta de Princípios para a defesa do bioma. O Presidente da França, que detem a Guiana Francesa na América do Sul, também inserida na Amazônia, não compareceu, frustrando os presentes. A França, na União Europeia, é um dos países mais representativo das exigências ambientais do continente frente à transição energética.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à capital paraense e fez um importante pronunciamento no qual destacou que a AMAZÔNIA não deve ser um santuário mas o habitat dos que nela habitam e necessitam ali sobreviver e realizar seus sonhos. Paradoxalmente, recente Relatório demonstra que das dez cidades com melhores índice, oito estão em São Paulo e as 15 com piores índices ficam na Amazônia.
O que aconteceu nos últimos sete anos foi um retrocesso em muitas áreas: o país voltou ao mapa da fome, aumentou o desemprego. Ao mesmo tempo, segue com uma violência muito grande, problemas na educação e saúde. Isso é refletido nos dados, diz .Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis, e acrescenta: Hoje, 75% das pessoas vivem em cidades na Amazônia sob uma terrível desigualdade social. Só vamos melhorar se tivermos mais estrutura para melhorar a vida das pessoas nas cidades. Se não melhorar a saúde, a educação, as pessoas terão uma relação com a sobrevivência maior que a com os cuidados com o meio ambiente.Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis
O recado de Lula tanto serve para os países europeus, no sentido de reafirmar a posição do Brasil, agora escorada por outros países do continente, de oposição às excessivas exigências ambientais para nossas exportações, como para a própria Ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, igualmente rigorosa quanto à defesa intransigente da Amazônia. Vejamos, enfim, o que dirá a Carta de Belém, esperada para hoje. Ontem, antes do início oficial da Cúpula, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fizeram uma declaração conjunta que aponta para o conteúdo da Nota do Encontro. Representantes dos países que compõem a OTCA, principalmente ministros, também fizeram reuniões preparatórias antes do encontro dos chefes de Estado.
O que é a Declaração de Belém? O texto da declaração foi apresentado pelo Brasil e passou por uma série de negociações desde a última sexta-feira, dia 4. Negociadores do corpo diplomático dos países da OTCA se reúnem diariamente para chegar a consensos no documento. Apenas objetivos em comum acordo podem constar no texto.
Ver - https://www.terra.com.br/planeta/sustentabilidade/o-que-e-a-cupula-da-amazonia-e-qual-a-agenda-dos-chefes-de-estado-evento-ocorre-em-belem,d5ec361d32aabd3db98fe7973428eda9gldqext1.html?utm_source=clipboard
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Anexo :
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um apelo universal da Organização das Nações Unidas à ação para acabar com a pobreza, proteger o planeta e assegurar que todas as pessoas tenham paz e prosperidade. - https://www.piscodeluz.org/desenvolvimento-sustentavel?gclid=Cj0KCQjwib2mBhDWARIsAPZUn_lVLcCsIFjMo860wYRDuhli0nGoNpgiTneGZR1BzNjI35o-ptoiTIkaAsMXEALw_wcB
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nasceram na Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável no Rio de Janeiro em 2012. O objetivo foi produzir um conjunto de objectivos que suprisse os desafios ambientais, políticos e econômicos mais urgentes que nosso mundo enfrenta.
Os SDGs substituem os objetivos de desenvolvimento do Milênio (ODM), que começou um esforço global em 2000 para combater a indignidade da pobreza. Os ODM estabeleceram objectivos mensuráveis, universalmente acordados para combater a pobreza extrema e a fome, prevenindo doenças mortais e expandir a educação primária para todas as crianças, entre outras prioridades de desenvolvimento.
Esses 17 objetivos, construídos sobre os sucessos de desenvolvimento do Milênio, também incluem novas áreas tais como a mudança climática, desigualdade econômica, inovação, consumo sustentável, paz e justiça, entre outras prioridades. Os objetivos são interligados – muitas vezes a chave para o sucesso de um envolverá a abordar questões mais comumente associadas ao outro.
Conosco foi assim, rodamos mais de 400 km de estradas ruins e atravessamos rios para levar Energia Acessível e Limpa a comunidades isoladas. Com isso, acabamos beneficiando outas áreas como Combate as Alterações Climáticas e Boa Saúde e Bem-estar.
Editorial Cultural FM Torres RS 07 de agosto 23
Repúdio geral à fala do Gov. Zema diante do risco de divisão nacional na união SUL/SUDESTE contra NO/NORDESTE
Os governadores do Sul, Sudeste – maciçamente de oposição ao Governo Federal – já se preparam e se organizam no Consórcio Sul-Sudeste (Cossud). A entidade agora é presidida pelo governador Ratinho Junior e, pela primeira vez, formalmente constituída promete dar trabalho ao governo federal e atuar em bloco no Congresso sempre que possível. “Temos 256 deputados – metade da Câmara – 70% da economia e 56% da população do País. Não é pouco, nê? Já decidimos que, além do protagonismo econômico que temos nós queremos - que é o que nunca tivemos - que é protagonismo político”, avisa. O Governador de Minas Gerais, R. Zema, que também lidera o movimento, com apoio do Governador Eduardo Leite do Rio Grande do Sul, disse em Entrevista ao ESP ontem, que chegou a hora de unir o SUL/SUDESTE contra o NORTE/NORDESTE, como tática de combater a esquerda.
https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2023/08/05/interna_politica,1541464/romeu-zema-defende-frente-sul-sudeste-contra-o-nordeste.shtml
O ESP divulga que o Governador do RS, Eduardo Leite, aprovou a ideia.
Bloco Sul-Sudeste anunciado por Zema é defendido por Leite - https://www.estadao.com.br/politica/leite-defende-bloco-sul-sudeste-lancado-por-zema-e-governadores-do-ne-falam-em-estimulo-a-cisao/
Felizmente, caiu mal em todo o país esta iniciativa, mesmo na direita, sensibilizada com o risco que isso apresenta a unidade nacional.
https://www.estadao.com.br/politica/nos-queremos-protagonismo-politico-diz-zema-ao-anunciar-frente-do-sul-sudeste-contra-nordeste/
Alguns analistas até acham que as declarações de ZEMA podem levá-lo a perda de mandato:
Fala de Zema pode levar ao impeachment, diz Walfrido Warde - Leia mais »
"A fala de Romeu Zema é uma afronta ao pacto federativo e foi contemplada na Lei de Impeachment", afirmou o jurista
A reação, enfim, foi ampla e geral em todo o país.
“Políticos criticam fala de Zema sobre protagonismo do Sul-Sudeste Consórcio do Nordeste critica o que chama de indicação de “guerra entre regiões” como forma de perpetuar desigualdades As falas levaram a críticas de que Zema estaria incentivando a divisão e ao ‘lampejo separatista’”. Sérgio Lima/Poder360 - 9.abr.2020 Gabriella Soares 6.ago.2023 (domingo) - 19h15 Políticos de diferentes partidos e o Consórcio do Nordeste criticaram o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), por uma fala em que ele defende “protagonismo” do Sul e do Sudeste. Governadores nordestinos indicam que a declara...
Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/brasil/politicos-criticam-fala-de-zema-sobre-protagonismo-do-sul-sudeste
Para os governadores do Nordeste, a opinião do governador mineiro causa uma preocupação ao Brasil ao sugerir um movimento separatista, o que seria um prejuízo sem precedente ao desenvolvimento do País.
Leia a nota na íntegra:
O governador de Minas Gerais, em entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo em 05 de agosto, demonstra uma leitura preocupante do Brasil. Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento.
O Consórcio Nordeste, assim como o da Amazônia Legal, valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica, foram criados com o objetivo de fortalecer essas regiões, unindo os estados em torno da cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas comuns, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de nossas desigualdades regionais.
Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”.
Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais.
É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento.2
Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades.
A união dos estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo.
Assim, nós, governadoras e governadores da Região Nordeste, além de defendermos um Brasil cada vez mais forte e próspero, apelamos pela união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o nosso país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura.
Nordeste do Brasil, 06 de agosto de 2023.
JOÃO AZEVÊDO – Presidente do Consórcio Nordeste Governador do Estado da Paraíba | Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste – Consórcio Nordeste –
Editorial - Cultural FM, Torres RS 4 agosto 2023
Cerrado, bioma em extinção
O mundo inteiro fala em defender a Amazônia e o próprio Presidente Lula tem repercutido este clamor com a promessa de zerar o desmatamento da nossa floresta tropical até 2030. Enquanto isso, outros biomas, sobretudo o cerrado, berço de 13 bacias hidrográficas do Brasil, vai sendo paulatina e irreversivelmente destruído. No Distrito Federal, uma unidade de conservação denominada Águas Emendadas, preciosidade natural onde nascem vertentes dos Rios São Francisco, Tocantins e Paraná, definha e compromete estas nascentes, cercada pelo crescimento populacional desordenado e crescimento de lavouras à sua volta. A construção de Brasília, aliás, inaugurada em 1960 como expressão do engenho e arte do Brasil Moderno e fator de interiorização da ocupação do país foi uma ferida narcísica no Cerrado jamais redimida. Ela é sempre “nacional”, nunca “regional”. Gilberto Freire, na época, foi a única voz sensata a exigir esta adequação ambiental da cidade e postulava a consultoria de Lewis Mumford sobre isso. Não foi ouvido. Poderia Brasília ter sido um marco na defesa do cerrado e daquela cultura regional, converteu-se no seu oposto: um alheamento. A tragédia não é nova. Washington Novaes, reconhecido jornalista do centro do país que se mudou para Goiás nos anos 1980, falecido há alguns anos, devotou sua vida á denúncia da destruição do cerrado. Por ali avançou, à margem de Brasília, a fronteira agrícola, graças ao desenvolvimento da tecnologia de aproveitamento do solo pobre da região pela EMBRAPA, transformando um Estado até então isolado e ocupado dispersamente por pequenos sitiantes nas vastas fazendas de gado numa das potências do agrobusiness nacional. Hoje estas populações são expulsas de suas terras e se acumulam nos arredores de Brasília e Goiânia. E a faixa de cerrado, de Goiás até o Amapá, que permeia ,como zona de transição no Planalto, a Mata Atlântica, já destruída e a Amazônia, vai sendo igualmente destruída. Trata-se, entretanto, apesar da aparência tortuosa e pouco imponente de sua vegetação, salvo as matas ciliares, de uma das mais ricas biodiversidades do planeta. Os dados deste semestre revelam um retrocesso do desmatamento na Amazonia, o que é alvissareiro, mas, aparentemente compensado pelo aumento do desmatamento do Cerrado, o que é lamentável. Nunca é tarde, porém, para se chamar a atenção sobre mais este crime contra a natureza e a humanidade. Até porque não só o cerrado vem sendo esquecido pelo opinião pública. Também outros importantes biomas, dentre eles o nosso tradicional e recantado Pampa. Oportuno, pois, o destaque, hoje, de O ASSUNTO, g1, Podcast mais ouvido do país.
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O Assunto g1 dia
Cerrado - como salvar o bioma do desmatamento
Nos últimos 12 meses, mais de 6,3 mil quilômetros quadrados de Cerrado foram derrubados, de acordo com dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). Trata-se do pior resultado da série histórica. E, apenas nos primeiros 7 meses deste ano, foram mais 5 mil km² desmatados do segundo maior bioma brasileiro – onde nascem 8 das 12 principais bacias hidrográficas do país. Para alertar sobre os perigos que rondam o bioma, Natuza Nery entrevista Isabel Figueiredo, mestre em ecologia e coordenadora do programa Cerrado e Caatinga no Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). Neste episódio:
• Isabel comenta o processo de acelerado desmatamento que aflige o Cerrado, e aponta a lei de preservação nativa como um “entrave” para sua proteção: “Ele é colocado como um bioma de sacrifício para poder salvar a Amazônia”;
• Ela descreve o bioma como uma "biblioteca que está sendo queimada sem que os livros tenham sido lidos ainda” devido a sua ampla biodiversidade: é a savana mais biodiversa do mundo e habitat de 5% de todas as espécies do planeta. “E tem o papel importante de ser o berço das águas para o Brasil”, reforça;
• A ecóloga compara a redução do desmatamento na Amazônia com o aumento de registros no Cerrado, onde o “governo tem menos espaço de atuação”. Isso porque no Cerrado a maior parte da destruição da mata nativa se dá em áreas privadas, onde os donos de terra falsificam autorizações para desmatar;
• Ela descreve como grileiros usam métodos violentos, com atuação até de milícias, para “acuar, cercear e expulsar” famílias tradicionais de suas terras. Essas comunidades sofrem também, relata, com contaminação de águas e solo por agrotóxicos usados nas grandes propriedades.
O que você precisa saber:
Desmatamento: queda na Amazônia e aumento no Cerrado//Deter: alertas de desmatamento batem recorde no Cerrado//1º semestre: alertas de desmatamento no Cerrado sobem // 21%//Maio: alertas de desmatamento no Cerrado é o maior da série//Goiás: os desafios para fiscalizar desmatamento no Cerrado//Efeito estufa: subsolo do Cerrado retém 5x mais gases que solo//Análise: desmatamento cai na Amazônia e aumenta no Cerrado
O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski, Eto Osclighter e Nayara Fernandes. Apresentação: Natuza Nery.
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Washington Novaes (1934-2020) Coentário sobre a vida e a morte do jornalista e documentarista - https://aterraeredonda.com.br/washington-novaes-1934-2020/
Por MARCO ANTONIO SPERB LEITE*
Parte da gente vai embora quando um amigo nos deixa. O que permanece, se isso serve de consolo, é o que foi incorporado ao nosso ser pela convivência sem maiores interesses, pela amizade. No mistério da vida, a inexorável morte faz parte, mas como dói. Mais um amigo se foi: Washington Novaes.
Washington mudou-se para Goiânia para produzir um jornal projetado para ter padrão e repercussão de nível nacional, junto com um time de jornalistas de primeira grandeza. O projeto chegou a correr na pista, mas não decolou, bombardeado pela ditadura quando o jornalismo investigativo encontrou cadáveres no sul de Goiás, prova de execuções de militantes políticos. Seus colegas foram embora, Washington ficou. Assim ganhei um amigo, um grande contador de casos.
Com sua vasta experiência contribuiu muito para melhorar o nível do jornalismo local. Trabalhador incansável, ajudou a alavancar o Festival Internacional de Cinema Ambiental – FICA, que projetou Goiás para fora de suas fronteiras. Sua ligação com a TV Cultura de São Paulo, aprofundada ao longo de anos, lhe possibilitou realizar documentários sobre o lixo, sobre a ausência de saneamento, sobre a destruição do cerrado, da Amazônia, do Pantanal. Todos fazem parte de seu grito de alerta. Os prêmios recebidos, inclusive os internacionais, eram tratados por ele como pontos de apoio para uma luta maior.
Crítico implacável, lutador pela vida, tinha clareza de que fazemos parte do meio ambiente e, para preservar a vida, tínhamos que preservar todos os biomas. As riquezas do cerrado, suas plantas trabalhadas durante milênios pela natureza foram por ele divulgadas com afinco, pois sabia que estávamos jogando no lixo fármacos ainda não descobertos, na ânsia imbecil do lucro imediato obtido pelo plantio da soja ou da criação de gado. O bioma cerrado foi sua última paixão.
Criticava abertamente o desmonte dos órgãos ambientais nos últimos governos, assim como a construção da usina de Belo Monte, a falta de sensibilidade da Presidente Dilma, da mesma forma que não poupou Marina Silva por não lutar contra a introdução da soja transgênica no Brasil sem obedecer à precaução exigida. Em relação ao atual governo, por seus crimes cometidos, era ainda mais duro. Alertava para a necessidade de denunciar os absurdos patrocinados por um bando de imbecis perigosos apoiados por interesses maiores. Usou sua pena, sem dó ou medo, como uma espada de guerreiro.
Muitos chorarão sua partida: sua companheira de décadas, Virginia, seus quatro filhos. E também chorarão os povos indígenas do Xingu, que recentemente lamentaram a partida do cacique Aritana Yawalapiti, amigo de Washington, que a Covid levou. Todos os que lutam por um mundo mais justo, fraterno que respeite a vida – o meio ambiente nela incluso – choraremos pela perda de um grande companheiro de luta.
Em seus artigos, centenas deles, o meio ambiente foi o fio condutor nos últimos 30 anos. Um profeta que denunciava a destruição da vida. Profeta do óbvio, segundo ele mesmo dizia, pois a degradação que estamos criando é evidente para os que têm olhos para ver e coração para sentir. Os interesses econômicos, quando a terra é moeda, dizia, gera a especulação imobiliária que destrói cidades, que acaba desnecessariamente com as matas, com o cerrado. Considerava como sua missão resistir a essas forças poderosas.
O futuro sombrio que a humanidade vai enfrentar, e em vários lugares já enfrenta, era seu tema recorrente. No Brasil as políticas públicas se voltarão – a médio e a longo prazo – contra o próprio capitalismo na medida em que contribuem para o esgotamento dos recursos hídricos e para o empobrecimento do solo, alertava. As elites e seus asseclas, pelo menos os mais próximos, podem ir para lugares mais preservados e ainda não sentem a falta de ar. Será que só acordarão quando a falta de ar for generalizada? A atual pandemia mostrou que o vírus não distingue pobres e ricos.
Nos últimos tempos Washington continuava na ativa, embora cansado. O museu das águas foi um projeto não realizado. Estava abalado pela morte de amigos, como Newton Carlos, compadre que batizou um de seus filhos e de Aritana, entre outros. E ainda pelo enfraquecimento do movimento ambientalista. Aliás, detestava o epíteto “ambientalista”, pois sabia que sua luta era maior, era pela vida. “Ambientalista é a mãe”, foi o título de um artigo seu para Bundas, revista de curta duração, criada pelo amigo Ziraldo.
Para encerrar, cito um pequeno acontecimento. Estávamos, Washington e eu, indo para uma cidade do interior de Goiás para dar palestras sobre o meio ambiente, quando paramos em uma cidadezinha no meio do caminho para tomar um café. Na saída, um jovem pediu carona. No banco de trás, neste momento Washington dirigindo, ele olha bem para ele e pergunta seu nome. Ao confirmar a suspeita, disse que tinha assistido toda a série sobre o Xingu e que usava os vídeos para mostrar aos seus alunos a importância da cultura indígena. São acontecimentos que mostram estar sua obra no mundo e, como disse Pedro Casaldaliga, suas causas transcendem sua vida.
*Marco Antônio Sperb Leite é professor aposentado do Instituto de Física da UFG.
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Editorial - O Centenário da “Revolução de 23” no RS
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100 ANOS DA REVOLUÇÃO DE 1923 | ESPAÇO PLURAL 02/08/2023 – Rede Estação Democracia - RED
Nesta edição vamos abordar o centenário da Revolução de 1923.
Receberemos o jornalista, historiador, escritor e professor Juremir Machado, e o economista e Membro da Academia de Escritores do Litoral Norte Paulo Timm.
https://www.facebook.com/redeestacaodemocracia/videos/1353078392084620
REVOLUÇÃO GAÚCHA DE 1923
https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/REVOLU%C3%87%C3%83O%20G
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Neste ano relembra-se, evito o celebra-se, o Centenário da “Revolução de 23”. Com efeito, desenrolou-se ao longo de quase todo aqueles idos de 1923, quando Borges de Medeiros, que virou nome de Avenida por todo o Rio Grande, começando por Porto Alegre, uma insurgência com epicentro na campanha, sob chefia de Assis Brasil, que tomou esta designação. Não foi, entretanto, uma Revolução, como frisa o historiador Giovanni Mesquita, autor de uma notável biografia de Bento Gonçalves e grande defensor do que denomina REVOLUÇÃO FARROUPILHA. Esta insurgência estava interligada â sucessão Presidencial no Brasil, que se travara em fevereiro e elegeu Arthur Bernardes, apoiado pelos estancieiros sulinos enquanto o Presidente do Estado, Borges de Medeiros lhe fez Oposição. Mesmo com franca minoria de votos no Rio Grande a vitória de Artur Bernardes animou os adversários de Borges no sentido de impedir suas já renovadas reeleições que se realizariam mais tarde. Foram preparando um clima de contestação, que hoje chamaríamos negativista, com foco na fraude das eleições abertas. Na verdade, este grupo, majoritariamente grandes estancieiros vinha sofrendo graves prejuízos econômicos desde a I Guerra Mundial e clamavam pelo apoio do Estado em seu socorro. Borges recusou, orientado por seus princípios republicanos e positivistas que recomendavam a defesa de um Estado Central equidistante dos interesses econômicos, espécie de árbitro regulador da sociedade, de resto empenhado num processo de mudança estrutural urbano-industrial do Rio Grande. Esta tensão já vinha confrontando proprietários rurais que dominavam a vida econômica e política do Estado desde o período colonial. Porto Alegre, fundada por José Marcelino de Figueiredo em 1772 ( fugido de Rio Grande, esta sim, estrategicamente situada na campanha pela sua condição de porto marítimo, no corpo do complexo da criação e indústria do boi , desde a ocupação da velha capital por Ceballos em 1763) foi, durante muito tempo, apenas um modesto centro administrativo. Robustecer-se-á depois de erigida a capital, com a articulação com a economia colonial do Vale dos Sinos em 1872 com a inauguração da via férrea até São Leopoldo. Aí as coisas começam a mudar na política rio-grandense e explodem em conflito armado na Proclamação da República, quando um grupo de republicanos radicais assumem o Poder em 1891, sob o Governo de Julio de Castilhos, cedo deposto pela fidelidade á Deodoro da Fonseca e logo devolvido pelo voto ao Poder para um período de presença castilhista com outros nomes que se estenderá até 1930. Esta facção, associada à Filosofia positivista de Augusto Comte tem um Projeto progressista, baseado na industrialização , para o Estado e o conduz através de um Partido fortemente hierarquizado e intervencionista, onde não raro a firmeza se confunde com violência. A reação não tarda e se acentua com a presença do velho líder monarquista Gaspar da Silveira Martins que deflagra a resistência armada “federalista” dando origem à bárbara rebelião de 1893-5, que se juntaria à Revolta da Armada contra o Presidente Floriano Peixoto na capital catarinense onde foi debelada pelas forças oficiais rio-grandenses. Este fato, aliás, alia incondicionalmente o Governo do Rio Grande do Sul ao Exército, o que se estenderá até a famosa Legalidade, em 1961, quando o comandante do III Exército se alia ao Governador Brizola em defesa da posse de J. Goulart como Presidente da República. A tensão, entretanto, entre Porto Alegre oficialista e o interior acentuar-se-á no Governo Borges de Medeiros que, não obstante, detém o controle político sobre todo o Estado e enfrentará a rebeldia “liberal” com uma poderosa força de 12.000 homens muito bem armados. Irrompida a rebelião, logo depois de mais uma vitória de Borges como Presidente do Estado, as tropas de Assis Brasil vão ao confronto. Sempre evitaram, porém, pela fragilidade de suas armas, o confronto campal e, por isso, partem para uma guerra de desgaste, já praticada na Revolução Farroupilha e na Federalista, na esperança de que o novo Presidente da República, seu aliado, interferisse a seu favor com a Intervenção, o que jamais ocorreu. Depois de muitas idas e vindas revoltosos se enfraquecem e aceitam a trégua na Paz de Pedras Altas em novembro de 1923, reconhecendo a manutenção de Borges até uma futura eleição. Esta paz, aliás, foi mediada pelo homem de confiança de Borges: Getúlio Vargas. Esta pacificação, aliás, selará uma união das forças políticas em torno de Vargas ao comando do Estado em 1927, culminando no apoio à sua Revolução em 1930, embora de pouca duração. Em 1932 novas cisões emergem no Rio Grande, mas já não mais armadas. Pedras Altas contibui decisivamente para o reconhecimento das divergências ideológicas que atravessarão todo o século XX sem outros atritos que não os da virulência ideológica. Este fato, importante, no entanto, leva ao equívoco de vários analistas de associarem os revoltosos de 23 aos movimentos de enfretamento às retrógradas oligarquias da I República. Ora, aqui no Rio Grande, retrógrados eram eles. A dita oligarquia no Poder, ao contrário, era surpreendentemente progressista e se projetou sobre o cenário nacional através de Vargas depois de 1930.
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Editorial Cultural FM Torres RS 02 de agosto 23
Afinal, o Brasil vai bem ou vai mal?
Não falemos da conjuntura e do Governo Lula III, que vai se firmando numa corda meio bamba. Falemos do Brasil em retrospectiva ou, como queria Cazuza: “Que país é esse? ” Ou, ainda, como indaga outro analista, Isaac Reutman: “Colonizado ou protagonista”, forma educada da expressão “escravo ou Senhor”? Antonio Callado, grande entusiasta do Brasil quando moço também foi em busca do Brasil profundo com seu QUARUP, de 1967, mas morreu em profunda depressão decepcionado com o que viu. Drummond foi mais longe e ainda perguntou no sugestivo poema Hino Nacional, “os brasileiros acaso existirão...? ”
Hino nacional
Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás as florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
Precisamos colonizar o Brasil.
...
Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
assimilaremos finas culturas,
abriremos dancings e subvencionaremos as elites.
Cada brasileiro terá sua casa
com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.
Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...
Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão
de seus sofrimentos.
Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?
A questão me vem à baila, neste dois de agosto mercurial que amanhece em Porto Alegre com 15 graus, depois de uma conversa com um velho amigo. Ele está fazendo o caminho inverso preconizado pelo velho Senador Roberto Campos que sempre dizia ser normal ser incendiário na juventude e bombeiro na fase adulta. Meio conservador quando estudante, hoje se diz encantado com a China comunista que, além de retirar 800 milhões da pobreza em 30 anos, segundo respeitáveis revistas acadêmicas – surpresa até pra mim, que pensava fosse a metade desse número -, lidera o comércio mundial e se prepara para superar os Estados Unidos. No Brasil, diz ele, mourejamos no patrimonialismo. Ele, entretanto, nem Cazuza nem Drummond são os únicos desencantados com o “Brasil, país do futuro”, dos tempos de S. Zweig. Quando eu ainda dava aula na Universidade de Brasília, há 20 anos, costumava perguntar genericamente aos alunos: Vocês acham que o Brasil deu certo? A resposta era unânime: “Nãããoooo...!” Tentava, então, ao longo do meu curso, se não convencê-los do contrário, à luz das grandes realizações do país no século XX, quando nossa população saltou de meros 15 milhões de caranguejos arranhando a costa para 190 milhões, muitos dos quais, embora minoria, já assentados no Grande Sertão, com um Estado organizado com instituições invejáveis, inclusive um Tribunal Eleitoral, uma inédita Justiça do Trabalho, um SUS com mais de 30 mil postos de atendimento gratuito, além de vigorosas instituições financeiras públicas como BNDES, BB e CEF, para não falar da diversidade cultural digna de reconhecimento internacional. Não sei se sensibilizei algum deles, mas continuo empenhado nessa missão: mostrar que, malgré tout, o Brasil deu certo e está numa nova encruzilhada. Se errar pode desaparecer. Mas vai indo, aos trancos e barrancos dos golpes em sua frágil democracia, em meio à violência herdada da escravidão mas que nos dá, entretanto, o crédito de ter uma maioria não branca do colonizador em sua população. Não somos, com efeito, a China, mas nem temos uma cultura milenar, nem fomos protagonistas de uma Revolução, como a que fizeram os chineses sob Mao Tse Tung, que lhes redefiniu a equação de poder interno com a eliminação do mandarinato. Foi a Revolução Francesa deles. Nós, com exceção do Rio Grande do Sul, não tivemos nada parecido. Fomos nos modernizando, depois da Batalha do Itararé, em 1930, por acordos tácitos que jamais permitiram mudar a estrutura agrária e enraizado patrimonialismo. E aqui estamos, com um país territorialmente imenso e com tarefas históricas ainda a se cumprirem, mas de pé, com o mérito de ter saído de suas graves crises pela interação entre mobilização popular (como na Abolição, na década de 1880, e nas redemocratizações de 1945 e 1985, bem como nas eleições de 22) e articulação das elites políticas. Como afirma enfim, a sociólogo Maria Hermínia em artigo recente na FSP: Pior seria sem o que se tem...
Maria Hermínia Tavares* - Pior seria sem o que se tem
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-herminia...
Poderíamos ir mais rápido e com mudanças mais profundas. Por certo, poderíamos e deveríamos. Mas esta não é uma questão teórica nem de postagem em Redes, é Política. Quem, enfim, à empreenderá, até que um Robespierre, um Trotsky ou um Mao, com respaldo popular, acaso apareçam...? Fiquemos com o que se tem e tratemos de desdobrá-lo historicamente. O Brasil existe! Os brasileiros existem!
Anexos
Que país é esse? Colonizado e periférico ou protagonista? Isaac Roitman
Mercantil = 18:18 - 1 de junho de 2020 = ACESSE AQUI >>.
Peguei emprestado como parte do título do artigo a composição musical criada por Renato Russo (Renato Manfredini Junior) em 1978 e que teve grande sucesso na banda Legião Urbana. A letra da música é questionadora e pretende tecer uma severa crítica social. Quando foi criada, no final dos anos 70, já havia a sensação de impunidade e falta de regras civilizatórias. O compositor não critica apenas a classe política, mas também a corrupção espalhada e arraigada no nosso dia a dia.
Um dos versos diz: “Nas favelas, no Senado / Sujeira pro todo lado / Ninguém respeita a Constituição / Mas todos acreditam no futuro da nação”. Em um outro: “Mas o Brasil vai ficar rico / Vamos faturar um milhão / Quando vendermos todas as almas / Dos nossos índios num leilão”.
A composição criada há 42 anos parece ter sido escrita ontem. Uma questão então emerge: o Brasil melhorou? A resposta é não.
A pandemia provocada pelo Corona vírus, parafraseando, Hans Christian Andersen (o rei está nu), revelou que o país está nu e despreparado para enfrentar a grave crise sanitária que assola o planeta. Em adição, a pobreza e a fome, consequência da vergonhosa desigualdade social, condenará a morte um grande contingente das populações vulneráveis.
A demissão recente de dois ministros da saúde competentes revela que o país está à deriva. O descaso com o desenvolvimento científico brasileiro, com cortes de investimentos e redução de bolsas, revela uma falta de visão para o futuro. A crise da Covid-19 certamente nos ensinará muito. O modelo econômico planejado pelos banqueiros e seus comparsas naufragou. Por outro lado, a pandemia revelou atitudes virtuosas, como a dedicação dos trabalhadores da saúde para enfrentar os efeitos perversos da pandemia. As iniciativas solidárias, para mitigar o sofrimento das camadas mais vulneráveis é um sinal que podemos aprimorar a nossa missão com o coletivo.
Precisamos definir se queremos continuar a ser um país com o mesmo enredo, colonizado, periférico e campeão na injustiça social? Se a resposta for sim, vamos continuar na zona de conforto, acomodados e não gastar nenhum minuto pensando nas futuras gerações de brasileiros e brasileiras. Vamos continuar a eleger nas esferas do Executivo e Legislativo pessoas que não são preparadas e que não apresentam nenhuma sensibilidade para o coletivo.
No entanto, se a resposta for não, vamos ser todos protagonistas de transformações onde todos possam alcançar seus sonhos. Em uma verdadeira democracia, o Estado deve priorizar os desejos e sonhos do povo. Um modelo de desenvolvimento baseado apenas no desenvolvimento econômico é incompleto. Crescimento econômico sem desenvolvimento social resulta em falta de inclusão, indignação, descontentamento e agitação social.
É urgente conquistarmos uma educação que consolide valores e virtudes e que inclua uma educação ambiental e libertária sem espaço ao individualismo, a competição, ao consumismo e ao mercado que não respeite os princípios civilizatórios e direitos de todas as camadas sociais. Para conquistarmos o Brasil que queremos, é preciso mudar o pensamento e as atitudes das pessoas. É pertinente lembrar o pensamento de George Bernardo Shaw: “Progresso é impossível sem mudança, e esses que não podem mudar suas mentes não podem mudar coisa nenhuma. ”
A preocupação com o futuro e com o legado que deixaremos para as próximas gerações devem pautar as nossas ações no presente. Lembremos que não somos imortais e que o nosso compromisso maior é com os nossos descendentes.
No Brasil, não temos tradição de planejar a longo prazo. Nossos projetos se limitam a quatro ou oito anos de governo, e a maioria deles não são realizados. É preciso planejar a longo prazo, estabelecer projetos de Estado e construir um novo Brasil, melhor e mais justo. Vamos trabalhar para que no breve futuro possamos apreciar a bela composição de Renato Russo e a pandemia do Corona vírus como uma lembrança do passado que nunca voltará.
- Pior seria sem o que se tem
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-herminia...
Maria Hermínia Tavares* =Folha de S. Paulo
Basta imaginar a passagem do ex-capitão por Brasília se ele tivesse um partido majoritário no Congresso
O sistema político brasileiro não é visto com bons olhos pela imensa maioria dos acadêmicos e dos jornalistas. Uns e outros buscam persuadir os leigos de que nada ou muito pouco presta no presidencialismo de coalizão, corolário de um sistema partidário notoriamente fragmentado. Em especial, investem contra a partilha de ministérios e cargos de primeiro escalão, vital para a formação da base governista no Congresso, e a política de liberação de recursos para emendas parlamentares, que azeita a aprovação de projetos de interesse do governo.
Muitos julgam ainda excessivo o poder dos governadores em assuntos nacionais. E se dizem preocupados com a judicialização das disputas políticas e o protagonismo das instituições judiciais, particularmente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Para os críticos, esse sistema emperra decisões; baseia-se em caro toma-lá, dá-cá; dificulta a adoção de reformas importantes; e multiplica as oportunidades para a apropriação indevida de recursos públicos —a velha e onipresente corrupção.
Talvez seja hora de contrapor às críticas as vantagens de um sistema que impede a concentração excessiva de poder no Executivo, bem como o governo de um único partido majoritário. Em consequência, obriga à negociação entre interesses diversos, à busca de consensos e, nesse processo, favorece soluções moderadas. Por último, o mais importante: o seu papel como dique de contenção a arroubos de um mandatário com vocação autoritária.
No passado recente, foram essas as instituições que impediram Bolsonaro de exercer seu despotismo, limitando o estrago de suas políticas destrutivas. Basta imaginar o que poderia ter sido a passagem do ex-capitão por Brasília, tivesse ele um partido majoritário no Congresso; a prerrogativa de indicar prepostos para administrar regiões sem autonomia frente ao governo central; e, por fim, contasse com um Judiciário subjugado.
É esse arranjo tido como mal-ajambrado, no qual a negociação política é tão crua quanto aberta, que tem permitido, pela busca de convergências, definir novas regras fiscais e a tão esperada Reforma Tributária. E mais do que permitir, requer um governo disposto e capaz de dialogar para chegar ao que a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, em recente entrevista ao jornal Valor, chamou de solução "meio-termo" ao tratar do controverso marco temporal para a demarcação das terras indígenas. Afinal, meio-termo, negociação, moderação, construção de consensos são alguns dos tantos nomes da política democrática. Antes assim.
Tiro uma semana de férias. Volto no fim do mês.
*Professora titular aposentada de ciência política da USP e pesquisadora do Cebrap.
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Editorial Cultural FM Torres RS 01 de agosto 23
Ação policial contra o crime: Confronto ou Inteligência?
Operação acontece desde sexta-feira (28) após policial da Rota ser morto no Guarujá. Governo fala em 8 mortos, enquanto ouvidoria das polícias de SP cita ao menos 10 vítimas no fim de semana.
Operação da PM para prender suspeito de assassinar policial da Rota deixa 10 mortos em Guarujá, diz ouvidor - Moradores relataram que policiais torturaram e mataram um homem e prometeram matar ao menos 60 pessoas em comunidades da cidade. Suspeito de matar agente da Rota foi preso neste domingo (30).
SSP confirma mais duas mortes em ação da PM no litoral, e total chega a 10 - Ouvidoria recebe denúncias de tortura e ameaças da PM em Guarujá = 'Ação da PM não parece ser proporcional em relação ao crime', diz Dino
Antes de se entregar, 'sniper' suspeito de matar policial da Rota fez vídeo pedindo para Tarcísio 'parar matança' - Erickson David da Silva foi preso neste domingo. Ouvidoria da Polícia relatou que policiais mataram 10 pessoas em operação de buscas por suspeito; Secretaria de Segurança Pública informou apurar o caso.
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Meu amigo Dr. Frank Cunha, 91 anos de lucidez, sempre atento ao mundo e escrevendo com talento e erudição, me manda este grafite, colhido em Buenos Aires:
"CUIDADO, POLCIALES SUELTOS!!!"
A advertência poderia ser tomada como toque de humor, mas não é. É um registro da visão da sociedade – ou parte dela – sobre a imagem da Polícia em nosso tempo, pleno século XXI, no continente. Século que se prometia consagrado aos Direitos Humanos. Coincidentemente, um jovem preso no fim de semana no episódio do Guarujá, litoral de São Paulo, acusado de ter ocasionado a chacina de oito ou dez pessoas ao ter alvejado de morte um policial militar, antes de se entregar faz um vídeo em que apela ao Governador do Estado, clamando: “Parem de matar! ” Não pararão. A ação policial sobre o crime, no Brasil, consolidou-se no país inteiro, seja governado pela direita ou pela esquerda, pela política de confronto armado. Na Bahia, estado com o maior número de mortes violentas, governado há anos pelo PT, 28% das mortes violentes é resultado da ação policial. Na sequência vem Rio de Janeiro e o episódio de Guarujá demonstra que em São Paulo não é diferente.
Qual o problema da Política de Confronto Armado com o crime? É que ele não diminui a criminalidade. Ela se reproduz no calor do confronto e acaba se espalhando pela sociedade que acaba se armando por conta própria na tentativa de se defender. O resultado é mais violência. Onde vamos parar?
O crime existe e se organizou de forma inusitada depois da década de 80. O tráfico de drogas criou uma era jamais vista de poder econômico nas mãos das redes do crime. Com ramificações internacionais. A tal ponto que já há uma discussão, também internacional, sobre a conveniência da manutenção da repressão ao uso de entorpecentes, vez que os recursos públicos aí envolvidos são cada vez maiores e infrutíferos. Aliás, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, nestes dias, se debruçará sobre esta difícil matéria no Brasil Não se trata de liberar o tráfico mas de autorizar o porte limitado de drogas para uso pessoal. A questão, entretanto, é que se esta liberação evita a prisão de supostos usuários de droga, ela continuará penalizando o microtraficante, geralmente pobre, negro e morador nas periferias das cidades, que alimenta o usuário. Continuares com centenas (!) de milhares de jovens encarcerados que acabam sendo engajados nas organizações do crime, que lhes oferecem apoio financeiro e advogados. E continuarão os confrontos entre traficantes e policiais, com balas perdidas alcançando crianças inocentes.
Que fazer diante disso?
Reconhecer, primeiro, a complexidade do problema que exige esforço interdisciplinar no seu enfrentamento. Segundo, submeter a ação policial às determinações da Lei que não autoriza enfrentamentos letais com número considerável de vítimas fatais. Isso exige a mudança da Política de Confronto das polícias com o crime pela Política de Investigação capaz de prevenir danos fatos e colaterais. Isso é mais difícil? Talvez. Mas é o método democrático de enfrentar a violência do crime. Não com a violência do Estado, mas sua firmeza no cumprimento da Lei: Avaliar, Investigar, Prender e Processar. Claro que esta Política exige também revisão da Legislação sobre certos crimes: hediondos, praticados ao amparo de organizações, reincidência etc., papel que cabe, fundamentalmente ao Congresso Nacional. Nada justifica que um reincidente por 30 vezes do crime de roubo venha a ser beneficiado com a progressividade. Em todo o caso, o que deve rechaçar é que a Polícia aja, como parece ter agido no Guarujá, como retaliação ao fato de que um dos seus foi atingido por um criminoso. É compreensível que o crime atue sem critérios, mas não é aceitável que o Estado o faça, assimilando-se aos métodos criminosos. No Estado de Direito Democrático, regido como nós, por uma Constituição, ninguém está autorizado a matar por vingança ou impulso. Defesa da honra, pessoal e institucional não tem cabida em tribunais. Mister, pois, parar de matar indiscriminadamente, ainda que sob o argumento do combate ao crime. Este se faz com a Lei.
O caso concreto do Guarujá, tratado pelo Governador de São Paulo com regozijo, exige INVESTIGAÇÃO, eis que há contraditório no âmbito mesmo da força policial. A pressa em justificar a ação policial é um erro do Governador e de analistas ideologicamente comprometidos com o slogan de que bandido bom é bandido morto. Esta máxima, mínima em bom senso, acaba se alastrando como consigna num universo carregado de conflitos e vai para as paredes, como em Buenos Aires: “Cuidado, policiais soltos”, um perigo para todo mundo, pois atrás de bandido bom é bandido morto, vem “índio bom é índio morto”, negro bom é negro morto, gay bom é gay morto, “vagabunda” boa é vagabunda morta, invasor do MST bom é invasor morto, sindicalista bom é sindicalista morto...e assim por diante, como naquele conhecido poema:
Primeiro levaram os negros / Mas não me importei com isso /
Eu não era negro. / Em seguida levaram alguns operários / Mas não me importei com isso / Eu também não era operário. /Depois prenderam os miseráveis / Mas não me importei com isso / Porque eu não sou miserável. / Depois agarraram uns desempregados / Mas como tenho meu emprego / Também não me importei. / Agora estão me levando. / Mas já é tarde. / Como eu não me importei com ninguém / Ninguém se importa comigo.
Editorial Cultural FM Torres RS 31 de julho 23
A disritmia sulina
Raras vezes temos a oportunidade de conhecer a nossa realidade socioeconômica como no artigo abaixo do Doutor Carlos Paiva. Com base no Censo 22 compara a dinâmica populacional do RS e SC, evidenciando a tendência à estagnação de nossa economia. Segue:
Carlos Paiva
Artigo por RED - https://red.org.br/noticia/a-disritmia-sulina/
29/07/2023 05:30 • Atualizado em 28/07/2023 22:40
⦁ Os problemas do Censo
Os primeiros resultados do Censo Demográfico de 2022 deixaram o Brasil atônito. Até 2021 o IBGE estimava a população brasileira em pouco mais de 213 milhões de pessoas. Mas em 2022, o Censo “encontrou” 10 milhões de pessoas a menos no Brasil. A discrepância foi tamanha que muitos a tomaram como um indicador da baixa confiabilidade de nosso sistema estatístico. Afinal, um “equívoco” de 10 milhões não é qualquer coisa.
Há alguma razão na crítica. O IBGE viveu maus momentos ao longo dos (tristes) anos de (des) governo Bolsonaro. Sofreu com cortes de verbas, mudanças abruptas de gestão, alterações no questionário do Censo. E, como se isto tudo não bastasse, passou pelo grande desafio representado pela pandemia, que impôs mudanças no calendário; além de afetar todo o sistema de estimativa populacionais em função da elevação abrupta e inesperada do número de óbitos em 2020 e 2021.
Parte da discrepância entre a população estimada em 2021 e da população censitada em 2022 advém justamente da pandemia. Como o IBGE estima a população em cada ano antes da consolidação dos registros de óbito, o órgão projetou o impacto da covid-19 no Brasil tomando por referência a morbidade média mundial. Mas o IBGE parece não ter projetado que nós seríamos hors concours em morbidade. Além disso, aparentemente, o IBGE também subestimou o crescimento da emigração ao longo dos últimos anos. Um equívoco que também é explicável. Em 2020, no auge da pandemia, a migração de brasileiros para o exterior caiu abruptamente. Porém, em 2021 a emigração teve um crescimento astronômico, que mais do que compensou a queda do ano anterior. Além disso, parte da emigração não é computável no momento da saída do viajante. Pois ele entra nos demais países como “turista”. Neste caso, mesmo quando não tem intenção de voltar para o Brasil ele é obrigado a adquirir uma passagem de retorno; e é computado como domiciliado no país.
Mas também há um outro lado. Ao contrário do que pretende o senso comum, o fato do Censo Demográfico de 2022 ter identificado uma população menor do que a população estimada para 2021 não é a “prova” de que a estimativa estava totalmente errada. Na verdade, os Censos sempre subestimam a população real. Pois casas visitadas mais de 3 vezes sem que ninguém seja encontrado é considerada vazia. Mesmo que, na verdade, a ausência de domiciliados seja meramente casual. Assim, é de se esperar (e isto logo será averiguado) que a população brasileira se encontre, de fato, hoje, abaixo dos 213 milhões projetados para 2021, mas acima dos 203 milhões identificado no Censo de 2022. Detalhei este ponto na primeira seção de um outro artigo, cuja leitura recomendo a eventuais interessados no tema.
O que importa entender, para nossos objetivos neste texto, é que: 1) a população efetiva do Brasil e de suas regiões hoje deve ser maior do que a contabilizada no Censo e menor do que a estimada nos anos anteriores: seria razoável apostar em um valor intermediário; 2) apesar das tendências à subestimação dos Censos, esta tendência tende a se distribuir com grande uniformidade; vale dizer: os diferenciais de variação populacional não devem sofrer alterações significativas. É claro que os municípios que tiveram as maiores perdas vão protestar e, muito provavelmente, ingressarão na Justiça contra o cálculo do IBGE. Pois a perda populacional envolve perdas diversas: do repasse do ICMS à queda do número máximo de vereadores. O jus sperniandi está consagrado no Brasil. Mas ele não garante qualquer legitimidade às demandas. A maioria delas é mera protelação do inevitável.
⦁ Os determinantes da dinâmica demográfica e suas diferenças
Um dos principais focos do artigo já referido de análise do Censo que publiquei na RED no dia 15/07 foi a extraordinária diferença entre a dinâmica demográfica do RS e de SC ao longo dos últimos 12 anos. Há muito tempo que o RS é o Estado com menor taxa de crescimento demográfico do Brasil. Se tomamos o período entre 1970 e 2022, o RS ocupa exatamente a última (27ª.) colocação dentre as UFs em termos de crescimento demográfico. A população do Brasil cresceu 115% e a do RS apenas 63,5%. Mas SC cresceu acima da média brasileira no período: 159,7%, ficando em 12º. lugar entre as UFs. Mais: esta performance diferenciada é relativamente recente. Entre 1970 e 1991, a performance demográfica de SC (23,07% de crescimento) era inferior à performance do Brasil (35,93%) e pouco superior à performance demográfica do RS (cuja população cresceu 15,02% nesses 21 anos). E a similaridade nas taxas de expansão demográfica de SC e RS se impôs a despeito das discretas diferenças na estrutura etária dos dois Estados. Este ponto é importante e merece alguma consideração.
Não são poucos os demógrafos, economistas e sociólogos que buscam explicar os diferenciais (bem como as convergências) de dinâmica demográfica a partir de duas determinações básicas: estrutura etária e as referências culturais que orientam o planejamento familiar. E isto não é gratuito. Afinal, a capacidade de reprodução humana – como a de qualquer outro animal – é limitada a um dado período da vida; que vai da adolescência ao climatério. Além disso, no caso específico da população humana, o processo reprodutivo envolve, como regra geral, uma decisão dos casais, que é mediada por inúmeras determinações culturais associadas à aprovação (e/ou desaprovação) social do intercurso sexual entre casais de distintos estratos sociais e condições matrimoniais, bem como do direito dos mesmos ao controle e planejamento do número de filhos pelas vias mais diversas: do coito interrompido ao aborto.
Mas o fato da cultura e da estrutura etária serem elementos relevantes não os torna exclusivos. De sorte que não se pode reduzir a dinâmica demográfica a estas duas determinações. Quando o fazemos, estamos, de fato, abstraindo a dimensão econômica, que é fundamental para o entendimento da demografia. Mais: a abstração da dimensão econômica naturaliza (a despeito das aparências em contrário) a dinâmica demográfica, reduzindo-a, de um lado, à sua dimensão biológica (ter ou não idade para a procriação) e, de outro, a elementos “culturais” que ingressam como variáveis exógenas, não explicadas e não explicáveis, como algo da “natureza social”. O que se perde nesta redução é a capacidade de entender a dinâmica demográfica enquanto sintoma econômico, enquanto expressão privilegiada de um elemento central na dinâmica econômica: a capacidade de inclusão da população pelo trabalho gerador de uma renda minimamente satisfatória.
O ponto central a entender é que os processos migratórios são tão relevantes para a dinâmica demográfica dos territórios quanto o crescimento vegetativo da população. E os fluxos migratórios são determinados, primariamente, pela busca de melhores condições de reprodução material. Mais: com a crescente integração do mundo patrocinado pela universalização da ordem mercantil capitalista, os processos migratórios tornaram-se cada vez mais intensos e relevantes. Ao ponto de se tornarem uma das principais causas das diferenças nas estruturas etárias de regiões e nações. Senão vejamos.
Países e regiões que não oferecem oportunidades de trabalho e renda para a sua juventude em termos consistentes com suas expectativas, tendem ser abandonados pelos mesmos, que migram para regiões e nações onde encontram melhores condições de reprodução social. E estes processos migratórios são a verdadeira raiz do envelhecimento relativo da população. Aliás, é muito comum que os países e regiões que expulsam seus jovens apresentem, num primeiro momento, uma elevação do percentual de idosos e de crianças. Pois os pais partem para outras regiões deixando seus filhos pequenos com os avós. O que importa entender é que a estrutura etária não pode ser tomada como um ponto de partida absoluto. Muitas vezes ela é um desdobramento do processo migratório. E isto não é tudo: ela pode estar revelando, também, diferenciais de longevidade. E, como se sabe, a longevidade é um indicador da qualidade e universalidade do sistema sanitário e, em especial, dos serviços médicos de saúde.
Um exemplo concreto pode ajudar a entender este ponto. Entre 1970 e 1980 a população brasileira aumentou em 26,6 milhões de habitantes, o que implicou uma expansão de 28,19%. Em 1970, São Paulo contava com 19% da população total do país, mas com 22% da população entre 40 e 60 anos e (coincidentemente) 22% da população com mais de 60 anos; vale dizer: a idade média dos paulistas era maior do que a do Brasil. Não obstante, em 1980 SP passou a contar com 21% da população do país. Entre 1970 e 1980, a população de SP cresceu 41,3%, vale dizer, 13 pontos percentuais acima da média brasileira, o que o colocou em 8º. lugar entre as UFs com maior crescimento populacional. De outro lado, o PR era a UF do Sul com maior percentagem de população jovem. O PR contava com 7,5% da população total do país, mas com meros 5,5% da população acima de 60 anos. Não obstante, sua taxa de crescimento demográfico foi a menor de todo o Brasil nos dez anos (10,75%). Em 1980, o Paraná contava com apenas 6,4% da população do país: havia perdido 1,1 ponto percentual em participação. A despeito de sua estrutura etária “promissora” no início dos anos 70, a crise da economia cafeeira do Paraná em meados da década e o elevado dinamismo da indústria paulista (impulsionada pelo Milagre Econômico e, posteriormente pelo II PND de Geisel) cobraram o seu preço, alavancando as taxas de imigração do PR em direção a SP.
Um outro exemplo tão ou mais significativo: entre 2000 e 2022 a população brasileira cresceu 19,74% e a população gaúcha cresceu apenas 6,8%. Porém, nesse período, o Corede Litoral Norte, no RS, apresentou um crescimento populacional de 53,08%. Este crescimento espantoso foi capitaneado pela migração de aposentados (vale dizer, de pessoas de idade elevada) para o território que adotaram o domicílio de veraneio como domicílio permanente. Este processo redundou, inicialmente, numa verdadeira revolução da estrutura etária dos domiciliados no Litoral, com o aumento significativo da percentagem da população idosa. Porém, o movimento inicial logo foi contrastado pela crescente imigração de jovens para a região. Por quê? Porque a população aposentada alimenta um desequilíbrio significativo entre oferta e demanda de bens e serviços. Pois trata-se de uma população com elevado poder de compra, com grande demanda por serviços (que é o setor mais empregador da economia) mas que não ingressa no território como ofertante, seja de bens, seja de serviços, seja de mão de obra. O desequilíbrio entre oferta e demanda que resulta deste movimento, se resolveu pela atração de empresas, empresários e trabalhadores em idade ativa para o Litoral.
Por fim, é preciso entender que a clivagem entre determinações “socioculturais” e “econômicas” envolve uma simplificação. E as simplificações só têm alguma utilidade quando as tomamos pelo que são: instrumentos de raciocínio, que podem e devem ser descartados quando buscamos ir além de modelos simples e avançamos em direção ao concreto pensado. Talvez a forma mais adequada de explicar este ponto (sem ingressar em debates teóricos infindáveis) seja a maiêutica socrática, o método de ensinar perguntando.
A despeito de algumas oscilações significativas e “booms” eventuais, a taxa de crescimento vegetativo da população dos países capitalistas desenvolvidos tem sido decrescente. Pergunta-se. Até que ponto este fenômeno resulta de uma mudança cultural associada ao exacerbamento do hedonismo e do individualismo no capitalismo avançado, em detrimento dos mores culturais do século XIX, em que a família e a Igreja eram o centro da sociabilidade e a descendência era a expressão primeira da realização pessoal? E até que ponto este fenômeno é derivado da insegurança econômica dos jovens casais nos dias atuais? Qual o papel do individualismo e qual o papel das expectativas com relação à qualidade de vida e condições de trabalho de seus filhos no futuro? Ou, tomando o meu próprio caso pessoal: eu tenho três filhos, todos casados e com mais de 30 anos. Mas não tenho netos. Isto se deve ao fato de meus filhos serem hedonistas, egocêntricos e autocentrados ou se deve ao fato de que nenhum deles tem qualquer estabilidade ou segurança nos seus empregos? Ou será que os dois fatores andam de mãos dadas?
⦁ Por que é central entender as determinações econômicas da dinâmica demográfica?
Pedimos desculpas ao nosso leitor mais preocupado com os “achados” – vale dizer: com as novidades trazidas pelo Censo Demográfico de 2022 – do que com os “perdidos” – vale dizer: com os infindáveis debates teóricos e conceituais e os inúmeros exemplos do passado para a explicitação dos determinantes da dinâmica demográfica. Mas, infelizmente, a digressão acima se mostrou essencial em função das críticas feitas ao meu trabalho publicado na RED há duas semanas atrás por alguns colegas de profissão. O centro de seus argumentos encontrava-se na pretensão de que a dinâmica demográfica não seria bom indicador da dinâmica econômica; pois estaria referida primariamente à estrutura etária e a padrões culturais associados ao planejamento familiar. No fundo, do meu ponto de vista, aqueles que esgrimem esta interpretação não o fazem por ignorar o componente econômicos associado à migração. Mas porque acreditam que a economia gaúcha está “muito bem, obrigado”. Ou, ainda: acreditam que, se ela vai mal, é apenas porque a economia brasileira vai mal. E não há nada que mudar nas políticas econômicas em curso no Rio Grande Amado.
Há anos que me oponho a esta tese. E busco demonstrar que a decadência econômica do RS não pode ser explicada exclusivamente pelo baixo dinamismo econômico brasileiro nos últimos 40 anos. É preciso atentar também para nossos erros.
E, aqui, vale esclarecer um ponto. Eu sei – e, creio, qualquer economista sabe – que há um componente nacional no fraco desempenho do RS. Talvez ainda mais importante: há um componente setorial (ou estrutural). Em que sentido: ao longo de muitas décadas, o RS se manteve em segundo lugar na participação nacional do VAB da Indústria de Transformação (IT). SP (com mais de 40%) e RS (com quase 10%) correspondiam a mais da metade do VAB da IT nacional. Ora, o Brasil vem se desindustrializando aceleradamente desde os anos 90; e os Estados mais industrializados (SP, RS e RJ) vêm sofrendo mais neste processo.
No entanto, há um terceiro componente na determinação da dinâmica de uma região: o componente diferencial. Este componente está associado à capacidade de uma região deslocar sua estrutura produtiva em direção àqueles setores que apresentam uma taxa de crescimento mais elevada. Se a conquista de novos nichos de mercado é realizada antes de potenciais concorrentes, o território ganha vantagens competitivas, pois percorre a curva de aprendizado (o know-how associado ao learning by doing) e adquire vantagens de escala (internas e externas) antes dos demais.
Mas é importante atentar para um ponto crucial para que se possa entender efetivamente o papel do componente diferencial na taxa de crescimento. Um ponto para o qual, acredito eu, raríssimos analistas e planejadores econômicos gaúchos atentam: o ingresso em novos setores só alcança dinamizar a economia se houver demanda significativa e crescente para a nova produção. Ao contrário do que usualmente se pensa no RS, o crescimento diferencial não se dá tão somente porque se ingressa em setores que ninguém antes ingressou. Em especial, não se dá quando ingressamos em setores nos quais não temos qualquer tradição e conhecimento. A trajetória normal de inovação em produto é o aproveitamento de conhecimentos e equipamentos já existentes para a diversificação de mercados. Assim, uma indústria de cola para sapato deve buscar desenvolver outras colas (para madeira, por exemplo). Uma firma de embalagens para calçados deve buscar novos nichos, como embalagens para alimentos, por exemplo.
O ingresso em um setor radicalmente novo, pode ser da maior relevância para a nação. Por exemplo: dominar a tecnologia de prototipagem de microprocessadores é fundamental para qualquer país que pretenda contar com um mínimo de autonomia e capacidade inovativa na área de computação. Neste sentido, mostra-se crucial sustentar e apoiar o CEITEC, localizado no RS. Mas seria uma falácia sustentar este apoio argumentando que o CEITEC poderia ser a base para um crescimento expressivo no emprego e na renda dos trabalhadores assalariados no RS. E isto simplesmente porque este é um setor de altíssima competitividade e não há como prever qual será a fatia de mercado que uma única empresa criada com apoio do Estado justamente para dar início ao longo e complexo processo de aprendizado virá a conquistar.
Aqueles que se revoltam com o fato do Brasil estar se especializando, de forma crescente, em atividades agroindustriais se esquecem que a produção que cresce aceleradamente e que gera emprego e renda de forma substantiva é a produção que conta com um mercado: 1) em expansão; 2) ao qual somos capazes de atender ao menor custo nacional e/ou internacional. Não se trata – insistamos – de negar o papel estratégico de investimentos onde o país não tem tradição. Trata-se apenas de não confundir objetivos distintos – gerar emprego e renda para a população e estar up to date com a tecnologia de ponta no mundo – como se ambos fossem irmãos siameses. Este é o maior erro daqueles que confundem inovação com ingresso em searas caracterizadas por tecnologia de ponta. E confundem tecnologia de ponta com desenvolvimento socioeconômico. A inovação é central? Claro que sim! Mas ela não é um atributo restrito a alguns poucos setores. Todo e qualquer setor tem a sua fronteira tecnológica e gerencial específica. Todo e qualquer setor carrega consigo o potencial de inovar. Se não entendemos isto, não entendemos mais nada. E não podemos planejar o futuro do nosso Estado. Santa Catarina entendeu. E está nos dando um rolê.
⦁ RS e SC: uma disritmia para lá de surpreendente
Tomando por base as informações dos Censos Demográficos, entre 2010 e 2022 a população brasileira cresceu 6,45%. A população do RS cresceu apenas 1,74% (um quarto do crescimento nacional). E a população de SC cresceu 21,78% (3,4 vezes mais que o Brasil). SC ocupou o segundo lugar em taxa de crescimento demográfico do país, abaixo apenas de Roraima. Por quê?
Se tomamos os dados do crescimento vegetativo (nascimentos menos óbitos) do SC e do RS entre 2015 e 2022 (período de vigência da Lei da Transparência) temos o seguinte quadro:
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Importante observar que: 1) o saldo do crescimento vegetativo absoluto de SC é superior ao saldo do RS, a despeito da população gaúcha superar a população catarinense em quase 50%; 2) este resultado é fruto tanto da maior morbidade no RS (em média, 0,79% da população total ao ano) em relação a SC (média de 0,61% ao ano) quanto da taxa de natalidade inferior do RS (1,15% a.a.) com relação a SC (1,37% a.a.).
Que motivos podem ser aventados para tamanha diferença nas taxas de natalidade, mortalidade e crescimento vegetativo? Será que a estrutura etária é capaz de explicar o fenômeno? Para responder à questão apresentamos, no Quadro 2, abaixo, os dados do número de habitantes no Brasil, SC e RS por faixa etária.
Tal como se pode observar, SC e RS apresentam uma percentagem menor que o Brasil de crianças e adolescentes (entre 0 e 19 anos), uma percentagem maior de adultos em fase reprodutiva (entre 20 e 59 anos) e o RS apresenta uma percentagem significativamente maior de pessoas com mais de 60 anos.
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Porém, o ponto realmente importante é que o RS contava, em 2010, com uma população muito superior a SC em todos os grupos de idade. Se tomamos a faixa entre 20 e 59 anos como a faixa de idade reprodutiva masculina (a feminina se encerra um pouco antes), a população do RS superava a de SC em 66%. O mesmo ocorre se incluirmos os adolescentes entre 15 e 19 no grupo em fase reprodutiva: SC contava, em 2010, com 545 mil pessoas nesta faixa etária e o RS contava com 876 mil, superando SC em mais de 60%. Ora, mesmo que admitamos que a maior percentagem de idosos no RS ampliasse a taxa de morbidade, supondo uma taxa de natalidade similar nos grupos em idade reprodutiva, o saldo absoluto anual de crescimento da população deveria ser similar. Mas não foi. Apesar da população ser 60% maior, o número de óbitos no RS é mais do que o dobro de SC. E o número absoluto de nascimentos no RS supera o número de nascimentos em SC em apenas 30%. O resultado é aquele apresentado no Quadro 1: o saldo absoluto da variação populacional vegetativa (nascimentos menos óbitos) do RS correspondeu a 75% da variação populacional vegetativa de SC. A pergunta que fica é: será que jovens e adultos no RS têm menos filhos por “diferenças culturais” com SC ou por “diferenças econômicas”? … Evidentemente, a pergunta é essencialmente retórica. Afinal, o padrão de colonização dos dois Estados o extremo sul do Brasil foi muito similar e, na essência, comungam da mesma cultura. O elemento econômico parece ser preponderante neste caso. E há uma prova bastante clara desta preponderância. Vejamos abaixo.
Não dispomos de dados sistematizados sobre nascimentos e óbitos para o período anterior a 2015. Obtê-los envolveria um trabalho de pesquisa não desprezível. Mas o período disponível não é pequeno: contamos com 8 anos de informação entre 2015 e 2022. O que nos permite adotar uma proxy estatística para calcular o crescimento vegetativo da população de SC e RS entre 2010 e 2022: tomamos a média dos últimos 8 anos e multiplicamos por 12, vale dizer, pelo número de anos entre os dois Censos. Esta operação não é precisa e tende a subestimar o crescimento vegetativo da população gaúcha. Para que se entenda o ponto, basta voltar ao Quadro 1. A Covid não foi neutra, e ceifou mais vidas entre os idosos do que entre os jovens. De sorte que o RS, por ter uma percentagem maior de população idosa passou por um crescimento notável do número de óbitos durante a pandemia, que levou a um saldo vegetativo de apenas 7.663 pessoas em 2021, 20% do saldo vegetativo de SC no mesmo ano.
Não obstante, a subestimação da taxa de crescimento vegetativo da população gaúcha é útil para o nosso argumento. Pois vamos tentar calcular a taxa de emigração do RS e de imigração para SC. Se o crescimento vegetativo da população gaúcha tiver sido maior do que aquela calculada pela multiplicação da média entre 2015 e 2022 (como, provavelmente, foi) seremos obrigados a reconhecer que a diáspora gaúcha foi ainda maior. O que nos levaria a concluir que os problemas de inclusão socioeconômica da população gaúcha são ainda mais graves do que nossas hipóteses simplificadoras nos levam a perceber. Sigamos, pois, em nosso raciocínio e argumentos “otimistas”.
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Como se pode observar no Quadro 3, quando projetamos o crescimento vegetativo médio anual de SC entre 2015 e 2022 para todo o período entre os dois últimos Censos Demográficos, concluímos que sua população teria crescido em torno de 652 mil pessoas. Mas, de fato, o crescimento populacional foi 1 milhão e 361 mil pessoas. O que nos leva a concluir que esta UF recebeu, no período, mais de 700 mil pessoas como imigrantes. Por oposição, ao extrapolarmos o crescimento vegetativo anual do RS para os 12 anos entre os Censo Demográficos, concluímos que ele deveria ter passado por um acréscimo populacional de quase 500 mil pessoas. Porém, o crescimento real, de acordo com o Censo, foi inferior a 200 mil indivíduos. O que nos leva a concluir que algo em torno de 300 mil pessoas optaram por abandonar os pagos, buscando melhores oportunidades de vida em outros rincões.
⦁ Conclusão: a quem serve cantar “sirvam nossas façanhas”?
Como comentei acima, há muitos anos que venho tentando chamar a atenção para o fato de que o Rio Grande Amado tomou o caminho errado e vem crescendo como rabo de cavalo: só para baixo. Com isto quero dizer apenas que não precisaríamos destas “revelações” do Censo 2022 para entender algo que já estava manifesto por diversos indicadores levantados anteriormente. Mas, a despeito da longa e rica tradição de produção teórica em Economia e em Planejamento deste torrão amado, na porção Oriental do Rio Uruguai, tão brasileiro quanto platense, aparentemente temos uma enorme dificuldade em reconhecer nossas dificuldades e problemas.
Ao longo do texto procurei demonstrar que a diferença abissal da dinâmica demográfica de SC e do RS não pode ser reduzida a determinações “naturais”, sejam elas de estrutura etária, sejam de formação histórica e, por extensão, de padrões culturais “herdados”. Mas, agora, ao término dessa jornada investigativa, podemos reconhecer que nossos argumentos não foram 100% honestos. Há, sim, uma diferença cultural notável entre gaúchos e nossos vizinhos sulino-nortenhos (SC e PR). O RS não é apenas um Estado de colonos europeus (como SC). Nem é um Estado que se criou no meio do caminho entre SP e o extremo sul (como o PR). O RS também é um Estado platense. Temos muito de argentinos e uruguaios. A começar pela dificuldade em reconhecer que não somos europeus, que não estamos sempre certos e que não fazemos parte do primeiro mundo.
Há uma piada sobre o Mercosul que me parece muito reveladora da personalidade gaudéria. Segunda ela, o verdadeiro mercosulino tem a “modéstia” do argentino, a “alegria e autoestima” do uruguaio, a “honestidade” do paraguaio, e a “sobriedade, elegância e confiabilidade” do brasileiro.
O gaúcho é isto tudo. O que mais chama a atenção dos nossos vizinhos ao norte é a “modéstia” argentina que carregamos no peito. E que nos faz ter certeza de que estamos sempre no passo certo independentemente do que no informe a realidade. O fato de SC, Paraná, Paraguai e o Uruguai estarem crescendo muito mais do que o RS não passa de “sorte de principiante”. Afinal, eles estão apostando no passado, na agroindústria, e nós TODOS sabemos que o futuro está na tecnologia de ponta. Pois somos muito mais cultos e espertos que os outros.
O que os nossos colegas brazucas nem sempre percebem é que também somos uruguaios. Pois somos soturnos e desesperançados. Não acreditamos em acordos, pactos e progresso. E adoramos o nosso pago. Não há nada mais lindo que o Pampa e suas coxilhas (que só nós alcançamos enxergar). E é por isso que eu gosto lá de fora porque sei que a falsidade não vigora. O gaúcho é Pampa Tech.
E, por favor, entendam que em um Estado de fronteira (especialmente de fronteira seca) contrabando não é crime. É da natureza das coisas abastecer o carro em Rivera e fazer compras em Passo de los Libres sempre que os preços estiverem melhores do outro lado. Entendemos perfeitamente nossos irmãos paraguaios. E somos solidários aos seus discursos contra a corrupção. Corrupção é visitar triplex e não comprar. Contrabando e privatização de patrimônio público a preço de banana é ação benemérita e honrada. Na dúvida, pergunte à Zero Hora. … Que não me deixa mentir sozinho.
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*Doutor em economia e professor do mestrado em desenvolvimento da Faccat (Faculdades Integradas de Taquara).
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Editorial Cultural FM Torres RS 28 de julho 23
Os pretos no Brasil. Por eles mesmos.
MUNDO NEGRO - Número de brasileiros que se autodeclaram pretos atinge número recorde, mas a maioria se diz parda
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O número de brasileiros que se autodeclaram pretos aumentou no Brasil nos últimos 10 anos. Se em 2012 eram 7,4 % da população, em 2022 eles foram 10,6% dos entrevistados, sendo o grupo racial que mais cresceu. Nunca na história do país tantas pessoas se declararam pretas. Entre os que se declaram pardos não houve variações significativas. Foram 45,3% em 2022 (45,6% em 2012). É o maior grupo racial brasileiro.
MUDANÇA NO COMPORTAMENTO REFLETE NO CENSO
Os números do censo fazem sentido quando olhamos a História do Brasil, o último a abolir a escravatura. Foram quase 400 anos de escravidão e o reflexo disso, se traduz na cor do seu povo.
Com a chegada da Internet no começo dos anos 2000, ao se ver e se reconhecer se tornou possível e a força da representatividade foi um fator impulsionador no número de pessoas negras aumentando nas pesquisas do censo. Para o colunista do Mundo Negro, o professor Ivair Augusto Alves dos Santos, Mestre em Ciências Políticas pela Unicamp e Doutor em Sociologia pela UnB, a potência da mídia, cultura e movimento negro, especialmente em espaços de poder, foi fundamental na influência da autodeclaração.
“A força do movimento negro, a mídia, novelas com mais representações negras, espaços de poder com mais negros, ações afirmativas, crescimento dos números de parlamentares negras e as plataformas com conteúdo sobre negros é importante. Poderia continuar uma lista grande, mas a existência de uma figura como Vinicius Jr, não é por acaso, é fruto do trabalho de muitos ativistas”, detalha o ex-diretor do Departamento de Direitos Humanos da Secretaria de Direitos da Presidência da República.
Como a pessoa constrói essa identidade racial também é outro aspecto que deve ser considerado. “A tendência geral do censo do IBGE é que as pessoas têm um processo longo de construção da sua autodeclaração. São pessoas que vivem em espaços que não prevalecem os mecanismos identitários não negros. Estão em comunidades onde é mais comum a presença negra e em função deste circuito de vulnerabilidade criado pelo racismo no Brasil, são pessoas deste circuito que vão criando mecanismos de solidariedade, que vão tendo relações familiares dentro deste núcleo e com o passar do tempo vão construindo uma identidade”, comenta o professor e vice-diretor da Unesp, Juarez Xavier.
AUTODECLARAÇÃO E HETEROIDENTIFICAÇÃO
A ditatura removeu dados sobre questões raciais do censo e quando este tema retorna a coleta de dados do IBGE, a atuação do movimento negro é fundamental para o surgimento da autodeclaração.
“A autodeclaração se constituiu, sendo parte de um grande processo de debate, de discussão que consumiu parte do final dos anos 70, 80 e a partir dos anos 90, porque a ditadura civil militar tirou os dados relativos à questão racial do censo”, explica o professor Juarez. Ele detalha que quando raça e cor voltam a ser discutidos, mais de 100 denominações surgiram para identificar a cor das pessoas não brancas.
“Foi necessário então se criar um mecanismo, muito bom, pautado na autodeclaração e optou-se em trabalhar com os conceitos étnico-raciais. Por exemplo: preto, pardo, branco e amarelo são questões étnicas, e indígenas questões raciais. Isso foi definido depois de várias testagens feitas pela equipe do IBGE”, detalha o acadêmico que destaca a insistência do Movimento Negro para implementação deste método.
Sobre a heteroidentificação, há uma mudança no que se entendia anteriormente como pardo, que basicamente era toda pessoa que não se identificava nem branca e nem preta, como amarelos, cafuzos e mamelucos. “Começou-se a partir de 2012 a evitar este tipo de conceito, passou-se a considerar, para efeitos de políticas públicas de heteroidentificação, que pardo são as pessoas que têm ascendência negra”. A fenotipia das pessoas negras (cabelo, traços e tom de pele) é um dos critérios usados ao se cruzar dados para decidir se uma pessoa é considerada de ascendência negra e portanto, candidata a usufruir de ações afirmativas.
O professor ainda explica que a declaração do censo do IBGE tem um grande fator espontaneidade porque quem responde, não usufrui de nenhum benefício imediato, porém, não é possível saber, se quem se declarou pardo, realmente é uma pessoa de ascendência africana, sem se fazer uma “mineração desses dados”. Já na heteroidentificação, por haver um caráter de interesse, há uma tendência maior da autodeclaração ser duvidosa, e aí os fatores da heteroidentificação são o que determina quem realmente merece entrar, por exemplo, em uma universidade pelo sistema de cotas.
Total de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas cresce no Brasil, diz IBGE - g1.globo.com/jornal-nacional/noticia
A pesquisa de domicílios do IBGE mostra que em dez anos aumentou 32% o número de brasileiros que se declaram pretos e 11% os que se declaram pardos, nomenclatura usada pelo Censo IBGE.
A historiadora e guia de turismo, Luana de Oliveira Ferreira, que hoje se considera negra, lembra que durante a adolescência se enxergava como uma pessoa branca.
“Investimento em política pública, ações afirmativas - tanto a questão da reparação, educação, levar isso para sala de aula - foi a base da mudança”, afirma.
Pelos números atualizados, pretos e pardos representam, agora, 56% da população. Já o percentual de pessoas que se declaram brancas caiu para 43%.
“Eu tenho ouvido falas de pessoas assim: 'eu descobri que eu era preto'. O que eu acho muito engraçado. Aí eu pergunto: 'como é que foi isso?'. E a pessoa me diz assim: 'eu cresci ouvindo que eu era moreninho, que eu não era preto, porque ser preto era ser feio e, hoje em dia, eu me sinto acolhido. Eu sinto que o meu cabelo é legal, que eu sou aceito'. E a pessoa passa a se autodeclarar preto ou parda. Ela se assume”, conta Dirlene Silva, economista e especialista em diversidade
FORUM 21 – O portal das esquerdas – SP - https://forum21br.com.br/
Brasil contabiliza pela primeira vez sua população quilombola: 1,32 milhão de pessoas - 27/07/2023 Tatiana Carlotti - Brasil-contabiliza-pela-primeira-vez-a-sua-populacao-quilombola-13-milhoes-de-pessoas
Os dados são do Censo Brasileiro de 2022 do IBGE e foram divulgados nesta quinta-feira (27/07). Os quilombolas, membros de comunidades afro-brasileiras, fundadas por africanos vítimas da escravização no Brasil, estão em 1.696 municípios brasileiros, a maioria (68,2%) no Nordeste, confira a reportagem no britânico The Guardian. (Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil)
Editorial Cultural FM Torres RS 27 de julho 23
Para que serve a Política?
Se v. está, nestes tempos de grande polaridade sobre a vida pública no Brasil, em dúvida sobre o que a Política e para que servem os Políticos, vai espiar o Google e encontra essa definição:
O que é a definição de política?
Numa conceituação moderna, política é a ciência moral normativa do governo da sociedade civil; Outros a definem como conhecimento ou estudo "das relações de regularidade e concordância dos fatos com os motivos que inspiram as lutas em torno do poder do Estado e entre os Estados".
Esta definição não ajuda muito. Muito abstrata. Daí pronunciamentos recorrentes que emergem nas telas de televisão e mesmo nas Redes, na qual, indignados alguns perguntam:
-Para que servem, afinal, os políticos? O que fazem, sempre carregados de privilégios = ganham bem, têm assessores, etc. etc.?
Voltemos, então, à definição acima, cujas origens estão nos primeiros filósofos na Antiga Grécia, nascedouro das Sociedades Políticas. Platão e Aristóteles, discípulos de Sócrates, se debruçaram sobre o assunto. Platão em seu livro A REPÚBLICA, no qual percorre uma longa discussão sobre o caráter da Justiça entre os homens e como alcançá-la. Acaba propondo uma solução “técnica”: Só os filósofos podem administrar a Justiça porque não teriam interesses. Está na base de muitos que creem que, em lugar de Políticos, o Estado fosse gerenciado por técnicos. Um exemplo bem concreto desta inspiração é a que levou à autonomia do Banco Central. Há uma corrente de pensamento que acredito que é possível uma VERDADE no campo da Economia e que técnicos são melhores gerentes do que políticos. Aristóteles em sua POLITICA foi mais para a ideia de bem estar. “Na filosofia aristotélica a Política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana e divide-se em ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem na pólis) e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva da pólis). Esta concepção orientou os Pais da Pátria nos Estados Unidos que inscreveram a busca da felicidade na Constituição daquele país. Entre Platão e Aristóteles reside, talvez, uma controvérsia que chega aos nossos dias:
- É possível existir um fazer político que se restrinja à Técnica ou ele sempre está condicionado moralmente aos valores? Os primeiros advogam a possibilidade de uma CIENCIA POLÍTICA, desenvolvida, sobretudo nos Estados Unidos e que foi muito responsável pelo estudo das Instituições e pelo aprimoramento dos processos de Pesquisa de Opinião. Tem um viés conservador. Outros, porém, acreditam a Política implica em VALORES e que estes são particulares e irredutíveis à razão, embora sujeitos, sim, às mudanças no tempo e no espaço, em articulação com a Cultura dos Povos.
Com isso voltamos à pergunta: Para que servem a Política e os políticos?
Não há aí resposta unânime, pois os valores tanto dividiam Platão e Aristóteles, como dividem os homens em qualquer lugar do mundo. Uns sonham com uma Cidade Tecnificada, à luz de recomendações da razão soberana. Culminam na convicção que ficou conhecida como FIM DA HISTÓRIA, na qual se nega a competitividade de valores. Outros, mais morais, partem desta competividade para a moldagem do Estado. É mais democrática e progressista. Há, portanto, uma correlação entre VALORES, FILOSOFIA DA HISTÓRIA, NATUREZA DO ESTADO. Para os primeiros, os Políticos deveriam dar lugar aos Administradores; para os segundos, a Administração deve repousar sobre a Política. Claro que aqui, neste caso, espera=se que a Política e o controle do Estado saiam das mãos de iluminados pelo sangue azul ou pelo saber supremo e se desloque para qualquer membro da Sociedade Civil. Esta é a ideia básica da criação da República, aberta pela Revolução Francesa em 1789 e que é reverberada cotidianamente pelo Presidente Lula quando diz que é ele, como Presidente, que precisa dos Deputados e não o contrário. Evidente que há subjacente à esta ideia republicana que os candidatos à Política devam obedecer a certos regramentos, como registro num Partido, Ficha Limpa, Reconhecimento Social etc. e que moldam, em última análise o Sistema Político de um país. Nesta concepção, a Política é uma arte nobre voltada à gestão dos interesses públicos e seus titulares, cidadão aptos ao exercício da mesma pelo recurso ao voto, direto, secreto e universal. A eles, enfim, cabe a função de articular interesses nem sempre convergentes com vistas à criação de um mínimo de consenso sobre os rumos da Sociedade Democrática, na gestão do Estado como uma espécie de Caixa de Ferramentas voltadas à produção de Políticas Públicas. Estas, em última análise, legitimarão ou não suas ações e condutas que serão julgadas no rodízio eleitoral. Este o papel, portanto, da Política: impedir que a “guerra de todos contra todos”, fundada apenas no interesse individual, não raro animado pelo ódio ao Outro, acabe levando ao caos social/. Um desafio.
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Editorial Cultural FM Torres RS 26 de julho 23
Rumo aos 200 anos da Imigração Alemã no RS em 2024
Iniciaram, ontem, em Porto Alegre e São Leopoldo os preparativos para a celebração dos 200 anos da chegada dos primeiros colonos alemães no RS. Eles chegaram em Lomba Grande, São Leopoldo, no dia 24 de julho de 1824, passando dias antes pelo Porto de Porto Alegre. Produziram uma tal mudança na região do Vale dos Sinos que já em 1872 era inaugurada uma ferrovia ligando a Colônia, produtora de alimentos, à Capital. Com isso, Porto Alegre começa a receber um número crescente de descendentes alemães, os quais contribuem para a mudança da fisionomia e cultura na cidade, hoje considerada a mais europeia cidade brasileira. Em 1826 alguns destes imigrantes se deslocam para o Torres e darão origem a dois municípios: Três Forquilhas e Dom Pedro de Alcântara.
Um balanço deste processo foi feito em 2014 e publicado em A FOLHA. Segue abaixo:
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Dia 25, 190 anos da imigração alemã.
Paulo Timm – A Folha - Torres julho 25-2014
Perdoem os leitores, mas há temas sobre os quais volto sempre. Um deles, um imperativo para mim: a imigração alemã - http://www.tonijochem.com.br/bibl_livros.htm
Há 190 anos, 39 colonos alemães chegavam, exangues, depois de penosa viagem transatlântica na qual muitos não resistiam, à Feitoria do Linho Cânhamo, onde hoje é São Leopoldo. Antes, Dom João VI já vinha estimulando a vinda de colonos europeus que viriam a se localizar entre a Bahia e Rio de Janeiro. Mas em 1824, teve início a aventura da imigração teuta no Sul do Brasil. Pela importância do fato, o dia 25 de julho ficou consagrado como “Dia do Colono”, (Lei Nº 5.496, 05/09/1968). Contudo, o maior significado da data não está no fato em si da chegada de colonos livres em solo brasileiro, mas de que este seria um marco do fim da escravidão no Brasil. Contribuiria, também, sobremaneira para a personalização mui peculiar da sociedade riograndense, marcada pela pequena propriedade familiar, pelo artesanato que viria a dar origem à indústria doméstica, pelo estímulo às letras e à música, como frisa Angelita Kasper em sua pesquisa http://angelitakasper.blogspot.com/ .
Depois desta leva de alemães para o Rio Grande do Sul, que logo se alastrou de São Leopoldo para Torres (S. Pedro de Alcântara e Três Forquilhas-1826) e daí para outras cidades e países, mais de 50 milhões de europeus pobres seriam expatriados, entre 1824 e 1924. Isto está contado em várias épicos da literatura e do cinema, merecendo destaque o já quase esquecido “América, América”, do diretor Elia Kazan e o magnífico nacional “ O Quatrilho”, de Fábio Barreto, uma saga dos italianos aqui no Estado. No Brasil, tivemos a oportunidade de perceber este processo graças a algumas novelas e séries, algumas memoráveis, da Rede Globo, tanto sobre a imigração italiana, como japonesa. Falta-nos, ainda, uma grande obra de ficção, de alcance nacional, sobre os alemães. Merece destaque o romance de Rui Nedel “Te arranca alemão batata”, Ed. Tchê, e “A ferro e fogo: tempo de solidão” e “A ferro e fogo: tempo de guerra”, de Josué Guimarães L&PM Editora, POA - - http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/Numero_010/artigos/artigos_vivencias_10/li1.htm
Os nomes destes primeiros colonos alemães ficaram registrados nos Livros da época e permanecerão inscritos na memória de seus descendentes, hoje plenamente integrados na sociedade rio-grandense:
“A primeira leva de imigrantes era formada pelas seguintes pessoas, num total de 39: Miguel Kräme e esposa Margarida (católicos). João Frederico Höpper, esposa Anna Margarida, filhos Anna Maria, Christóvão, João Ludovico (evangélicos). Paulo Hammel, esposa Maria Teresa, filhos Carlos e Antônio (católicos). João Henrique Otto Pfingsten, esposa Catarina, filhos Carolina, Dorothea, Frederico, Catarina, Maria (evangélicos). João Christiano Rust (Bust?), esposa Joana Margarida, filha Joana e Luiza (evangélicos). Henrique Timm, esposa Margarida Ana, filhos João Henrique, Ana Catarina, Catarina Margarida, Jorge e Jacob (evangélicos). Augusto Timm, esposa Catarina, filhos Christóvão e João (evangélicos). Gaspar Henrique Bentzen, cuja esposa morreu na viagem, um parente, Frederico Gross; o filho João Henrique (evangélicos). João Henrique Jaacks, esposa Catarina, filhos João Henrique e João Joaquim (evangélicos). Essas 39 pessoas, seis católicos e 33 evangélicos, são as fundadoras de São Leopoldo, nome e lugar então inexistentes, porque tudo se resumia à Feitoria do Linho-Cânhamo. ”
(Telmo Lauro Müller- UM MARCO NA HISTÓRIA GAÚCHA)
Eu tenho a honra de ser o sexto na descendência de Heinrich Timm.
Este pequeno grupo, ao qual se seguiram outros, para outras partes do mundo, drenando a região alemã de cerca de 250 mil homens, venceu os obstáculos e se impôs como uma nova realidade no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A Alemanha de Hitler até sonhou em fazer destes núcleos um ponto de apoio do III Reich, o que levou o Presidente Getúlio Vargas, em1939, a proibir o funcionamento das Escolas alemãs e circulação de jornais entre os colonos. Finda a guerra, porém, restabeleceu-se a concórdia, mas se perdeu o fio da meada de um rico patrimônio literário teuto-brasileiro, só acessível em raros trabalhos acadêmicos como “A Literatura da imigração alemã e a imagem do Brasil” da Prof. Dra. Valburga Huber – F. Letras/UFRJ- http://www.letras.ufrj.br/liedh/media/docs/art_valb2.pdf .
Mas foi de tal ordem o impacto da imigração alemã, seguida mais tarde da vinda de italianos, poloneses e outros que se pode dizer que a história do Rio Grande do se divide em dois períodos: antes e depois de 1824, marco da imigração. Aleluia!
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Lula fala em fechar Clubes de Tiro
Campos Neto vira alvo de investigação do TCU após falar sobre terceirização no Banco Central
Sousa - Atualizado em 24 de julho de 2023 às 22:37
PETIÇÃO PARA RETIRAR CAMPOS NETO DA PRES. DO BANCO CENTRAL: https://chng.it/v6RbgzzX
O Tribunal de Contas da União (TCU) iniciou uma investigação contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em resposta a declarações recentes feitas por ele sobre a possibilidade de terceirizar a gestão de ativos da instituição financeira. O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado solicitou a abertura da investigação, argumentando que essa pretensão de Campos Neto representa um risco para a capacidade do país em honrar seus compromissos financeiros.
Segundo o UOL, Furtado destacou que é necessário “apurar os indícios de irregularidades noticiados a despeito do interesse do atual presidente do Banco Central em terceirizar a gestão de ativos do BC, especialmente com relação à administração das reservas internacionais do Brasil”.
Ele enfatizou ainda que a gestão dessas reservas é uma “atividade tipicamente estatal”, o que impede a interferência do setor privado nessa área e coloca em risco a “soberania” do país
“Diante de todos os riscos, no meu entender, é inadmissível terceirizar a gestão de ativos do BC, especialmente com relação à administração das reservas internacionais do Brasil. A referida possibilidade reclama, pois, a obrigatória e pronta atuação do TCU, de forma a se determinar a detida e minuciosa apuração dos fatos”.
As reservas internacionais funcionam como uma poupança para o Brasil, utilizada em momentos de crise financeira. Atualmente, essas reservas somam US$ 345,8 bilhões, conforme informado pelo Banco Central.
O ministro Benjamin Zymler foi designado para relatar o caso no TCU. Até o momento, o Banco Central optou por não se manifestar sobre o assunto
As declarações de Campos Neto que motivaram a investigação foram feitas durante uma entrevista concedida ao canal Black Rock Brasil, na última quinta-feira (20). O presidente do Banco Central afirmou que ele está aberto “a essa terceirização, vamos dizer assim, à gestão externa. A gente teve um programa grande de gestão terceirizada. Hoje, grande parte da gestão é terceirizada, mas a gente está aberta a fazer a gestão terceirizada porque a gente está olhando novas classes de ativos”.
A investigação conduzida pelo TCU visa esclarecer as questões levantadas pelas declarações do presidente do Banco Central e determinar se há alguma irregularidade ou risco associado à terceirização da gestão de ativos da instituição financeira.
Imoralidade, Negócios obscuros e ligações indecorosas na privatização da CORSAN exigem apuração! #CPIdaCORSAN Já! https://luizmuller.com/2023/07/24/imoralidade-negocios-obscuros-e-ligacoes-indecorosas-na-privatizacao-da-corsan-exigem-apuracao-cpidacorsan-ja/
Negócios obscuros e ligações indecorosas na privatização da CORSAN, "Estudos econômico-financeiros do SINDIÁGUA/RS mostram que o real valor de mercado da CORSAN estaria na casa dos oito bilhões de reais", diz Miola - 24 de julho de 2023, 11:16 h - A pedido do governo Eduardo Leite/PSDB-MDB, a privatização da CORSAN foi protegida por sigilo no Tribunal de Contas do Estado/TCE. Existem denúncias graves, que precisam ser apuradas. Afinal, a discrepância acerca do valor de venda atinge a cifra de bilhões de reais.
O sigilo, no entanto, retira a transparência pública essencial para o escrutínio do processo e para a apuração das irregularidades denunciadas que, se confirmadas, representam importante lesão ao interesse público. A falta de transparência legitima, portanto, as suspeitas sobre o negócio.
Entregue à empresa AEGEA por R$ 4,1 bilhões, a Companhia foi subavaliada em mais de um bilhão de reais na privatização, conforme manifestação da conselheira do TCE Ana Moraes na sessão de 20 de julho.
Estudos econômico-financeiros do SINDIÁGUA/RS mostram que o real valor de mercado da CORSAN estaria na casa dos oito bilhões de reais.
Além das irregularidades e ilegalidades apontadas pelo TCE, que inclusive motivaram a conselheira Ana Moraes a recomendar a investigação da privatização da CORSAN pela Polícia Civil, o processo também traz à tona as teias de influência e as relações promíscuas e indecorosas de funcionários públicos com agentes e grupos privados. AEGEA detinha informações privilegiadas a AEGEA atua na CORSAN desde 2012, e atuou na modelagem de Parcerias Público-privadas na Região Metropolitana de Porto Alegre, aspecto chave na formação do valor de mercado da empresa.
Durante o primeiro governo Leite [2019/2022], a AEGEA ainda se associou à CORSAN nas PPP’s e assumiu o controle do setor comercial da Companhia.
De acordo com a Resolução 44 da Comissão de Valores Mobiliários, a AEGEA sequer poderia ter participado da licitação para a compra da CORSAN. Curiosamente, no entanto, foi o único consórcio participante do certame.
A Resolução da CMV diz que “É vedada a utilização de informação relevante ainda não divulgada, por qualquer pessoa que a ela tenha tido acesso, com a finalidade de auferir vantagem, para si ou para outrem, mediante negociação de valores mobiliários”.
Com base neste dispositivo legal, no seu parecer de 2 de maio de 2023 o procurador do Ministério Público de Contas junto ao TCE, Geraldo da Camino, destacou esta ilegalidade concernente à AEGEA, pois a empresa detinha informações privilegiadas que automaticamente inabilitariam sua participação na “negociação de valores mobiliários”.
Consultoria trabalhou ao mesmo tempo para a CORSAN e para a AEGEA. As consultorias privadas têm um capítulo próprio no esquema nebuloso de privatização da CORSAN. Foram contratadas sem licitação e por valores exorbitantes, mesmo o governo podendo contar com o trabalho de servidores qualificados do próprio Estado para arbitrar, com confiabilidade e observância ao interesse público, o valor correto da CORSAN.A bancada do Partido dos Trabalhadores na Assembleia Legislativa gaúcha apurou que apesar disso, no entanto, o governo Eduardo Leite pagou pelo menos R$ 40,8 milhões a 16 consultorias privadas.
Dentre as contratadas constam o Banco Genial, que subestimou o valor da Companhia em R$ 1 bilhão de reais, e recebeu R$ 5,6 milhões; a PricewaterhouseCoopers, que embolsou R$ 5,4 milhões; e outras mais, dentre elas a Alvarez & Marsal Consultoria, agraciada com R$ 10,3 milhões.
O caso da Alvarez & Marsal [A&M], empresa na qual o ex-juiz suspeito e ainda senador Sérgio Moro trabalhou, é emblemático da promiscuidade obscena e ilegal na relação entre o público e o privado.
Contratada pela CORSAN desde 19/9/2020 para a modelagem da privatização, a partir de julho de 2021 a A&M passou a prestar serviço, simultaneamente, também à AEGEA, que arrematou a Companhia em dezembro de 2022.
Ainda conforme apurado pela bancada do PT na ALERGS, tem outro caso escabroso, de Rafael Bicca Machado, sócio fundador da consultoria Carvalho, Machado e Timm Advogados, que recebeu R$ 5,3 milhões, e é irmão de André Bicca Machado, Diretor da AEGEA Saneamento.
Porta giratória: ex-procurador-geral do MP virou Diretor da AEGEA, em 7 de dezembro de 2022 o ex-procurador-geral do Ministério Público Estadual Fabiano Dallazen anunciou sua exoneração do MP, quando inclusive disputava a indicação a desembargador do Tribunal de Justiça do RS pelo quinto constitucional, a renda milionária que parasita nas privatizações do patrimônio público.
Numa rapidíssima passagem pela porta giratória, Dallazen pulou para o balcão da AEGEA menos de duas semanas depois de anunciar a exoneração do MP. Sem cumprir qualquer quarentena.
Em 20 de dezembro de 2022, dia do leilão em que seu novo empregador arrematou a CORSAN com um ágio ínfimo de 1,15%, Dallazen já figurava nos quadros da AEGEA.
Em artigo no Estadão de 21/12/2022 o Oficial do MP/RS Rodrigo dos Reis destaca que “a situação em si chama bastante atenção, já que o Ministério Público é a instituição responsável por fiscalizar os Planos Municipais de Saneamento Básico e os respectivos contratos dos 497 municípios do Rio Grande do Sul”. Apesar disso, escreve Reis, o MP “não foi autor de nenhuma medida judicial e tampouco instaurou procedimento investigatório para apurar eventual irregularidade no processo de venda do patrimônio público”.
Para Arilson Wünsch, presidente do SINDIÁGUA, o fato de Dallazen assumir como dirigente da AEGEA deixa “mais evidente porque todas as ações encaminhadas ao MP/RS para impedir a venda da Corsan foram arquivadas”. Wünsch recorda que o MP teve uma postura institucional estranhamente “diferente dos procedimentos de outros órgãos públicos, como o Ministério Público de Contas do Estado, o TCE, o TJ/RS e o TRT, que emitiram posicionamentos liminares que exigem a garantia da legalidade e transparência nesse processo”.
Irmão gêmeo do presidente do TCE é Diretor do BANRISULO presidente do TCE, o ex-deputado emedebista Alexandre Postal/MDB, foi decisivo para a consolidação da privatização da CORSAN, como desejava o governo Leite.
No dia 7 de julho passado, em decisão considerada ilegal e antirregimental por alguns dos seus pares e pelo procurador do Ministério Público de Contas junto ao TCE, Postal derrubou monocraticamente a medida cautelar que impedia o governo do Estado assinar contrato com a AEGEA enquanto as supostas ilegalidades e irregularidades do processo não fossem julgadas pelo Tribunal. Após tal decisão do presidente do TCE, o governador Leite finalmente pôde assinar o contrato que sacramentou a entrega da CORSAN para o Grupo AEGEA.
Escuta-se nos corredores da ALERGS que a contestada decisão de Postal tenha a ver com o fato do seu irmão gêmeo Fernando Postal ser Diretor Comercial de Distribuição e Varejo do BANRISUL, instituição controlada pelo governo do Estado, que tem um emedebista como vice-governador. A privatização da CORSAN, do mesmo modo como se observa em praticamente em todos processos que envolvem a apropriação privada do patrimônio público, está envolta em suspeitas, interesses cruzados e lógicas que ferem os princípios legais, éticos e republicanos e lesam o interesse público.
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Editorial Cultural FM Torres RS 25 de julho 23
O Brasil perde duas estrelas
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Despedida no Theatro Municipal =
Leny Andrade e Dóris Monteiro serão veladas juntas no Rio
SAMBALANÇO - Mocinho Bonito por Doris Monteiro - ASSISTA AQUI =>
TALENTOS MUSICAIS – Leni Andrade – Câmara Deputados
SAIBA MAIS
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Se o dia de ontem nos trouxe a esperança de chegarmos, enfim, depois de cinco anos, ao mandante do crime de Marielle e Anderson, nos deu também a nota trágica da perda de duas de suas maiores intérpretes da música brasileira: Leny Andrade e Doris Monteiro. Já estão brilhando no firmamento. Os últimos tempos têm sido pesados com o mundo artístico. Levou-nos a incomparável Gal Costa em novembro do ano passado, a Rainha do Rock, Rita Lee no mês passado e neste mês o indefectível Jose Celso Martinez e João Donato, mestre dos mestres. Rios de lágrimas...
A sofisticada Leni Andrade, carioca, foi um fenômeno da interpretação feminina, tendo começado com o samba, encantou a tal ponto os Estados Unidos com sua genial e longa capacidade vocal, que se tornou uma das principais cantoras de jazz. Consta que Tony Bennet e Frank Sinatra compareciam a seus shows. Ela trouxe para a música brasileira o scatting e o vocalize do jazz americano, inspirados nas divas Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan, porém com um toque muito brasileiro
Doris Monteiro foi mais paroquial, também carioca mas de origem humilde e moradora de Copacabana, deu à bossa nova um swing indispensável às pistas de dança, identificado como sambalanço, com músicas que se consagraram no tempo, como Mocinho Bonito. Ela também, muito bonita, figurou, em vários filmes.
O Brasil das artes e da cultura, porém, está voltando com a retomada da normalidade institucional do país. Além das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, em implantação, novos horizontes emergem com a recriação do Ministério da Cultura no país. Momentos como o que estamos atravessando, de tensão entre o avanço na modernidade e o retrocesso exigem das artes e da cultura em geral um grande esforço pela sua capacidade de comunicação com o grande público. Lembremo-nos dos anos 50 da importância da revolução cultural daquele tempocomo emulação dos Anos Dourados: Cinema Novo, Bossa Nova, João Cabral de Mello Neto, Guimarães Rosa. Não foi menor a importância da música e do teatro como resistência nos anos sombrios da ditadura militar. Agora, com a saudade dos que se foram, abre-se uma nova era de renovações em todos os campos. Que venham e apareçam os talentos, únicos capazes de sufocar com cantos libertários a onda reacionária dos que pretendem com seus odiosos preconceitos que o sol não se levante para todos e que tudo se renove permanentemente. Pois o mundo gira, a Luzitana roda e tudo “dimuda”...
Adeus Leny e Doris!
Editorial Cultural FM Torres RS 24 de julho 23
Os descaminhos da Inteligência Artificial
O mundo está dividido entre deslumbrados e preocupados com a Inteligência Artificial. E não é apenas pelo seu impacto no emprego de várias profissões. A substituição de mão de obra por máquinas, mecânicas ou eletrônicas, é uma característica essencial do regime econômico advindo com a Revolução Industrial. Agora a questão é mais conceitual na qual despontam dois pontos à discussão, ambos interligados: eficiência e ética.
A eficiência se refere ao aumento da produtividade trazida pela inovação tecnológica. Robôs aumentaram incrivelmente a produtividade em todos os setores da Indústria, deixando às humanas tarefas de gestão e tomada de decisões. Será que a IA, que se refere a processos, também substituirá os trabalhadores nas tarefas de gestão? As respostas ainda são incertas porque, no entender de Chomsky ““Por mais úteis que esses programas possam ser em alguns campos específicos (como a programação de computadores, por exemplo, ou para sugerir rimas para versos rápidos), sabemos pela ciência da língua e a filosofia do conhecimento que diferem profundamente do modo como os seres humanos raciocinam e utilizam a linguagem”, alertaram. “Essas diferenças impõem limitações significativas ao que podem fazer, codificando-os com falhas inerradicáveis
A outra questão é ética. A Filosofia, como mãe das ciências inaugurou-se na Antiga Grécia como um grande esforço para substituir a afirmação dos sofistas de EM TUDO NO MUNDO HÁ O JUSTO E O INJUSTO E AMBOS SÃO IGUALMENTE JUSTIFICÁVEIS Á LUZ DA CAPACIDADE DE ARGUMENTAR por uma revelação da VERDADE através da procura de suas causas. Não há jamais consequência sem causa. E os Pais da Filosofia, Sócrates, Platão e Aristóteles, dos quais derivaram inúmeras escolas, dividiram a Filosofia em três grandes campos: LOGOS, ÉTICA E ESTÉTICA. Até divergiram sobre eles, mas os sistematizaram de forma a dar CONTA E RAZÃO de questões fundamentais de seu tempo. A Ética, que é a codificação disciplinar da moral, define as regras da convivência humana, sem as quais beiramos a barbárie. Teve longo e histórico desenvolvimento que culminou no Renascimento com a conquista do conceito de DIGNIDADE HUMANA por Picco dela Mirandola, que acabou culminando na DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM na Revolução Francesa e depois na DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS pela ONU, na sua criação depois da II GUERRA. Hoje tudo isso gira em torno da Doutrina de Direitos Humanos, um conjunto concêntrico de Direitos Civis, Políticos, Sociais e Ambientais. Ora, a Inteligência Artificial não tem nenhuma capacidade de julgamento moral. Apenas expõe soluções sem atentar para consequências morais de suas conclusões. No limite, é a realização suprema da ORDEM TECNOCRÁTICA, tão ao gosto do fascismo.
Dois autores consagrados Miguel Nicollelis e Noam Chomsky tratam destas questões. Fundamental conhecer o que dizem:
MIGUEL NICOLLELIS E A INTELIGENCIA ARTIFICIAL
SAIBA MAIS AQUI ==>>>
O que CHOMSKY pensa sobre I.A.
SAIBA MAIS AQUI >>>>
O renomado linguista e filósofo Noam Chomsky escreveu um artigo sobre o assunto no New York Times. Com o apoio de seu colega Ian Roberts e do especialista em IA, Jeffrey Watumull, decifrou as chaves dessa questão.
Noam Chomsky: sua alarmante visão sobre a inteligência artificial do ChatGPT
Para o intelectual e seus colaboradores, os avanços “supostamente revolucionários” apresentados pelos desenvolvedores da IA são motivo “tanto para otimismo como para preocupação”.
No primeiro caso, porque podem ser úteis para resolver certas problemáticas, ao passo que no segundo “tememos que a variedade mais popular e em voga da inteligência artificial (aprendizado automático) degrade nossa ciência e deprecie nossa ética ao incorporar à tecnologia uma concepção fundamentalmente errônea da linguagem e o conhecimento”.
Embora tenham reconhecido que são eficazes na tarefa de armazenar imensas quantidades de informação, que não necessariamente são verídicas, não possuem uma “inteligência” como a das pessoas.
“Por mais úteis que esses programas possam ser em alguns campos específicos (como a programação de computadores, por exemplo, ou para sugerir rimas para versos rápidos), sabemos pela ciência da língua e a filosofia do conhecimento que diferem profundamente do modo como os seres humanos raciocinam e utilizam a linguagem”, alertaram. “Essas diferenças impõem limitações significativas ao que podem fazer, codificando-os com falhas inerradicáveis”.
Nesse sentido, detalharam que, diferentemente de mecanismos de aplicativos como o ChatGPT, que operam com base na coleta de inúmeros dados, a mente humana pode funcionar com pequenas quantidades de informação, por meio das quais “não busca inferir correlações abruptas entre pontos (...), mas, sim, criar explicações”.
A “capacidade crítica” dos programas que funcionam com IA
Para sustentar essa premissa, exemplificaram com o caso das crianças quando estão aprendendo um idioma, cenário em que a partir do pouco conhecimento que possuem conseguem estabelecer relações e parâmetros lógicos entre as palavras e orações.
“Essa gramática pode ser entendida como uma expressão do sistema operacional inato geneticamente instalado, que dota os seres humanos da capacidade de gerar frases complexas e longas cadeias de pensamento”, disseram, para depois acrescentarem que “é completamente diferente ao de um programa de aprendizado automático”.
Nessa linha, manifestam que esses aplicativos não são realmente “inteligentes”, pois carecem de capacidade crítica. Embora possam descrever e prever “o que é”, “o que foi” e “o que será”, não são capazes de explicar “o que não é” e “o que não poderia ser”.
“Suponhamos que você tenha uma maçã em sua mão. Então, você a solta, observa o resultado e diz: “A maçã cai”. Isso é uma descrição. Uma previsão poderia ser a afirmação: “cairá se eu abrir minha mão”. As duas afirmações são valiosas e podem estar corretas. Contudo, uma explicação significa algo a mais, inclui não apenas descrições e previsões, mas também conjecturas contrafactuais como “qualquer objeto deste tipo cairia”, mais a cláusula adicional: “devido à força da gravidade” ou “devido à curvatura do espaço-tempo”.
Desta maneira, acrescentaram que “isto é uma explicação causal: a maçã não teria caído, se não fosse pela força da gravidade (...) isso é pensar”.
E ainda que as pessoas também podem cometer erros de raciocínio, enfatizaram que errar faz parte do pensamento, pois “para ter razão, deve ser possível se equivocar”.
“O ChatGPT e programas semelhantes são, por projeto, ilimitados no que podem 'aprender' (ou seja, memorizar). São incapazes de distinguir o possível do impossível. Ao contrário dos humanos, por exemplo, que são dotados de uma gramática universal que limita os idiomas que podemos aprender àqueles com um certo tipo de elegância quase matemática, esses programas aprendem idiomas humanamente possíveis e humanamente impossíveis com a mesma facilidade”.
A perspectiva moral da inteligência artificial
Outro fator que Chomsky, Roberts e Watumull consideraram em sua análise é que os sistemas de IA carecem de ponderação na perspectiva moral, portanto, são incapazes de distinguir sob marcos éticos o que se deve ou não fazer.
Para eles, é fundamental que os resultados do ChatGPT sejam “aceitáveis para a maioria dos usuários” e que se mantenham “distantes de conteúdos moralmente censuráveis” (como as declarações de “atos destrutivos” do chatbot do Bing).
E embora os desenvolvedores dessas tecnologias tenham acrescentado restrições para que seus programas não reproduzam determinadas afirmações, os estudiosos ressaltaram que até o momento não foi possível alcançar um equilíbrio efetivo. Em suas palavras, sacrificam a criatividade por “uma espécie de amoralidade” que faz com que se distanciem ainda mais das capacidades dos seres humanos.
“Em síntese, o ChatGPT e seus irmãos são constitutivamente incapazes de equilibrar a criatividade com a restrição. Ou extrapolam (produzindo tanto verdades quanto falsidades, apoiando tanto decisões éticas quanto antiéticas) ou, então, simplificam (mostrando falta de compromisso com qualquer decisão e indiferença com as consequências) ”, sentenciaram.
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Editorial Cultural FM Torres RS 21 de julho 23
Brasil, a tristeza da violência: 47 mil assassinatos em 2022, fora as mortes no trânsito, outro tanto
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou, ontem, os dados da violência no Brasil: 47 mil mortos, perto de 75 mil estupros, explosão de fraudes eletrônicas, mas indica que os assassinatos estão caindo, embora a ritmo menos, pois foram já 64 mil em 2007. Os números falam por si mesmo. Um horror! Se somar às mortes violentas as vítimas fatais no trânsito, até maiores, chegamos à conclusão que é como se estivéssemos em guerra. Aqui, a eterna pergunta de um milhão de dólares: Por que tanta violência? Afinal não somos um povo pacífico, amante da paz, alegre, gentil e que adora festas populares. Até certo ponto. Esses talvez sejam estereótipos que não coincidem com a realidade.
No começo do século passado, um dos grandes intérpretes do Brasil, Paulo Prado, filho de uma pródiga família paulista escreveu um livro que já dizia o contrário: “Retrato do Brasil” / Ensaio sobre a tristeza brasileira. Seu livro abre com esta frase “Numa terra radiosa vive um povo triste, e aí, ao contrário de outros grandes intérpretes que partem da matriz colonial da grande propriedade acionada por escravos para produzir para o exterior, ou da dinâmica das instituições do país, ele discorre sobre o caráter de nossa gente, destacando sobre seu romantismo, luxúria e outros vícios. Mais tarde, outro grande antropólogo, em seus trabalhos no Brasil, Lévi Strauss, deixou seu registro em “Tristes Trópicos”. Parece, pois, que escondemos sob nossos sorrisos, alardeados por marqueteiros do turismo, um mundo de solidão e tristeza. Ela talvez seja o resultado de uma sociedade que sempre foi violenta, porque fundada sobre dois fundamentos: o colonialismo, que se sobrepôs com violência sobre os povos originários da terra, como já denunciava o Pe. Vieira em meados do sec. XVII e o escravismo, que trouxe na rota trágica dos navios negreiros milhões de braços obrigados, sob o acicate do chicote, ao trabalho no eito. Viajantes do século XIX, aliás, ficavam espantados com a crueldade da sociedade brasileira e com a insalubridade dos nossos portos. Saíam dizendo que jamais aqui voltariam, tamanha a barbárie. Portanto, esse clima de violência, que tinha na BOA SOCIEDADE um método, deve estar no DNA da nossa História e acaba se prolongando até os dias de hoje. O Estado é violento. Veja-se que na Bahia, tão caloroso e até dirigida há anos por elites politicamente progressista, tem a Polícia mais letal que a do Rio de Janeiro, não por acaso, aliás, duas cidades que foram capitais do Brasil. Que capitais...! Que exemplos! Isso tudo, enfim, desemboca nestes índices de violência ontem divulgados. O ASSUNTO do g1, Podcast mais lido do país trata, com propriedade da matéria e fica a sugestão de sua audiência.
Anexo - O Assunto g1 dia 21 de julho de 23
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/07/21/o-assunto-1008-o-brasil-mais-perigoso-para-mulheres-e-criancas.ghtml
O Brasil mais perigoso para mulheres e crianças
Em 2022, o país registrou mais um de seus trágicos recordes de violência: foram quase 75 mil casos de estupro. E 6 em casa 10 casos têm como vítima crianças de até 13 anos. De acordo com as informações do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), isso representa 205 casos de violência sexual por dia, 8 casos a cada hora. Soma-se a isso o aumento de diversos índices de violência contra mulheres: feminicídio, violência doméstica e as medidas protetivas tiveram alta na incidência de casos. Para analisar esses dados, Natuza Nery recebe Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP. Neste episódio:
Samira informa que apenas 8,5% dos casos de estupro são notificados às autoridades – isso significa que em 2022 houve, de fato, mais de 880 mil casos. E 70% desses casos acontecem dentro de casa, cometidos por familiares ou pessoas próximas. “Vítimas de violência sexual têm dificuldade em denunciar por causa do medo e do constrangimento”, justifica;
Ela detalha o que significa estupro de vulneráveis, à luz da legislação, e como uma mudança na lei, em 2009, colaborou para que mais crianças fossem protegidas contra o abuso sexual. "Mas a pandemia ampliou a vulnerabilidade das crianças”, afirma. “Sem a mãe em casa e com a escola fechada, para onde essas crianças correm? ”;
Ela também lamenta que o “Brasil tenha se tornado mais violento para as mulheres”: há mais casos de homicídios contra mulheres, mais feminicídios, mais agressões, mais ameaças e mais perseguições. “São crimes cometidos por parceiros íntimos, dentro de casa e que podem ser evitados”, afirma;
Samira comenta as recentes prisões e condenações de artistas e esportistas por abuso sexual: “Revela espaço para lutar por justiça e tem efeito pedagógico para os homens”.
O que você precisa saber:
Em 2022: Brasil registra maior número de estupros da história//Anuário da Violência: número de armas em circulação dispara//Pesquisa: Brasil Segurança: uma mulher é vítima de violência a cada 4 horas//Feminicídio recorde: 1 mulher morta a cada 6 horas no Brasil
O Podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski, Guilherme Romero e Nayara Fernandes. Apresentação: Natuza Nery.
Editorial Cultural FM Torres RS 20 de julho 23
Sobre a Tolerância
A Guerra “na” Ucrânia há tempos já deixou de ser um conflito regional ou de mera “operação especial O” da poderosa Rússia sobre o país vizinho, cuja capital, Kiev, aliás, é o núcleo originário da intervenção da Rússia e as sanções econômicas, dentre as quais o “congelamento” de cerca de Há algumas décadas, quando a desorganização do mundo se antecipava nas telas de cinema com “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrik, a ONU voltou-se ao tema da Tolerância. Chegou a adotar uma Carta da Tolerância, aprovada em Assembleia Geral e dedicou o ano de 1995 para divulgá-la e implementá-la através da promoção da educação para a Paz. Não funcionou muito bem. Alguns críticos, inclusive, alegaram que a convivência humana precisa mais do que tolerância. Requeria Respeito à diversidade e sua consagração através da conquista de direitos. Começava a nascer uma geração que, sem negar o caráter de classe das sociedades contemporâneas, voltava-se à afirmação das identidades: Mulher, Negro, Índio, LGBT etc. A própria esquerda, no mundo inteiro, desfalcada de sua histórica vertente sindical pelas mudanças tecnológicas operadas na Indústria e crescente favelização dos grandes centros urbanos descaracterizando tradicionais bairros operários, além de abalada pelo colapso da União Soviética, entregava-se a esta Agenda. Aqui no Brasil, inclusive, há um acirrado debate entre mais e menos ortodoxos na esquerda sobre esta questão e que antagonizou, em 2021, o sociólogo baiano Antonio Rizziére com vários intelectuais da esquerda. A questão da intolerância, entretanto, voltou ao debate nos últimos anos, agora associada mais à intolerância política do que às intolerâncias pessoais. Isso porque a crise econômica se aprofundou e elevou a fermentação social em todo o mundo. O atentado às Torres Gêmeas de N. York, em 2002, é um marco neste processo. Ele traz à tona a realidade da insatisfação de algumas partes do globo com a proclamada e glamourizada globalização e desencadeia uma sucessão de ofensivas militares sobre Oriente Médio que só fez elevar os níveis de violência no mundo inteiro, com reflexos na intensificação do movimento de vastas correntes populacionais dos lugares afetados pelas guerras e pela crise em direção à Europa Ocidental, Turquia e Estados Unidos. A intolerância, com isso, se aprofundou. Nos países receptores destes asilados cresceu a xenofobia, alimentando a extrema direita que hoje governa não só a Hungria e Itália mas até países escandinavos, tendo estendido sua dicção, com suas respectivas adaptações regionais, aos Estados Unidos de Trump e Brasil de Bolsonaro. Candidatos de extrema direita intolerante emergem, também, em vários países da América Latina e um deles já é o terceiro colocado para as próximas eleições, em outubro, na Argentina. A pergunta que fica no ar é, pois, por que o recrudescimento da INTOLERÂNCIA que se dissemina em fake news pelas redes, alimentando ódios e alarma incautos com descrições ameaçadoras sobre o caráter negativo da presença de árabes na Europa, de latinos nos Estados Unidos, de pobres em viagens internacionais, de gays por todos os lugares – onde já se viu dois homens de mãos dadas? –
. Um clássico dos anos 30 apontava como causa deste processo, bem descrito por Stefan Zweig sem seu livro recém publicado no Brasil, “O mundo que vivi”, o pequeno-burguês alarmado com as mudanças e desafios da época: “Escuta Zé Ninguém”, de Willelm Reich. Hoje este processo se reedita, mas mais complexo, até pela repercussão das Redes Sociais na vida das pessoas. A velocidade das coisas e sua incidência na sociedade são muito maiores. Mas as análises também são mais complexas. A Psicologia Social, hoje, complementa a análise sociológica e vê na rejeição ao Outro uma manifestação de dois processos: Um, defendido pelo filósofo dinamarquês P. Sloderdijk, que sustenta ter a cultura uma espécie de sistema imunológico que rejeita o Outro; outro, que percebe na natureza humana uma tendência a se supervalorizar como mecanismo de defesa, sempre nos marcos de um conservadorismo homeostático que a mantém em equilíbrio instável, pronto para explodir. Eis aí, talvez, a origem do medo às mudanças, mesmo quando racionalmente percebidas como necessárias, seja na economia, seja na sociedade, seja no confronto com o Outro.
Neste Admirável Mundo Novo da Aldeia Global, aliás, as grandes mobilizações sociais do passado se deslocam da contestação de classe ao stablishment às coloridas primaveras convocadas pelas Redes Sociais, sob sospechosa manipulação externa, impondo a necessidade cada vez maior de intervenções pontuais como mecanismo de conquista efetiva de garantias sociais: Micro Política do Cotidiano e Gris. Aí releva a atenção de Foucault à micro política, aliás, reverberada por outra importante filósofa do século XX, Agnes Heller.
A verdade, pois, é que talvez tenhamos que voltar, senão aos sermões à confraternização universal de Cristo, à Carta da Tolerância da ONU como mecanismo de descongestão do ódio à diversidade.
Anexo – Declaração de Princípios sobre a Tolerância aprovada pela Conferência Geral da UNESCO em sua 28ª reunião
Paris, 16 de novembro de 1995
Os Estados Membros da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura reunidos em Paris em virtude da 28ª reunião da Conferência Geral, de 25 de outubro a 16 de novembro de 1995
Preâmbulo
Tendo presente que a Carta da Nações Unidas declara " Nós os povos das Nações Unidas decididos a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, e com tais finalidades a praticar a tolerância e a conviver em paz como bons vizinhos",
Lembrando que no Preâmbulo da Constituição da UNESCO, aprovada em 16 de novembro de 1945, se afirmar que "a paz deve basear-se na solidariedade intelectual e moral da humanidade",
Lembrando também que a Declaração Universal dos Direitos do Homem proclama que "Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião"(art. 18), "de opinião e de expressão"(art. 19) e que a educação "deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos étnicos ou religiosos" (art.26),
Tendo em conta os seguintes instrumentos internacionais pertinentes, notadamente:
O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos;
O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais;
A Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial;
A Convenção sobre a Prevenção e a Sanção do Crime de Genocídio;
A Convenção sobre os Direitos da Criança;
A Convenção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados, seu Protocolo de 1967 e seus instrumentos regionais;
A Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher;
A Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, desumanos ou degradantes;
A Declaração sobre a Eliminação de todas as Formas de Intolerância e de Discriminação fundadas na religião ou na convicção;
A Declaração sobre os Direitos da Pessoas pertencentes a minorias nacionais ou étnicas, religiosas e linguísticas;
A Declaração sobre as Medidas para Eliminar o Terrorismo Internacional;
A Declaração e o Programa de Ação de Viena aprovados pela Conferência Mundial dos Direitos do Homem;
A Declaração de Copenhague e o Programa de Ação aprovados pela Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social;
A Declaração da UNESCO sobre a Raça e os Preconceitos Raciais;
A Convenção e a Recomendação da UNESCO sobre a Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino;
Tendo presentes os objetivos do Terceiro Decênio da luta contra o racismo e a discriminação racial, do Decênio Mundial para a educação no âmbito dos direitos do homem e o Decênio Internacional das populações indígenas do mundo,
Tendo em consideração as recomendações das conferências regionais organizadas no quadro do Ano das Nações Unidas para a Tolerância conforme a Resolução 27 C/5.14 da Conferência Geral da UNESCO, e também as conclusões e as recomendações das outras conferências e reuniões organizadas pelos Estados membros no quadro do programa do Ano das Nações Unidas para a Tolerância,
Alarmados pela intensificação atual da intolerância, da violência, do terrorismo, da xenofobia, do nacionalismo agressivo, do racismo, do antissemitismo, da exclusão, da marginalização e da discriminação contra minorias nacionais, étnicas, religiosas e linguísticas, dos refugiados, dos trabalhadores migrantes, dos imigrantes e dos grupos vulneráveis da sociedade e também pelo aumento dos atos de violência e de intimidação cometidos contra pessoas que exercem sua liberdade de opinião e de expressão, todos comportamentos que ameaçam a consolidação da paz e da democracia no plano nacional e internacional e constituem obstáculos para o desenvolvimento,
Ressaltando que incumbe aos Estados membros desenvolver e fomentar o respeito dos direitos humanos e das liberdades fundamentais de todos, sem distinção fundada sobre a raça, o sexo, a língua, a origem nacional, a religião ou incapacidade e também combater a intolerância, aprovam e proclamam solenemente a presente Declaração de Princípios sobre a Tolerância.
Decididos a tomar todas as medidas positivas necessárias para promover a tolerância nas nossas sociedades, pois a tolerância é não somente um princípio relevante mas igualmente uma condição necessária para a paz e para o progresso econômico e social de todos os povos,
Declaramos o seguinte:
Artigo 1º - Significado da tolerância
1.1 A tolerância é o respeito, a aceitação e a apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos. É fomentada pelo conhecimento, a abertura de espírito, a comunicação e a liberdade de pensamento, de consciência e de crença. A tolerância é a harmonia na diferença. Não só é um dever de ordem ética; é igualmente uma necessidade política e jurídica. A tolerância é uma virtude que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz.
1.2 A tolerância não é concessão, condescendência, indulgência. A tolerância é, antes de tudo, uma atitude ativa fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais do outro. Em nenhum caso a tolerância poderia ser invocada para justificar lesões a esses valores fundamentais. A tolerância deve ser praticada pelos indivíduos, pelos grupos e pelo Estado.
1.3 A tolerância é o sustentáculo dos direitos humanos, do pluralismo (inclusive o pluralismo cultural), da democracia e do Estado de Direito. Implica a rejeição do dogmatismo e do absolutismo e fortalece as normas enunciadas nos instrumentos internacionais relativos aos direitos humanos.
1.4 Em consonância ao respeito dos direitos humanos, praticar a tolerância não significa tolerar a injustiça social, nem renunciar às próprias convicções, nem fazer concessões a respeito. A prática da tolerância significa que toda pessoa tem a livre escolha de suas convicções e aceita que o outro desfrute da mesma liberdade. Significa aceitar o fato de que os seres humanos, que se caracterizam naturalmente pela diversidade de seu aspecto físico, de sua situação, de seu modo de expressar-se, de seus comportamentos e de seus valores, têm o direito de viver em paz e de ser tais como são. Significa também que ninguém deve impor suas opiniões a outrem.
Artigo 2º - O papel do Estado
2.1 No âmbito do Estado a tolerância exige justiça e imparcialidade na legislação, na aplicação da lei e no exercício dos poderes judiciário e administrativo. Exige também que todos possam desfrutar de oportunidades econômicas e sociais sem nenhuma discriminação. A exclusão e a marginalização podem conduzir à frustração, à hostilidade e ao fanatismo.
2.2 A fim de instaurar uma sociedade mais tolerante, os Estados devem ratificar as convenções internacionais relativas aos direitos humanos e, se for necessário, elaborar uma nova legislação a fim de garantir igualdade de tratamento e de oportunidades aos diferentes grupos e indivíduos da sociedade.
2.3 Para a harmonia internacional, torna-se essencial que os indivíduos, as comunidades e as nações aceitem e respeitem o caráter multicultural da família humana. Sem tolerância não pode haver paz e sem paz não pode haver nem desenvolvimento nem democracia.
2.4 A intolerância pode ter a forma da marginalização dos grupos vulneráveis e de sua exclusão de toda participação na vida social e política e também a da violência e da discriminação contra os mesmos. Como afirma a Declaração sobre a Raça e os Preconceitos Raciais, " Todos os indivíduos e todos os grupos têm o direito de ser diferentes" (art. 1.2).
Artigo 3º - Dimensões sociais
3.1 No mundo moderno, a tolerância é mais necessária do que nunca. Vivemos uma época marcada pela mundialização da economia e pela aceleração da mobilidade, da comunicação, da integração e da interdependência, das migrações e dos deslocamentos de populações, da urbanização e da transformação das formas de organização social. Visto que inexiste uma única parte do mundo que não seja caracterizada pela diversidade, a intensificação da intolerância e dos confrontos constitui ameaça potencial para cada região. Não se trata de ameaça limitada a esse ou aquele país, mas de ameaça universal.
3.2 A tolerância é necessária entre os indivíduos e também no âmbito da família e da comunidade. A promoção da tolerância e o aprendizado da abertura do espírito, da ouvida mútua e da solidariedade devem se realizar nas escolas e nas universidades, por meio da educação não formal, nos lares e nos locais de trabalho. Os meios de comunicação devem desempenhar um papel construtivo, favorecendo o diálogo e debate livres e abertos, propagando os valores da tolerância e ressaltando os riscos da indiferença à expansão das ideologias e dos grupos intolerantes.
3.3 Como afirma a Declaração da UNESCO sobre a Raça e os Preconceitos Raciais, medidas devem ser tomadas para assegurar a igualdade na dignidade e nos direitos dos indivíduos e dos grupos humanos em toda lugar onde isso seja necessário. Para tanto, deve ser dada atenção especial aos grupos vulneráveis social ou economicamente desfavorecidos, a fim de lhes assegurar a proteção das leis e regulamentos em vigor, sobretudo em matéria de moradia, de emprego e de saúde, de respeitar a autenticidade de sua cultura e de seus valores e de facilitar, em especial pela educação, sua promoção e sua integração social e profissional.
3.4 A fim de coordenar a resposta da comunidade internacional a esse desafio universal, convém realizar estudos científicos apropriados e criar redes, incluindo a análise, pelos métodos das ciências sociais, das causas profundas desses fenômenos e das medidas eficazes para enfrentá-las, e também a pesquisa e a observação, a fim de apoiar as decisões dos Estados Membros em matéria de formulação política geral e ação normativa.
4. Artigo 4º - Educação
4.1 A educação é o meio mais eficaz de prevenir a intolerância. A primeira etapa da educação para a tolerância consiste em ensinar aos indivíduos quais são seus direitos e suas liberdades a fim de assegurar seu respeito e de incentivar a vontade de proteger os direitos e liberdades dos outros.
4.2 A educação para a tolerância deve ser considerada como imperativo prioritário; por isso é necessário promover métodos sistemáticos e racionais de ensino da tolerância centrados nas fontes culturais, sociais, econômicas, políticas e religiosas da intolerância, que expressam as causas profundas da violência e da exclusão. As políticas e programas de educação devem contribuir para o desenvolvimento da compreensão, da solidariedade e da tolerância entre os indivíduos, entre os grupos étnicos, sociais, culturais, religiosos, linguísticos e as nações.
4.3 A educação para a tolerância deve visar a contrariar as influências que levam ao medo e à exclusão do outro e deve ajudar os jovens a desenvolver sua capacidade de exercer um juízo autônomo, de realizar uma reflexão crítica e de raciocinar em termos éticos.
4.4 Comprometemo-nos a apoiar e a executar programas de pesquisa em ciências sociais e de educação para a tolerância, para os direitos humanos e para a não-violência. Por conseguinte, torna-se necessário dar atenção especial à melhoria da formação dos docentes, dos programas de ensino, do conteúdo dos manuais e cursos e de outros tipos de material pedagógico, inclusive as novas tecnologias educacionais, a fim de formar cidadãos solidários e responsáveis, abertos a outras culturas, capazes de apreciar o valor da liberdade, respeitadores da dignidade dos seres humanos e de suas diferenças e capazes de prevenir os conflitos ou de resolvê-los por meios não violentos.
Artigo 5º - Compromisso de agir
Comprometemo-nos a fomentar a tolerância e a não violência por meio de programas e de instituições no campo da educação, da ciência, da cultura e da comunicação.
Artigo 6º - Dia Internacional da Tolerância
A fim de mobilizar a opinião pública, de ressaltar os perigos da intolerância e de reafirmar nosso compromisso e nossa determinação de agir em favor do fomento da tolerância e da educação para a tolerância, nós proclamamos solenemente o dia 16 de novembro de cada ano como o Dia Internacional da Tolerância.
Aplicação da Declaração de Princípios sobre a Tolerância
A Conferência Geral,
Considerando que em virtude da missão que lhe atribui seu Ato constitutivo nos campos da educação, ciência - ciências exatas e naturais, como também sociais -, cultura e comunicação, a UNESCO tem o dever de chamar a atenção dos Estados e dos povos sobre os problemas ligados a todos os aspectos da questão essencial da tolerância e da intolerância.
Considerando a Declaração de Princípios da UNESCO sobre a Tolerância, proclamada em 16 de novembro de 1995,
1. Insta os Estados Membros
(a) a ressaltar, a cada ano, o dia 16 de novembro, Dia Internacional da Tolerância, mediante a organização de manifestações e de programas especiais destinados a pregar a mensagem da tolerância entre os cidadãos, em cooperação com os estabelecimentos educacionais, as organizações intergovernamentais e não-governamentais e os meios de comunicação;
(b) a comunicar ao Diretor Geral todas as informações que desejariam compartilhar, sobretudo os conhecimentos extraídos da pesquisa ou do debate público sobre os problemas da tolerância e do pluralismo cultural, a fim de ajudar a compreender melhor os fenômenos ligados à intolerância e às ideologias que pregam a intolerância, como o racismo, o fascismo e o antissemitismo e também as medidas mais eficazes para enfrentar tais problemas;
2. Convida o Diretor Geral:
(a) a assegurar ampla difusão do texto da Declaração de Princípios, e para tal fim, a publicar e fazer distribuir esse texto não somente nas línguas oficiais da Conferência Geral, mas também no maior número possível de outras línguas;
(b) a instituir um mecanismo apropriado para a coordenação e avaliação das ações realizadas no âmbito do sistema das Nações Unidas e em cooperação com outras organizações para fomentar e ensinar a tolerância;
(c) a comunicar a Declaração de Princípios ao Secretário Geral da Organização das Nações Unidas, solicitando-lhe que a apresente, como convém, à Assembleia Geral das Nações Unidas em sua quinquagésima primeira sessão, de acordo com a Resolução 49 313 da Assembleia Geral.
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Editorial - O Rio Grande do Sul vai mal, obrigado! Mas tem jeito
A divulgação dos primeiros resultados do Censo 2022, se trouxe a informação de que está acabando o bônus demográfico da maioria de jovens que fazia do Brasil “O país do futuro”, trouxe, também más notícias sobre o movimento populacional no RS: Além de mais velhos, as várias regiões do Estado, com exceção do Litoral Norte, estão perdendo população. Isso, sem elevação da produtividade e boas taxas de crescimento do PIB regional, é mau sinal. Pode levar à estagnação histórica, com perda não só de oportunidades como de qualidade de vida. É importante, porém, que se ressaltem duas questões: 1o – Há uma diferença ente Economia propriamente dita e Finanças Públicas, correspondente, esta, à capacidade de organização interna do Estado. A economia reflete o vigor histórico da capacidade empresarial e profissional, enquanto a segunda reflete a lucidez dos líderes políticos para gerenciar os imperativos da própria História; 2º - A economia, medida tanto pelo PIB como termômetro do Valor Agregado no processo produtivo e de serviços, e sua estrutura interna, vale dizer, conjunto diversificado de atividades dos setores primário, secundário e terciário, ainda faz do RS um dos principais suportes da economia brasileira, pois é bem superior a do Uruguai, Bolívia e Paraguai juntos. Ainda assim, é mister avaliar todo este processo de forma a formular e desenvolver a capacidade política de planejamento para um futuro mais promissor às próximas gerações, retomando a tradição de intervenção do Estado tal como ocorreu na I República, de 1889 a 1930, no Governo Brizola de 1958 a 1962 e na abertura deste século. O artigo abaixo, de CARLOS PAIVA, faz uma radiografia dos dados do Censo. Um valioso Seminário sobre o Desenvolvimento do RS foi realizado ano passado por iniciativa da REDE ESTAÇÃO DEMOCRACIA e FACAT/Taquara, coms importantes intervenções de diversos analistas e gestores públicos dos últimos governos estaduais, disponível neste site
https://www2.faccat.br/portal/sites/default/files/ckeditorfiles/e-book_2023_Desigualdades_Regionais_com.pdf
Editorial CULTURAL FM Torres RS Dia 18 julho 23
Judiciário e seus membros na berlinda
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Café da Manhã Podcast Folha Uol https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2023/07/podcast-discute-politizacao-do-judiciario-e-hostilidades-a-magistrados.shtml
Podcast discute politização do Judiciário e hostilidades a magistrados. Posicionamentos recentes de ministros do Supremo esquentaram debate sobre limites de manifestação de juízes
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A judicialização da Política, resultado do recorrentes recursos de Partidos e políticos à Justiça para dirimir querelas internas ao Congresso Nacional ou de confronto com decisões do Poder Executivo acabou dando ao Poder Judiciário um tal papel que já se fala na sua politização. O tema não é novo mas recrudesceu nos últimos quatro anos em virtude da virulência da polarização entre bolsonarista e não-bolsonaristas. No último fim de semana , por exemplo, o Ministro Gilmar Mendes, do STF, criticou abertamente a Lava Jato e seus principais condutores, sobretudo Deltan Dalagnol, deputado federal que teve seu mandato cassado pelo TSE. O Ministro Barroso, também do STF, compareceu a um congresso da União Nacional dos Estudante-UNE- no dia 4 último e excedeu-se no verbo, afirmando “nós derrubamos o bolsonarismo”, gerando forte reação do Presidente do Senado. Acabou se retratando. Mas o fato mais marcante dos últimos dias foi a agressão física e verbal sofrida pelo Ministro Alexandre Moraes no Aeroporto de Roma por uma família de brasileiros. Ele, aliás, foi o alvo preferido do ex Presidente Bolsonaro em várias ocasiões, particularmente no famoso “comício” do 7 de setembro de 2021 em São Paulo e, desde então, vem sendo visto pelos cegos seguidores de Bolsonaro como a peça chave da vitória de Lula. Teria tirado ele da cadeia, manipulado às urnas eletrônicas, feito o jogo político a favor de um lado do processo político eleitoral. Lembremo-nos que na minuta de golpe encontrada na casa do ex Ministro da Justiça de Bolsonaro, sob investigação da Polícia Federal, falava na prisão de Moraes, como substituição de vários ministros do Superior Tribunal Eleitoral com vistas à anulação do resultado eleitoral. A judicialização, portanto, acabou politizando a Justiça preocupando cada vez mais a Sociedade. Embora se compreenda que a democratização implica precisamente o deslocamento da política das ruas para as instituições e que a elas corresponda o papel de garantia em última instância do regime constitucional , isso nem sempre ocorre de forma automática e mecânica. Assim como se exige dos militares que abdiquem de seu papel “moderador” que acabou levando a várias intervenções no período republicano , também se exige dos membros do Judiciário o senso de auto-contenção de forma a dar-lhes a imagem exigida de imparcialidade . Maior recato diante da Mídia, evitando posicionamentos pessoais estranhos aos autos dos processos sob julgamento também é recomendável. Ninguém gosta muito de generais rabugentos brandindo gritos e relhos como costumava fazer um deles no ocaso do regime militar, nem de ver desfilar juízes pops na crônica política. Pode parecer conservador, mas o papel do Judiciário e seus membros, régia e polpudamente pagos em suas promissores e estáveis carreiras, é necessariamente discreto pela própria função que ocupam. Até em defesa de seus próprios membros para que não se ofereçam como alvos fáceis tanto daqueles que eles julgam, como dos que os julgam com base em convicções ideológicas. Não obstante, a Sociedade não pode aceitar a agressão feita a Alexandre de Moraes e sua família em Roma e os agressores devem ser julgados e punidos na forma da Lei. Se a politização da Justiça deve ser refreada, a justiça pelas próprias mãos, com muito mais razão deve ser severamente coibida, sobretudo numa sociedade que nos últimos anos armou-se de forma inusitada sob inspiração e amparo do Governo que chegava ao cúmulo de justificar este processo como garantia de segurança pessoal e “política”. Ora, esse sempre foi o argumento dos extremistas deste e de outros tempos , para os quais o ideal consiste na relação direta do Governante com o povo, assim como do Mercado com os consumidores, sem a mediação de instituições reguladoras desta relação. “O Estado sou eu”, dizia Luiz XIV no auge do absolutismo. “Há um só Governo e um só povo”, dizia Mussolini, o primeiro fascista. Na democracia contemporânea isso não cabe. Nem se admite
Editorial Cultural FM- 17/07/2023
A Geografia da Fome
Combate à fome - a importância da agricultura familiar
A retomada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), uma das principais ferramentas do governo federal nos mandatos petistas para acabar com a fome no país, foi aprovada no Congresso. A nova versão tem orçamento previsto de R$ 500 milhões e garante a compra de alimentos de propriedades rurais familiares – que passam a ter também crédito de R$ 71 bilhões oferecidos pelo Plano Safra. Para explicar o funcionamento do PAA, seu impacto para a agricultura familiar e seu papel no combate à insegurança alimentar, Natuza Nery conversa com Julian Perez-Cassarino, professor de agroecologia da Universidade Federal da Fronteira Sul e pesquisador da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan).
O que você precisa saber:
Fome: mais de 21 milhões de brasileiros não têm o que comer//Brasil: tem 70,3 milhões de pessoas em insegurança alimentar//Projeto de Lei: Câmara aprova proposta para agricultura familiar//Senado: aprova projeto que retoma o PAA no Governo FederalR$ 510 mi: orçamento para programa de compra de alimentos// Cozinha Solidária: iniciativa contra a fome é premiada na ONU//VÍDEO: Lula relança o programa de aquisição de alimentos
Capas dos grandes jornais do centro do país.
O GLOBO – Mercado de seguros para baixa renda vive “boom” no país. Micro empreendedor individual e autônomos recorrem ao modelo
O ESP- Super salários custam R$ 3,9 bilhões aos cofres públicos. Remuneração acima do teto é paga a 25 mil servidores. Novo “penduricalhos” engrossam ganhos além do limite constitucional.
FSP – IVA do Brasil pode chegar a 28% e se tornar o maior do mundo. Manutenção de benefícios e isenções na Reforma Tributária pressionam imposto, aponta estudo do IPEA
ZH- Setor de serviços lidera avanço na economia do Estado em 2023
Editorial Cultural FM Torres RS 14 de julho 23
O mundo por um fio na Ucrânia
A Guerra “na” Ucrânia há tempos já deixou de ser um conflito regional ou de mera “operação especial” da poderosa Rússia sobre o país vizinho, cuja capital, Kiev, aliás, é o núcleo originário da própria nação russa em sua formação nacional, que fez parte da antiga URSS, tendo-lhe, inclusive dado um importante dirigente: Kruchev. A ideia, aliás, de Putin, Presidente russo, ao determinar a ocupação militar da UCRANIA, epílogo de uma lenta fermentação de tensões com este país em razão de sua repressão a russos lá residentes, na região do Donbass, fronteira com a Rússia, além da inclinação da UCRANIA ao Ocidente, era reeditar o feito de 2014, quando ocupou a Crimeia. A situação política interna da Ucrânia era instável e baixa a popularidade de seu Presidente, um antigo ator, sem maior densidade política e parecia indicar que cairia diante da pressão militar russa. Isso não ocorreu. O Presidente teve inusitada capacidade de reação e conseguiu forte apoio das Forças Armadas para resistir. Obteve também, imediato apoio do Presidente Biden, o qual já tinha fortes relações com o país, quem acabou arrastando a União Europeia e outros países sob sua influência para a ajuda militar à UCRANIA. Vieram as moções de censura da ONU à intervenção da Rússia e as sanções econômicas, dentre as quais o “congelamento” de cerca de 300 bilhões de dólares de reservas russsas em bancos ocidentais. Expedientes que têm sido usados ultimamente como mecanismo de intimidação a governos que se rebelam contra o CONSENSO DE WASHINGTON. O fortalecimento da resistência ucraniana travou o avanço russo que, não obstante, se consolida na região do DONBASS onde já foram proclamadas Repúblicas autônomas inclinadas à Rússia. Com isso o conflito se arrasta e vai ganhando novas proporções. A OTAN, como organização militar de “defesa” do Ocidente vai expandindo sua ação na Europa, tendo, nestes dias encerrado novo encontro, com a presença de Biden, na Lituânia, antigo satélite soviético. Simultaneamente, chegam a Ucrânia as bombas de fragmentação enviadas pelos Estados Unidos e outros armamentos pesados que devem prolongar indefinidamente o conflito. A Rússia reagiu com veemência a esta nova ofensiva da OTAN e novos armamentos. Tudo isso deixa a paz mundial por um fio. Um incidente entre tropas da OTAN x Rússia pode deflagrar a III Guerra Mundial, da qual todos sairemos derrotados. Toda atenção e cuidado são pouco. Urge fortalecer o movimento pela cessação das hostilidades na região, tal como ocorreu na COREIA em 1953, já que a Paz será algo de longo prazo e difícil consecução. A Rússia é uma potência militar com farto arsenal nuclear. Atacada, reagirá, com o apoio da China e Irã. O resto do mundo, mais de 160 países com assento na ONU observam, evitando se envolver no conflito, dentre eles quase todos os países da América Latina, Ásia e África. Temem o pior. Na verdade, aguardam a passagem do tempo para ver como se sairá Biden nas eleições do ano que vem. Se perder, os republicanos resolvem o conflito em 24horas, reconhecendo o direito de força da Rússia em delimitar sua área de segurança estratégica. Mas o dito Ocidente, sob Biden, ainda força sua capacidade hegemônica mundial. Quem viver, verá. “Velhos fantasmas”, como diz o jornalista gaúcho, residente na Alemanha, em artigo recente, ainda assombram a humanidade.
Referência
Fórum 21 e Diálogos AMSUR - Conjuntura Geopolítica Mundial – JMFiori ASSISTA A LIVE AQUI >>>>
JOSÉ LUÍS FIORI MOSTRA COMO A GUERRA NA UCRÂNIA TORNOU-SE UM CONFLITO MUNDIAL NO QUAL A RÚSSIA NÃO PODE RECUAR -- POIS O QUE ESTÁ EM JOGO É A SUA PRÓPRIA SOBREVIVÊNCIA COMO NAÇÃO -- E, POR OUTRO, OS ESTADOS UNIDOS SE OPÕEM Á PAZ POR TODOS OS MEIOS, PORQUE O QUE ESTÁ EM JOGO É A MANUTENÇÃO OU NÃO DE SUA SUPREMACIA = Diplomatique-critérios-narrativas-guerras-hegemônicas
A destruição de um Império – M. Hudson
https://aterraeredonda.com.br/a-destruicao-de-um-grande-imperio/
Velhos fantasmas - Flávio Aguiar - AEPET- VELHOS FANTASMAS
Editorial Cultural FM Torres RS 12 de julho 23
Editorial – O RS no Censo 22
RS – Censo 2022 IBGE – Variação População 2010 – 2022
Por Carlos Paiva
A publicação dos primeiros resultados do Censo IBGE 2022 na semana passada continua promovendo muitas análises e mesmo críticas. No Rio Grande do Sul se confirmam as informações sobre perda de dinamismo demográfico e envelhecimento de sua população, exceção à região Litoral Norte, que teve crescimento considerável. O mapa acima, elaborado pelo Economista Carlos Paiva para exposição no dia 11 passado (julho/23) sobre o Censo na Fundação Perseu Abramo POA classifica e evidencia quatro situações paradigmáticas no Estado: a maior parte do Estado, metade sul e oeste, onde a situação é mais crítica, inclusive com perda de população em vários municípios; uma pequena área central com crescimento entre zero e 1,7¨%; áreas esparsas com crescimento de 1,7% até 6,5% e, finalmente, o Litoral Norte, com projeções para o interior, onde há franco dinamismo, com crescimento populacional de até 25%. Nesta região, onde Torres se situa está a merecer melhor atenção das autoridades não só quanto ao atendimento de serviços públicos mas também quanto à abertura de oportunidades de investimentos compatíveis com suas peculiaridades vocacionais e clima. A FACAT, em Taquara, graças à iniciativa de Carlos Paiva, professor e pesquisador desta Instituição universitária, vem trabalhando na formulação de diretrizes para o planejamento governamental do Litoral Norte e deve propor a abertura de encontros com a COREDE/Litoral Norte e Associação dos Municípios do Litoral Norte com vistas a chamar a atenção sobre as necessidades da região. Considerada como área de menor desenvolvimento no Rio Grande do Sul e com baixa densidade de articulação de seus interesses, Litoral Norte, se oferece, agora, como uma janela de oportunidades para a reanimação da economia gaúcha, não só como lugar de veraneio ou repouso, à la Flórida, nos Estados Unidos, ou Portugal, na Europa, mas também como campo de investimentos em segmentos específicos do agro, da indústria e serviços. Já é, aliás, um centro de referência na produção de orgânicos, com mais de 200 produtores com elevada produtividade e boa rede de distribuição de seus produtos, na qual se destaca, aqui em Torres, a ECOTORRES.
Anexo
O censo e os desafios da nossa sociedade.
Renato Steckert de Oliveira - oliveira.remar@gmail.com – Publ.FOLHA DE TAQUARI
Após uma série de dúvidas sobre sua realização, dados os impactos da pandemia e a desorganização sofrida pelo IBGE durante o governo Bolsonaro, saíram os resultados preliminares do Censo de 2022, que deveria ter sido realizado em 2020. A grande surpresa, já comentada longamente na imprensa, foi o fato de que, nos doze anos desde o último censo, a população brasileira cresceu menos do que se esperava: somos agora 203 milhões de pessoas vivendo no país, um aumento de 6,4% em relação a 2010. 10 milhões a menos do que imaginava o próprio IBGE. Para se ter uma ideia da queda do crescimento populacional no Brasil, entre 1980 e 1990 esse crescimento foi de 22,68%.
O RS continua ponteando a fila dos que menos crescem: entre 2010 e 2022 crescemos meros 1,74%, e hoje somos 10.693.929 pessoas vivendo no RS. Quase 1 milhão a menos do que o IBGE esperava encontrar. Nesse crescimento praticamente nulo, a maioria dos municípios gaúchos perdeu população, acentuando uma tendência que vinha se verificando há mais de duas décadas. Um caso paradigmático é Cruz Alta, que hoje, com 58.913 habitantes, tem uma população menor do que em 1980, quando esse número era de 61.476 pessoas. Taquari acompanhou a tendência, diminuindo a população de 26.092 para 25.198 entre 2012 e 2022, praticamente igualando o número de habitantes de 1991, quando havia 25.039 pessoas em solo taquariense.
Em suma, o Brasil está em plena transição demográfica, acompanhando a tendência mundial de diminuição do crescimento populacional. Os demógrafos preveem crescimento negativo nas próximas décadas, com a população mundial estabilizando em torno de 10 bilhões de pessoas a partir de 2050. Estamos no caminho, portanto. E o RS, meio que a trote.
Se isto tem um lado positivo, diminuindo a carga que a humanidade representa sobre os recursos naturais do planeta, há também um lado preocupante. A transição demográfica exige uma transição econômica. A lógica é simples: menor crescimento populacional significa menor número de jovens relativamente à população total, o que implicará numa população economicamente ativa igualmente menor nos próximos anos. Ao mesmo tempo, a população está envelhecendo: de 1950 para cá, a expectativa média de vida dos brasileiros aumentou em mais de 20 anos, e continuará aumentando nos próximos anos. Portanto, menos gente para trabalhar e mais gente necessitando consumir. Esta equação não fecha no atual modelo econômico. Sobretudo no Brasil, e no RS em particular, onde o setor da economia que efetivamente gera riqueza para a sociedade, a indústria, vem diminuindo seu peso relativo na economia como um todo. O agronegócio, do qual nossa economia depende cada vez mais, é o que menos gera emprego e o que menos distribui renda para a sociedade. Se não reindustrializarmos o país empobreceremos como sociedade.
Para isto, precisamos urgentemente de uma política que incentive uma economia inovadora, capaz de gerar mais riqueza com menos trabalho físico, e precisamos urgentemente de uma política educacional que prepare nossos jovens para essa nova economia. Pois, além de termos cada vez menos jovens relativamente à população total, eles são cada vez mais despreparados.
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Editorial Cultural FM Torres RS 11 de julho 23
Crise climática, El Niño e seca no Pampa
NATUREZA E MEIO AMBIENTE – URUGUAI: Pior seca em mais de 70 anos deixa Montevidéu quase sem água Oliver Pieper - 05/07/2023= DW]
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Reservatório que abastece a região metropolitana da capital do Uruguai, onde vive mais da metade da população do país, está praticamente vazio. Crise hídrica motiva protestos contra o governo.
Como o El Niño pode prolongar a inflação dos alimentos
Fenômeno climático já voltou e ameaça o planeta com inundações e secas. Suas temporadas anteriores geraram trilhões de dólares de prejuízo à economia global.
NATUREZA E MEIO AMBIENTE18/06/202318 de junho de 2023
Níveis baixos e temperaturas excessivas ameaçam rios europeus
Calor contínuo e falta de chuva em grande parte da Europa fazem secar diversos grandes rios. As consequências são graves para a flora, fauna, economia e vidas humanas ao longo do Danúbio, Tâmisa, Reno e outros.
CLIMA11/08/202211 de agosto de 2022
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O planetinha Terra registrou as mais baixas temperaturas médias na semana passada enquanto o calor e a seca castigam a Europa neste verão. Fala-se já no comprometimento dos rios da Espanha. E informações sobre a ANTÁRTIDA dizem que o continente gelado perdeu mais gelo do que em outras épocas. Isso já seria a MUDANÇA CLIMÁTICA ou é apenas uma questão da passagem de EL NIÑO? Os analistas divergem mas vai crescendo o consenso no mundo inteiro de que se a temperatura média subir dois graus acima do que era antes da Revolução Industrial podemos entrar em colapso no mundo porque, daí, o aumento da temperatura poderá descontrolar tudo, começando pelas safras, que já oneradas pelos preços da energia, elevarão os preços agrícolas às alturas, com inevitáveis distúrbios sociais e políticos. Daí as preocupações com as remanescentes florestas tropicais e, em especial, da Amazônia. Em visita recente à Letícia, na fronteira do Brasil com Colômbia, o Presidente Lula renovou o compromisso de zerar o desmatamento na região até 2030, ressaltando já haver baixado o índice em seus primeiros seis meses de governo em 33% - apesar do aumento do desmatamento do cerrado que tem uma importância estratégica para as grandes bacias brasileiras – e conclamou os dirigentes sulamericanos com áreas na Amazônia para se unirem num PACTO no mesmo sentido.
Mas precisamente porque a questão climática é mundial ela também atinge o Rio Grande do Sul. Nosso Estado, aliás, tem na sua metade sul uma imensa área integrada no Grande Pampa, para o qual concorre o Uruguai inteiro e partes do Paraguai e Argentina. A seca nesta região é evidente. O Rio Grande padece seu terceiro ano de seca e isso se refletirá, mais uma vez, no PIB do Estado, vez que ainda somos muito dependentes da agropecuária. O Governo Federal já prometeu mais de 400 milhões de ajuda aos agricultores mas o que Estado precisa é um amplo programa de irrigação, capaz de prevenir futuras secas e garantir o papel tradicional do Rio Grande como grande produtor de alimentos. No Uruguai, não é diferente. O abastecimento de água em Montevidéu já é crítico e não há solução rápida à vista. Deviam ter providenciado mecanismos de suporte há mais tempo. Civilizações antigas sabiam da importância da água, como cidades da Mesopotâmia, Roma e até os maias, aqui na América, e construíram, com a engenharia disponível invejáveis canalizações de rios e lagos. Roma ficou até famosa por suas fontes. Quando, a propósito, estes canais não foram suficientes para abastecer aqueles povos, eles entraram em decadência. Desapareceram por falta de água, que por sua vez, deve ter acirrado conflitos internos e disputas políticas que acabaram varrendo aquelas civilizações.
O Rio Grande do Sul, entretanto, é o segundo ou terceiro Estado com maior disponibilidade hídrica no país. Tem não apenas grandes lagoas internas e rios como elevados índices de precipitação pluvial em algumas regiões, eis que detentor de grande variedade geográfica, ao contrário do Uruguai. Basta atentar para o problema e prevenir, através de um planejamento adequado de uso das bacias hidrográficas e fortalecimento das redes de irrigação. Não parece, entretanto, que autoridades estaduais estejam atentas à isso. Urge acordarem.
Rio Grande do Sul tem terceiro ano de seca e “isso não é normal’, diz professor. Região sofreu com dois fenômenos La Niña seguidos, e redução das chuvas trazidas do norte, por conta dos desmatamentos na Amazônia, intensificam estiagem
Juliana Elias Carolina Ferraz*da CNN - em São Paulo - 25/02/202 3
O Rio Grande do Sul, um dos maiores produtores agrícolas do país, caminha para completar em 2023 seu terceiro ano seguido de estiagem severa. Isso é decorrência de uma sucessão de eventos climáticos que, de acordo com o professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE-USP), Pedro Côrtes, não é normal.
“Desde meados de 2020, o Rio Grande do Sul vem enfrentando com diferentes intensidades essas estiagens e isso se deve ao fenômeno La Niña”, disse em entrevista à CNN neste sábado (25).
Um fenômeno natural e recorrente no continente, o La Ninã, explica Côrtes, é responsável por, ao mesmo tempo, causar chuvas nas regiões Norte e Nordeste, com reflexos no Sudeste – como as chuvas da semana passada no litoral de São Paulo -, e seca na região Sul.
Seca no RS prejudica culturas de soja, milho e arroz, alerta agrometeorologista
É a frequência e a duração que, desta vez, estão chamando a atenção.
“Começamos com esse período de La Niña no segundo semestre de 2020, foi a até a metade de 2021, teve um pequeno intervalo e, depois o La Niña retornou por mais um ano e meio”, disse.
“Não é um evento normal, dois La Niñas na sequência, e isso tem castigado muito o Rio Grande do Sul e levado a perdas na safra de soja e milho pelo segundo período consecutivo em diversos casos. ”
Côrtes também afirmou que o desmatamento na Amazônia é outro problema que agrava, entre outras coisas, as estiagens na região sul, já que as nuvens trazidas da região norte são uma das fontes de abastecimento das chuvas no sul.
“Está faltando chuva das duas frentes do estado: as que vêm do sul, e também as que poderiam vir da Amazônia e que têm escasseado em função do desmatamento, que reduz a umidade colocada na atmosfera pelas grandes árvores”, disse.
Veja a entrevista completa no vídeo acima.
*(sob supervisão de Letícia Brito)
Nacional/rio-grande-do-sul-tem-terceiro-ano-de-seca-e-isso-nao-e-normal-diz-professor.
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Editorial Cultural FM Torres RS 10 de julho 23
Nação de Idosos
Temos chamado a atenção sobre o envelhecimento da população brasileira agora confirmada pelo Censo 22. Tal envelhecimento, dado o nível tecnológico contemporâneo, não é um problema em si, mas suscita a atenção das autoridades públicas para esta nova realidade demográfica que aponta para Políticas Públicas específicas. É falso o argumento de que o envelhecimento é um ÔNUS a sociedade, tal como foi falsa a tese de Malthus no século XIX. Este tipo de raciocínio conduz ao maior dos preconceitos em nossa sociedade – CONTRA OS IDOSOS – e que os leva à marginalização e desprezo. Destacamos no ano passado a ausência de falas dos candidatos à Presidência sobre a Terceira Idade e condenamos, ao logo da pandemia, o sumiço dos Conselhos Nacional e Municipal da Pessoa Idosa na identificação e cuidados especiais com estas pessoas. Resultado: Morreram em massa. Agora, com o Censo 22, o tema volta à tona e é tempo de nos voltarmos ao assunto da Pessoa Idosa.
Nação de idosos
O rápido envelhecimento da população brasileira é um enorme desafio para os gestores públicos
Fabíola A. Mendonça = https://www.cartacapital.com.br/politica/nacao-de-idosos/
Com dois anos de atraso e marcado por problemas ideológicos e sanitários, o Censo Demográfico 2022, cujos primeiros números foram divulgados pelo IBGE no fim de junho, tem despertado dúvidas quanto aos resultados. Em meio às incertezas, ao menos um fenômeno captado pela pesquisa parece ser consensual entre os especialistas: a população brasileira está envelhecendo em ritmo mais acelerado que o previsto.
Embora os quantitativos em relação à idade, sexo, raça e escolaridade ainda não tenham sido revelados, a forte desaceleração do crescimento populacional nos últimos 12 anos indica a possibilidade de o País chegar a ter 40% de idosos na segunda metade deste século, o que vai exigir dos gestores públicos e da sociedade em geral atenção especial para esse público.
Os números do Censo revelam o menor crescimento populacional dos últimos 150 anos, com uma taxa inédita de expansão inferior a 1%. Até a década de 1960, a taxa de fecundidade no Brasil era muito alta, uma característica que começa a mudar a partir dos anos 1970 e continuou num crescente até os dias de hoje, sendo definidor para a desaceleração do crescimento populacional e aumento no número de idosos. Nos anos 1970, o número de habitantes crescia, em média, 2,8% ao ano.
Entre os Censos de 2010 e 2022, esse porcentual despencou para 0,52% ao ano.
Não é tudo. Em 2018, o IBGE estimava a existência de 214 milhões de brasileiros em 2022, 10 milhões a mais do que revelou o novo Censo. O instituto também previa redução populacional a partir de 2047, vaticínio antecipado em mais de 20 anos.
"Esse número de 203 milhões de habitantes está muito abaixo do esperado. Não estou falando que está errado, mas a população de 2010 era de 191 milhões e, se eu somar todos os nascimentos do período e subtrair todas as mortes, isso dá 18 milhões de pessoas. Se eu tinha 191 milhões e somo 18 milhões, dá 209 milhões. O número não bate. Mas é preciso lembrar que, no crescimento vegetativo, não entram os fluxos migratórios, então esse número pode ser menor mesmo", pondera José Eustáquio Diniz Alves, demógrafo e pesquisador aposentado do IBGE.
O especialista reconhece que vários problemas atrapalharam a pesquisa de campo. Desde que assumiu o comando do País em 2019, o governo Bolsonaro colecionou ataques ao IBGE, começando pela desqualificação do instituto, passando pelo corte de verbas e não reposição de pessoal, até a suspensão do Censo. Em meio ao boicote e ataques ao órgão, veio a pandemia de Covid-19, mais um motivo de adiamento da pesquisa demográfica.
Só em 2021, depois de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que obrigou o governo a destinar recursos para a realização do Censo, o estudo saiu e, mesmo assim, aconteceu em meio à eleição mais polarizada da história recente do Brasil, no segundo semestre de 2022.
Considerando a série histórica do Censo Demográfico, o crescimento populacional tende a cair ainda mais nas próximas décadas, até alcançar o nível de decrescer, ou seja, registrar mais óbitos que nascimentos, consolidando o envelhecimento da sociedade brasileira. Esse dado tem gerado até especulação sobre uma nova proposta de reforma da Previdência.
"O País não aguentaria mais", alerta Eduardo Fagnani, professor do Instituto de Economia da Unicamp. "As sucessivas reformas já tornaram a aposentadoria pelo INSS algo inatingível para a grande maioria da população. Até porque metade da população economicamente ativa está desempregada, desalentada ou na informalidade. Os outros 50% têm acesso restrito, uma vez que a aposentadoria integral é praticamente inalcançável, exige dos homens 65 anos de idade e 40 de contribuição e, das mulheres, 62 anos de idade e 35 de contribuição. Propor uma nova reforma é desumano e uma hipocrisia. Na próxima década, a grande maioria dos idosos não terá direito à aposentadoria. Será um caos social", emenda o economista, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho da Unicamp e coordenador da rede Plataforma Política e Social.
Para o especialista, os dados do Censo não têm impacto substancial de imediato na vida dos idosos, porque esse público já é vítima de regras excessivas no tocante à aposentadoria e, caso a situação se acentue, o Brasil pode passar a ter um grande número de idosos nas ruas na condição de mendicância, como já acontece em países como México e Chile.
Jorge Félix, professor de Gerontologia da USP e autor do livro Economia da Longevidade -O Envelhecimento Populacional Muito Além da Previdência, lembra que, desde a década de 1990, as reformas são apontadas como resposta para a dinâmica demográfica que indica o envelhecimento da população, independentemente de governo ou partido político. "Na verdade, não são reformas. A intenção é privatizar o sistema previdenciário, empurrar as pessoas cada vez mais para a previdência privada. No INSS, mais de 70% dos aposentados e pensionistas ganham até um salário mínimo. Teremos uma população idosa no futuro próximo com renda muito baixa, devido a essas reformas. A previdência pública está se metamorfoseando em um sistema de assistência social.
Menos de 1% dos benefícios chega ao teto, a grande maioria só recebe o mínimo", explica, acrescentando que a tendência de muitos idosos é depender do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Se alcançar a aposentadoria é quase uma utopia para a grande maioria dos brasileiros, manter-se no mercado de trabalho na chamada terceira idade é o maior dos desafios. Depois de 50 anos - às vezes até mais jovem - o trabalhador vem sendo enxotado dos seus postos de trabalho. Para José Dari Krein, doutor em Economia Social e do Trabalho e professor da Unicamp, é preciso aproveitar a janela da oportunidade, porque o Brasil ainda tem uma população ativa maior do que a aposentada.
Com o envelhecimento de seus habitantes, a tendência é de que, a partir das próximas décadas, o número de pessoas com trabalho formal vai ser menor que o de aposentados.
"É preciso redistribuir as atividades úteis para a sociedade, o que significa reduzir o tempo laboral dos trabalhadores. Tem de repensar um pouco todo o processo de reorganização da vida social, para que as pessoas possam trabalhar menos e usufruir de uma qualidade de vida melhor na terceira idade. O Estado vai precisar injetar recursos no INSS para garantir que as pessoas se aposentem." José Eustáquio Diniz Alves defende um terceiro bônus demográfico como alternativa à inclusão dos idosos no mercado de trabalho. Segundo explica, há 30 anos, o Brasil contava com apenas com 5% da população com mais de 60 anos, enquanto a maioria maciça era formada pelos grupos economicamente ativos, dentro do que se configurou chamar de o primeiro bônus demográfico.
"Todo país que enriqueceu no mundo passou por esse bônus demográfico, dando um alto padrão de vida à população", diz. Agora, a população em idade ativa vem diminuindo e, por volta de 2030, vai ter menos gente em idade de trabalhar. "Aí será preciso investir na educação, na produtividade e na tecnologia, para que essa população consiga produzir mais com menos gente. Isso chamamos de segundo bônus demográfico, ou bônus da produtividade."
O terceiro, segundo Alves, caracteriza-se pelo aumento do volume de idosos na sociedade e do aproveitamento desse contingente. "Isso pode ser benéfico se contarmos com o envelhecimento saudável e ativo. O grande número de pessoas da terceira idade deve ser encarado como ativo, e não como passivo", defende, salientando que o Japão vive essa fase, criando condições para a população idosa contribuir com a sociedade.
Para Jorge Félix, os dados revelados pelo IBGE forçam o Poder Público a priorizar as três principais áreas que afetam a população idosa: alimentação, habitação e saúde, setores que sugam a maior parte da renda das pessoas acima de 60 anos. "As futuras gerações de idosos terão uma renda muito baixa, não serão capazes de honrar com esses compromissos. Além disso, essa população já está endividada", alerta.
A antropóloga e professora aposentada do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e em Ciências Sociais da Unicamp Guita Grin Debert chama atenção para um público específico de idosos, os quais deveriam ser priorizados pelas políticas públicas. Debert refere-se às pessoas acima de 60 anos que têm algum tipo de dependência. Ela explica que o Brasil tem uma legislação avançada para o idoso, mas que só contempla as pessoas com independência funcional.
"Temos o Estatuto do Idoso, uma política nacional, o Brasil assinou programas internacionais voltados para essa população, os municípios têm programas voltados para pessoas da terceira idade... Mas me parece que essas políticas mobilizam principalmente os jovens idosos, pessoas que têm alto grau de autonomia funcional. Ainda são poucas as instituições de longa permanência para idosos que dependem de cuidados especiais. Essa realidade precisa ser olhada com mais carinho, com mais atenção."
MAIS UMA JABUTICABA
A população brasileira envelhece em ritmo muito superior ao verificado na Europa, alerta a demógrafa Suzana Cavenaghi.
Os dados do Censo 2022 apontam para forte desaceleração do crescimento populacional, números que vêm sendo contestados por alguns especialistas, surpresos com a totalidade de 203 milhões de brasileiros revelada pela pesquisa.
Para ajudar a decifrar o fenômeno, CartaCapital entrevistou Suzana Cavenaghi, doutora em Demografia e professora da pós-graduação da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. Ela confia nos dados do IBGE, mas reconhece que o instituto pode revisar alguns deles.
CartaCapital: Como a senhora avalia o novo Censo do IBGE?
Suzana Cavenaghi: O Censo teve uma trajetória conturbada por questões políticas. Países que dão importância às políticas públicas baseadas em evidências sabem da relevância de se fazer um censo, sobretudo nos anos terminados em zero. A pandemia não impediu a realização de Censos em muitos países. Nenhuma pandemia anterior ou mesmo situação de guerra fez com que os institutos de estatística desistissem de realizá-los. O IBGE já vinha passando por dificuldades para obter recursos, a contagem populacional do meio da década não foi realizada. Fora isso, o quadro funcional despencou de cerca de 7 mil servidores para pouco mais de 4 mil. Não bastasse, o trabalho de campo ocorreu em meio à campanha mais polarizada da história recente do País. Os técnicos do IBGE e os recenseadores fizeram um milagre. Temos aí um Censo com alguns problemas, mas que servirão para o planejamento das políticas públicas.
CC: Então existem fragilidades nos dados apresentados?
SC: O primeiro problema que a gente aponta, como demógrafos, é que o Censo não deveria demorar mais que quatro meses em campo. Estava previsto para ser concluído em três meses, mas demorou muito mais. E ainda teve a conjunção da falta de entrevistadores no momento adequado, além de uma resistência maior de alguns grupos populacionais em responder. Esse atraso é um dos maiores problemas e a gente vai ver o que isso pode ter causado na hora que olhar os dados mais internamente.
Porque a gente tem visto uma diminuição de populações de capitais, algumas muito mais do que aquilo que já se estava esperando. Informações sobre migração vão ajudar nisso, assim como informações sobre fecundidade que ainda vão ser divulgadas. Eu acreditava que a população brasileira estava entre 207 e 211 milhões de pessoas. Temos de confiar nesses números e olhar com atenção onde tiver alguma dúvida. O IBGE tem ferramentas hoje em dia para isso.
CC: Ainda que os dados sejam preliminares, é possível afirmar que o Brasil está se tornando um país mais idoso e menos urbano. O que isso significa?
SC: A população vai começar a decrescer em valores absolutos, vai chegar a uma taxa negativa a partir da próxima década. Eu acho que os gestores já deveriam estar olhando para esses dados. O aumento da expectativa de vida com uma diminuição da mortalidade causa, na população, o que a gente chama de transição demográfica, muda a estrutura etária. O recado para os políticos é: "Prestem atenção nas estruturas etárias da população sob sua administração”. Num período de 40 anos, baixou muito a fecundidade e o envelhecimento populacional vem em ritmo acelerado. Ele é muito mais rápido do que ocorreu na Europa e em outros países desenvolvidos, que levaram às vezes 100, 150, até 200 anos para chegar a esse patamar.
Precisamos colocar no mercado de trabalho os jovens que estão aí, as pessoas de meia-idade com capacitação, e tornar essa população mais produtiva. A gente não pode cuidar da população idosa só quando ela ficar idosa. A gente sabe que saúde é um processo de bem-estar, que precisa ser iniciado antes. Se a população na idade de trabalhar tem mais saúde, envelhece mais saudável.
Fonte CARTA CAPITAL 8 2023
Editorial Cultural FM Torres RS 07 de julho 23
Enfim, a Reforma Tributária. Possível
A propalada PEC da Reforma Tributária, aprovada pela Câmara dos Deputados em Brasília, depois de décadas de fermentação, mudará a essência da cobrança de impostos no Brasil, mas está longe de ser o Imposto Único sonhado por muitos. Continuaremos com Imposto de Renda e sobre Patrimônio como Impostos Rural e IPTU, ITBI, IPVA, certamente extensivo a donos de jatinhos e helicópteros, INSS e algum outro. Mas os Impostos IPI, PIS e COFINS, da União, ICMS dos Estados e ISS dos Municípios serão englobados num só imposto –Imposto sobre Valor Agregado – IVA - a ser cobrado pela União sobre o Consumo de Bens e Serviços, com três alíquotas, cuja extensão deverá ser melhor explicitada em Lei Complementar. Um Conselho Federativo, cuja composição e atribuições ainda serão oportunamente definidas, fará a distribuição do produto da arrecadação deste novo imposto. Trata-se de uma mudança estrutural, similar à que já vigora em países desenvolvidos já há algum tempo e que será implementada gradualmente- de 2026 a 2036. Não se sabe, ainda, quais os reflexos deste processo para o desenvolvimento do país e, sobretudo, para regiões com distintos níveis de renda. O IPEA, órgão oficial do Ministério do Planejamento, calcula que a Reforma elevará, por si só, 2,9% do PIB. Tomara...! Alguns Governadores, como o de Goiás, foi radicalmente contra a mudança e vários Prefeitos o acompanham. Alegam que perderão autonomia. Na verdade, perderão mesmo pois o futuro sistema vai centralizar ainda mais a competência da União sobre a Política Tributária. Perderão, inclusive, a capacidade para negociar benefícios fiscais, os famosos subsídios que caracterizam gastos tributários a empreendimentos privados. Políticos bolsonarista de raiz também são contra, não com argumentos, mas porque são contra tudo o que for aprovado pelo Governo Lula, daí sua ira com o Governador de São Paulo, favorável à Reforma e que foi hostilizado em reunião do PL, especialmente pelo ex presidente lá presente, e com o Presidente da Câmara, Artur Lira. Este, assumiu pessoal e rigorosamente a Reforma Tributária como importante ponto em seu currículo político. Economistas mais ortodoxos também apoiam a mudança e chegaram, até, a lançar recentemente, um Manifesto em seu apoio. Os heterodoxos, independentes, mais à esquerda, distantes de funções governamentais, evitam críticas abertas, mas apontam que esta reforma vai ajustar cada vez mais a economia brasileira aos desígnios da globalização. Lula e o PT de forma geral deixaram o barco correr sem grande empenho, embora hoje se reúnam com o Ministro Haddad no Planalto para celebrar o feito. Muitos dos críticos à esquerda afirmam, que não está claro como ficará a atual isenção de impostos trazida pela Lei Kandir e que acabou destruindo muitas plantas de beneficiamento de commodities agrícolas em benefício de sua exportação. Tentaram, inclusive, sem sucesso, ontem, no Plenário da CÂMARA, a aprovação de um destaque que retiraria insumos agrícolas identificados com herbicidas e pesticidas da tarifa menor do Imposto que incidirá sobre produtos agrícolas. Aliás, comércio exterior não é um similar do mercado interno. Continuará exigindo cuidados especiais, sobretudo se tivermos em mente a reindustrialização do país. É o caso da economista Ceci Juruá, RJ, que afirma:
“Destaco essa questão para manifestar minha crença derivada da observação histórica. Um país soberano não exporta commodities vinculadas à alimentação, enquanto seu povo tiver fome. Exportação deve dirigir-se, prioritariamente, à venda de excedentes no mercado exterior. Salvo uma ou outra “especialidade” constituída como commodities - caso do café, da borracha -. É um grave erro exportar cereais como arroz e feijão, comida básica do brasileiro há séculos, e carnes, enquanto o povo não tem o mínimo necessário para se alimentar. ”
Outra crítica, embora meia velada, vem do sistema financeiro, reverberado pelo advogado Antônio Carlos Amaral, da OAB/SP, temeroso de que o novo Imposto Federal desemboque no antigo Imposto sobre Transações Financeiras (oxalá!), aliás, suculento mecanismo de geração de receitas para o Governo. A eles Bernard Appy, principal responsável pela elaboração da atual Reforma Tributária, rebateu afirmando que a expressão "operação com bens" existe na legislação europeia e ninguém lá fez a CPMF. A propósito, talvez por isso mesmo, incapacidade de captar o excesso extremamente concentrado de riqueza pelo deslocamento cada vez maior da acumulação de capital no âmbito exclusivamente financeiro, que os Estados, no mundo ocidental acabaram se enfraquecendo.
A Reforma Tributária, enfim, saiu do papel e deu um primeiro passo para se tornar realidade. Falta, ainda a apreciação pelo Senado e, se esta Casa fizer alguma mudança, o que é possível, voltará à Câmara para a última versão. Agora é ver no que dará, mas, junto com o Marco Fiscal também aprovado em substituição ao Teto de Gastos, são trunfos políticos de Lula que apontam para uma reconfiguração da direita no país. Os 108 votos contrários à Reforma estão a indicar a marginalização dos bolsonaristas e a emergência de novos líderes neste campo. As imagens colhidas, ontem, na Câmara demonstram que a Política como instância de negociação para a resolução de conflitos que concernem à vida nacional, voltou a funcionar, com seus vícios e virtudes, mas indispensável à democracia. Lula, inclusive, afirmou nestes dias: “Não somos senhores da razão. ” Tem razão. O apelo direto ao povo, sem a mediação das instituições e o reconhecimento do conflito, é uma tentação dos demagogos autoritários. Sempre acaba mal. A atual Reforma Tributária não é nem ideal, nem a que a esquerda gostaria, mas foi a reforma possível. O futuro, já dizia um velho político, a Deus pertence...
Editorial Cultural FM Torres RS 06 de julho 23
Nova ofensiva de Israel sobre Palestina
O tema do dia no Brasil é, indiscutivelmente, a Reforma Tributária. A ela dedicaremos nossa reflexão amanhã e depois, pois está ainda pendente de aprovação na Câmara dos Deputados em Brasília. Hoje nos debruçamos sobre o brutal – mais um! – ataque de Israel sobre a Palestina, com o resultado de vários mortos e a sombra de uma ocupação militar e colonizadora sobre a região que vai se alastrando, mesmo sob o acicate de Resoluções contrárias da ONU, e comprometendo a possibilidade de criação de um Estado Palestino. A questão se arrasta há décadas, desde que as Nações Unidos, em sessão presidida por um brasileiro, o ilustre gaúcho Osvaldo Aranha, criou, sob o impacto do holocausto nazifascista, um Estado judeu no Oriente Médio. O enfrentamento com populações regionais que também ambicionavam um Estado próprio, sob a tutela dos princípios já vigentes das Nações Unidas para a descolonização do mundo, com base na autodeterminação dos povos, a saber, o respeito às linhas herdadas do período colonial e um Partido representativo destes interesses, foi inevitável. E de guerra após guerra, com injustificável expulsão dos moradores tradicionais sobre a Palestina e espoliação de seus bens, Israel vem expandindo seu território. Nos últimos tempos, sob o comando da extrema direita no Estado israelense, os judeus vão colonizando áreas que não lhes pertencem e provocando uma histórica diáspora dos palestinos no mundo inteiro. No exterior, mesmo em países árabes, continuam discriminados, sem fazer parte da cidadania destes países, morando precariamente. No Brasil, milhares deles alimentaram a imigração árabe e tem no Rio Grande do Sul um dos seus maiores redutos, objeto, recentemente, de um premiado filme do Diretor Omar Barros Filho – “A Palestina no Brasil”, por ele mesmo aqui em Torres apresentado em 2020, em sessão do Cineclube de Torres. Curiosamente, essa bruta agressão de um país rico e fortemente armado sobre uma população civil desarmada não ganha o mesmo tipo de apoio que recai sobre a Ucrânia nos dias atuais. Pelo contrário, Estados Unidos, à frente da indignação ocidental contra Putin e Rússia, é a principal sustentação de Israel no Oriente Médio. A consciência crítica, entretanto, não pode calar diante deste ignominioso processo neocolonizador. Hoje mesmo, o ASSUNTO, mais lido Podcast do país, do g1, trata da matéria e adiante todas as explicações necessárias ao seu melhor entendimento por parte do público.
Anexo
A ofensiva histórica de Israel na Cisjordânia
OUÇA Podcast/o-assunto-a-ofensiva-histórica-de-Israel-na-Cisjordânia
O saldo da maior operação militar israelense em duas décadas, na região de Jenin, foi de 12 mortos, dezenas de feridos e uma retaliação violenta de um integrante do grupo radical Hamas em Tel Aviv. O novo e sangrento capítulo da tensão histórica foi engatilhado quando o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou a construção de novos assentamentos em território reivindicado pela Autoridade Palestina. Para explicar o cenário do conflito, Natuza Nery recebe Guga Chacra, comentarista da Globo e da GloboNews em Nova York e colunista do jornal O Globo. Neste episódio:
Guga descreve o que é a Cisjordânia, a composição de sua população e como seu território está dividido atualmente: Israel controla 60% e é responsável pela administração e controle militar; e apenas 18%, separados em agrupamentos “ilhados”, está completamente sob domínio palestino. “Isso inviabiliza completamente a possibilidade de um Estado palestino ali”, afirma;
Ele explica como o governo de Netanyahu se aliou aos setores da extrema-direita e se tornou o “mais radical de todos os tempos” em Israel. E como, do outro lado, a liderança da Autoridade Palestina é “incompetente e enfraquecida” e vê partes do território submetidas ao Hamas;
O jornalista avalia quais são as perspectivas reais para a resolução do conflito. “Sou do grupo dos céticos”, afirma. Para ele, na prática, há dois caminhos: a manutenção do status quo ou a criação de um Estado palestino. “Israel já decidiu que quer o status quo, mas pros palestinos é uma situação insustentável”, conclui;
O que você precisa saber:
Cisjordânia: maior operação de Israel em 20 anos mata doze//Israel: usa drones e atinge campo de refugiados em ataque//Jenin: exército israelense começa a retirada após operação//Manifestações: israelenses vão às ruas mesmo com ataques//Pesquisa: maioria de jovens palestinos é contra dois Estados//VÍDEO: o que é a Cisjordânia e por que a região está sob ataque
O Podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski, Guilherme Romero e Nayara Fernandes. Apresentação: Natuza Nery
Editorial Cultural FM Torres RS 04 de julho 23
Da Conjuração Baiana à Luta pela Independência, o fervor patriótico da Bahia
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Neste domingo, 2 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou das celebrações do Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia. - ASSISTA AQUI
BRASIL 2022 - II CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA
H.Starling. Tiradentes - CANAL LIVRE TV BAND - CANAL LIVRE - YouTube
Lilian Schwarz – Canal Liver - Lilian Schwarz – Canal Livre YouTube
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Neste 2 de julho Salvador celebrou, com a presença do Presidente Lula e grandes festejos populares, a vitória dos baianos contra as forças portuguesas que resistiram à Independência do Brasil, proclamada a 7 de setembro de 22. Importante registrar que esta luta pela Independência estava ligada à então recente Conjuração Baiana ou Revolução dos Alfaiates que lutaram pela Independência vindo seus líderes, muitos deles populares, serem brutalmente perseguidos, alguns condenados à morte.
A Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates foi um movimento político popular ocorrido em Salvador, Bahia, em 1798. Tinha como objetivos separar a Bahia de Portugal, abolir a escravatura e atender às reivindicações das camadas pobres da população. Dentre os participantes desta revolta estava Cipriano Barata, detido a 19 de setembro de 1798, solto em Janeiro de 1800, que mais tarde representará o Brasil nas Cortes de Lisboa e teria sido o fundador do Movimento Farroupilha que se disseminou pelo Rio de Janeiro e, particularmente, no Rio Grande do Sul.
A diferença já percebida, então, com a Inconfidência Mineira é que no caso baiano, como também em Pernambuco, a inspiração libertária provinha mais da Revolução Francesa do que da Independência Americana. Há um pequeno detalhe revelado pelos historiadores num fragmento colhido de Tiradentes no qual ele fala no “no direito à felicidade”. Numa clara alusão ao ideário americano. A Conjuração Baiana, enfim, tinha uma clivagem social mais profunda e maior alcance ideológico ao propor claramente a República e a Abolição da Escravatura. Este ímpeto sobreviveu nas décadas posteriores e acabou alimentando a luta a favor Independência do Brasil entre 1822 e 23. O itinerário desta luta é traçado pelo artigo abaixo, de Ceci Juruá, que transcrevemos, antes emoldurado pelas Conclusões sobre o desfecho da Conjuração baiana.
Conclusão Wikipédia: O movimento envolveu indivíduos de setores urbanos e marginalizados na produção da riqueza colonial, que se revoltaram contra o sistema que lhes impedia perspectivas de ascensão social. O seu descontentamento voltava-se contra a elevada carga de impostos cobrada pela Coroa portuguesa e contra o sistema escravista colonial, o que tornava as suas reivindicações particularmente perturbadoras para as elites. A revolta resultou em um dos projetos mais radicais do período colonial, propondo idealmente uma nova sociedade igualitária e democrática. Foi barbaramente punida pela Coroa de Portugal. Este movimento, entretanto, deixou profundas marcas na sociedade soteropolitana, a ponto tal que o movimento emancipacionista eclodiu novamente, em 1821, culminando na guerra pela Independência da Bahia, concretizada em 2 de julho de 1823, formando parte da nação que emancipara-se a 7 de setembro do ano anterior, sob império de D. Pedro I
2 de julho em Salvador da Bahia
Ceci Juruá
1808, a Corte portuguesa chega à Bahia
Em 22 de outubro de 1807, D. João aceitou negociar com a Inglaterra uma Convenção Secreta, acatando a possibilidade da vinda da Corte portuguesa para o Brasil, caso se concretizasse a invasão de Portugal pelos exércitos de Napoleão. Contudo, D. João evitou comprometer-se com a entrega de licença para que cidadãos ingleses ocupassem alguma área litorânea no Brasil, perto da bacia do Prata, para fins de construção de um porto. Pouco depois (em 27 de outubro), França e Espanha assinaram o Tratado de Fontainebleau, retalhando o território de Portugal entre aliados; do lado francês houve a promessa de futuro reconhecimento do Rei da Espanha como Imperador das Duas Américas....
Assim, através de tratados mantidos em segredo entre as três principais potências europeias -França/Espanha e Inglaterra- e Portugal, um aliado sob dependência da Inglaterra desde 1661, foi dada a partida para eventos futuros que trariam o fim do status colonial do Brasil.
D. João, futuro D. João VI, sua corte e familiares embarcaram na esquadra inglesa que bloqueava a barra do Tejo, em 27 de novembro de 1807. Dois dias depois, partiu dali “a esquadra de sete naus, cinco fragatas, dois brigues e duas charruas, além de vários navios mercantes, levando cerca de 8.000 a 15.000 pessoas..., zarparam para o Brasil, pouco antes que as tropas de Junot (...) alcançassem e invadissem Lisboa”. Aqui chegando, seguiram-se: a abertura dos portos do Brasil aos países amigos, o Alvará real autorizando início da industrialização, o Tratado de Livre Comércio Brasil/Inglaterra, a criação do Banco do Brasil, a adoção dos primeiros impostos... E, enfim, um novo status para o Brasil, em dezembro de 1815, quando se adotou nova organização: o REINO UNIDO DE PORTUGAL, BRASIL E ALGARVES.
Quando chegaram os portugueses à Bahia, em 1808, esta província já fora palco de movimento insurrecional importante, visto por alguns historiadores como o início do processo de emancipação política do Brasil. Aquele movimento, a Conspiração dos Alfaiates, foi “sem dúvida mais importante do que a de 1789”, afirma LAMB).
1549, Tomé de Souza organiza o governo-geral / Bahia
Tomé de Sousa fixou-se na Bahia, em busca do Eldorado, há 476 anos (LAMB, p. 121 e seguintes). Designado por Tomé de Souza, governador daquelas terras, como um agregado encarregado da vigilância do litoral baiano, Garcia d’ Ávila recebeu sesmaria de grande extensão, tratou de organizar sua tropa e procurou um local para servir de ancoradouro e para a construção de um porto. Encontrou-o a dois quilômetros ao norte da foz do Rio Pojuca, em costa protegida por cadeia de arrecifes de coral. Ali ergueu, então, a sua base militar e os aposentos residenciais.
Naquele local, que Garcia d´Ávila denominou Torre de São Pedro de Rates, foi iniciada uma criação de gado com animais originários das ilhas de Cabo Verde. Tal atividade foi de grande sucesso pois, na época, vaqueiros não recebiam soldo, sua recompensa consistia em bezerros e terra. Em três anos o gado de Garcia d´Ávila somou 200 cabeças, o que lhe permitiu solicitar outras terras em regime de sesmaria. Naquele local, da Torre, ocorreu em 1808 o primeiro contato da Esquadra Real que transportou a Família Real Portuguesa para o Brasil.
(Bahia já A torre singela de São Pedro de Rates por Christovão de Ávila
Em 1557, “Garcia d´Ávila já era senhor de fato e, em parte, de direito, de quase toda a região que se estendia de Itapoã para além de Tatuapara, onde antes Caramuru predominara. ” (LAMB, p. 126). Para este autor, Garcia d’ Ávila foi um herdeiro de Tomé de Souza, proprietário de muitas terras na Bahia e no Espírito Santo. Quando ali chegou Pedro Álvares Cabral, a área era habitada por indígenas, cuja população foi estimada entre 2,5 e 5 milhões por Jorge Couto (cf. A CONSTRUÇÃO DO BRASIL, Lisboa: Ed. Cosmos, 1997).
A Casa da Torre e o morgado dos Garcia d´Ávila
Na região onde se instalou o primeiro Garcia d´Ávila, combates entre índios e portugueses eram permanentes. “Por isto, em carta régia de 20 de março de 1570, o rei D. Sebastião... proibiu seu cativeiro, salvo daqueles capturados em “guerra justa” determinação que nunca foi de fato cumprida (LAMB, p.132).
Garcia d´Ávila teve algumas mulheres. Uma de suas filhas, Isabel, fruto de união com uma índia tupinambá, casou-se com Diogo Dias, neto de Caramuru. Dessa união nasceu o neto e herdeiro de Garcia d´ Ávila instituído como morgado da Casa da Torre de Garcia d´Ávila.
A Casa da Torre, embrião desse morgado sacramentado em cartório quando morreu o primeiro Garcia d´Ávila (fato ocorrido em 1609), era uma espécie de mansão senhorial de estilo manuelino, erguida em 1551 para funcionar como sede dos domínios da família. Suas ruinas ainda existem, na Praia do Forte. Segundo a Wikipédia, “dali partiram as primeiras bandeiras sertanistas que introduziram a pecuária no Nordeste do Brasil. Francisco Dias d´Ávila II (1646-1694), bisneto de Garcia d´Ávila, foi quem dominou os índios Cariris e levou as fronteiras do latifúndio familiar até Pernambuco. ”
Foi o terceiro morgado, Garcia de Ávila Pereira, quem mandou construir o Forte de Tatuapara, em substituição ao Forte da Praia. Ali funcionou um regimento responsável pela defesa da costa no trecho entre o rio Real e o rio Vermelho. O último descendente dos Garcia d´Ávila, Garcia de Ávila Pereira de Aragão, faleceu em 1805. A partir dessa data, o morgadio da Torre passou para os Pires de Carvalho e Albuquerque, heróis da resistência que expulsou de Salvador as tropas comandadas por Madeira de Melo, garantindo a adesão da província da Bahia ao novo Império governado por D. Pedro I.
“As propriedades dos Ávila se localizavam, da Bahia ao Maranhão, dentro de uma área de cerca de 800 mil quilômetros quadrados, equivalente a 1/10 do território brasileiro de hoje, o que equivale às áreas, somadas, de Portugal, Espanha, Holanda, Itália e Suíça. ” (Wikipédia, www.casadatorre.org.br. Consultado em 15-03-2016 e 20-06-2023).
A extensão das propriedades dos d´Ávila, bem como suas formas de expansão e dominação, foi vista por historiadores brasileiros como estrutura social similar à dos feudos europeus. Daí o entendimento de que, também no Brasil, tivemos um passado feudal extemporâneo ao Feudalismo europeu, em certas áreas de nosso território.
1821/Bahia, Resistência heroica e adesão a D. Pedro
Segundo LAMB, após a derrota de Napoleão, surgiram na América do Sul, e especialmente no Brasil, competidores do monopólio comercial atribuído à Inglaterra. Em Portugal, por outro lado, havia grande descontentamento com as perdas financeiras sofridas pelo comércio local após a saída da Família Real.
Os anos que antecederam a partida de D. João VI, do Brasil para Portugal, foram anos politicamente difíceis nos dois países. Lá e cá, era grande a insatisfação. Reclamava-se, sobretudo, quanto ao poder de fato desfrutado por súditos de Sua Majestade a Rainha Vitória, mas também queixavam-se da perda de receitas em benefício do local onde se instalara a Corte Portuguesa. No Brasil, desde 1817, Pernambuco e Bahia enfrentaram clima de insatisfação crescente, separatista e pró-liberal, apoiados pela maçonaria e pelos Estados Unidos, dizia-se. Com a Revolução constitucionalista de 1820 em Portugal, cresceram os pedidos de volta à Europa da Corte de D. João VI e a adoção de novo status jurídico para as províncias do Brasil.
Derrotados em Pernambuco os revolucionários, a sublevação chegou à Bahia, “onde muitos moradores procediam do norte de Portugal” (LAMB, p.428). A notícia da Insurreição baiana e do juramento que ali se fizera de apoio à Constituição elaborada em Lisboa, chegou ao Rio de Janeiro, em 17 de fevereiro de 1821. Durante alguns meses, discutiu-se quem ficaria no Brasil e quem retornaria a Portugal, se o pai ou o filho. Mas também ficou pendente a questão dos laços jurídicos de Portugal e do Brasil. Um só império? Ou a separação?
Após o Dia do Fico (6-01-1822), a nova junta provisória eleita na Bahia, presidida por Francisco Vicente Viana, foi integrada, entre outros nomes, por um membro do morgadio da Casa da Torre: Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque.
À medida que os combates se desenrolavam, foi ficando cada vez mais evidente a participação dos senhores da Casa da Torre na resistência à dominação de Portugal, bem como sua aliança com o Imperador Pedro I. Já na devassa realizada sobre a Conspiração dos Alfaiates, de 1798, alguns nomes vinculados ao morgadio da Casa da Torre se haviam destacado como ligados à Conspiração. Dentre estes, os nomes de José Pires de Carvalho e Albuquerque, Secretário de Estado e Guerra do Brasil, e José Inácio Siqueira Bulcão, ambos sobrinhos do Senhor da Torre de Garcia d´Ávila. Daí a afirmação de LAMB:
“Ao que tudo indicou, a conjuração de 1798 na Bahia configurou uma tentativa da nobreza da terra, visando mobilizar os militares e a plebe, de modo que, respaldada e legitimada por uma insurgência popular, pudesse conquistar a soberania e a autodeterminação... aquela aristocracia rural, encarnada fundamentalmente pelos senhores de engenho, passara a representar uma comunidade de interesses e constituía então a classe social que, a desenvolver a Nationalbevufstsein (consciência nacional) mais rapidamente do que as outras camadas da população, tinha condições de assumir a organização do estado, cujo território se conformara no curso da colonização.” (LAMB, p. 642).
1822, homenagem ao Barão da Torre de Garcia d´Ávila
Em minha tese de doutorado sobre a importância do Estado brasileiro na construção de estradas de ferro pioneiras, destaquei a homenagem prestada por D. Pedro I ao Coronel do Regimento de Milícias e Marinha da Torre, Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, ofertando-lhe o título de Barão da Torre de Garcia d´Ávila, durante a cerimônia de sua coroação como Imperador do Império do Brasil (01.12.1822). Na ocasião, o então titulado Barão da Torre de Garcia d´Ávila assim respondeu ao Imperador:
“Nada me resta, Senhor, que de novo possa oferecer à Vossa Majestade, porque honra, vida e fazenda há muito dediquei à defesa da Pátria. ” (Ceci Juruá. Tese de doutorado, UERJ/2012: Estado e construção ferroviária: quinze anos decisivos para a economia brasileira, 1852/1867)
Este gesto de D. Pedro I designando ali o primeiro nobre do período imperial não foi bem recebido por figuras importantes. Foi ainda mal visto por historiadores respeitados como Jose Honório Rodrigues que, percebe-se, não dispunha de informações como aquelas coletadas mais tarde por LAMB. Alguns anos depois, em 12 de outubro de 1826, o coronel Santinho foi elevado a Visconde, e com honras de Grandeza a 18 de julho de 1841, durante a coroação de D. Pedro II.
A homenagem foi muito justa. Tudo indica que sem a adesão da província da Bahia à regência de D. Pedro, ficaria difícil, muito difícil, manter a unidade do território nacional. Mas, já nos primeiros meses de 1822 despontava na província da Bahia um cenário de guerra civil, pois um brigadeiro português, Inácio Luís Madeira de Melo, fora escolhido e nomeado governador das armas daquela província, gesto entendido como sinal das intenções das cortes de Portugal, isto é, a recolonização de províncias do Brasil.
“Sabiam todos que ali, liderados pelo brigadeiro Madeira de Melo, portugueses organizavam uma praça de guerra a fim de resistir à independência. O próprio brigadeiro já comunicara ao rei de Portugal que a cidade da Bahia “pela sua situação geográfica, pelo seu comércio, população e outras particularidades” era um daqueles portos que convinha “conservar...” (LAMB, p. 460).
Em 19 de fevereiro, enfrentaram-se violentamente, em Salvador, brasileiros e portugueses. Enfrentamento que resultou na invasão do Convento de N. Sra. da Lapa, onde soldados das forças brasileiras se haviam refugiado. Em perseguição aos brasileiros, soldados da tropa portuguesa invadiram o Convento, e foi então que um soldado da tropa de Madeira de Melo “traspassou a abadessa, soror Joana Angélica, com um golpe de baioneta...” (LAMB, p.441-2).
Na linha da resistência portuguesa, chegou a Salvador, em fins de março, o navio S. José Americano trazendo, em reforço, tropas que haviam sido expulsas do Rio de Janeiro. A partir daí, as ruas de Salvador passaram a ser patrulhadas por tropas de Portugal, ficando a Câmara de Vereadores impedida de reunir-se.
Pelos dados apresentados na obra O FEUDO, justifica-se a convicção de LAMB “que foi a partir do Recôncavo, onde os senhores de engenho dominavam, que se firmou e cresceu a resistência às tropas portuguesas(...)”. Por outro lado, fica igualmente claro que coube às milícias da Casa da Torre de Garcia d´Ávila o papel decisivo no cerco de Salvador (p. 636), [pois]
“o coronel Santinho, Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque , foi o primeiro baiano que efetivamente mobilizou um batalhão de nacionais, para os quais arregimentou, entre os seus soldados, índios seminus, armados de arco e flechas, com experiência de emboscadas, e em 18 de julho acampou em Pirajá, bloqueando a estrada das Boiadas por onde o gado, que abastecia Salvador, descia do sertão até do Piauí, para a Feira do Capuame, e de lá desencadeou as operações de guerrilha contra as forças portuguesas.” (p.636-7).
A obra O FEUDO, que utilizei como fonte principal, quase exclusiva, para este texto com o qual quero, simplesmente, prestar homenagem à grandiosidade da terra e da gente da Bahia, deveria ser de leitura obrigatória em nossas escolas. Ele é preciso nas informações, apresenta as fontes utilizadas, enaltece o Brasil e os brasileiros de todas as cores, religiões e etnias, mostra a importância da unidade do povo de todas as classes, frente às ambições estrangeiras de usufruto em proveito próprio daquilo que nos pertence – o território, com seus distintos climas e um solo rico em água, florestas e minerais.
Enfim, a data de 2 de julho é motivo de festa e de orgulho, para os baianos e para os brasileiros, pois foi a data em que o general Madeira de Melo abandonou Salvador, acompanhado de suas tropas, resultando da vitória do povo brasileiro.
Nas comemorações do primeiro centenário (1922), o bairro de Ipanema (RJ) homenageou, merecidamente, os baianos que passaram à História do Brasil como heróis da Independência, dando seu nome a ruas do bairro. Surgiram assim as ruas Barão da Torre, Visconde de Pirajá, Barão de Jaguaripe, Garcia d´Ávila, Joana Angélica, Maria Quitéria (Brasil Gerson/História das ruas do Rio).
Entre os que se opuseram à continuidade da dominação de Portugal sobre terras brasileiras, na Bahia, destacaram-se os senhores de engenho do interior do Recôncavo Baiano, os grandes proprietários agrícolas, pois eram os que “compunham a única classe em condições de deter o poder e construir a nação (...) qualquer que fosse a forma pela qual a separação de Portugal se processasse, conforme Celso Furtado salientou (FEB/1961) ” (LAMB, p.461).
Mais adiante, e praticamente concluindo, lemos:
“Os descendentes da Casa da Torre que detinham na Bahia, a maior força política e militar entre os proprietários de terra e senhores de engenho, empenharam-se na sustentação da monarquia e da unidade territorial do Brasil. Entre eles, o visconde de Pirajá foi o que mais se destacou... em 1837 o visconde de Pirajá combateu ainda a insurreição separatista, a célebre Sabinada... Tal como em 1822 acontecera, não houvessem os senhores de engenho e outros proprietários da terra, desde o início, tomado as primeiras medidas (...) difícil, ou mesmo impossível seria, para a regência, ao mesmo tempo que empregava todos os esforços para tentar destruir a República Rio-grandense, sufocar o levante separatista deflagrado naquela cidade da Bahia. (...)” (LAMB, p. 642-643).
“Os senhores de engenho e outros proprietários da terra, no entanto, possuíam a consciência da nação (natio), da sua integridade territorial, e não defendessem eles a realeza que a unificava, a implantação da república na Bahia implicaria a fragmentação do Brasil, uma vez que o governo imperial não teria aí condições de impedir a secessão do Rio Grande do Sul e outras províncias seguir-lhe-iam o exemplo. ” (LAMB, p. 643).
Rio de Janeiro, 23 de junho de 2023 – Ceci Juruá
Editorial Cultural FM Torres RS 03 de julho 23
Centro-Oeste muda a cara do Brasil
Desde 2010, o número de cidadãos que vivem no Centro-Oeste avançou, em média, 1,2% ao ano, mais que o dobro da média nacional, de 0,52% — a menor da história, segundo o IBGE
Os dados do Censo de 2022 confirmaram o Centro-Oeste como a nova fronteira econômica do Brasil. Não por acaso, a região tem atraído cada vez mais habitantes, destoando das demais áreas do país, que veem a população estagnar ou mesmo encolher. Desde 2010, o número de cidadãos que vivem no Centro-Oeste avançou, em média, 1,2% ao ano, mais que o dobro da média nacional, de 0,52% — a menor da história, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse processo de interiorização do Brasil, dizem especialistas, é irreversível. Além de trabalho, as pessoas estão buscando melhores condições de vida.
O Centro-Oeste está sendo impulsionado pelo agronegócio, que cresce a taxas expressivas ano a ano. O Brasil figura entre os três principais produtores de alimentos do mundo e é na região que está a maior área agricultável do planeta. Para sustentar o plantio e a colheita, os produtores têm sido obrigados a investir cada vez mais na tecnologia e na contratação de mão de obra especializada. Em determinadas cidades, há falta de trabalhadores, ao contrário do que ocorre nas periferias das grandes cidades, em que o desemprego encosta nos 10% e a violência é uma rotina que atormenta as famílias.
Dois dos principais exemplos de debandada da população são Salvador, que, em uma década, perdeu quase 10% de sua população, e Rio de Janeiro, que encolheu em quase 110 mil habitantes. Essas capitais estão entre as mais violentas do país e as que ostentam índices de desocupação acima da média nacional. Em contrapartida, duas das quatro cidades que mais cresceram em termos populacionais estão no Centro-Oeste — Senador Canedo (Goiás), onde o número de habitantes avançou 84,3%, e Sinop (Mato Grosso), com salto de 73,4%. Os outros dois municípios ficam em regiões produtoras de grãos: Luís Eduardo Magalhães (Bahia), que ganhou 79,5% a mais de moradores, e Fazenda Rio Grande (Paraná), com alta de 82,3%.
O agronegócio não movimenta apenas o campo. Com a renda gerada pelo plantio, toda a economia dos municípios produtores de alimentos se movimenta, puxando, sobretudo, o setor de serviços, com especial destaque para o comércio. O impacto também se irradia pelo setor público, que é obrigado a ampliar o quadro do funcionalismo para atender a demanda maior por serviços. É aí que reside o principal desafio das administrações: garantir que, com o afluxo maior de pessoas, as condições de vida que todos valorizam não se degradem. Saúde, educação, infraestrutura e segurança exigem cada vez mais investimentos.
Encravada na região, Brasília também se beneficia do potencial agrícola, registrando os maiores índices de produtividade de grãos por hectare do país. A cidade já é a terceira do Brasil em termos populacionais, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro. É fundamental, portanto, que o Congresso mantenha os repasses para o Fundo Constitucional do Distrito Federal. Qualquer alteração na transferência de recursos por parte da União significará menor capacidade do governo local de garantir atendimento em hospitais, postos de saúde, escolas e bem-estar social. A geografia do Brasil mudou e isso deve ser levado em conta pelos gestores
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Editorial Cultural FM Torres RS 30 de junho 23
Depois dos séculos ibérico, inglês e americano, preparem-se para o século asiático
O mundo gira, a Luzitana roda e tudo “dimuda”. No universo nada se cria, tudo se transforma, já dizia Lavoisier o Pai da Química moderna. Do pó ao pó, dizem as homilias sagradas quando um de nós sai da vida e vai para o reino encantado da História. Seus nomes, entretanto, ficam registrados em algum lugar. Os mórmons, por exemplo, se dedicam a juntar e reunir estas memórias muito bem guardadas em arquivos depositados debaixo de montanhas: Memória... Para os egípcios antigos deixar o nome registrado era uma obsessão. Na vida social é a mesma coisa. “Tudo di muda”... O mundo moderno veio à tona com as Grandes Navegações, amadureceu com o Iluminismo, construiu-se como um desdobramento do momento grego no Renascimento e na Revolução Industrial, amparado por um par de requisitos à ação: Razão e Liberdade. Sucederam-se como centros do mundo os Países Ibéricos, no século XVI, mas a Invencível Armada de Espanha foi derrotada pelos ingleses em 1585 que passaram a dominar um império onde o sol nunca se punha até o final da I Guerra Mundial em 1918.
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A Armada Invencível (português europeu) ou Invencível Armada (em português brasileiro) (em castelhano: "Grande y Felicísima Armada"), também referida como "la Armada Invencible" (castelhano) ou "the Invincible Fleet" (inglês), com certo tom irônico, pelos ingleses no século XVI, foi uma esquadra reunida pelo rei Filipe II de Espanha em 1588 para invadir a Inglaterra. A Batalha Naval de Gravelines foi o maior combate da não declarada Guerra Anglo-Espanhola e a tentativa de Filipe II de neutralizar a influência inglesa sobre a política dos Países Baixos Espanhóis e reafirmar hegemonia na guerra nos mares.
A armada era composta por 130 navios bem artilhados, tripulados por 8 000 marinheiros, transportando 18 000 soldados e estava destinada a embarcar mais um exército de 30 000 infantes. No comando, o Duque de Medina-Sidônia seguia num galeão português, o São Martinho. No combate no Canal da Mancha, os ingleses impediram o embarque das tropas em terra, frustraram os planos de invasão e obrigaram a Armada a regressar contornando as Ilhas Britânicas. Na viagem de volta, devido às tempestades, cerca de metade dos navios se perdeu. O episódio da armada foi uma grave derrota política e estratégica para a coroa espanhola e teve grande impacto positivo para a identidade nacional inglesa – wikipedia
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Sobreveio a era americana dos arranha céus que acabariam apontando os Estados Unidos para o domínio dos ares. Agora o mundo se prepara para um salto de seu centro para o outro lado do mundo: A Ásia, dominada por países imensos como Índia e China. Será o século XXI, século asiático, oriundo de um Modo de Produção muito especial e de uma dinâmica ideológico-cultural distinta do Ocidente, mas nem por isso alheia aos seus feitos, sobretudo no campo tecnológico. Lá, Índia e China, cada qual com seus devires e derivas, a primeira mais mística e religiosa, com Buda como inspiração, a China mais filosófica e pragmática segundo os ensinamentos de Confúcio, disputarão importância na condução da civilização. Ainda é cedo para se saber qual das duas culturas se imporá neste processo mas já se sabe que serão âncoras do século que XXI e que o dito Ocidente, com todas as suas glórias, acabará abrindo-lhes espaço, oxalá por bem: um outro mundo, certamente menos concentrado do que os últimos 500 anos, tanto interna como externamente. Tudo indica que teremos, enfim, não a reconstituição da Aldeia Global unificada como imaginou Maculam nos anos 1970, mas um conglomerado de centros que configurarão uma geoeconomia despolarizada e uma geopolítica mais aberta a um verdadeiro concerto internacional de Nações livres e soberanas. Tudo por vir. “Tudo dimuda...” Ninguém é dono de ninguém, nenhum povo é eleito de Deus, nenhum país é portador de um Destino Manifesto que o faz Senhor do Universo. Viva a mudança. Viva a diferença!
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Anexo
Assis Moreira - O século dos asiáticos? = Valor Econômico-
gilvanmelo.blogspot- Assis Moreira o seculo dos asiaticos
Estados Unidos, com 4% da população mundial, geram 25% da produção global, posição mantida desde 1980, observa “The Economist”
Acompanhei recentemente a Beyond Expo 2023, uma das maiores exposições asiáticas de tecnologias de consumo, saúde e sustentabilidade, na região administrativa especial de Macau, China. Durante o evento, alguns membros da elite intelectual da Ásia manifestaram uma análise comum sobre rumos que o mundo pode tomar.
Kishore Mahbubani, ex-diplomata de Cingapura que foi presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas (janeiro 2001-maio 2002) e é membro do Ásia Research Institute, deu o tom, não hesitando em listar “quatro certezas” futuras, em meio às turbulências atuais.
Para ele, a primeira certeza é que o século XXI será o século asiático, assim como o século XIX foi o século europeu, e o século XX foi o século americano. O século asiático será “um retorno à norma”, porque na maior parte do tempo as duas maiores economias do mundo sempre foram as da China e da Índia. “Os 200 anos de domínio ocidental na história mundial foram anormais”, insistiu.
Mahbubani acha que o Ocidente está “se preparando psicologicamente” para um século asiático, que terá o crescimento impulsionado pelo que chama de nova CIA - não a Agência Central de Inteligência, mas China, Índia e Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático, com dez países incluindo Indonésia, Malásia, Tailândia, Filipinas e Cingapura). Os países da CIA representam 3,5 bilhões de pessoas, ou 44% da população mundial.
Andrew Sheng, ex-banqueiro central, assessor-chefe da Comissão de Regulamentação Bancária e de Seguros da China e professor da Universidade de Hong Kong, observou que China e Índia responderam por metade do crescimento global em 2022. E previu que ao longo desta década o Japão pode crescer 2% ao ano, e a China, por volta de 4% (após de 12% no passado), enquanto economias da Asean, com 700 milhões de pessoas, deverão expandir de 5% a 8%. O motivo é o fluxo de dinheiro para essa região.
No ano 2000, apenas 150 milhões de pessoas na CIA pertenciam à classe média. Em 2020, o número cresceu para 1,5 bilhão, ou seja, aumentou nove vezes em 20 anos. A projeção é de que deverá dobrar para 3 bilhões em 2030. Essa classe média vai impulsionar esse crescimento.
A segunda certeza para Mahbubani é má notícia: a disputa geopolítica entre EUA e China ganhará força nos próximos dez anos. É impulsionada por uma “lei de ferro” da geopolítica, pela qual sempre que a principal potência emergente do mundo, que hoje é a China, ameaça ultrapassar a principal potência, que hoje são os EUA, a reação é forte. Ou seja, a confrontação tende a acelerar entre Washington e Pequim, com riscos reais para o mundo.
A terceira certeza é que a mudança climática está se acelerando. Basta ver o número de pessoas que passará para a classe média no século asiático. Quanto mais elas consomem, mais a emissão de gases-estufa aumenta.
A quarta certeza é que a ciência e a tecnologia continuarão a se desenvolver e a se fortalecer. E isso leva o analista de Cingapura à grande incerteza: se a humanidade será sábia para usar todos os dados disponíveis, toda a compreensão acumulada da ciência e da tecnologia para salvar o planeta. Em teoria, todos estamos nos tornando mais inteligentes.
Para Andrew Sheng, o mundo “foi dominado” pelo Ocidente com um paradigma que se expandiu a partir de uma pequena parte do mundo para colonizar o resto. Mas a situação está mais do que nunca abalada com o aprofundamento de desequilíbrios sociais, climáticos, desigualdade social, pessoas envelhecendo rapidamente e diferenças regionais, economias de crescimento rápido, economias de crescimento lento e algumas economias em colapso.
Para ele, a tecnologia é a solução para muitos dos desafios atuais. “Tecnologia é o conhecimento humano acumulado. Aqueles que não entendem de tecnologia correm o risco de serem deixados para trás”, repetiu ele. A solução, para Sheng, passa pela mudança no paradigma do poder mundial, explorando a interação entre filosofia, tecnologia e cooperação em um mundo em transformação. E nisso, acha que os asiáticos têm grande chance, por serem práticos e menos individualistas. Mahbubani completou dizendo-se “muito feliz” que o presidente chinês, Xi Jinping, tenha lançado o conceito de uma “comunidade com um futuro compartilhado”.
Jian-Wei Pan, diretor da Academia de Ciências da China, focou no progresso da China na computação quântica. Nela, as informações são codificadas usando bits quânticos (qubits), e o princípio da superposição pode ser usado para obter uma computação paralela ultrarrápida, resultando em aceleração exponencial. Cálculos que hoje demoram anos poderão ser resolvidos em alguns segundos, no futuro. Os computadores quânticos podem ser usados para resolver uma variedade de problemas em campos como criptografia clássica, previsão do tempo, análise financeira, design de medicamentos, sem falar do campo militar.
A Ásia se desenvolve, mas o poder da economia dos EUA está realmente em declínio? A revista “The Economist” observou que os EUA, com 4% da população mundial, geram 25% da produção global, posição mantida desde 1980, e nenhum outro grande país é tão próspero ou inovador.
Em artigo sobre as potências econômicas do futuro, também o professor Charles Wyplosz, do Geneva Graduate Institute, uma das melhores escolas de relações internacionais do mundo, considerou o declínio ocidental um mito. Exemplificou com os debates atuais sobre inteligência artificial, essencialmente impulsionada pelos EUA. As transformações em curso serão fonte de crescimento e de maior vantagem competitiva. A Europa segue de perto os americanos na tentativa de continuar na ponta da inovação em diferentes áreas científicas.
Para Wyplosz, salvo mudança radical, a economia chinesa vai simplesmente cessar seu “catch-up” (perseguição) em relação ao mundo rico, até em razão de ações de Xi Jinping para restaurar a supremacia do Partido Comunista chinês que resultam em desaceleração na abertura da economia.
Em Macau, um provérbio árabe em todo o caso foi repetido mais de uma vez: “Aquele que fala sobre o futuro mente mesmo quando diz a verdade”.
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Editorial CULTURAL FM Torres RS – Dia 29 junho 23
Censo 22 – Somos menos do que pensávamos
O IBGE anunciou, ontem, os primeiros resultados do Censo 22. A instituição, sua direção e funcionários merecem o aplauso dos brasileiros pelo empenho que tiveram para levar a cabo este Censo, atrasado dois anos pela pandemia e que quase não se realiza por falta de recursos. Parabéns. Os resultados apontam para um número de brasileiros – 203 milhões – menos do que as estimativas previam. Ainda não sabem as razões, algo que especialistas doravante se dedicarão . O importante é que agora temos dados atualizados sobre nós mesmos: quem somos, quantos somos, onde estamos. Aqui o importante é saber o tamanho da população no município em que moramos porque isso determina o valor das transferências constitucionais a que tem direito como RECEITA PRÓPRIA CONSTITUCIONAL: o Fundo de Participação dos Municípios – FPM. Quando compramos qualquer coisa os impostos federais e estaduais estão embutidos nos preços e comporão a Receita da União e Estados mas sobre estes montantes os municípios fazem jus a uma participação, que são importantes para a complementação de sua receita com os impostos municipais, atualmente IPTU e ISS. Isso vai mudar com a Reforma Tributária em curso no Congresso mas por ora e durante uma transição que durará mais de uma década esta informação sobre nosso tamanho é estratégica. Abaixo a transcrição de matérias de imprensa de hoje que ilustram os números do Censo 22.
ANEXO:
O Assunto g1 dia 30 de junho 23
Censo - o impacto da população crescer menos
O Brasil conheceu, depois de 12 anos, a resposta para a pergunta: quantos somos? Depois de ser adiado por dois anos devido à pandemia e a problemas orçamentários, o Censo foi realizado apenas em 2022 – e teve alguns de seus dados divulgados nesta quarta-feira (28) pelo IBGE. A descoberta mais importante é a contagem de habitantes: somos 203 milhões de brasileiros, um número quase 5 milhões abaixo das estimativas. Para explicar o que isso significa e destrinchar os dados disponíveis, Natuza Nery entrevista Suzana Cavenaghi, doutora em demografia pela Universidade do Texas (EUA) e ex-coordenadora, professora e pesquisadora da pós-graduação da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. Neste episódio:
• Suzana chama a atenção para a menor taxa de crescimento populacional em 150 anos: “Daqui a pouco precisamos chamar de [taxa de] variação, porque ela vai ficar até negativa”. E projeta que já na próxima década não só o crescimento vai ser reduzido como a população total irá diminuir. “Vamos ter que ajustar a economia, a educação, o mercado de trabalho e o acesso à saúde”, reforça;
• Ela lamenta o “péssimo trabalho” feito pelo país nas últimas décadas de bônus demográfico. E aponta dois motivos: mercado de trabalho incapaz de absorver toda força produtiva e falta de investimento adequado para a educação. “O problema é que se passarmos a ser um país envelhecido antes de dar um salto à renda alta, nunca mais vamos conseguir isso”, afirma;
• A demógrafa comenta o baixo índice de resposta ao questionário do IBGE, um fenômeno que se repete em todo o mundo e demonstra a “exaustão das pessoas” em atender pesquisas. “Falta consciência de cidadania”, avalia. “[Responder] ajuda o país a se conhecer e a garantir o bom uso dos recursos públicos”.
O que você precisa saber:
Censo 2022: abaixo do esperado, Brasil tem 203 mi de habitantes// Migração: crise econômica, força do agronegócio e custo de vida// Demografia: 5% dos municípios concentram 56% da população//Cidades: os 10 que mais ganharam e mais perderam população//Estados: compare aumento da população ao longo das décadas
INFOGRÁFICO: consulte a população brasileira cidade por cidade
O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Tiago Aguiar, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski, Guilherme Romero e Nayara Fernandes. Apresentação: Natuza Nery.
Censo: como a contagem da população influencia o planejamento das cidades - Lula sanciona lei que ameniza corte de repasses por perda populacional
Café da Manhã Podcast Folha Uol
https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2023/06/podcast-debate-tendencias-indicadas-pelo-censo-2022.shtml
Podcast debate tendências indicadas pelo Censo 2022. Menor ritmo de crescimento da população em 150 anos deverá ser analisado pelo IBGE
Editorial Cultural FM Torres RS 28 de junho 23
Inegebilidade de Bolsonaro em curso no TSE
Relator vota no TSE para tornar Bolsonaro inelegível; julgamento retorna na quinta g1 - Corte eleitoral julga se Jair Bolsonaro cometeu abuso em reunião com embaixadores; análise foi suspensa. Outras 15 ações de investigação podem levar à inelegibilidade do ex-presidente.
Parlamentares governistas e da oposição acusam coronel de mentir em CPI: 'Não convence ninguém' g1 - Militar Jean Lawand Júnior prestou depoimento em razão de mensagens com tom golpista enviadas a Mauro Cid. À comissão, ele negou pressionar por golpe e disse que queria fala de Bolsonaro após eleição para 'apaziguar' país.
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Bolsonaro. Indícios disso, aliás, são os comportamentos de seus bons seguidores, começando pelo seu ex Ministro da Justiça, A. Torres e ex ajudante de Bolsonaro está a um passo de ser removido da vida pública no Brasil. Ontem, o relator do seu processo no TSE, Benedito Gonçalves, leu durante três horas e meia as razões de seu voto favorável à condenação do ex presidente. O ex presidente, a se confirmar pelo plenário o voto do relator, ficará inelegível por oito anos o que, dada a sua idade o exclui de um provável retorno às eleições. Restar-lhe-á, doravante, o papel de cabo eleitoral da direita, vestindo um papel de vítima das instituições supostamente aliadas à Lula e à esquerda. Narrativa. Ainda tentará, por certo, situar seus diletos filhos neste espectro ideológico que tenderá a se mover mais ao centro com personalidades como os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Tem início, pois, a dinâmica do “ bolsonarismo” sem ordens, ainda preso, Cel Mauro Cid, como também outros defensores da INTERVENÇÃO MILITAR, como o Cel. Lawande que ontem compareceu à CPI do Congresso sobre os fatos e responsabilidades do 8 de janeiro, todos eles negando a defesa que fizeram do golpe antidemocrático. Este, aliás, ontem, provocou até unanimidade de governistas e oposicionistas neste CPI pela desfaçatez com que procurou se safar das próprias palavras gravadas no celular do Cel. Cid. Humilhou a instituição que representa ao não assumir com coragem o risco a que suas convicções o levaram. Será certamente punido, talvez com expulsão do Exército, como aliás, já o foi o próprio Bolsonaro. “Maus soldados”, diria o General Geisel, vivo estivesse. Vergonha! Importante, aliás, que se diga que a partir do Grande Chefe, que também se esconde de suas ameaças à democracia, agora na planície (do foro) dos mortais, o golpe não foi perpetrado no Brasil – e que certamente teria curta vida no poder usurpado – pela pusilanimidade de seus maiores defensores. Estimularam a saída às ruas de populares insuflados, deixando-os no sereno da Justiça. Hoje, mais de 1.300, mais de cem presos, respondem por seus atos terroristas no 8 de janeiro, enquanto eles se escondem com narrativas e evasivas. A DEMOCRACIA venceu. O Brasil voltou! A condenação dos golpistas é oportuna e necessária, começando pela de Bolsonaro pelo “conjunto da obra”, como ele próprio admitiu.
Anexo:
Merval Pereira - Punição necessária
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../merval-pereira...
O Globo
Desacreditar o processo eleitoral é um claro passo na direção do golpe pretendido, que mais adiante ficou explícito, tanto nas minutas golpistas quanto nas ações de 8 de janeiro
É possível discutir se o fato de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter aceitado incluir no processo contra Bolsonaro a minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres significa uma mudança de jurisprudência para prejudicar o ex-presidente. As mudanças constantes no pensamento do Supremo, variando de acordo com as circunstâncias de momento, são prejudiciais ao papel que a mais alta Corte do país tem exercido, de fato, na defesa da democracia.
É o caso específico de Bolsonaro, que, como vimos em diversas evidências, seria uma ameaça à democracia se reeleito. O indiscutível, no entanto, é que, mesmo sem o acréscimo, a situação de Bolsonaro não se sustenta diante da realidade de ter reunido o corpo diplomático para falar mal das urnas eletrônicas.
Bolsonaro há algum tempo trocou os ataques frontais aos tribunais superiores pela lamentação retórica de que é perseguido. Em sua defesa, seu advogado argumenta que merecia no máximo uma multa, já admitindo que houve infração naquele encontro. Se a discussão parte do princípio de que o então presidente cometeu um erro ao chamar ao Palácio da Alvorada embaixadores para relatar críticas às urnas eletrônicas, passa a ser uma questão subjetiva o tamanho da punição.
Ele alega que a minuta do golpe não poderia ter sido inserida no processo, mas há uma explicação técnica do TSE para isso: o documento é desdobramento da acusação original, e não uma prova nova. Mas a apresentação aos embaixadores seria, por si só, suficiente para puni-lo com a inelegibilidade, porque ele exorbitou do poder político em causa própria. O detalhe de que reuniu representantes estrangeiros para falar mal do país que dirigia só acrescenta ao delito cometido a infâmia.
Desacreditar o processo eleitoral é um claro passo na direção do golpe pretendido, que mais adiante ficou explícito, tanto nas minutas golpistas quanto nas ações de 8 de janeiro. Não é preciso ter nenhum documento assinado por Bolsonaro falando de golpe para entender que a linha do tempo em que a reunião dos embaixadores está inserida passa por diversos fatos estimulados, ou convocados, por ele. Eles incluem não apenas a minuta encontrada nos guardados de Anderson Torres, mas também documentos registrados no celular do tenente-coronel Mauro Cid no mesmo sentido, sinal de que o tema era frequente nos círculos do poder bolsonarista.
Mesmo com tantos indícios, acredito, no entanto, que Bolsonaro poderá ter sucesso na manobra de se dizer perseguido. Seus seguidores não têm visão crítica, ou por acreditar em tudo o que diz, ou por achar que é benéfico para a causa da direita. Não creio que mude muito o fato em si. Ele ficará inelegível e terá de atuar como cabo eleitoral. Será seu papel nas próximas eleições.
Bolsonaro agora está visitando futuros aliados para uma possível reação partidária nas eleições, mostrando força política, tentando eleger muitos prefeitos e vereadores. No papel de vítima, como estima Valdemar Costa Neto, o dono do PL, poderá eleger mais vereadores e prefeitos que na situação atual. Na verdade, é mais útil aos seus no papel de perseguido político, pois a direita civilizada espera ampliar o eleitorado sem ele, que manterá a liderança entre os radicais da extrema direita.
A provável condenação de Bolsonaro será exemplar para outros líderes políticos não usarem a Presidência como trampolim para campanhas eleitorais não permitidas por lei. Servirá de alerta para todos os mandatários que pensem em usar seu poder para influenciar eleitores. Não puni-lo, ou puni-lo simbolicamente com multa, será um sinal de leniência não compatível com o nível de risco em que ele colocou a sociedade brasileira.
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Editorial Cultural FM Torres RS 27 de junho 23
O saldo negativo do Governo Bolsonaro
O ex Presidente Bolsonaro estará com seu futuro comprometido caso venha a ser condenado à inegebilidade pelo Superior Tribunal Eleitoral nesta semana. Considera-se, entretanto, desde já, perseguido pela Justiça, no entendimento dele e seguidores, em conluio com os interesses do lulo-petismo. Independentemente do resultado e consequências do processo do TSE, sempre sujeito à estigmatização pelos bolsonarista, o que deveríamos analisar e julgar é o próprio governo Bolsonaro entre 2019 e 2022. O mínimo que se pode dizer é que foi uma tragédia, começando pelo colapso de quatro setores importantes para a sociedade: Meio Ambiente, Educação, Saúde e Cultura. Em todas estas áreas verificou-se a desmontagem interna de planejamento, gestão e fiscalização sob o comando de Ministros e Secretário, no caso da Cultura, não só estranhos às respectivas pastas, como avessos aos seus objetivos do ponto de vista dos interesses sociais aí envolvidos. O General Pazzuelo, quando Ministro da Saúde, chegou a afirmar que não conhecia o SUS. Ora, o SUS, com seus mais de trinta mil postos ao longo do país é a espinha dorsal das políticas de saúde pública. Ricardo Salles, que saiu do Ministério do M. Ambiente acossado por envolvimento com traficantes de madeira ilegal, ficou famoso por ter defendido, em reunião Ministerial no começo do Governo, que “deveríamos aproveitar (a pandemia) para passar com a boiada” sobre a Amazônia. Na Educação, houve uma sucessão de Ministros aloprados preocupados com o que denominavam “marxismo cultural” nas Escolas e Universidades, para não falar do escândalo dos pastores com trânsito livre no Gabinete Ministerial encarregados de distribuir verbas para comunidades de seu interesse com divulgação de Bíblias com a foto de um dos Ministros. Horrores, enfim, de uma gestão tão improdutiva quanto retrógrada. A Administração Federal foi sumariamente sucateada, o que levou, agora, à abertura de concursos para o preenchimento de 10 mil vagas em aberto.
Mas agora se conhecem, também, os resultados econômicos e financeiros da gestão Bolsonaro. O PIB praticamente rastejou no período, com perda na posição do Brasil no ranking internacional, passando para 12º. Lugar e redução da renda percapita dos brasileiros, simultânea à grande fuga de capitais e cérebros no período. Deixou, também, internamente, um rombo fiscal de R$ 400 bilhões no ano passado, cujas consequências se refletem no ano em curso imobilizando a gestão orçamentária do atual Governo. Recentes notícias dão conta, também, do aumento considerável das despesas do Governo no ano passado, mesmo sem aumento de salários a servidores, nem preenchimento de vagas correspondentes a aposentados: A Despesa Total do Governo Central passou de 30,7 para 32,7%. Veja-se
• Despesa do Governo Central em relação ao PIB sobe de 30,7% em 2021 para 32,7% em 2022.
• Investimento bruto atingiu R$ 20,1 bilhões no ano, sendo 32,2% dessa execução na função Defesa.
• Publicado em 23/06/2023 11h00.
Entre 2021 e 2022, a despesa total do Governo Central passou de 30,7% para 32,7% do Produto Interno Bruto (PIB), influenciado principalmente por maiores despesas com juros da dívida pública e aumento nas transferências entre os diferentes níveis de governo. Em valores correntes, a despesa passou de R$ 2,73 trilhões em 2021 para R$ 3,246 trilhões em 2022 (variação nominal de +18,9%).
Os dados fazem parte da edição relativa a 2022 do Boletim de Despesas por Função do Governo Central (Cofog), publicação anual de estatísticas fiscais elaborada pelo Tesouro Nacional em parceria com a Secretaria de Orçamento Federal, seguindo a metodologia estabelecida pelo Manual de Finanças Públicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) (Government Finance Statistics Manual 2014 – GFSM 2014).
No período analisado, a função que apresentou aumento mais expressivo em relação ao PIB foi a despesa do Governo Central com serviços públicos gerais, que passaram de 11,76% em 2021 para 13,74% do PIB em 2022. Em valores correntes, essa função apresentou acréscimo nominal de 30,2% no ano, passando a representar 42% da despesa total em 2022.
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Editorial Cultural FM Torres RS 26 de junho 23
Capas dos grandes jornais do centro do país.
O GLOBO – Crescem oferta e demanda por imóveis até 30 metros. Apartamentos ganham versões sofisticadas em bairros de classe média e alta e atraem por proximidade a trabalho
O ESP – Pressão das big techs no Congresso por 14 dias segurou PL das fake news. Estadão investigou por dois meses e mapeou a pressão.
FSP – Plano Diretor de São Paulo leva mais moradias a bairros mais caros
ZH – Número de adolescentes na Fase cai 69% em quatro anos no Estado. Eram 1252 em maio de 19 contra 385 neste ano. Especialistas citam o mérito de Políticas Públicas de prevenção ao ingresso de menores no crime mas também alertam para um fator brutal: Muitos morreram nas guerras entre facções
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O Assunto g1 dia 26 de junho 23
Paulo Pelegrino tem 61 anos, e viveu os últimos 13 sob contínuos tratamentos para se livrar do câncer. Em 2023, conseguiu. Durante 1 mês, Paulo foi submetido a uma terapia experimental que está sendo desenvolvida e aplicada no Brasil pela USP, em parceria com o Instituto Butantã e o Hemocentro de Ribeirão Preto. Trata-se da CAR-T Cell, tecnologia celular aplicada em alguns pacientes na Europa e nos EUA - lá, o tratamento custa cerca de R$ 2 milhões; aqui, o SUS irá disponibilizá-la gratuitamente assim que for aprovada pela Anvisa. Paulo relata a Natuza Nery o que ele passou nos últimos anos. Participa também o médico Dimas Covas, diretor do Hemocentro de Ribeirão Preto, professor da USP na mesma cidade e coordenador do Centro de Terapia Celular da instituição. Neste episódio:
Paulo conta o que sentiu ao ver as imagens de seus exames antes e depois da terapia: a primeira mostra um corpo tomado por tumores, e a segunda “era como se tivessem passado uma borracha naquilo”. “A ficha não caiu ainda”, celebra;
Para Paulo, o desfecho de sua história é uma “ressureição”. Ele diz se sentir “envaidecido” de ter sido um dos 14 pacientes cobaia deste experimento, realizado gratuitamente pelo SUS e que devolve às pessoas “a crença na ciência e a esperança na cura”;
Dimas Covas explica o que é a terapia CAR-T Cell e descreve seu funcionamento: as células T do paciente são extraídas e, no laboratório, são modificadas geneticamente para perseguirem e atacarem as células cancerígenas. De volta ao corpo, ele afirma, “essas células conseguem em 15 a 20 dias destruírem completamente o tumor”;
Ele anuncia que “o próximo desafio é levar o tratamento aos pacientes do SUS”. Para isso, o primeiro passo é registrar a terapia na Anvisa e, depois, “em um prazo máximo de um ano e alguns meses” poderemos ver este tratamento disponibilizado no SUS. “O CAR-T Cell será a nova fronteira do tratamento de câncer em geral”, conclui.
O que você precisa saber:
Paulo: Paciente com câncer há 13 anos tem remissão completa// Car-T Cell: veja terapia experimental celular contra câncer// Unicamp: projeto pioneiro no Brasil da terapia CAR-T Cell// Anvisa: aprova terapia genética para tratamento de câncer// São Paulo: produção em larga escala de terapia genética// Dimas Covas: responde a perguntas sobre terapia experimental
O Podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Tiago Aguiar, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski, Guilherme Romero e Nayara Fernandes. Apresentação: Natuza Nery.
Editorial Cultural FM Torres RS 23 de junho 23
Para entender os anos 19/22: Sociologia do bozo-nazismo
Paulo Brondi, Promotor de Goiás, faz um resumo do que é o 'bolsonarismo'
Promotor-de-goiás-faz-um-resumo-do-que
BOLSONARISMO: Gramática e Literatura
ASSISTA AQUI
O FUTURO DO BOLSONARISMO – Nov. 28 /2022 -BBC
O futuro de Bolsonarismo
Bolsonaro, uma história que teremos vergonha de contar - Por Ivan Lago
2020 – Central de jornalismo- Bolsonaro-uma-historia-que-teremos-vergonha-de-contar-por-ivan-lago
Bolsonarismo – Coletânea Paulo Timm org.
https://files.comunidades.net/torrestv/Bolso_narismo.pdf
Começou, ontem, no TSE, o julgamento do ex Presidente Bolsonaro, com eixo em sua convocação a Embaixadores para denunciar o sistema eleitoral eletrônico do Brasil, que poderá leva-lo a inelegibilidade por oito anos. Isso significa o fim político do ex presidente, bastante isolado desde que perdeu o poder da caneta. Ontem, em sua chegada em Porto Alegre, nenhuma apoteose, nem motociatas, nem delírios de multidões. Sequer um “cercadinho”. Os especialistas discutem o mérito da ação provocada pelo PDT contra Bolsonaro e sustentada pelo Ministério Público Federal. Para o Advogado de Defesa dele, é incabível a ação porque sequer estávamos em período eleitoral. Muitas ações, entretanto, entram na pauta da Justiça Eleitoral justamente porque se referem a ações feitas fora da campanha. O eixo, na verdade, da ação em curso, no caso, é abuso de poder no exercício do cargo e uso indevido da rede pública de comunicação no interesse pessoal, isto é, divulgação de denúncias, sem provas, do sistema eleitoral brasileiro. Tudo indica que Bolsonaro, portanto, dificilmente escapará. Restar-lhe-á o jus esperneandi, já presente na sua exigência de que o TSE use no seu caso as mesmas regras que conduziram o julgamente da chapa DILMA-TEMER em 2014. Ora, na Justiça, cada caso é um caso. E o abuso de Bolsonaro no comando do país e seus exageros verbais, para não falar, conceituais, sempre à revelia da ciência e das regras democráticas, como no caso do combate ao COVID, forem evidentes.
Trata-se, agora, de ver como funcionará e quais as perspectivas da direita no Brasil sem o MITO. Indícios já verificados na votação de ZANIN no Senado demostram que seus seguidores já procuram um caminho mais ameno, em busca da normalização institucional no país. O líder da Oposição no Congresso, Rogério Marinho, neto do histórico Senador Josepha Marinho, ex Ministro de Bolsonaro, que queria uma atitude mais forte no Senado contra Zanin, ficou praticamente isolado. Políticos, enfim, não gostam do suicídio. No caso, procuram a sobrevivência. Ou como dizia o Mestre do Suspense no Cinema, Alfred Hitchkock:
“Nem um assassino vive apenas de seus assassinatos. Ele precisa de algum carinho, abrigo e um prato de comida quente quando chega em casa”.
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Editorial Cultural FM Torres RS 22 de junho 23
Um novo Ministro do Supremo à vista
O Senado aprovou, ontem, com larga margem, a indicação do Advogado Zanin para o Supremo por 58 x1u votos. Até o Senador Flavio Bolsonaro enalteceu Zanin almejando que ele leve para a mais Corte do país o senso de justiça e a defesa da Constituição. Os bolsonaristas aliás, mesmo sem contestar Zanin, preferiram evitar o que poderia ser uma vitória estrondosa. Na verdade, todo mundo, agora defende a Constituição esquecendo-se que durante 4 anos tivemos ataques sistemáticos contra as instituições, culminando no estímulo à intolerância que resultou no 8 de janeiro. O futuro Ministro é um advogado de ofício o que enaltece todos estes profissionais que dedicam sua vida à defesa dos direitos inalienáveis do cidadão, sem desdouro, naturalmente, a outros profissionais do Direito, como Defensores, Procuradores e Juízes das várias instâncias do Sistema Judiciário. Zanin é um paulista do interior do Estado, que guarda na sua atuação o cuidado com os valores caros à classe média tradicional, moderadamente conservador mas vigoroso “garantista”, isto é, defensor das garantias legais de todo e qualquer cidadão brasileiro na forma da Lei. Por isso mesmo, recebeu uma aprovação quase unânime do Senado, colocando-se acima das divergências ideológicos e prometendo independência frente aos interesses do Presidente que o indicou ou mesmo do Poder que ele chefia.
Da reunião da CCJ, entretanto, prévia à apreciação pelo
Plenário do Senado, ficou a péssima impressão deixada pelo Senador Sérgio Moro, ex Juiz da Lava Java, contra quem Zanin, na defesa de Lula, se confrontou no duro processo que o levou à prisão. Todos sabem, hoje, que deste processo, apesar dos revezes, Zanin consagrou-se vencedor conseguindo a anulação de todas as sentenção proferidas pela Lava jato contra Lula. Hoje, mais uma vitória na sua condução ao Supremo, cargo sonhado por Moro hoje definitivamente soterrado.
Moro tentou constranger Zanin, embora sem agressividade, com 14 questões, quase todas de uma notória platitude jurídica. Destaco três delas:
Indagou, primeiro, com base em informação das Redes, se Zanin, por ter sido padrinho do recente casamento de Lula com Janja, não ficaria dependente do Presidente. Bola fora. Zanin simplesmente negou o fato e ainda afirmou que não priva com Lula, tanto que só o viu desde que voltou à Presidência, no dia em que o Presidente o convidou para o Supremo.
A segunda questão de Moro foi relativa ao uso de provas ilícitas em processos judiciais. Zanin respondeu sem agressões, que até caberiam, eis que foi Moro quem recorreu a tais expedientes ao longo da lava jato, em conluio com Deltan Dalagnol, de forma simples: provas ilícitas servem para absolver, jamais para condenar um réu. Outra bola fora de Moro.
A terceira questão de Moro a Zanin foi a indagação se ele se omitiria de julgar empresas e outros envolvidos na lava jato. Zanin aí foi didático. Deu a Moro uma lição de Direito Processual dizendo que não é a etiqueta, mas os autos do processo, que informam sobre cada caso de suspeição. Irá ler estes autos...
Saindo da sala, diante do vexame a que ficou exposto diante da Nação e vergonha do Senado, Moro, no seu isolamento político e pessoal cada vez mais evidente só uma declaração a fazer à imprensa: “Fiquei desconfortável com as respostas do Dr. Zanin”.
O Brasil, enfim, parece que “voltou” mesmo. Os procedimentos legais quanto á indicação de Zanin foram preenchidos, as sessões do Senado, tanto da CCJ quanto do Plenário foram tranquilas, o novo Ministro do Supremo será brevemente empossado. Até o fim do ano, nova substituição deverá acontecer. Espera-se de Lula, então, a indicação de uma mulher. Mulher negra...
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Editorial Cultural FM Torres RS 21 de junho 23
11,5 milhões de jovens meio perdidos-21 jun
O número de jovens entre 15 e 29 anos, no Brasil, que não trabalham nem estudam é alarmante: 11,5 milhões. Veja-se, acima, o título de recente matéria de O ESTADO DE SÃO PAULO, merecedora, aliás, de elogios. Pouco se lê na Mídia sobre estes jovens. Pergunte-se, a propósito, a qualquer Prefeito se sabem o número de jovens em sua cidade nesta condição NEM NEM e talvez a maior parte deles nem saiba do que se trata...Estes jovens, em princípio, deveriam estar na Escola, preparando-se para uma inserção digna na sociedade política e na economia. Mas, oriundos de famílias mais pobres, acabam abandonando os estudos em busca de auxílio em casa e, ao final, nem estudam, nem trabalham. Em países como CORÉIA DO SUL o índice desta faixa etária na Escola é superior a 90%. No Brasil, dificilmente passa de 15%. Calculando-se, por alto, a participação deste segmento na população brasileira de 220 milhões, na ordem de 20%, teríamos em torno de 44 milhões de jovens, os quais estão na População Economicamente Ativa mas praticamente fora da Força de Trabalho efetiva, de 105 milhões de brasileiros. A questão é que estes jovens ficam fora das Políticas Públicas de apoio às famílias carentes, como o BOLSA FAMÍLIA, pois são adultos e tomam decisões por conta própria. Governos de Estado e Prefeituras deveriam velar por eles, identificando-os, acompanhando-os em seus primeiros passos no mundo, formulando Políticas Públicas específicas para eles, como orientação especial para os diversos aspectos da vida. Administrações Municipais, entretanto, não se sentem comprometidas com esta Agenda. Custam a compreender que tanto a realidade estrutural no país, com 120 milhões ganhando até um salário mínimo, sendo que, destes, 50 milhões vivam com meio mínimo e 20 com menos de dois dólares por dia, como as mudanças tecnológicas e da comunicação social estão a exigir novas missões no campo do Emprego e da Renda. Suas Secretarias de Ação Social se limitam, mais das vezes, à gestão de programas federais como distribuição de cestas e promoção de ajuda emergencial, não raro “sopões”. A realidade, porém, exige mais. Exige conhecimento da realidade social de cada municipalidade, acompanhando das populações vulneráveis como moradores de rua, jovens NEM NEM, idosos etc. Um caminho difícil, mas cada vez mais indispensável. Um filme colombiano, no entanto, país que inaugurou a criação de Bibliotecas Parque como espaços de convivência juvenil com acesso à cultura e Internet, como medida de combate às drogas e delinquência juvenil, nos traz, agora, um interessante filme sobre o tema da juventude. Vejamos:
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Filme mostra a perversidade capitalista contra a juventude trabalhadora
Longa colombiano “Os Reis do Mundo” em cartaz na Netflix retrata a luta da juventude marginalizada contra a opressão do capitalismo
O filme colombiano, Os Reis do Mundo (2022), dirigido por Laura Mora Ortega (Matar Jesus), tem como tema principal a perversidade do capitalismo sobre a juventude da classe trabalhadora. Em cartaz na Netflix o longa conta a saga de cinco adolescentes moradores de rua em Medellín, uma das maiores cidades da Colômbia.
Com roteiro de Laura e Maria Camila Arias, a trama mostra a dificuldade enfrentada pelos meninos analfabetos, sobrevivendo como podem na marginalidade, à base de pequenos delitos com todos os riscos das ruas de grandes cidades. Quando um deles recebe um documento do governo sobre um pedaço de terra deixada por sua avó. Essa terra transforma na utopia dos garotos como uma grande chance de mudar de vida.
Começa a peregrinação ao destino com os cinco amigos, Rá (Carlos Andrés Castañeda), Culebro (Davison Florez), Sere (Brahian Acevedo), Winny (Cristian Campaña) e Nano (Cristian David Duque), enfrentando todo o tipo de agressões pelo caminho.
O filme colombiano, Os Reis do Mundo (2022), dirigido por Laura Mora Ortega (Matar Jesus), tem como tema principal a perversidade do capitalismo sobre a juventude da classe trabalhadora. Em cartaz na Netflix o longa conta a saga de cinco adolescentes moradores de rua em Medellín, uma das maiores cidades da Colômbia.
Com roteiro de Laura e Maria Camila Arias, a trama mostra a dificuldade enfrentada pelos meninos analfabetos, sobrevivendo como podem na marginalidade, à base de pequenos delitos com todos os riscos das ruas de grandes cidades. Quando um deles recebe um documento do governo sobre um pedaço de terra deixada por sua avó. Essa terra transforma na utopia dos garotos como uma grande chance de mudar de vida.
Começa a peregrinação ao destino com os cinco amigos, Rá (Carlos Andrés Castañeda), Culebro (Davison Florez), Sere (Brahian Acevedo), Winny (Cristian Campaña) e Nano (Cristian David Duque), enfrentando todo o tipo de agressões pelo caminho.
O filme aponta a necessidade de um olhar sobre as pessoas que vivem do trabalho, seja no campo ou na cidade para ao menos diminuir a sofreguidão. E mais ainda de como é essencial cuidar das crianças e dos adolescentes para que haja possibilidade de mudança. Por mais clichê que isso pareça, não o é, porque “ao vivo é muito pior”, como canta Belchior (1946-2017), em Apenas um Rapaz Latino-Americano.
Toda a situação da Colômbia, agora pela primeira vez com um governo de esquerda, está em cena com a violência do narcotráfico, por muito tempo ancorado pelo Estado colombiano e a luta por terra, trabalho e pão de quem só conta com a sua força de trabalho, em meio a tanto desmando e opressão.
Pelo encadeamento do filme vislumbra-se a importância de políticas públicas para valorização da educação, da cultura, do esporte, da saúde e de tudo o que as pessoas precisam para viver bem. Afinal a juventude só quer levar a vida do seu jeito, em liberdade e sem medo.
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Editorial Cultural FM Torres RS 20 de junho 23
Juros altos e endividamento paralisam economia e traumatizam famílias
Endividamento das famílias faz saques na poupança superarem depósitos em R$ 6 bilhões no mês de março – g1 = Endividamento da população faz saques na poupança superarem os depósitos em R$ 6 bilhões no mês de março O aperto no orçamento...
Dívida pública sobe em abril e atinge R$ 6,03 trilhões, diz Tesouro/ ...) a Secretaria do Tesouro Nacional. Em março, o endividamento estava em R$ 5,892 trilhões. A dívida pública federal é a contraída... — ... com impostos e contribuições. Os valores incluem o endividamento no Brasil e no exterior. Porém, a maior parte da dívida brasileira...
Inadimplência com bancos e cartões representa 30% dos endividamentos
Média de endividamento dos catarinenses atinge 51% = Média de endividamento dos catarinenses atinge 51%
Endividamento atinge a maioria das famílias
Cresce índice de endividamento de famílias
Renegociação de dívidas = Com alta do endividamento em Santa Catarina, consultora financeira esclarecer como deve funcionar programa de renegociação de dívidas
Endividamento de bares e restaurantes preocupa setor no RS = Pesquisa aponta que 8 em cada 10 estabelecimentos estão com dificuldades para pagar empréstimos.
Endividamento causa impactos emocionais: Psicóloga dá dicas de como lidar. Endividamento causa impactos emocionais: Psicóloga dá dicas de como lidar
A questão dos altos juros no Brasil chegou ao paroxismo. A dívida pública aumenta em razão do maior custo de sua difícil rolagem, os Bancos chiam, as empresas estão em risco e as famílias, cada vez mais endividadas, em verdadeiro choque psicológico. Nesta semana o órgão responsável pela definição dos juros, o COPOM, se reúne e já transpiram rumores de que não baixará a Taxa Básica, SELIC. Que fazer? Do ponto de vista legal, a autonomia do BANCO CENTRAL, aprovada no Governo Bolsonaro, dá ao Banco o poder de definir a Política Monetária que tem nos juros estratégica alavanca. Para o Banco Central do Brasil, ao contrário dos Bancos Centrais dos países centrais, a ameaça de inflação, provocada por pressões de DEMANDA, ainda persistem no Brasil e exigem “sacrifícios”. As reclamações, entretanto, que começaram com o Presidente Lula, se alastram e colocam em cheque o Presidente do Banco Central, Campos Neto. Ontem foi a vez de uma importante economista, insuspeita de ser de esquerda ou lulista, se manifestou e afirma categoricamente: “O Banco Central está atrasado”. Vejamos:
Banco Central está atrasado na queda de juros, analisa Monica de Bolle.
Mercado financeiro só prevê redução de juros a partir de agosto, o que reduz capacidade de pagamento da população e das empresas. Em entrevista a Natuza Nery, a economista Monica de Bolle avalia por que o BC brasileiro "já está atrasado" no processo de redução dos juros, levando em consideração o quadro interno e diz que a postura de "extrema cautela" pode prejudicar a economia do país.
"A gente sabe que as famílias brasileiras estão endividadas, que as empresas brasileiras estão endividadas e que essa taxa de juros é danosa para as empresas e famílias", diz.
Mônica ainda adianta que a redução da taxa de juros não deve acontecer nesta semana. Ela ressalta a necessidade de comunicação prévia, via atas do Copom, e o “cenário turvo” que os bancos centrais de todo mundo enfrentam diante da resistência da inflação nos países desenvolvidos.
"O Banco Central faz parte do governo. Acho que ás vezes isso é esquecido no Brasil", destaca. "Na tentativa de preservar sua independência o Banco Central só resolveu tomar uma atitude um tanto extrema de fincar o pé nessa Selic de 13,75%, e assegurar que só ia mexer na taxa quando lhe conviesse, para não dar a impressão de que estava fazendo uma redução de juros porque havia pressões vindo de outras partes do governo. No Brasil, isso teve uma importância enorme, o que no final das contas é um grande infortúnio para nós."
Ouça a entrevista completa no Podcast.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 19 JUNHO 23
JUNHO VIOLETA: DEFESA DOS IDOSOS
O Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa
A ser observado em 15 de junho de cada ano, foi instituído em 2006 pela Organização das Nações Unidas e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa. As campanhas têm como objetivo conscientizar e combater a violência contra a pessoa idosa.
É importante lembrar que existem diversos tipos de violência, tais como:
• Abandono
• Violência física
• Violência psicológica
• Violência patrimonial
• Negligência
• Violência Institucional
• Abuso financeiro
• Violência sexual
• Discriminação
Escrevi, a propósito, há três anos, em minha coluna A FOLHA, Torres, o que segue – pouco teria a acrescentar:
Todo mundo já sabe do Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, movimento internacional com vistas ao controle do câncer de mama; foi criado no início da década de 1990. Sabe, também, do novembro azul , maior campanha, igualmente global, sobre câncer de próstata e a saúde do homem. Mas poucos ouviram falar do JUNHO VIOLETA, mês consagrado à luta contra a violência sobre os idosos, numa projeção do dia 15 deste mês, dedicado, no mundo inteiro, com apoio da ONU, à causa.
Como quase tudo relativo à velhice, poucas autoridades governamentais mencionaram o fato. Li, estarrecido, outro dia, no Facebook, que uma das Secretárias do (então) Ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou ingenuamente à imprensa sua impressão a respeito da vulnerabilidade da terceira idade diante do COVID-19: - “Até acho bom porque assim alivia o déficit da Previdência”. Meu Deus! Imagine-se onde ela não terá ouvido tamanho disparate? Pouca coisa, também, na Imprensa. E fico me perguntando: Onde andam os Conselhos Municipais do Idoso? O que terá sido feito do respectivo Conselho Nacional que deveria ter sido mobilizado, desde os primeiros casos de COVID, como importante instrumento de informação e mobilização deste segmento da população? Não sei. Ninguém sabe. Uma cortina de silêncio isola a terceira idade em sua vulnerabilidade e solidão. Falemos dela, começando pelo grande equívoco que veio à tona com a Reforma da Previdência: “Os idosos são um ônus.” E arrematam com arrogância: “Que recai sobre o maior bônus da sociedade que são os jovens”. Daí ao preconceito, um pulinho.
Comecemos, pois, por aí: o ônus.
O que move o cosmos, o planeta, a vida e sua luta pela sobrevivência e reprodução? Por certo, a energia. Logo, ao perder a energia, o Homem perde capacidade de trabalho. Ao final da vida é, literalmente, carregado. Em algumas culturas, sempre muito primitivas, (quando) o fardo fica muito pesado, é deixado aos ursos. Isso, porém, como tudo, tem que ser visto in flux, como gostava de dizer Florestan Fernandes. Mais do que na natureza, os fatos sociais não são só explicados, são interpretados. O empirismo, tão ao gosto do pensamento anglo-saxão, graças ao qual desenvolveu-se a Física não esgota as Ciências Humanas -(somos feitos de histórias...). Precisamos de Descartes e Hegel, sobretudo o último, ao introduzir sobre a realidade a ideia de processo. Então, este velho alquebrado que hoje engrossa a pirâmide etária, onerando, como diz a Secretária do Guedes, a Previdência, já foi moço e, como tal, ajudou a colocar um tijolinho na obra histórica do Economia. Em termos técnicos, por anos a fio contribuiu, com sua energia, em forma de trabalho, para o incremento de produtividade do sistema onde atuou. Graças a isso, a quantidade de produto por homem ocupado, nesta economia, elevou-se, o que se traduz, no mundo moderno por índices mais elevados de salário e renda per capita, qualidade de vida (IDH), esperança de vida, além dos confortos da tecnologia. O idoso foi, portanto, decisivo para que as atuais gerações vivam a vida que vivem – (e ganhem o que ganham). Se hoje ele é improdutivo, há que se convir que não foi inútil. Muito se confunde, a propósito “aposentaria”, regulada pelo instituto da previdência, de “beneficio continuado”, destinado a pessoas sem condições de trabalhar, na forma da Lei Orgânica de Assistência Social, esta , sim, uma transferência de renda por improdutividade estrutural. Tem direito, pois, o idoso, ao reconhecimento social, na forma de aposentadoria e apoio, que por ser oneroso é transferido (parcialmente) para o Estado. Como o Estado vai financiar esta conta é uma questão de razão consensual na sociedade e não um assunto de “peritos contadores”. Aqui, uma observação pertinente dos Psicólogos: A questão da velhice não deve ser vista do ponto de vista da Empatia Emocional, muito menos como uma questão de solidariedade ou compaixão cristã, mas do ponto de vista da Empatia Cognitiva, perpassa pelo reconhecimento de direitos.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 16 JUNHO 23
Trumpistas: “Nós achamos o réu culpado mas o defenderemos se for candidato”
O fim das sociedades. O fim do Homem?
A morte do sociólogo Alain Touraine, francês latinoamericanista, eis que por aqui sempre esteve presente e fez da América Latina um de seus objetos de reflexão, traz à tona uma questão existencial mais profunda do que a conjuntural: o fim dos tempos. Reverbere em outros termos a famosa proclamação de Wiliam Faulkner ao receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1959: "Recuso-me a Aceitar O Fim do Homem".
Em seus dois últimos livros ele se mostrou pessimista quanto ao futuro da Humanidade: A civilização estaria em colapso. l“La Fin des sociétés” (Seuil, 2013) ou “Le Nouveau Siècle politique” (Seuil, 2016), ele constata que “depois de se terem concebido em termos religiosos, em seguida políticos e depois sociais, as sociedades de hoje têm dificuldade de se identificar a um novo paradigma, Na verdade, ele próprio aponta este paradigma: O capitalismo incontrolável. Este sistema ou Modo de Produção, como alguns preferem, desde que se instituiu e se impôs com sua devastadora capacidade para transformar radicalmente as condições técnicas de produção e relações sociais correspondente mudou o mundo. Enraizado nas Grandes Navegações do século XVI que ampliaram consideravelmente o âmbito dos mercados e novos produtos nos fluxos de comércio global, o capitalismo amadureceu a tal ponto no século XIX que mudou as concepções sobre a origem da riqueza das nações. A obra clássica de Adam Smith, fundador da Economia como reflexão científica, “Um inquérito sobre a origem da riqueza das Nações” desloca a origem do “valor” da pilhagem colonial para o próprio trabalho humano. É o homem – e suas instituições, dentre elas o sacrossanto mercado – que enriquece os povos e gera o desenvolvimento. Daí a valorização deste mercado como um prolongamento da natureza, livre de qualquer limitação, como instrumento da mudança. A consequência foi a substituição dos valores tradicionais da religião, do sangue azul e até das antigas hierarquias que regulavam os ofícios para o que se denominou “livre iniciativa” aberta a todos os que quisessem dar vazão a seus ímpetos empreendedores. Daí as atividades humanas começarem a se medir, crescentemente, pela eficiência capaz de produzir resultados do que pela capacidade de atender satisfatoriamente necessidades humanas. Este o fundamento da substituição da velha produção de valores de uso para a produção de valores de troca. Isso trouxe uma revolução no mundo inteiro que desembocou na explosão demográfica no século XX quando a população mundial saltou de 1,2 bi para 7 bilhões de pessoas. O sucesso deste modelo foi de tal ordem, ainda que às custas da neoescravização de trabalhadores livres sob o regime da Lei de Bronze dos Salários e das redefinições do colonialismo, que seu veículo, o dinheiro, acabou se transformando em objeto de acumulação própria, reeditando o velho ditado que diz que quando a esperteza é muito grande ela cresce e come o dono. Lentamente, o dinheiro, que era apenas um instrumento da economia de mercado passou a ser ele próprio O MERCADO, daí se transformando neste Capitalismo Incontrolável que nos fala Touraine. É o salto da velha economia industrial, produtiva, que remodelou as formas de produzir, para o atual capitalismo financeiro que se constitui em fim próprio do sistema e o subverte, abandonando, cada vez, as preocupações com as cadeias produtivas e os valores fundamentais que as acompanhavam na construção de uma sociedade democrática. Veja-se a charge acima. Ela expressa a decadência da Política quando eleitores admitem que um candidato à Presidente da República nos Estados Unidos seja efetivamente culpado em processo judicial mas ainda assim se dispõem a votar nele...Pior ainda quando uma economia ancorada numa moeda internacional, sem qualquer lastro, o dólar, emitida por um só país, acaba se militarizando através de poderosas organizações como OTAN e mais de 800bases militares no mundo, como instrumento de defesa de seus interesses próprios: O complexo industrial militar, como já advertia o Presidente Eisenhower em 1959. Enfim, neste momento, a civilização entra em crise e aponta para os desafios levantados por Touraine.
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Anexo
O FIM DAS SOCIEDADES - Por Alain Touraine
O sociólogo francês Alain Touraine explicou que o domínio do capitalismo financeiro põe em dúvida e torna inúteis todas as construções sociais do passado.
Durante muitos anos, Alain Touraine se impôs como um dos observadores mais atentos e finos do futuro da nossa sociedade. O sociólogo francês analisa os caracteres e as transformações de um mundo que, de pós-industrial, se tornou “pós-social”.
O fim das sociedades, um ensaio onde explica que o domínio do capitalismo financeiro põe em dúvida e torna inúteis todas as construções sociais do passado.
Diante deste verdadeiro "fim da sociedade", onde até os movimentos sociais parecem não ter assidero no real, tudo o que nos resta, segundo este estudioso que completou recentemente oitenta e oito anos, é confiar na resistência ética, única capaz de devolver um sentido ao viver e ao agir coletivo.
ARTIGO COMPLETO: https://bit.ly/3X1N2UC
ENTREVISTA COM ALAIN TOURAINE: “OS MUITO RICOS NUNCA PAGARAM IMPOSTO NO BRASIL”
Nascido em 1925 e falecido em 9 de junho deste ano, Alain Touraine era um socialdemocrata que afirmou numa entrevista pouco tempo antes de sua morte: “Hoje, quando tudo é manipulado pelo dinheiro, as categorias sociais como a família, a escola e a cidade são esvaziadas de sentido. É preciso encontrar outra coisa que tenha a força necessária para superar o capitalismo incontrolável”. Fiz uma entrevista com o sociólogo francês Alain Touraine em janeiro de 2004 para a revista Carta Capital. O governo Lula I tinha começado um ano antes e na entrevista Touraine fez excelentes análises do que já fora feito e falava de suas expectativas.
Nascido em 1925 e falecido em 9 de junho deste ano, Alain Touraine era um socialdemocrata que afirmou numa entrevista pouco tempo antes de sua morte: “Hoje, quando tudo é manipulado pelo dinheiro, as categorias sociais como a família, a escola e a cidade são esvaziadas de sentido. É preciso encontrar outra coisa que tenha a força necessária para superar o capitalismo incontrolável”.
Autor de diversas obras sobre a centralidade das mulheres para a democracia do futuro, que ele expressou sobretudo em seus últimos livros “La Fin des sociétés” (Seuil, 2013) ou “Le Nouveau Siècle politique” (Seuil, 2016), ele constatava que “depois de se terem concebido em termos religiosos, em seguida políticos e depois sociais, as sociedades de hoje têm dificuldade de se identificar a um novo paradigma, confrontadas a um capitalismo cada vez mais especulativo, que pavimenta as pulsões mais antidemocráticas.”
A última vez que o ouvi foi em 2019, numa conferência na Maison de L’Amérique Latine, da qual participaram Fernando Henrique Cardoso e Alain Rouquié, atual presidente da MAL e ex-embaixador da França no Brasil.
No encontro, o mais contundente e pertinente foi Touraine que afirmou:
« Não é preciso ser muito esperto para saber que na América Latina há sempre a mão dos Estados Unidos em alguns momentos históricos »
E vaticinou:
« No século 21 as mulheres serão os principais atores na vida social e política do mundo ocidental. Primeiramente, lutamos pela cidadania, depois pelos direitos dos trabalhadores, agora é o momento de apagar a dominação masculina ».
A entrevista de janeiro de 2004: politica/entrevista-com-alain-touraine-os-muito-ricos-nunca-pagaram-imposto-no-brasil
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Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 15 JUNHO 23
Os riscos da febre maculosa
Embora pouco ou nada se fale aqui no sul sobre febre maculosa, uma doença provocada pela picada de um carrapato que se aloja em grandes mamíferos, principalmente capivaras, ela, volta e meia, provoca mortes no Sudeste do país. Há alguns anos houve vários casos no Rio de Janeiro. Agora, um grupo de pessoas que participaram de um evento em Campinas, São Paulo, foram contaminadas e vieram a óbito. O tema vem sendo objeto de advertências das autoridades sanitárias daquele Estado mas é importante que saibamos mais sobre a doença. Ela pode ser combatida quando corretamente diagnosticada e tratada com antibióticos já em desuso, diante dos novos e potentes atuais. Estes, entretanto, não são adequados ao tratamento da febre maculosa. Simplesmente não funcionam. Faz-se necessário, portanto, protocolos mais específicos para o Sistema de Saúde para evitar novos casos fatais. O carrapato não afeta os animais nos quais se aloja. Eles, entretanto, os dispersam pelos terrenos onde transitam e ali depositam a pequeníssima bactéria, muitos vezes invisíveis a olho nu. Passeando por estes locais, tanto humanos como seus pets podem se contaminar com o carrapato e daí serem submetidos a suas mordidas. Os sintomas da febre maculosa são similares à dengue e viroses: febre alta, manchas no corpo, dores e diarreia. Não tratada, tem uma mortalidade de até 70%. Todo cuidado, portanto, é recomendável em regiões alagadas e pantanosas como as nossas no litoral norte do Estado do RS. O Podcast do grupo Folha Uol trata, hoje, deste assunto.
Feijoada do Rosa: festa onde três contraíram febre maculosa em Campinas tinha 3,5 mil pessoas e acontece há 22 anos - Evento foi realizado na Fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio. Um homem e duas mulheres que estiveram na festa morreram com a doença; Campinas aguarda resultado de exame da adolescente com morte suspeita.
Jornal da EPTV 2ª Edição - Campinas/Piracicaba
Noivo de ex-professora morta com febre maculosa questiona atendimento em Hortolândia
Evelyn está entre as 3 pessoas que contraíram a doença após festa na Fazenda Santa Margarida, em Campinas (SP), no dia 27 de maio.
G1-podcast-risco-brasil-melhora-e-alerta-sobre-febre-maculosa
Café da Manhã Podcast Folha Uol
Podcast explica gravidade do surto de febre maculosa e como prevenir a doença. Doença transmitida por carrapato é causa confirmada de três mortes em São Paulo nesta semana; região de Campinas trata casos como surto
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 14 JUNHO 23
A CPI dos atos golpistas de 8 de janeiro
Ontem, dia 13, começaram os trabalhos da CPI que deverá investigar e apontar responsabilidades sobre o quebra-quebra de 8 de janeiro passado. A relatora desta CPI, Senadora Liziane, já afirmou que aqueles fatos, assistidos por todo o mundo, não se encerra em si mesmo, tem raízes e um processo por trás. Não foi, enfim, uma explosão espontânea de massas indignadas –no caso indignadas com os resultados da eleição que consagrou a vitória de Lula, que já estava até empossado. Houve uma fermentação antidemocrática centrada no Palácio do Planalto e agudizada pelo não reconhecimento do derrotado Bolsonaro, o qual, inclusive, ausentou-se do país, sem agenda oficial, em avião da FAB e com comitiva presidencial, antes desta posse. Isso ensejou, aliás, a histórica e apoteótica subida da rampa do Planalto para a colocação da faixa presidencial em Lula de um grupo representativa de segmentos vulneráveis da população, ganhando primeira página dos jornais nacionais e internacionais. Os milhares que chegaram à Brasília já em dezembro, acomodados e protegidos no Setor Militar Urbano, já vinham de mobilizações visíveis em várias cidades do país. Eram contestadores da ordem legal que dera a vitória a Lula. Por que? Porque defenderam Bolsonaro e estimulados pela narrativa da fraude das urnas eletrônicas saíram às ruas na esperança de que um ato de força pudesse reverter o processo eleitoral. Já no 12 de dezembro, num ensaio de quebra-quebra saíram às ruas desafiando a Policia Federal. As Redes estavam inundadas de convocações à “resistência”, financiadas por grupos e até parlamentares extremistas que se jactam destes feitos, como o deputado golpista de Goiás Amauri Ribeiro. Se o ex Presidente Bolsonaro deve ou não ser responsabilizado por tudo o que aconteceu, seja política, jurídica ou civilmente, cabe a este CPI, `a Polícia Federal e à Justiça avaliar. O Governo Lula evitou o quanto pode a CPI, sempre incerta. Ao final a aceitou como desafio e lá está, através de seus parlamentares, membros da Comissão, tratando-a com cuidado. Não que haja qualquer dúvida de que os atos foram praticados por contestadores da ordem, a serviço da causa bolsonarista, anti democrática e extremista. Mas porque o andamento da carruagem traz complicações, exige explicações sobre narrativas etéreas, exposições constrangedoras ao Governo, como a atitude do Chefe do GSI, General G. Dias, já substituído, mas sobretudo, de confronto com militares. A prisão do Ajudante de Ordens de Bolsonaro e a revelação dos conteúdos de seu celular o conduzem, cada vez mais, â estigmatização e envolvimento de membros das Forças Armadas na tentativa frustrada de golpe. Como diz a jornalista Malu Gaspar do g1, em matéria abaixo transcrita, “Eu acho que isso é interessante de a gente observar até onde foi a degradação do Exército e como os caras se permitiram enredar em tramas que nada tem a ver com o estado de direito, com a função das Forças Armadas, nada disso."
Vá o feito, agora não há mais como escapar do confronto da CPI com os militares. E só Deus sabe no que isso pode resultar. Delicada para o Governo, no entanto, cedo a CPI dos Atos Golpistas, como a denomina Eliane Cantanhede em sua coluna de ontem, cairá no colo de Bolsonaro com a convocação de militares: “Se oficiais e sargentos saem muito mal e apontam para a responsabilidade de Bolsonaro na trama golpista, as mensagens comprovam que o golpe não deu certo porque as Forças Armadas jamais caíram na esparrela de enveredar por esse caminho sem volta. Agora, cada um que se vire. Inclusive, ou principalmente, quem era o comandante em chefe dos golpistas”.
CPI dos Atos Golpistas põe 'lenha na fogueira' porque precisa ouvir militares, o que governo não quer, avalia Malu Gaspar
Para colunista do jornal O Globo e da rádio CBN, momento agora é calma entre governo e militares. CPI deve votar os primeiros pedidos de convocação e convites para depoimento nesta terça-feira (13).
Uma CPI empurrada, entre governo e oposição, com cada um querendo manobrar para o seu lado. Assim avalia Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN, sobre o desenrolar da CPI dos Atos Golpistas, instalada a contragosto do governo.
"O que fica evidente para quem está assistindo é que embora os atos golpistas de 8 de Janeiro tenham sido claramente fomentados por bolsonaristas, é o governo que parece acuado", disse Malu em entrevista ao podcast O Assunto desta terça-feira (13).
Para ela, há, ainda, um "outro complicador", nas suas palavras, que entra em cena no momento em que a situação entre militares, que estiveram em peso no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, e a atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece "acalmar".
"Nessa CPI tem ainda um outro complicador, que é uma CPI que, se ela quiser de fato avançar, ela tem que ouvir e, muito possivelmente, indiciar militares, generais."
"É uma coisa muito séria que o governo Lula queria evitar desde o início, [evitar] colocar mais lenha na fogueira desse tumulto militar agora que tá conseguindo acalmar a situação", complementa.
A CPI dos Atos Golpistas deve votar os primeiros pedidos de convocação e convites para depoimento nesta terça-feira (13). Também está prevista a análise de requerimentos para compartilhar informações sobre os ataques do dia 8 de Janeiro.
A comentarista também falou ao podcast sobre como a perícia no celular de Mauro Cid, tenente-coronel, filho de general e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pode interferir na CPI. No início de junho, a Polícia Federal encontrou a minuta de uma operação de garantia da lei e da ordem e menção a estado de defesa no celular de Cid.
"Eu acho que isso é interessante de a gente observar até onde foi a degradação do Exército e como os caras se permitiram enredar em tramas que nada tem a ver com o estado de direito, com a função das Forças Armadas, nada disso."
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Álvaro Costa e Silva - O golpista vaidoso – FSP
GilvanMelo-costa-e-silva...
Enquanto isso, a CPI do 8 de Janeiro está em banho-maria
O celular de Mauro Cid continua entregando a rapadura. Depois do desvio de dinheiro, das investidas antidemocráticas no 7 de setembro de 2021 e no 8 de janeiro de 2023 e da fraude no sistema de vacinação, a Polícia Federal encontrou no aparelho do ajudante de ordens de Bolsonaro uma minuta golpista e estudos para dar suporte jurídico a um golpe de Estado.
A perícia na nuvem do Google Drive e do iCloud do tenente-coronel identificou um esboço para decretação da Garantia da Lei e da Ordem, que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em caso de esgotamento das tropas de segurança em graves perturbações. Exatamente o que se viu na invasão das sedes dos Três Poderes. A instalação da GLO, segundo investigações da PF, poderia facilitar a decretação da minuta golpista –mais uma! – escondida na casa de Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro.
Enquanto o rastreio dos federais avança, os trabalhos da CPI do 8 de Janeiro estão em banho-maria. "Eu não conheço nenhuma razão para convocar o ex-presidente da República", disse Arthur Maia, que preside a comissão, em entrevista à Folha. Eleitor de Bolsonaro e aliado de Arthur Lira, Maia parece mais empenhado em aprovar o marco temporal com o argumento de que quem defende reservas indígenas quer "implantar o socialismo" no país.
Na mira da CPI estão o atual ministro da Justiça, Flávio Dino, e o ex, Anderson Torres, que pediu para adiar a oitiva por não ter condições psicológicas. Quem está louco por uma convocação é o deputado Amauri Ribeiro. Ele discursou na Assembleia de Goiás em defesa do coronel da PM Benito Franco, investigado pela Operação Lesa Pátria: "Pode me prender, eu sou um terrorista, eu sou um canalha. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro".
É de conhecimento geral que nos últimos anos o Brasil perdeu o pudor de ser burro. Subimos um degrau e agora temos o golpista presunçoso.
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Eliane Cantanhêde - A trama golpista = ESP 8 junho 23
Eliane-cantanhede...
Quem terá prioridade nos depoimentos na CPI do Golpe? Mauro Cid e Anderson Torres
A CPMI do Golpe começa a definir hoje quais serão os primeiros depoentes e a oposição bolsonarista terá ainda mais motivos para se arrepender de ter insistido tanto nessa comissão para investigar, divulgar e mostrar ao Brasil e ao mundo quem tentou dar um golpe no dia 8 de janeiro. Alguma dúvida? Zero.
Os dois mais cotados para abrir os trabalhos são o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel da ativa Mauro Cid. Ambos foram presos, sabem de tudo e são o que se chama de “batom na cueca” de Bolsonaro.
Não é trivial um ex-ministro justamente da Justiça guardar em casa uma minuta de golpe, prevendo o fechamento do TSE e a criação de comissão interventora, metade civil, metade militar. E menos ainda um oficial da ativa, com gabinete no Planalto, guardar no celular uma minuta para pôr o Exército nas ruas.
São movimentos combinados: fecha o TSE, cria uma comissão interventora, impede a posse de Lula, vitorioso nas urnas, e convoca Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para pôr o Exército e, quem sabe, os tanques, na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios, para sufocar reações populares e “manter a ordem”, com Bolsonaro eternizado no poder.
O enredo tem como epicentro o próprio gabinete presidencial. Torres saiu da Justiça e se meteu na Secretaria de Segurança Pública do DF, responsável pela segurança das sedes dos três Poderes. Foi dali que ele desarticulou qualquer possibilidade de reação aos terroristas que invadiriam Planalto, Congresso e Supremo e embarcou para a Flórida, onde Bolsonaro estava.
Mauro Cid, que tinha sido destacado por Bolsonaro para o comando do Batalhão de Ações e Comando, em Goiânia, perto de Brasília, até Lula assumir e sustar a nomeação, foi mentor e executor da falsificação de atestados de vacina contra Covid de Bolsonaro e da filha e comprova que a quadrilha das vacinas se embolava com a do golpe.
O ex-capitão Ailton Barros, expulso do Exército, o sargento Luís Marcos dos Reis, unha e carne com Mauro Cid no Planalto, e o coronel Élcio Franco, do Ministério da Saúde durante a pandemia, se sentiam à vontade para trocar mensagens sobre o golpe com o ajudante de ordens de Bolsonaro.
Se oficiais e sargentos saem muito mal e apontam para a responsabilidade de Bolsonaro na trama golpista, as mensagens comprovam que o golpe não deu certo porque as Forças Armadas jamais caíram na esparrela de enveredar por esse caminho sem volta. Agora, cada um que se vire. Inclusive, ou principalmente, quem era o comandante em chefe dos golpistas
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Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 12 JUNHO 23
A Reforma Tributária
A Reforma Tributária constitui um dos principais pontos da Agenda Econômica do Presidente Lula e está em fase final de avaliação pelo Congresso Nacional. O tema é visto como de primordial importância para a racionalização do complexo sistema tributário no Brasil e indispensável à retomada do crescimento econômico. Aliás, as últimas previsões sobre o PIB neste ano, tanto do Governo, Banco Central e Mercado já estimam um número próximo a 2¨%, o dobro do que se previa no início do ano. Com o impulso nos próximos meses à retomada do setor automobilístico, mercê do Plano de Descontos seletivos nos impostos sobre carros até 120 mil, ônibus e caminhões pode, até, ultrapassar este número, o que seria um grande êxito para este difícil primeiro ano de Lula III. Abaixo, uma descrição do Projeto, por Caíque Lima e uma crítica da economista Ceci Juruá.
Fusão de impostos, mudança no IPVA e cashback: veja as diretrizes da reforma tributária –
Por Caíque Lima - publicação do DCM 08-06-2023
O relator da reforma tributária na Câmara dos Deputados, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresentou nesta terça (6) as linhas gerais de sua proposta. O texto traz temas que são consenso entre parlamentares, mas a criação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) ainda depende de novas conversas com as bancadas.
“Essa não é uma reforma de governo. Não é uma reforma ideológica. Não é reforma de direita, não é reforma de esquerda, é uma reforma estrutural do Estado brasileiro”, afirmou o deputado ao iniciar a leitura do relatório. Ele ainda elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e disse que o petista “tem real dimensão da importância de uma reforma tributária para o país”.
Um dos pilares do relatório é a fusão de PIS, Cofins e IPI (tributos federais), ICMS (estadual) e ISS (municipal) em um IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que será chamado de IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), caso haja aprovação do texto. O sistema ainda terá uma parcela da alíquota administrada pelo governo federal e outra, por estados e municípios.
O documento propõe a criação de um Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR), já que estados e municípios não poderão mais definir sozinhos suas alíquotas. A ideia é que o fundo assegure a existência de instrumentos de incentivo à atividade econômica. O relatório sugere que o FDR seja financiado “primordialmente” por recursos da União e que o repasse anual seja classificado como despesa obrigatória, fora do limite instituído pelo novo arcabouço fiscal.
Um dos pontos que mais travava as negociações sobre o texto, a Zona Franca de Manaus, também foi tratado. O relatório propõe que os benefícios sejam mantidos. O polo industrial prevê isenção ou redução do imposto sobre importação e isenção ou crédito do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
O Simples Nacional, usado para recolher tributos de micro e pequenas empresas, será mantido, mas deixará que as companhias tenham maior flexibilidade por aderir ou não ao novo sistema. Com o IVA, o recolhimento dos impostos é feito sobre o preço da mercadora, descontados os custos de produção.
O relatório também propõe mudanças sobre a tributação de renda e patrimônio. Uma das recomendações do texto é estender o IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores) para iates, lanchas e jatos particulares. Outra alteração prevista é a possibilidade de o tributo ser progressivo a depender do impacto ambiental do veículo.
Entre outras diretrizes da reforma estão adoção de alíquota padrão, com possibilidade de valores reduzidos para saúde, educação, transporte público, aviação regional e produção rural; tratamento específico para operações com bens imóveis, serviços financeiros, seguros, cooperativas, combustíveis e lubrificantes; Imposto Seletivo para desestimular consumo de bens e serviços considerados nocivos; e sistema de cashback para devolver parte dos impostos a pessoas mais vulneráveis.
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Comentário da ECON. Ceci V. Juruá, RJ - Escuto muito YouTube, leio e tenho vários grupos com os quais me correspondo. Todos a favor de Lula, embora não petistas (como eu), e a favor da equipe comandada por Haddad (meu caso). Estou desagradavelmente impressionada com os debates da área tributária. Segundo leitura de jornais, parece que esse/nosso governo aderiu a um modelo de tributação tipicamente neoliberal, do estilo norte-americano. Por isto resolvi começar a (re)organizar as ideias nesse terreno, que estudo há meio século.
A primeira pergunta que me faço é: PARA QUE SERVEM IMPOSTOS EM SOCIEDADES CAPITALISTAS E NEOLIBERAIS?
1- Servem para financiar os gastos necessários do Estado.
Assumindo que preservar soberania e paz social são as primeiras obrigações do Governo, digo que os gastos necessários a todo Estado capitalista, são a defesa das fronteiras e a garantia de paz social. Isto significa priorizar forças armadas e polícia interior. Mas também um aparelho estatal (funcionários concursados) que garanta o bom funcionamento dos órgãos estatais vistos como essenciais, pela sociedade. O presidente anterior quis atacar nessas duas frentes, vejam as reformas que ele introduziu.
2- Relações entre Estado e sociedade civil são relações políticas, de poder. Portanto irão depender da correlação de forças e da ideologia predominante.
O Estado, nesse modelo de sociedade, não pode combater o capitalista e as forças do mercado. A não ser que haja forte corrente social combatendo o próprio capitalismo. Não é o caso do Brasil. Amplos setores da esquerda, entre nós, preferem combater a escravidão (que acabou há mais de 130 anos) e não combatem outros inimigos poderosos (o imperialismo ocidental e o capitalismo norte americano e europeu, proprietários de nossos principais ativos produtivos, na atualidade).
3- Necessário estabelecer a diferença entre impostos sobre setores do mercado nacional, e impostos sobre comércio exterior.
Destaco essa questão para manifestar minha crença derivada da observação histórica. Um país soberano não exporta commodities vinculadas à alimentação, enquanto seu povo tiver fome. Exportação deve dirigir-se, prioritariamente, à venda de excedentes no mercado exterior. Salvo uma ou outra "especialidades" constituídas como commodities - caso do café, da borracha -. É um grave erro exportar cereais como arroz e feijão, comida básica do brasileiro há séculos, e carnes, enquanto o povo não tem o mínimo necessário para se alimentar.
No momento corremos um grave risco, alimentado pelos "tubarões" do exterior, sobretudo dos países imperialistas ocidentais. Exportar principalmente commodities, de produtos para alimentação básica, exportar esses produtos a preços vis para os países ricos - América do Norte e Europa ocidental e setentrional, e exportar com isenção de impostos, impostos necessários à sustentação financeira do nosso Estado nacional. GRANDE ERRO. Getúlio fez o contrário. Mas também o Império no século 19, em várias ocasiões.
Nossa Constituição de 1988 - proibiu conceder isenção tributária para produtos do setor primário e semi-industrializados. Incentivos dessa categoria só poderiam ser concedidos a produtos industrializados. Porque já éramos uma nação de economia industrializada (graças à dupla GG) e queríamos defender a industrialização via comércio exterior, isto é, ampliando os mercados para produtos da indústria nacional.
A LEI KANDIR ABORTOU ESTA VONTADE NACIONAL. UMA LEI QUASE CRIMINOSA, INTRODUZIDA SORRATEIRAMENTE EM EMENDAS CONSTITUCIONAIS NÃO LEVADAS AO DEBATE PÚBLICO. O presidente do Brasil, naqueles tempos em que rasgaram totalmente a Constituição Cidadã, encontra-se hoje condenado a anos de prisão...
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Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 09 JUNHO 23
O MARCO TEMPORAL E OS POVOS ORIGINÁRIOS DO BRASIL
Raquel Dodge explica o absurdo do Marco Temporal
Raquel Dodge - Marco Temporal
CULTURAL FM no CAMPO BONITO cobre reunião de comunidade indígena
Cultural FM - na Aldeia Nhu Porã
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Nossas elites copiam vorazmente o modelito americano. Um povo que saiu da barbárie e entrou na decadência sem passar pela civilização, como dizia Bernard Shaw. “Viva o arranha-céu! Viva o automóvel! Viva o agrobusiness! Isso é progresso!”
Hoje visitei a comunidade indígena do CAMPO BONITO. Lá, uma comunidade fraterna, reunida debaixo das árvores, está preocupada com o MARCO TEMPORÁL. Se isso for efetivado pelo SENADO eles poderão perder a morada. Quem se interessa por eles...? E eles estavam aqui muito antes dos colonizadores, imigrantes e cruéis bandeirantes. Milhares de anos. Mas não tinham TITULO DE PROPRIEDADE. Não tinham Cartórios. Não dominavam o AÇO. Não tinham canhões.
Em outros tempos, um valoroso oficial do Exército Brasileiro, filho de índia, CÂNDIDO RONDON, um dos militares que participaram do funeral do funesto Império Escravocrata que fez do Brasil um dos lugares mais odiosos do mundo, foi encarregado de fixar as linha telegráficas pelo interior remoto do Brasil. A República florescia. Neste processo, defrontou-se com muitas populações indígenas e acabou formulando a frase lapidar que marcou historicamente a Política Indigenista brasileira: “Morrer se for preciso; matar nuca”. Ainda assim, o progresso dito civilizatório continuou deslocando e matando povos originários. Muitos deles se embrenharam na mata, no interior da Amazônia, de medo do branco. Perderam seus territórios. No regime militar isso se acentuou ainda mais mas a redemocratização, com a Constituinte lhes garantiu o retorno e novas garantias. O Marco Temporal aprovado pela CAMARA DOS DEPUTADOS coloca estas conquistas em cheque. Eles estão mobilizados em sua defesa mas não são suficientes para manter estas garantias, honrando o Marechal Rondon e uma sequência de sertanistas que deram a vida na FUNAI em defesa deles. O último foi Bruno, assassinado no Vale do Javari, junto com um jornalista inglês. E é sempre assim: Primeiro eles levam o cara de esquina e v. não diz nada porque nem sabe o nome dele. Depois, eles levam o seu vizinho com quem v. conversava aos fins de tarde. E o dia em que vierem buscá-lo, a quem recorrer...? Defendamos os nossos índios sob o primado da Lei e da Constituição. Unidos venceremos! E estaremos livres da escravidão aos preconceitos. Há, contudo, sinais de que estamos podemos estar criando filhos para serem escravos: 12 sinais de que estamos criando filhos para serem novos escravos: https://www.portalraizes.com/filho-em-escravo/
Qual e a principal lei que garante os direitos indígenas no Brasil?
L6001. LEI Nº 6.001, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1973. Dispõe sobre o Estatuto do Índio. Art. 1º Esta Lei regula a situação jurídica dos índios ou silvícolas e das comunidades indígenas, com o propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional- L6001 – Planalto - planalto.gov.br - http://www.planalto.gov.br
Quem defende os direitos dos povos indígenas?
A Constituição prevê que a responsabilidade de defender judicialmente os direitos indígenas é atribuição do Ministério Público Federal (Art. 129, V). Já a competência de legislar sobre populações indígenas é exclusiva da União (Art. 22.19 de abr. de 2017
O que diz a Lei sobre os indígenas?
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Os povos originários no mundo
1 - Existem cerca de 370 a 500 milhões de indígenas no mundo, espalhados por 90 países. Eles vivem em todas as regiões geográficas e representam 5 mil culturas diferentes.
2 - Povos indígenas criaram e falam uma grande maioria das 7 mil línguas mundiais.
3 - Indígenas têm maior probabilidade de serem pobres e vulneráveis. Apesar de serem menos de 5% da população mundial, representam 15% dos mais pobres.
4 - Povos indígenas vivem vidas mais curtas. A expectativa de vida dos povos indígenas é até 20 anos menor do que outras pessoas.
5 - Mulheres indígenas têm maior probabilidade de sofrer discriminação e violência. Mais de uma em cada três são agredidas sexualmente durante a sua vida, e também têm taxas mais altas de mortalidade materna, gravidez na adolescência e doenças sexualmente transmissíveis.
6 - Os Jogos dos Povos Indígenas do mundo unem atletas para celebrar tradições indígenas. Atletas de 566 comunidades aborígenes de todo o mundo participaram da primeira edição, realizados em 2015 no Brasil.
7 - Comunidades indígenas são líderes na proteção do meio ambiente. Quase 70 milhões de mulheres e homens indígenas dependem das florestas para sua subsistência, e muitos mais são agricultores, caçadores ou pastores.
8 - Os povos indígenas lutam contra a mudança climática todos os dias. As suas florestas armazenam pelo menos um quarto de todo o carbono das florestas tropicais, cerca de 55 trilhões de toneladas métricas. Isso equivale a quatro vezes o total de emissões globais de carbono em 2014.
9 - Povos indígenas são fundamentais para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Desde proteger o meio ambiente, a combater a desigualdade e lutar pela paz e a segurança, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável não serão alcançados sem povos indígenas.
10 - A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, adotada em 2007, é um marco. Pnud.0
Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos ... - acnur.org - https://www.acnur.org › português › BDL › De...
PDF sobre os Direitos dos Povos. Indígenas. NAÇÕES UNIDAS. Rio de Janeiro, 2008. UNIC/ Rio/ 023 - Mar. 2008. 107ª Sessão Plenária. 13 de setembro de 2007 ...- 12 páginas
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Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 07 JUNHO 23
Plataformas Tecnológicas: Meios de Comunicação ou Veículos de Comunicação?
A Internet, associada a disseminação do uso dos celulares, revolucionou a comunicação social no mundo inteiro. Plataformas tecnológicas como Google, Twitter, Instagram, Face Book e outras têm bilhões de usuários e disputam entre si este mercado. O Brasil tem 424 milhões de dispositivos digitais em uso e 252 milhões de celulares.
“A pesquisa aponta que hoje vende-se quatro celulares por televisão, uma televisão por computador, tanto no Brasil, Estados Unidos e no mundo. “Através dos resultados divulgados, podemos observar que está cada vez mais comprovado o processo de Transformação Digital das empresas e da sociedade.”
Brasil tem 424 milhões de dispositivos digitais em uso, …
Para conhecer melhor este novo mundo digitalizado, basta uma rápida olhada nestes números:
Ícone da Web global = Digital 2021: estatísticas e números no Brasil | Insights pagbrasil.com
Ícone da Web global = Panorama do Uso de TI no Brasil - 2022 | Portal FGV
portal.fgv.br - Ícone da Web global
Retrospectiva 2021: Brasil tem dois dispositivos digitais = portal.fgv.br
Ícone da Web global = Brasil é 5º país em ranking de uso diário de celulares no mun…
agenciabrasil.ebc.com.br = Ícone da Web global
92% dos brasileiros possuem ou usam smartphones com frequência - mobiletime.com.br
Tratando-se de um fenômeno relativamente novo, ainda não há um consenso sobre a natureza das plataformas tecnológicas que se apoiam sobre este universo. No Brasil, recentemente, no processo eleitoral do ano passado, o Judiciário, através do TSE interveio sobre as plataformas para evitar a disseminação de fake news. O Congresso Nacional também se debruçou sobre Projeto que pretendia regulamentá-los. As plataformas se pronunciaram emitindo Notas a seus clientes e postando=as em mensagem considerando-se vítimas de tentativa de censura. Resistem, enfim, a qualquer tentativa de controle público e insistem em se apresentar à sociedade como meios de comunicação, sobre os quais deve reinar a liberdade de expressão. A regulamentação, entretanto, avança nos países democráticos e os considera, cada vez mais, como empresas de veiculação de propaganda, não de notícias, pois não dispõem das tradicionais instrumentos de produção e divulgação de notícias. Apenas as reproduzem. O assunto ganha cada vez mais debates e tende a voltar, no Brasil, a consideração legislativa no Congresso Nacional.
Um exemplo de que tais plataformas são veículos de propaganda e não de notícias vem ocorrendo com o Twitter desde que o milionário autoritário Elom Musk assumiu seu controle acionário prometendo liberar geral seu conteúdo. O resultado foi desastroso à empresa e Musk já entregou seu comando para evitar um desastre empresarias. Veja-se, por exemplo, na matéria abaixo, o que vem ocorrendo com a Twitter:
Efeito Musk: receita de publicidade do Twitter despenca 59% em um ano 5 de junho de 2023, 14:15 =Fonte Tecnologia
Cada vez mais caracterizado, que essas empresas são de comunicação e os usuários seus instrumentos. Vide: https://portalmatogrosso.com.br/efeito-musk-receita-de-publicidade-do-twitter-despenca-59-em-um-ano/
UNSPLASH/JEREMY BEZANGER Twitter perde receita em publicidade
A receita do Twitter adquirida com publicidade foi de US$ 88 milhões em abril, 59% a menos do que no mesmo período do ano passado, de acordo com um comunicado interno da empresa obtido pelo jornal The New York Times.
Embora Elon Musk venha afirmando que os negócios de publicidade do Twitter estão em alta e que quase todos os anunciantes já voltaram para a rede social, a realidade é diferente. Funcionários da empresa ouvidos pelo New York Times afirmam que há previsão de que a situação piore.
De acordo com cálculos internos, o Twitter espera que a receita publicitária nos Estados Unidos caia pelo menos 56% a cada semana em junho, em comparação com o ano anterior. Cerca de 90% da receita do Twitter depende de publicidade.
Desde que Musk assumiu o controle do Twitter, em outubro do ano passado, muitos anunciantes deixaram a plataforma por conta do aumento de publicações com discurso de ódio e pornografia. Isso porque o bilionário afrouxou a moderação de conteúdo na rede social e trouxe de volta contas que já tinham sido banidas por desinformação e discurso de ódio, o que não agradou as empresas que compravam publicidade no Twitter.
Na última semana, a gestora de fundos Fidelity avaliou o Twitter em US$ 15 bilhões, cerca de um terço dos US$ 44 bilhões que Musk pagou na companhia. Ao New York Times, Jason Kint, executivo-chefe da Digital Content Next, uma associação de editores, disse que a empresa está cada vez mais “imprevisível e caótico”.
“Os anunciantes querem veicular em um ambiente onde se sintam confortáveis e possam enviar um sinal sobre sua marca”, disse.
De acordo com funcionários do Twitter, marcas como Apple, Amazon e Disney estão gastando menos em anúncios na plataforma do que no ano passado. Grande parte das metas de anúncios perseguidas pelos funcionários não são preenchidas.
Em meio aos resultados negativos, importantes nomes têm deixado a plataforma. Na última semana, Ella Irwin, executiva responsável pela política de conteúdo do Twitter, se demitiu, assim como AJ Brown, executivo de qualidade e segurança e marcas.
Leia também - Nova CEO do Twitter diz se inspirar na ‘visão de futuro’ de Elon Musk// Musk defende que inteligência artificial vai trazer paz mundial// Instagram se prepara para lançar concorrente do Twitter; confira
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Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 06 JUNHO 23
Os Programas de Governo no Dia Mundial do Meio Ambiente
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Plano de Marina apresentado a Lula para o Meio Ambiente prevê interdição de metade da área desmatada em reservas na Amazônia. Plano para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, divulgado nesta segunda, também projeta a criação até 2027 de novas unidades de conservação em 3 milhões de hectares.
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Ao lado de Marina Silva e Sônia Guajajara, o Presidente Lula fez um duro pronunciamento ontem, DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE, em defesa da Amazônia, divulgando um amplo programa que deterá o desmatamento e advertiu os infratores ambientais de que além dos rigores da Lei não serão beneficiados com crédito público. O Plano anunciado abrange quatro pontos: controle ambiental, ordenamento fundiário e territorial, promoção de atividades produtivas sustentáveis e criação de instrumentos normativos e econômicos, dirigidos à redução do desmatamento e à concretização das ações dos demais eixos. “O plano traz mais de 130 metas para serem alcançadas até 2027, algumas com indicadores bem específicos, como fiscalizar 30% da área desmatada ilegalmente identificada pelo sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – hoje estima-se que apenas 6% do que foi desmatada passa por fiscalização. A ideia é fazer cinco vezes mais do que vinha sendo feito. Outras metas são embargar 50% da área desmatada ilegalmente em unidades de conservação federais e aumentar em 10% o número de autos de infração ambiental julgados em primeira instância” conforme a Agência Pública que fez a melhor e mais completa cobertura do evento, que transcrevemos abaixo:
EM DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE, LULA E MARINA LANÇAM UM PLANO QUE MERECE ELOGIOS -https://apublica.org.
5a. Fase do PPCDAm, o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal.
Compartilhem, amigos-as, vamos colaborar divulgando e procurando fiscalizar coletivamente.
Olá! O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, lançaram nesta segunda-feira (5) – Dia Mundial do Meio Ambiente – plano com caminhos para zerar desmatamento da Amazônia até 2030. Atenciosamente, Equipe da Agência Pública - https://apublica.org.
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Atenção para as regras de republicação da Agência Pública:
1. As reportagens da Agência Pública podem ter os títulos e intertítulos alterados para adequar o conteúdo ao estilo do veículo. O conteúdo não pode ser cortado, reduzido ou editado e nem retirado do contexto.
2. Todas as republicações devem trazer o nome da Pública e do autor com destaque, na parte superior do textos – mesmo aqueles que editamos de parceiros internacionais. Neste caso, também deve constar o nome do autor e do parceiro internacional.
3. As reportagens devem trazer ao lado da assinatura o selo de republicação da Agência Pública. Baixe aqui: https://apublica.org/wp-content/uploads/2019/08/selonovo.png.
4. Todas as histórias devem trazer o link https://apublica.org. Os tweets sobre as reportagens republicadas devem conter a menção: @agenciapublica e as menções no Facebook devem marcar nossa página: https://facebook.com/agenciapublica
5. Fotos só podem ser republicadas junto com as reportagens, e com os devidos créditos.
6. Vídeos podem ser reutilizados, desde que na íntegra, com os devidos créditos e link para nosso site.
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9. Reportagens publicadas no site não podem ser revendidas.
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Lula e Marina lançam plano com caminhos para zerar desmatamento da Amazônia até 2030
ACESSE O PLANO AQUI
Fonte: Agência Pública - https://apublica.org.
Resumo: Foco das ações até 2027 visa incentivar bioeconomia e aprimorar controle da devastação e responsabilização dos crimes
Por Giovana Girardi
Após duas semanas de intensos ataques por parte do Congresso à área socioambiental do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, lançaram nesta segunda-feira (5) – Dia Mundial do Meio Ambiente – o principal instrumento para colocar nos trilhos a meta de zerar o desmatamento da Amazônia até 2030.
Em cerimônia conjunta, que contou com a presença no palco também do vice-presidente Geraldo Alckmin (ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Fernando Haddad (Fazenda) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e dos governadores Helder Barbalho (Pará) e Antônio Denarium (Roraima), foi assinada a quinta fase do PPCDAm, o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal.
Considerado fundamental para a queda de 83% no desmatamento obtida na região entre 2004 e 2012 – e abandonado durante o governo Bolsonaro –, o plano volta agora repaginado e com a expectativa ambiciosa de pôr fim ao problema ao longo da década.
Lula e Marina durante cerimônia de lançamento do novo PPCDAM
A nova versão busca retomar e reforçar ações que deram certo no passado, aprimorar as que não foram bem sucedidas, mas também vai além com estratégias que visam adaptar os instrumentos existentes para o contexto atual do desmatamento.
O plano traz mais de 130 metas para serem alcançadas até 2027, algumas com indicadores bem específicos, como fiscalizar 30% da área desmatada ilegalmente identificada pelo sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – hoje estima-se que apenas 6% do que foi desmatada passa por fiscalização. A ideia é fazer cinco vezes mais do que vinha sendo feito.
Outras metas são embargar 50% da área desmatada ilegalmente em unidades de conservação federais e aumentar em 10% o número de autos de infração ambiental julgados em primeira instância. Todas já para este ano. Para o ano que vem, espera-se desenvolver um mecanismo para aprimoramento da rastreabilidade dos produtos agropecuários. Há a previsão também de suspender/cancelar 100% dos registros irregulares de CAR (Cadastro Ambiental Rural) sobrepostos a terras públicas federais até 2027.
O problema da regularização fundiária, considerado hoje um dos vetores de desmatamento, também deve ser atacado. O PPCDAm prevê incorporar 100% das terras devolutas ao patrimônio da União; fazer a regularização fundiária de 50 mil ocupantes de terras públicas; destinar 29,5 milhões de hectares de florestas públicas federais ainda não destinadas e criar 3 milhões de hectares de unidades de conservação.
Dentro desse bloco de ações, há uma preocupação em alinhar o planejamento dos grandes empreendimentos e projetos de infraestrutura com as metas nacionais de redução do desmatamento, de modo que eles também sejam planejados para reduzir o desmatamento e a emissão de gases de efeito estufa decorrentes da mudança no uso do solo em suas áreas de influência.
A ideia do programa é atuar em quatro principais frentes. Os exemplos dos dois parágrafos acima se situam nos eixos de monitoramento e controle ambiental e de ordenamento fundiário e territorial. Os outros dois são em torno de promover atividades produtivas sustentáveis e criar instrumentos normativos e econômicos, dirigidos à redução do desmatamento e à concretização das ações dos demais eixos. Tudo isso até o fim de 2027 (período que coincide com o Plano Plurianual de planejamento orçamentário que será implementado pelo governo entre 2024 e 2027).
Em 2004, o PPCDAm possibilitou pela primeira vez uma queda gradual na devastação da Amazônia
A intenção principal do PPCDAM é “estabelecer bases sólidas para alcançar o desmatamento zero até 2030”, a partir de 12 objetivos, que passam por, entre outros tópicos: garantir a responsabilização pelos crimes e infrações administrativas ambientais ligados ao desmatamento e degradação florestal; aprimorar a capacidade de monitoramento do desmatamento, incêndios, degradação das cadeias produtivas; avançar na regularização ambiental com o aprimoramento do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural; garantir a destinação e a proteção das terras públicas não destinadas; e criar, aperfeiçoar e implementar instrumentos normativos e econômicos para controle do desmatamento.
Há uma preocupação maior, desta vez, em conseguir impulsionar a bioeconomia, trazendo alternativas econômicas de desenvolvimento sustentável para a região a fim de trazer valor para a floresta em pé.
Esse era um eixo do PPCDAm desde sua primeira fase, em 2004, mas foi o que menos se desenvolveu. Muito se avançou na primeira década do plano nos mecanismos de comando e controle, que de fato promoveram a redução da devastação, mas não foram oferecidas saídas de desenvolvimento, o que foi avaliado como uma das dificuldades para continuar contendo o avanço da motosserra.
Agora há uma série de objetivos e metas com esse intuito, como, por exemplo, elaborar o Plano Nacional de Bioeconomia, criar o “Selo Amazônia” para certificação de produtos da bioeconomia e instituir projetos de ecoturismo. Um dos focos é promover o manejo florestal sustentável e a recuperação e restauração de áreas desmatadas ou degradadas. Para isso está previsto ampliar a área de floresta pública federal sob concessão florestal em até 5 milhões de hectares, incluindo a restauração florestal e silvicultura de espécies nativas.
Da origem bem-sucedida ao abandono
Criado originalmente em 2004, no primeiro mandato de Lula, quando Marina também estava à frente do Ministério do Meio Ambiente, o PPCDAm possibilitou pela primeira vez uma queda gradual e consistente na devastação da Amazônia. A taxa anual saiu de 27.772 km2 em 2004 (a segunda maior do registro histórico) para 4.571 km2 em 2012 (a menor desde o início do monitoramento do sistema Prodes, do Inpe).
Nos anos seguintes, porém, a taxa começou a oscilar para cima, retomando uma trajetória de alta nos últimos quatro anos, sob o governo Bolsonaro. Entre 2018 e 2022, o desmatamento subiu 54%. Em 2021, chegou ao pico de 13 mil km2, o maior nível desde 2006.
O plano original teve como um dos méritos, segundo especialistas, ter sido interministerial – e não somente um esforço da área ambiental do governo. Essa configuração, que refletia em força política das ações, se perdeu com o passar dos anos, especialmente a partir do segundo governo Dilma, e chegou a ser apontada como um dos motivos para que, depois de 2013, o desmatamento retomasse uma trajetória de alta.
Agora essa formulação está de volta. A comissão que aprovou o novo plano foi composta por 19 ministérios, reforçando o aspecto transversal defendido por Marina e endossado por Lula. O plano, inclusive, traz metas específicas para todos os órgãos e ministérios envolvidos, como a própria Casa Civil, que faz a coordenação política do plano. Tem papel fundamental nessa integração as pastas da Fazenda, da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário, de Minas e Energia, da Justiça, da Ciência e Tecnologia, só para citar alguns.
“A nova fase resgata o espírito original do PPCDAM de ter ações que transcendem a lógica exclusiva de criar unidade de conservação e fazer o monitoramento e a fiscalização, mas com várias novidades”, disse à Agência Pública o secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do MMA, André Lima.
“Estamos focando no uso de tecnologias para fiscalização, priorizando embargos remotos, para aumentar o alcance do que hoje se faz, aumentando significativamente as sanções. Alguns ministérios estão entrando com mais disposição. A Fazenda, por exemplo, está com muito interesse. O próximo Plano Safra (de financiamento do agropecuária) deve vir com novidades importantes, de trazer constrangimento de dar crédito para quem está ilegal. E agora vamos avançar no que não se conseguia nas fases anteriores, que é a agenda positiva”, explica o secretário.
Lima, que responde no ministério justamente pela operacionalização do plano, destacou que toda a operação vai ter como base um tripé para se alcançar o desmatamento zero: eliminar o desmatamento ilegal, criar incentivos econômicos para evitar mesmo a supressão de vegetação passível pela lei e promover atividades de restauração como forma de compensar as áreas que forem inevitáveis de serem abertas.
A situação atual, lembra ele, traz outros níveis de dificuldade em relação à enfrentada há quase 20 anos. Apesar de naquela época as taxas de desmatamento serem muito mais altas que as atuais, hoje o aumento da violência e as pressões político-econômicas apresentam novos desafios.
O documento faz um diagnóstico do que se tem a enfrentar, como a interiorização do desmatamento, com invasão de terras públicas; a reconcentração do desmatamento em grandes áreas; a redução da capacidade da governança em áreas protegidas e assentamentos; a persistência do desmatamento ilegal nas cadeias produtivas e o aumento da degradação florestal.
“A fronteira do desmatamento subiu. Não é só mais o arco do desmatamento. A soja e a pecuária estão subindo”, afirma Lima. Em 2004, o desmatamento se concentrava principalmente no sudeste do Pará, no eixo da rodovia BR-163 no estado de Mato Grosso e em Rondônia. Agora avança para o interior da Amazônia, pelos estados do Pará, Acre e Amazonas, em especial ao longo das rodovias federais BR-163, a BR-230, a BR-319 e a BR-364.
“Merece destaque em relação à alteração da dinâmica de ocupação de áreas de floresta nativa ocorrida nos últimos anos é a associação entre o desmatamento, a intensificação dos conflitos pela posse da terra e a violência, potencializados pela presença cada vez mais proeminente do crime organizado associado ao tráfico de drogas na Amazônia e seu papel de domínio no território”, aponta o documento.
O lançamento do PPCDAm coincide com a data de um ano do assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, no Vale do Javari, no oeste do Amazonas, fato lembrando logo na abertura do evento. As viúvas dos dois, Alessandra Sampaio e Beatriz de Almeida Matos, e Maria Luiza Araújo Pereira, filha de Bruno, estavam na primeira fila da cerimônia.
Créditos de imagens Reprodução: TV Brasil
Vinícius Mendonça/Ibama - Bruno Fonseca/Agência Pública
*Esta reportagem faz parte do especial Emergência Climática, que investiga as violações socioambientais decorrentes das atividades emissoras de carbono – da pecuária à geração de energia. A cobertura completa está no site do projeto.
Reportagem originalmente publicada na Agência Pública
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 05 JUNHO 23
A Guerra aos olhos de Erico Veríssimo
China diz que busca diálogo e que confronto com EUA seria 'desastre insustentável'
'É inegável que um conflito ou confronto severo entre a China e os EUA será um desastre insuportável para o mundo', afirmou o ministro de Defesa da China, Li Shangfu.
A Guerra na Ucrânia está muito distante do Brasil. Tornou-se, certamente, mais próxima depois que o Presidente Lula, logo de sua posse, começou a falar sobre o assunto, aliás, com certa independência, gerando forte reação da Mídia, dos aliados ocidentais aos Estados Unidos e grande parte dos políticos de Oposição, hoje predominantes no Congresso Nacional. A opinião pública ainda vê tudo isso com perplexidade, sensibilizada, claro, com as abundantes imagens de destruição de cidades ucranianas, mortes de civis e saída forçada de mais de 4 milhões daquele país para um exílio incerto. Já Bolsonaro mantivera a mesma atitude, chegando, mesmo a visitar Putin em Moscou com grande comitiva, inclusive militares, evitando o confronto com a Rússia que poderia colocar em cheque a importação de fertilizantes. Felizmente, estes insumos chegaram e podemos, hoje, comemorar um safra recorde de grãos de mais de 300 mil toneladas, embora todo este êxito tenha se dado sem o indispensável acompanhamento de órgãos ambientais, naquele clima da “boiada” de Ricardo Sales...
As guerras, enfim, sempre comovem corações e mentes e, como estamos do “lado de cá do mundo”, embora debaixo do Equador e parceiros do rebelado Sul Global, assim denominado recentemente por alta autoridade americana, tendemos a nos inclinar, desde a I Guerra Mundial, à causa “aliada”. Na II Guerra Mundial chegamos a participar do conflito enviando gloriosa a FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA- FEB-, um contingente de 25 mil “pracinhas”, que deixou nos campos da Itália, para onde foram designados, 500 mortos.
Recolho, casualmente, este fragmento do livro de Erico Veríssimo – Solo de Clarineta -, no qual conta sua formação em Cruz Alta RS, esta passagem que bem denota nosso envolvimento emocional com a I Guerra:
Veio depois a Guerra de 1914 e a Primeira Guerra...
Por esse tempo fundei uma revista – A Caricatura – que constava de um único exemplar em duas folhas de papel almaço, e na qual eu fazia desenhos e escrevia pequenas notas. Em suas páginas apareciam caricaturas do odiado Kayser, com seus insolentes bigodes retorcidos para cima, o seu capacete agressivo. Mas havia também retratos feitos a bico de pena e simpatia de generais franceses como Jofre, Pétain, Weigand, Foch.
Tratávamos o conflito com espírito maniqueísta. Era o Bem contra o Mal. O Direito contra a Tirania. Bandidos contra Mocinhos como nos fitas de cinema. (...) Achávamos que Deus não podia deixar de ser aliadófilo, pois aquela era a guerra da Civilização contra a Barbárie.
(...)
Nunca pude entender um socialista italiano que um dia me disse, cripticamente apontando para os remédios que se enfileiravam nas prateleiras da farmácia do meu pai. “É uma guerra comercial, menino, não se iluda. (...) A França e principalmente a Inglaterra não podem aguentar a concorrência alemã no mundo.” (Pg. 101 –Edição especial MPM Propaganda, 1973)
Ora, tal como ontem, a Alemanha, hoje a Rússia emerge em nosso inconsciente, alimentado pela Mídia e outros formadores de opinião, como reedição da barbárie. Mais uma vez, depois dos 100 milhões de mortos em duas guerras mundiais, vamos entrando, mais uma vez num conflito que desbordar a fronteira da Rússia/Ucrânia e se transformar numa Guerra Global. Muitos já acreditam que estamos nela e evidenciam o conflito como um conflito do Eixo do Mal, ancorado na aliança Rússia/China como reedição da luta, como diz Erico Veríssimo, “da Civilização conta a Barbárie”. É importante, pois, tomar um certo distanciamento para se compreender que, no fundo, isso tudo é o fruto do “homo pugnat” em sua luta por afirmação de interesses, território, comércio e mesmo valores. O que está por trás da Guerra na Ucrânia é uma acirrada disputa, que relembra as políticas de Aliança os anos anteriores da I Guerra Mundial, entre Centros Hegemônicos e Novos Protagonistas em busca de um lugar ao sol na Geopolítica Mundial. Curiosamente, os centros hegemônicos de hoje foram potências coloniais e neocoloniais no passado e os novos protagonistas, desta vez, estão, grosso modo no Sul Global. Não por acaso América Latina em peso, África e Países da Ásia, com exceção do Japão, evitam entrar na Guerra da Ucrânia ao lado dos “ocidentais”. Leia-se, por exemplo, esta extensa análise de um atento observador da conjuntura internacional:
Crepúsculo: a erosão do controle dos EUA e o futuro multipolar - por Tricontinental
https://www.thetricontinental.org/wp-content/uploads/2021/01/20201223_Dossier-36_PT_Web.pdf
Eis outro exemplo na análise do jornalista brasileiro Pepe Escobar, mais inclinado “ao lado de lá”, neste comentário, que difere diametralmente do que ouvimos e lemos diariamente em nossa imprensa:
Marino Boeira comenta fala de PEPE ESCOBAR no Canal 247 no dia 1º. Junho passado–Rússia, China e a revolta do Sul Global - https://www.youtube.com/watch?v=6jML7UYzgBE : Vale a pena assistir edição de ontem (1/6/2023) do 247 com Pepe Escobar falando sobre o conflito OTAN/ USA/ Ucrânia contra a Rússia. O Escobar é daqueles caras que sabem de tudo e de todos e se diz amigo do principal assessor do Putin, do Xi Jiping ou de qualquer outra personalidade citada, o que deixa a gente com um pé atrás sobre suas especulações. Dando crédito as suas falas, em síntese, o que ele disse ontem foi: 1) A vitória russa na guerra é apenas uma questão de tempo. 2) Putin aceitaria uma paz negociada com a Ucrânia, mas seus principais assessores militares advogam uma vitória completa 3) Os americanos já estão a fim de se livrar do Zelensky por causa da sua corrupção sem limites. 4) A guerra contra a Rússia é o preâmbulo de um conflito maior com a China 5) Pepe repetiu pela milésima vez que o fim da hegemonia mundial dos Estados Unidos está próximo com a China recuperando uma liderança comercial secular no mundo e que só terminou há 200 anos com a exploração colonial do Ocidente na Ásia e na África. Capítulo especial no programa foi a preocupação, evidente desde o início do Leonardo Attuch de exaltar o papel de Lula na reunião de Hiroxima. Constrangido, Escobar, acabou falando no tema, mas sem deixar de ressaltar o papel dúbio do presidente brasileiro no tema e sua pequena margem de manobra na sua pretensão de se transformar num mediador para o assunto. Escobar vem ainda esse mês ao Brasil patrocinado pelo 247 para duas conferências e visivelmente não quis se opor ao esforço do Attuch em valorizar o papel de Lula no Japão.
Um grande estudioso da diplomacia mundial, Von Clausevitz, disse que a guerra é a continuação da política por outros meios. Hoje isso é muito discutido. Dois autores franceses, em livro ainda não publicado no Brasil, invertem a equação e até afirmam que as guerras já não são necessárias porque a própria Política incorporou meios de dominação que a dispensam. Em todo o caso, aí está a Guerra na Ucrânia e sobre ela somos obrigados a pensar e nos posicionar, ainda que cautelosamente e colocando, acima de tudo, além da prudência que é olho das virtudes, umbral da sabedoria, os interesses nacionais.
Editorial: O automóvel, meu bem, meu mal...
Seu bolso
Por que as famílias estão gastando menos e como isso impacta no PIB do Brasil
Mesmo após o governo aumentar salário mínimo e Bolsa Família, orçamento familiar segue apertado e destinado a contas básicas.
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A despedida da Ford em 2021, depois de quase um século no Brasil foi um sinal de que o sistema automobilístico, sobretudo com motores à explosão – e não apenas a FORD - se esgotou como alavanca da industrialização brasileira. Em 1956, sob a égide de JK, competia com Brasília como símbolo do desenvolvimentismo. O automóvel como produto, Brasília como Meta Síntese de uma Era de grandes transformações, hoje carente de substitutos.. Na verdade, como observou o Jornalista André G. Stumpf há tempos: “O dinamismo da indústria de São Paulo se deveu, em boa parte, às montadoras de automóveis, importantes geradoras de postos de trabalho. Não são mais. Os trabalhadores estão sendo substituídos por robôs. A indústria, contudo, nunca amadureceu, no Brasil....(ademais) Nas grandes cidades, o carro é algo que complica a vida. É caro, exige espaço para estacionar perto do trabalho, obriga garagem em casa. Com a ascensão do home office, ninguém mais precisa sair para o escritório. Trabalha em casa. Além disso, é mais fácil e barato andar em carro de aplicativo*,
Além disso tudo, estamos diante de uma transição energética em decorrência da crise climática. É verdade que o petróleo ainda perdurará como fonte de energia barata até mais uns 50 anos, mas ao longo deste período perderá força para fontes alternativas. Tanto isso é verdade que a União Europeia já decretou o fim da circulação dos carros movidos a energia fóssil em meados da próxima década. E as montadoras estão se voltando cada vez mais para o carro elétrico. Em vinte anos dominarão o mercado como resultado das inovações tecnológicas relativas ao peso das baterias e sua duração.
Diante disso é perfeitamente válido se indagar sobre a propriedade das isenções fiscais sobre o carro popular brasileiro, que de popular, na verdade tem muito pouco, pois variam de 90 a 120 mil reais. Da mesma forma, é discutível subsidiar o preço da gasolina para uma classe média já privilegiada. Basta ver o número de Declarações de Imposto de Renda neste ano: 41 milhões, para uma força de trabalho de 105 milhões de brasileiros, na qual, inclusive, mais de 50 milhões estão ausentes. E veja-se que quem ganha de 2 a 5 mínimos e que declarou Imposto de Renda está longe de ser classe média, tanto que Lula promete até o final de seu atual mandato dispensá-los deste recolhimento. O Ministro Haddad se apressa em afirmar que esta não é uma Política (baixar impostos federais) de longo prazo, apenas um suspiro ás fábricas por poucos meses para retomar o nível de atividade muito baixo. Mas mesmo que um carro popular zero venha a custa 70 mil reais, este preço ainda está muito alto mesmo para um metalúrgico do ABC cuja salário médio pode chegar a 3 mínimos. Precisaria de quase dez meses deste salário para comprar este carro. Se compararmos com a grande massa de trabalhadores brasileiros, isto é , 120 milhões que ganham até um mínimo, nem pensar. Só para se ter uma base de comparação com o que ocorria há cem anos com a mesma FORD nos Estados Unidos. Ela produzia cerca de um milhão de modelos T por ano, ao preço final de 400 dólares, equivalente a 4 meses de salário de seus empregados. Isso fez a grandeza indústria dos Estados Unidos àquela época pois ingressava, com o automóvel, na era do consumo de massas. O carro zero, no Brasil, com ou sem subsídios, ainda é um produto de luxo. Nosso grande mercado ainda são produtos de subsistência e, no máximo, a denominada linha branca cuja venda é dominada pelos grandes magazines. Isso porque os bons e seguros empregos no Brasil são insuficientes, os salários em geral baixíssimos e o que é pior: este ano cresceremos – PIB – não mais do que 2%, nível a que estamos condenados há 40 anos.
O grande desafio à indústria automobilística é sua entrada no carro elétrico, assim como o da indústria em geral, a abertura de novas frentes com fortes investimentos na economia verde, em novos materiais como grafeno, em novos processos. Depoimentos revelam, por exemplo, a superioridade dos carros voltaicos. Ainda o citado jornalista:
“Este é o cenário do mercado brasileiro. Na questão energética, surgem novas tecnologias que ajudam a tornar ainda mais caótica a situação dos automóveis. A energia eólica, a dos ventos, está progredindo de vento em popa no país, me perdoem o trocadilho. E a energia solar vai no mesmo caminho.
A venda de sistemas fotovoltaicos para residências disparou no país. Quem pagava, digamos, mil reais por mês na conta de energia, passou a pagar R$100. O carro elétrico cabe como uma luva neste novo desenho. O cidadão liga o carro na tomada e vai dormir. No dia seguinte tem a sua disposição 400 ou 500 quilômetros de alcance, a custo quase zero. É tudo muito novo.
Já estão à venda no país as telhas do sistema fotovoltaico, que tornam o conjunto ainda mais barato, porque dispensam os painéis solares, que hoje são importados da China. Ou seja, o telhado da casa, além de proteger o morador do sol e da chuva, também produz energia elétrica. O pessoal que trabalha no setor de petróleo e gás sabe disso.”
A recente visita de Lula à China trouxe alguma alento no sentido de que aquele país traga para o Brasil sua tecnologia para a produção de voltaicos. Espera-se, contudo , que não se repita o modelo inaugurado pela Ford e Volkswagen que, depois de quase cem anos, abandonam o país em busca de melhores ventos. Urge que o país se associe aos chineses e que produza um carro nacionalizado num período razoável de tempo necessário à absorção da tecnologia.
Além disso, é importante que se diga que nossas cidades não precisam de mais automóveis. Em São Paulo – e daqui a pouco em várias outras capitais – já há um sistema de rodízio para o ingresso deles no centro da cidade. Não cabem mais em nossas ruas. Precisamos nos voltar, sim, para a substituição do carro por outras modalidade de transporte, sejam de transporte de tração humana, como a bicicleta fartamente usada pelas classes populares, sejam de transporte coletivo.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 01 JUNHO 23
Tensão em Brasília
O dia de ontem, em Brasília, foi de grande tensão, não por ameaça de golpe ou quebradeira, mas pelo confronto entre os Poderes Executivo e Legislativo, em torno da aprovação da Medida Provisória da reorganização do Governo Federal, após 4 derrotas de Lula sobre temas importantes, um deles, o Marco Temporal, que aponta, ainda, para um embate da Câmara dos Deputados com o Supremo. O projeto governamental acabou aprovado, mas a um preço alto em emendas parlamentares e incertezas sobre o futuro da governabilidade. Analistas culpam o Governo por falta de articulação política e, sobretudo, ausência de Lula. Na verdade, embora hajam, sim, questões pontuais, a crise expressa, de um lado uma mudança estrutural nos tempos vividos nos últimos vinte anos, nos quais Lula esteve afastado do Poder, que criaram um novo espaço público - as manipuladas Redes Sociais - que alimenta a extrema direita, e de outro, no fortalecimento da Câmara no Governo Bolsonaro, que acabou instituindo um regime de parlamentarismo de coalizão que garroteia o Planalto. Lula não é Bolsonaro e resiste. A questão está em toda a imprensa. Vejamos a abordagem do Podcast O ASSUNTO, do g1:
Lula, a desarticulação e o poder de Lira
Foi aos 45 do segundo tempo, mas o governo conseguiu aprovar na Câmara a Medida Provisória que mantém a atual estrutura do Planalto, com 37 ministérios. O texto final recebeu alterações, enfraqueceu os ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas e correu o risco de ficar fora da pauta no dia limite para a votação. Tarde da noite desta quarta-feira (31), véspera do dia em que perderia a validade, a MP passou com 337 votos a favor e 125 votos contrários. Agora, o texto será votado nesta quinta (1) no Senado – e a expectativa é que seja aprovado. Para explicar as vitórias e derrotas do Executivo diante do Congresso e a tensa relação entre Lula (PT) e Arthur Lira (PP-AL), Natuza Nery conversa com Vera Magalhães, colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, na TV Cultura. Neste episódio:
Vera imputa a Lira “responsabilidade total” na resistência da Câmara em aprovar a MP governista: “Lira é uma entidade que detém a maioria dos deputados” - e ganha mais poder diante de um “governo fraco” politicamente no Parlamento;
Ela comenta a “ausência de Lula na articulação política”, que resulta de sua atenção excessiva com as relações exteriores e que pode “inviabilizar o governo na largada”: assim como enquadrou Bolsonaro com dezenas de pedidos de impeachment na mão, Lira pode colocar o atual presidente contra a parede ao pautar as CPIs;
Vera também revela a conversa que teve com um influente parlamentar: “Ele falou: ‘ganhou a eleição por 80% a 20%? Não, foi por 51% a 49%’. E é essa ideia que vai nortear tudo nesses quatro anos”, afirma. Assim, avalia, Lula corre o risco de ter um governo mais regressivo do que o do próprio Bolsonaro - “estão achando mais confortável passar a boiada sem o Bolsonaro para atrapalhar”;
A jornalista analisa a pressão do Congresso sobre o STF na questão do marco temporal das terras indígenas. “A Corte está dividida”, revela, sobre o julgamento em relação à constitucionalidade do tema, pautado para 7 de junho.
O que você precisa saber:
MP do governo: chega ao último dia sem acordo para votação// Marco temporal: Câmara aprova MP que limita terras indígenas// Por telefone: Lira alerta Lula sobre erros na articulação política// Lira: 'insatisfação generalizada' contra o governo na Câmara// Rota de colisão: o risco de Lula-Lira virar Dilma-Cunha
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 31 MAIO 23
ENCONTRO DE PRESIDENTES DA A.SUL EM BRASILIA- 23
De moeda comum a mobilidade estudantil: as 10 propostas de Lula em fórum com presidentes da América do Sul
Presidente discursou na abertura do evento, nesta manhã, e reforçou necessidade de integração para desenvolvimento da região. Ao todo, 10 chefes de estado participam do encontro em Brasília.
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Reunião em Brasília contou com participação de 11 chefes de Estado, criou grupo de trabalho para definir integração dos países do continente e emitiu a CARTA DE BRASÍLIA, abaixo, na íntegra. O encontro patrocinado pelo Presidente Lula cumpriu os objetivos de mobilizar os dirigentes sulamericanos para a questão da integração continental frente aos desafios econômicos e ambientais contemporâneos. Os chanceleres destes 11 países manterão contatos com vistas a um novo encontro dentre de 120 dias quando os objetivos do grupo deverão estar melhor alinhados. A ideia da retomada da UNASUL, por ora, foi afastada, embora sete países mais afinados com a esquerda continuem se reunindo e acreditando que este organismo ainda poderá contribuir para a integração da América do Sul.
Dividida em nove pontos, a carta diz que os presidentes "reconheceram a importância de manter um diálogo regular, com o propósito de impulsionar o processo de integração da América do Sul e projetar a voz da região no mundo". Os signatários propõem uma discussão mais ampla sobre formas concretas de cooperação em torno de um grupo permanente, ainda não definido. "Decidiram estabelecer um grupo de contato, liderado pelos chanceleres, para avaliação das experiências dos mecanismos sul-americanos de integração e elaborar um mapa do caminho para a integração da América do Sul, a ser submetido à consideração dos Chefes de Estado."
"Temos que parar com essa tendência: a criação de organizações. Vamos nos basear em ações", afirmou o presidente do Uruguai, Luís Lacalle Pou, em discurso na cúpula. "Quando nos tocou assumir o governo, nos retiramos da Unasul. Em seguida, nos convidaram para o Prosul [bloco criado em 2019 em contraponto à Unasul], e dissemos que não. Porque senão terminamos sendo clubes ideológicos que têm vida e continuidade apenas enquanto marchemos com nossas ideologias", acrescentou o uruguaio.
No Encontro o Presidente Lula voltou a propor a criação de uma moeda de referência para o comércio dos países do continente justificando a medida com a ideia da criação do Euro pela União Europeia. Sua defesa e deferência ao Presidente Maduro, da Venezuela, entretanto, recebeu fortes críticas dos Presidentes do Uruguai e do Chile.
A Agência Brasil, em edição de Nádia Franco, assim resumiu o Encontro de Brasília 2021 e divulgou a íntegra da Carta assinada pelos 11 Presidentes:
Desafios comuns
agenciabrasil EBC Presidentes criam grupo para definir integração na América do Sul
O Consenso de Brasília registra também "a visão comum de que a América do Sul constitui uma região de paz e cooperação, baseada no diálogo e no respeito à diversidade dos nossos povos, comprometida com a democracia e os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável e a justiça social, o Estado de direito e a estabilidade institucional, a defesa da soberania e a não interferência em assuntos internos".
Em outro ponto, o documento enumera temas como crise climática, ameaças à paz e à segurança internacional, pressões sobre as cadeias de alimentos e energia, risco de novas pandemias, aumento de desigualdades sociais e ameaças à estabilidade institucional e democrática como os problemas e desafios da região.
Ainda sobre integração, a carta cita o fortalecimento da democracia, combate discriminação, a promoção da igualdade de gênero, gestão ordenada, segura e regular das migrações como outros desafios comuns dos países sul-americanos. O Consenso de Brasília cita o compromisso dos países de trabalhar para o incremento do comércio e dos investimentos, a melhoria da infraestrutura e logística, o fortalecimento das cadeias de valor regionais, a aplicação de medidas de facilitação do comércio e de integração financeira, a superação das assimetrias, a eliminação de medidas unilaterais e o acesso a mercados por meio de uma rede de acordos de complementação econômica.
Consenso de Brasília – 30 de maio de 2023
1. A convite do Presidente do Brasil, os líderes dos países sul-americanos reuniram-se em Brasília, em 30 de maio de 2023, para intercambiar pontos de vista e perspectivas para a cooperação e a integração da América do Sul.
2. Reafirmaram a visão comum de que a América do Sul constitui uma região de paz e cooperação, baseada no diálogo e no respeito à diversidade dos nossos povos, comprometida com a democracia e os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável e a justiça social, o Estado de direito e a estabilidade institucional, a defesa da soberania e a não interferência em assuntos internos.
3. Coincidiram em que o mundo enfrenta múltiplos desafios, em um cenário de crise climática, ameaças à paz e à segurança internacional, pressões sobre as cadeias de alimentos e energia, riscos de novas pandemias, aumento de desigualdades sociais e ameaças à estabilidade institucional e democrática.
4. Concordaram que a integração regional deve ser parte das soluções para enfrentar os desafios compartilhados da construção de um mundo pacífico; do fortalecimento da democracia; da promoção do desenvolvimento econômico e social; do combate à pobreza, à fome e a todas as formas de desigualdade e discriminação; da promoção da igualdade de gênero; da gestão ordenada, segura e regular das migrações; do enfrentamento da mudança do clima, inclusive por meio de mecanismos inovadores de financiamento da ação climática, entre os quais poderia ser considerado o ‘swap’, por parte de países desenvolvidos, de dívida por ação climática; da promoção da transição ecológica e energética, a partir de energias limpas; do fortalecimento das capacidades sanitárias; e do enfrentamento ao crime organizado transnacional.
5. Comprometeram-se a trabalhar para o incremento do comércio e dos investimentos entre os países da região; a melhoria da infraestrutura e logística; o fortalecimento das cadeias de valor regionais; a aplicação de medidas de facilitação do comércio e de integração financeira; a superação das assimetrias; a eliminação de medidas unilaterais; e o acesso a mercados por meio de uma rede de acordos de complementação econômica, inclusive no marco da Aladi [Associação Latino-Americana de Integração], tendo como meta uma efetiva área de livre comércio sul-americana.
6. Reconheceram a importância de manter um diálogo regular, com o propósito de impulsionar o processo de integração da América do Sul e projetar a voz da região no mundo.
7. Decidiram estabelecer um grupo de contato, liderado pelos Chanceleres, para avaliação das experiências dos mecanismos sul-americanos de integração e a elaboração de um mapa do caminho para a integração da América do Sul, a ser submetido à consideração dos Chefes de Estado.
8. Acordaram promover, desde já, iniciativas de cooperação sul-americana, com um enfoque social e de gênero, em áreas que dizem respeito às necessidades imediatas dos cidadãos, em particular as pessoas em situação de vulnerabilidade, inclusive os povos indígenas, tais como saúde, segurança alimentar, sistemas alimentares baseados na agricultura tradicional, meio ambiente, recursos hídricos, desastres naturais, infraestrutura e logística, interconexão energética e energias limpas, transformação digital, defesa, segurança e integração de fronteiras, combate ao crime organizado transnacional e segurança cibernética.
9. Concordaram em voltar a reunir-se, em data e local a serem determinados, para repassar o andamento das iniciativas de cooperação sul-americana e determinar os próximos passos a serem tomados.
Edição: Nádia Franco
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Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 30 MAIO 23
A CÚPULA DA AMÉRICA DO SUL EM BRASÍLIA
América do Sul
A América do Sul é um continente que compreende a porção meridional da América. Também é considerada um subcontinente do continente americano. A sua extensão é de 17 819 100 km², abrangendo 12% da superfície terrestre e 6% da população mundial. Wikipédia
Área: 17.840.000 km²
População: 422,5 milhões (2016)
Idiomas: Português, espanhol, guarani, inglês, holandês, francês, aimará e quéchua, Línguas tupis
Ver evolução territorial e política
Evolução territorial e política
Políticas de integração regional
Diversas instituições foram criadas entre países da América do Sul com finalidade de integração regional. A Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), que incluí países da América Central e do Norte, foi criada em 1980 para promover o desenvolvimento econômico e social da região, de forma gradual e progressiva, para o estabelecimento de um mercado comum latino-americano. Integram a associação Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. A Nicarágua está em processo de adesão. Em conjunto somam uma área de vinte milhões de km², cerca de quinhentos e trinta milhões de habitantes e um PIB superior a 5 trilhões de dólares.
O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) foi criado em 1991 pelos países fundadores Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, para promoção de dois pilares fundamentais da integração regional: a democracia e o desenvolvimento econômico. A Venezuela iniciou um processo de adesão em 2012, como Estado Parte, mas encontra-se suspensa desde 2016, e a Bolívia encontra-se em processo de adesão. Além dos países membros, são Estados Associados do Mercosul todos os demais países da América do Sul. O bloco pode ser caracterizado como uma união aduaneira em fase de consolidação, favorecendo a circulação dos fatores de produção, com a adoção de política tarifária comum em relação a terceiros países. Os membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, países fundadores, e Venezuela) abrangem, aproximadamente, 72% do território da América do Sul; 70% da população sul-americana e 77% do PIB da América do Sul em 2012, segundo dados do Banco Mundial. Se tomado em conjunto, o Mercosul seria a quinta maior economia do mundo.
A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), criada em 2011, herdeira das Cúpulas de Chefes de Estado e de Governo da América Latina e Caribe (CALC), inclui trinta e três países e objetiva a cooperação para o desenvolvimento e a concertação política.
A Aliança do Pacífico, que incluí países da América Central e do Norte, foi criada em 2012 pelos países fundadores Chile, Colômbia, México e Peru, tendo a Costa Rica sido incorporada ao grupo em 2013. Objetiva a formalização dos Tratados de Livre Comércio de bens e serviços, a livre circulação de pessoas, a integração financeira e de capitais e a integração física. Em números, esses países representam, juntos, cerca de 35% do PIB e 55% do total das exportações da América Latina.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) foi criada em 1948, possui trinta e cinco Estados membros e tem por finalidade a construção da paz e da justiça no continente americano, além da promoção da solidariedade e da cooperação mútua entre os Estados da região, defendendo a soberania, a integridade do território e a independência de seus associados.
A União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), criada em 2008, chegou a incluir todos os doze países da América do Sul, com o objetivo construir um espaço de integração dos povos sul-americanos. A UNASUL previa a cooperação entre os Estados-membros em diversas áreas, incluindo política, integração física, energia, saúde e defesa. A partir de abril de 2018 os governos do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru decidiram de forma conjunta suspender a sua participação na organismo, devido a uma crise iniciada em 2017, quando não houve consenso para eleger um novo secretário-geral. Em março de 2019, o Equador, onde fica a sede do organismo, além de anunciar sua saída definitiva, pediu a devolução do edifício sede para o governo do país. O Parlamento da Unasul, sediado na Bolívia, nunca chegou a eleger representantes. Em 22 de março de 2019, Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai e Peru assinaram um acordo para constituir o Foro para o Progresso da América do Sul (PROSUL), em substituição à UNASUL. O novo foro terá estrutura leve e flexível, com regras de funcionamento claras, defesa da democracia e o respeito aos direitos humanos.
Diversos Presidentes da República preocuparam-se com o fortalecimento das relações continentais a partir de meados do século passado. JK, por exemplo, defendia o Panamericanismo - Dissertações- panamericanismo de JK um estudo acerca das reacoes provocadas na America Latina . Sarney dedicou-se ao fortalecimento do Mercosul, pondo um fim às tensões há tempos alimentadas pelos militares com a Argentina –
Noticias especiais - Há 30 anos criação do Mercosul pôs fim as tensões históricas entre Brasil e Argentina. Lula, agora, se volta à União da América do Sul e recebe em Brasília 10 chefes de Estado. A pedra no sapato são as relações com Venezuela mas Lula aposta na reaproximação com este país não só por razões comerciais mas na esperança de influenciar na recuperação do processo democrático naquele país.
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CAFÉ DA MANHÃ FOLHA UOL
Podcast discute reaproximação entre Brasil e Venezuela e integração na América do Sul. Lula recebe Maduro com agenda extensa, em encontro que antecede reunião de países sul-americanos
Lula e Maduro: 'Faz sentido normalizar relação, mas alinhamento não pode ser ideológico', avalia professor de relações internacionais na FGV-SP
Visita do líder venezuelano mobilizou críticas ao governo Lula. Em entrevista a Natuza Nery, Oliver Stuenkel explica por que decisão é 'pragmática' e ao mesmo tempo 'ideológica'.
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/05/30/lula-e-maduro-faz-sentido-normalizar-relacao-mas-alinhamento-nao-pode-ser-ideologico-avalia-professor-de-relacoes-internacionais-na-fgv-sp.ghtml
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O Presidente Lula continua, enfim, em seus esforços concentrados para recuperar a imagem do Brasil no exterior, reforçando sua capacidade de diálogo com vários governos no mundo inteiro. Consegue bom reconhecimento tanto à esquerda como à direita, com exceção, claro de governantes de extrema direita os quais evita, ainda assim com cuidado, como no caso dos países árabes. Isso se traduz, naturalmente, na abertura do Brasil para investimentos externos e maior abertura comercial, embora tais resultados não se percebam no curto prazo. Note-se, porém, que a entrada de capitais vem aumentando neste ano. Até abril de 2023 (Lula) houve entrada líquida (captação) de US$ 13,3 bilhões. Com Bolsonaro, virtude do isolamento a que reduziu o Brasil, quando seu primeiro chanceler gaba-se de que o Brasil ficaria melhor como pária internacional, o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 71,4 bilhões. Agora Lula se volta ao fortalecimento dos laços entre os países da América do Sul, um bloco não estritamente latino, eis que contempla países de colonização anglo-saxã, como Suriname e Guiana, acreditando na possibilidade de formar uma área econômica com maior capacidade de barganha no mercado mundial. Com efeito, nosso tamanho corresponderia ao da União Europeia, em torno de 400 milhões de pessoas, no qual o Brasil ocupa lugar privilegiado demográfico e economicamente. Não se trata de um processo fácil, nem natural. Enquanto a Europa se articulara em redes de caminhos, migrações internas e até guerras sangrentas desde o Império Romano, na América do Sul, com povos originários superpostos por colonizadores de origens diversas e diversificados pontos de penetração, esta articulação ainda está por se realizar. Esta interpenetração de povos, culturas e instituições trouxe à América do Sul distintos processos políticos. Temos países com grande influência indígena, como a Bolívia, inclinados a um socialismo primitivo (nada primário), temos uma Argentina, notadamente Buenos Aires que, no passo em falso do Presidente Fernandes “veio do mar”, temos o Brasil, com forte presença negra que dificilmente poderíamos identificar, temos Guiana e Suriname, com grande presença asiática, a tal ponto que dificilmente podemos nos identificar como “ocidentais”. O célebre Huntington, autor de A GUERRA DAS CIVILIZAÇÕES, que teve grande impacto no final do século passado, já advertia que América Latina era um caso excepcional, uma “cultura” própria. Aliás, para grande parte de sua população, sobretudo mais pobre, o Ocidente não é senão o conjunto de países que os subjugaram ao ponto do genocídio de seus povos. Não obstante, a independência precoce de nossos países no século XIX, num soluço das potências colonizadoras sob o acicate do exército napoleônico, entregou-nos formações nacionais comandadas por elites afinadas com a cultura ocidental que acabaram configurando um cenário ocidentalizado na região. A longa fermentação social interna, porém, vai modificando este cenário e entregando uma nova fisionomia política ao continente que, não por caso, tem apenas três dirigentes mais à direita – Uruguai, Paraguai e Equador -. Recentes pesquisas, inclusive, apontam que a imagem da China é melhor, por aqui, que a dos americanos...
É neste campo complexo que Lula pretende intervir conclamando ao fortalecimento dos laços na região, chamando os dirigentes sulamericanos para uma cúpula em Brasília. O Itamaraty já confirmou a presença de 10 deles. A Presidente do Peru não estará em razão da crise interna naquele país que a impede de viajar. Mas já chegou a Brasília o Presidente Maduro, da Venezuela e Lula está eufórico com o Encontro de Presidentes.
Anexo
Cúpula: governo recebe 10 presidentes da América do Sul
O Ministério das Relações Exteriores confirmou nesta sexta-feira (26) a participação de 10 presidentes de países da América do Sul na cúpula de líderes da região prevista para a próxima semana, em Brasília.
Segundo o Itamaraty, estarão presentes os chefes de governo: da Argentina; da Bolívia; do Chile; da Colômbia; do Equador; da Guiana; do Paraguai; do Suriname; do Uruguai e da Venezuela.
Somente a presidente do Peru, Dina Boluarte, não estará presente. Segundo a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, embaixadora Gisela Padovan, o país deve enviar um representante.
O país enfrenta uma crise interna desde o ano passado, quando o então presidente, Pedro Castillo, foi preso após tentar fechar o Congresso local.
Com isso, na prática, a expectativa no governo brasileiro é que todos os demais presidentes participem, incluindo o da Venezuela, Nicolás Maduro – cujo embaixador entregou nesta semana ao presidente Lula suas cartas credenciais, documento que formaliza a atuação do diplomata no país (leia detalhes mais abaixo).
"Do lado Brasil, queremos integração permanente. Não temos um modelo, é apenas um desejo, que os 12 países, que não seja uma integração fracionada. Buscamos mecanismo, uma instância permanente, inclusiva e moderna", disse Gisela em declaração à imprensa nesta sexta.
"Estamos vendo a reunião não como chegada, mas partida, de retomar o diálogo. Temos consciência de diferença de visões, orientações ideológicas. Mas é um começo para que os chefes sentem na mesa e dialoguem sobre pontos em comum", explicou.
A cúpula
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a cúpula acontecerá no próximo dia 30, em Brasília.
O objetivo do encontro, afirma o ministério, é promover o diálogo "franco" entre todos os países, identificando "denominadores comuns", discutindo perspectivas para a região e "reativando a agenda de cooperação sul-americana em áreas-chave".
Essas "áreas-chave", de acordo com o governo brasileiro, são:
Saúde;
Mudança do clima;
Defesa;
Combate aos ilícitos transnacionais;
Infraestrutura;
Energia.
"É imperioso que voltemos a enxergar a América do Sul como região de paz e cooperação, capaz de gerar iniciativas concretas para fazer frente ao desafio, que todos compartilhamos e almejamos, do desenvolvimento sustentável com justiça social", afirmou o presidente Lula, em mensagem publicada pelo Itamaraty.
Venezuela
As relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela se deterioraram nos últimos anos, principalmente durante o governo Jair Bolsonaro (2019-2022).
Crítico do regime de Nicolás Maduro, Bolsonaro, à época em que esteve no Palácio do Planalto, não o reconhecia como presidente, mas, sim, o autoproclamado presidente, Juan Guaidó, opositor de Maduro.
Em 2020, o Brasil determinou que os diplomatas brasileiros em Caracas deixassem a capital venezuelana e que os representantes da Venezuela em Brasília também fossem embora.
Desde que assumiu o governo, em 1º de janeiro, o presidente Lula tem buscado a reaproximação entre os dois países.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 29 MAIO 23
A Sétima Arte em Cannes
O século XX foi, no dizer de Norberto Bobbio, um dos filósofos políticos mais importantes de nossa época, o “Século dos Direitos”, no qual o cidadão deixou de ser apenas um sujeito de deveres perante o Estado mas também de direitos, mas foi também o Século do Cinema, que teve na França seu primeiro grande passo. Auguste e Louis Lumière foram os criadores do cinematógrafo, responsável por filmar e ao mesmo tempo projetar imagens do cotidiano ao público e responsáveis pela primeira projeção de cinema da história, em 1895. Os alemães logo lhe seguiriam os passos e já na segunda década do século XX o cinema se transformava numa grande indústria que exigia, mais do que o Teatro uma conjugação de esforços tecnológicos, empresariais e artísticos. Ao final da década ganharia a sonorização que passaria a empolgar plateias no mundo inteiro. As gerações do pós-guerra, sobretudo, tiveram no cinema não apenas um divertimento, como local de socialização, como de ilustração, complementando os denominados “romances de formação”, muitos deles levados à tela. Nisso acabou cumprindo, também, estratégica função ideológico, principalmente ao disseminar pelo mundo inteiro, pelo peso do cinema americano produzido em Hollywood, do american way of live. Mas o neorrealismo italiano, que redimiu a Itália perante o Ocidente do pecado fascista com MAMMA ROMA, de Rosselini, a nouvelle vague francesa e as várias manifestações do estilo Cinema Novo do Brasil, que teve em Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha seus principais diretores foram o contraponto da grande indústria cinematográfica. Instituíram a proposta de “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão” como denúncia política e afirmação cultural. O Festival de Cannes, neste processo, ao lado do Festival de Veneza e do Oscar americano cumpriram importante papel de premiação e divulgação de grandes obras. Cannes marcou, antes de mais nada, com seu 1º.Festival em 1946, a grande vitória da democracia sobre o nazi-fascismo - https://pt.wikipedia.org/wiki/Festival_de_Cannes_1946 . Sábado passado encerrou-se mais um Festival de Cannes e a BANDNEWS nos deu, com sua correspondente Flávia Guerra, a melhor cobertura. O Brasil esteve presente mais uma vez, recebendo o prêmio dos Comentaristas Internacionais com o filme “Levante”. Nelson Pereira dos Santos, diretor de RIO 40 GRAUS, Vidas Secas e A Terceira Margem foi lembrado com um documentário feito em cooperação com o g1. Também foram premiados pela associação “Los Colonos”, na mostra Um Certo Olhar, e “The Zone of Interest”, na competição oficial. Este é o segundo prêmio que o Brasil leva edição do Festival de Cannes. O longa brasileiro A Flor do Buriti, produzido pela brasileira Renée Nader Messora e pelo português João Salaviza, foi premiado na noite de sexta-feira (27) com a Palma de Ouro.
O Festival marcou a grande diversidade de origens e tendências de diretores e atores, nos quais se destacaram as presenças clássicas de Wim Wenders, que deu a um japonês o prêmio de melhor ator, Scorsese e R.F. que brindou com provável última edição de suas aventuras, ao lado de outros mais jovens, dentre eles, a grande vencedora ,Justine Triet, a terceira mulher, francesa, a ganhar, com “Anatomia de uma queda” a Palma de Ouro, depois de Jane Campion, com “O Piano” (1991), e Julia Ducournau, com “Titane” (2021).
Abaixo um panorama do evento.
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Longa “A Flor do Buriti” sobre a resistência indígena no Brasil é premiado em Cannes
Cultura por RED 27/05/2023 15:11 FacebookTwitterWhatsAppMessengerCompartilhar
RED - longa-a-flor-do-buriti-sobre-a-resistencia-indigena-no-brasil-e-premiado-em-cannes
O longa-metragem A Flor do Buriti recebeu o prêmio de Melhor Equipe na mostra Um Certo Olhar no Festival de Cinema de Cannes na noite de sexta-feira, 26. O filme fala da resistência do provo Krahô no norte do Tocantins.
O longa foi dirigido pelo português João Salaviza e pela brasileira Renée Nader Messora. A produção foi de Julia Alves e Ricardo Alves Jr. pela produtora Entre Filmes.
Segundo o g1, o filme é uma colaboração de muitos anos entre os diretores com a comunidade indígena. Em 2017, eles venceram o Prêmio Especial do Júri com o longa “A Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos” também sobre os Krahô.
“É importante sublinhar que o nosso projeto com os Krahô não é um projeto artístico, é um projeto de vida”, afirmou o diretor João Salaviza.
Vencedor da crítica
Além de A Flor de Buriti, o filme Levante venceu o prêmio de Melhor Filme concedido pela Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci) durante a mostra Semana da Crítica.
Dirigido por Lillah Halla e protagonizado por Ayomi Domenica, o longa se passa em São Paulo e conta a história da adolescente Sofia que tem uma gravidez indesejada e vai em busca do aborto legal fora do Brasil.
Brasil em Cannes
O diretor cearense Karim Aïnouz está em Cannes com o longa em inglês Firebrand que conta a história da rainha inglesa Catherine Parr, a sexta e última esposa do rei Henrique VIII. O filme foi exibido na sessão Mostra Competitiva e conta com a atuação de Jude Law e Alicia Vikander.
Também presente na mostra está La Chimera, filme italiano dirigido por Alice Rohrwacher e protagonizado por Josh O’Connor, Isabella Rossellini, Alba Rohrwacher, Vicenzo Nemolato e a brasileira Carol Duarte. O longa conta a história de uma arqueólogo inglês que se envolve em um esquema internacional de artefatos etruscos roubados.
Já o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho teve seu documentário Retratos Fantasmas, sobre o centro de Recife a partir do século XX, exibido durante a semana na Sessão Especial do festival. O longa chega nos cinemas brasileiros na segunda metade do ano.
O Brasil também marcou presença com a exibição do documentário Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema, coproduzido pela GloboNews, Globo Filmes e Canal Brasil sobre a vida e a obra do cineasta que ajudou a fundar o Cinema Novo. O filme foi exibido na sessão Cannes Classics e também será lançando aqui no país no próximo semestre.
Falando em coproduções, Os Delinquentes, de Rodrigo Moreno, foi feito em conjunto por Argentina, Brasil, Luxemburgo e Chile. O longa mostra o plano de dois bancários para cometer um roubo e deixar de trabalhar. O filme foi exibido na sessão Um Certo Olhar.
BAND NEWS – Flavia Guerra dia 20 maio = Destaques Festival CANNES
Flavia-guerra-acompanha-os-destaques-do-festival-de-cannes
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A Fipresci, Federação Internacional de Críticos de Cinema, premiou o longa brasileiro “Levante ” com outro troféu de melhor filme de estreia nas mostras paralelas do Festival de Cannes, neste sábado 27
“LEVANTE”, Filme brasileiro premiado em CANNES
May 27, 2023 - “LEVANTE”, Filme brasileiro premiado em CANNESA longa-metragem de Lillah Halla foi reconhecida por emocionar e dizer que direito ao aborto é direito humano. A Fipresci, Federação Internacional de Críticos de Cinema, premiou o longa brasileiro “Levante” com outro troféu de melhor filme de estreia nas mostras paralelas do Festival de Cannes, neste sábado 27. Exibido na Semana da Crítica, o filme da Lillah Halla foi premiado por combinar performances atraentes, montagem vibrante, música cativante e uma narrativa emocionante, mandando a mensagem de que o direito ao aborto são direitos.
O corajoso cinema brasileiro em Cannes
Artigo por RED - 27/05/2023 05:30 • - O corajoso cinema Brasileiro em cannes
De LÉA MARIA AARÃO REIS*
Cannes este ano é uma festa para o cinema brasileiro. Não é nada, não é nada, o Festival de Cinema está emplacando sua 76ª edição. É o segundo mais antigo do mundo que perde apenas para o Festival Internacional de Cinema de Veneza criado sob o domínio do fascismo de Mussolini em 1932.
Mas nesse retorno ao tapete vermelho do Palais – o edifício-sede atual da festa, que sucedeu ao cinema instalado no prédio do cassino da cidade –; depois de exorcizada a pandemia e do isolamento imposto pela Covid, depois da retração econômica do nosso país, do desemprego em massa e de todas as desgraças frutos de um governo funesto instalado em Brasília, é surpreendente que o cinema nacional se faça presente, com força e qualidade, e chame a atenção na Croisette com os filmes que lá estão sendo exibidos até hoje, quando será anunciado o Palmarès.
Eles são quatro e mais uma produção Brasil-Argentina e outros países. Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema; Firebrand, de Karim Aïnouz; Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho; A Flor do Buriti, de João Salaviza e Renée Nader Messora; Levante, de Lillah Halla e Os Delinquentes, de Rodrigo Moreno, coproduzidos por Argentina, Brasil, Luxemburgo e Chile, presente na mostra Un Certain Regard com a história de dois bancários que odeiam o trabalho que fazem e resolvem cometer um roubo.
Um “poema de saudade” é como vem sendo chamado o doc sobre Nelson Pereira dos Santos de autoria da produtora Ivelise Ferreira, viúva do cineasta e da professora da UFF Aída Marques, e apresentado na última sexta-feira na sala Buñuel durante a mostra paralela Cannes Classics. O filme disputa o L’Oeil d’Or, prêmio concedido a produções de não ficção e analisadas por um júri à parte.
“A costura que as duas fazem nesse filme é um primor”, escreveu o crítico Rodrigo Fonseca depois de assisti-lo. “É comovente ouvir Nelson se abrir, elas deixando que ele conte a sua própria história através de entrevistas, na primeira pessoa, desde Rio 40 Graus, de 1955″.
Outro filme brasileiro selecionado para Cannes este ano é Retratos Fantasmas, o novo trabalho do celebrado diretor Kleber Mendonça Filho, um filme-ensaio sobre salas de cinema de antigamente, em sua cidade, no Recife, e integrante da Seleção Oficial de Cannes, mas fora da competição.
O diretor pernambucano é veterano de Cannes: já fez parte do júri do festival em 2021, competiu pela Palma de Ouro em 2019 com Bacurau (dirigido com Juliano Dornelles), e com Aquarius, em 2016. Retratos Fantasmas é o resultado de sete anos de pesquisas, filmagens e montagem. O personagem principal é o centro de Recife como espaço histórico e humano revisitado através dos grandes cinemas que atravessaram o século 20 como espaços de convívio.
Na Croisette desta semana, pelas notícias que chegam de lá, a interpretação de Jude Law como o Henrique VIII de Firebrand,* do diretor Karim Aïnouz, é uma sensação. O diretor cearense é outro veterano de festivais europeus e concorre à Palma de Ouro.
Disputou o Urso de Ouro da Berlinale com o belo Praia do Futuro 1, em 2014, e brilhou duas vezes na mostra Orizzonti, do Festival de Veneza: com o clássico O Céu de Suely, em 2006, e com Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (codirigido por Marcelo Gomes) em 2009. Em Cannes, Aïnouz ganhou o Prix Un Certain Regard, em 2019, pelo seu excelente A Vida Invisível e é o diretor do célebre Madame Satã, de 2002, do poético ensaio Aeroporto Central, de 2018 e do recente Marinheiros da Montanha, de 2021.
Firebrand é o primeiro filme em língua inglesa do brasileiro, é roteirizado pelas irmãs Henrietta e Jessica Ashworth e rememora os embates entre a rainha Katherine Parr e o rei Henrique XVIII, com quem ela foi casada. No pano de fundo, lances das intrigas palacianas e amorosas da época desta sexta e última mulher do rei vivida pela atriz sueca Alicia Vikander, também ela motivo de elogios entusiasmados pelo trabalho nesse papel.
Karim disse, em recente entrevista, que Firebrand foi gestado em meio à crise política vivida no Brasil em 2016, “embora eu não tenha feito nenhuma alusão direta a Dilma Rousseff”, ele ressalta. E comenta que o que o atraiu na personagem foi a sua relação com as figuras de (e no) poder: “É como se eu estivesse falando de uma mulher que se casou com o Trump e foi amiga do Che Guevara. Uma mulher em um trapézio político”.
Uma mulher que enfrentou o machismo e a intolerância do fedorento Henrique, o qual, por causa de uma ferida permanente e de uma prótese na perna, usava um forte e enjoativo perfume de flores para disfarçar o odor nauseabundo dele emanado.
A maternidade de Katherine Parr – acrescenta o cineasta – foi um ponto central na vida dela. Criou os filhos do rei, que não eram frutos legítimos dela, e toda a prole real se encantou com sua maneira maternal de ser e a via como uma mãe. Nessa tarefa que Katherine se impôs de educar uma nova realeza ela encontrou um caminho de moderação política.
Neste sábado, dia 27, o júri presidido pelo cineasta sueco Ruben Östlund vai anunciar os prêmios do Palmarès. Estimamos que ao menos um dos três cineastas brasileiros de excelência que se encontram na vitrina de Cannes, este ano, ganhe um ramo da palma de ouro maciço.
Será importante para reforçar, no mercado internacional de cinema, a resiliência e o vigor da arte e da nossa cultura diante da estúpida negação e do desprezo aos quais foram submetidas durante o tempo de ignorância fascista que acabamos de deixar para trás.
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*Jornalista carioca. Foi editora e redatora em programas da TV Globo e assessora de Comunicação da mesma emissora e da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Foi também colaboradora de Carta Maior e atualmente escreve para o Fórum 21 sobre Cinema, Livros, faz eventuais entrevistas. É autora de vários livros, entre eles Novos velhos: Viver e envelhecer bem (2011), Manual Prático de Assessoria de Imprensa (Coautora Claudia Carvalho, 2008), Maturidade – Manual De Sobrevivência Da Mulher De Meia-Idade (2001), entre outros.
Artigo publicado originalmente no portal Fórum21, disponibilizado pela autora que é leitora da RED. - Tradução de firebrand: agitador(a), militante, revolucionário(a). - Imagem em destaque: Cena de ‘Firebrand’, de Karim Aïnouz (Divulgação/Sony Pictures).
1 Praia do Futuro está disponível na Claro TV+
2 A vida invisível está disponível na Claro TV+
3 Aeroporto Central está disponível no Globo
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 26 MAIO 23
A AGONIA DO OCIDENTE
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Mundo Ocidental = https://pt.wikipedia.org/wiki/Mundo_ocidental
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A ONU é uma aliança de 193 estados membros de todas as regiões do mundo. As Nações Unidas são uma organização global que não se confunde com OCIDENTE nem com o que a IMPRENSA denomina CONCERTO INTERNACIONAL, geralmente referindo-se ao OCIDENTE. As tarefas da ONU são assegurar a paz, e proteger os direitos humanos e internacionais e promover o desenvolvimento sustentável de todas as nações do mundo com respeito à sua soberania territorial, seus valores e modos de ser. Todos os estados membros juntos cobrem uma área de 133,81 milhões km² e 7,88 bilhões pessoas.
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É muito comum ouvirmos nos meios de comunicação a expressão “mundo ocidental,” sempre com a conotação de que este não só é o centro do mundo como também aquele mais capaz de conduzir o progresso da humanidade sobre o primado da razão e da liberdade. Talvez tudo tenha começado lá na Antiga Grécia que acabou transferindo tais valores, sucessivamente, a Roma e depois do colapso daquele Império, a suas projeções sobre a Europa. No começo do século XIX a Doutrina Monroe, dos Estados Unidos, começou a tomar para aquele país, então emergente, uma certa “responsabilidade” sobre todo o continente americano, logo expandida por uma pretensão bem maior sob a égide do “Destino Manifesto”. O destino manifesto foi a crença de que os americanos deveriam expandir o território das Treze Colônias em direção ao oeste, rumo ao Pacífico. O termo foi criado pelo jornalista John Louis O'Sullivan, em 1845, para incentivar a ocupação das terras a oeste, expandindo o domínio americano para a costa do Pacífico. Em princípios do século XX os Estados Unidos começam a disputar com a Velha Europa a herança do dito Ocidente. Ted Roosevelt deu os primeiros passos no sentido de projetar internacionalmente os Estados Unidos, mas a consumação da hegemonia americana só iria se consolidar depois da I Guerra Mundial. Desde então, mas principalmente depois do fim da guerra fria, em 1991, Estados Unidos dão as cartas no mundo inteiro, graças à uma economia próspera, uma ubiquidade militar assegurada por mais de 800 bases no mundo e a capacidade de emitir uma moeda de referência para o mercado mundial, o dólar, sem qualquer lastro. Graças a isso, o american way of life se redistribui sobre várias áreas do globo conferindo aos americanos uma ascendência inequívoca mesmo no longínquo oriente, ou no extremo norte da Escandinávia, sem falar nos países da Oceania que desde seu nascimento já se identificavam com o mundo anglo saxão do Comonwealth. O Ocidente, enfim, cresceu e multiplicou-se sob o toque americano, diplomaticamente desastrado e economicamente prepotente. Claro que já não são usuais as canhoneiras da era britânica que singravam os mares do mundo para cobrar do domínio inglês. Agora, os mecanismos de dominação subjacentes à “cultura ocidental” vão se sofisticando, das intervenções militares à promoção de “revoluções coloridas” promotoras da liberdade em países pouco afeitos à governança do Consenso de Washington. Se necessário, aos rebeldes aplicam-se sanções devastadoras com vistas ao comprometimento de suas economias. É a “real politik” do mundo contemporâneo. A ela, entretanto, vão se somando ressentimentos que acabam afastando muitos países do dito “concerto internacional” do mundo regulado por regras, supostamente debitadas à Carta das Nações Unidas, mas não raro excepcionalizadas de acordo com interesses superiores: ameaça terrorista, eixo do mal, avanço do comunismo, populismo etc. Isso tem provocado o que muitos já denominam agonia do Ocidente, cada vez mais reduzido a interesses americanos. O caso da China é exemplar. Tomada como inimiga até o Governo Nixon, passou a importante campo de cooperação econômica na Era Clinton e hoje volta, novamente, pelo poder econômico que adquiriu como principal compradora em 160 países, a inimiga novamente. No seu rastro, diversos países asiáticos vão se afastando do “Ocidente” e isso fica evidente na questão da Ucrânia. A grande maioria dos países membros da ONU não acompanha os Estados Unidos e Europa Ocidental, sempre vistos, aliás, pelo “resto do mundo”, como potências coloniais ou neocoloniais. Daí que a África e América Latina em peso não validem na ONU as sanções contra a Rússia, mesmo condenando a invasão sobre a Ucrânia. Tudo como consequência da incapacidade de Washington manter-se fiel aos valores que proclama. América Latina, aliás, hoje tem apenas 3 governos mais à direita, próximos aos americanos. Culturalmente, nossa cultura, embora encoberta pelos “colonizadores”, sempre vicejou nas entranhas da Poesia contrapondo-se às tentativas de racionalização de Estados Nacionais superpostos. Hoje isso tudo vem à tona como afirmação identitária e nacional. O resultado, precipitado pela Guerra na Ucrânia, pois que ali se trava, na verdade, um confronto entre “Ocidente” e o resto do mundo, episodicamente expresso pela ação russa, é um crescente definhamento do dito mundo ocidental. É inquestionável o deslocamento do centro dinâmico do mundo do Atlântico para a Eurásia e o papel que aí cumpre a China em sua recuperação da potência que teve em tempos imemoriais. Quer isso dizer que o futuro será “amarelo”? Não necessariamente, até porque a China se concentra em negócios, não em ideologia. É muito comum dizer=se, até, que se o mundo indo-europeu que representamos é “religioso”, o mundo chinês é “´prático”, guia-se por máximas confucionistas e taoístas, Estamos, sim, diante do descongelamento de um bloco histórico cevado na Antiguidade Clássica e que caminha, certamente, para o realdeiamento, volta às aldeias, mais conformes aos costumes e tradições de cada povo. Muitos veem nisso retrocesso. Outros, ao contrário, a única chance da sobrevivência da paz entre os homens de boa vontade....
En su intento de perjudicar a la economía rusa, Europa pagará "un precio sorprendentemente alto"
sputniknews-en-su-intento-de-perjudicar-a-la-economia-rusa-europa-pagara-un-precio-sorprendentemente-alto
Aunque Occidente se esfuerza por encontrar algunas pruebas del agotamiento de la economía rusa debido a la operación militar y las sanciones impuestas, hay muchos indicios de que el deseo de los críticos de Rusia se vuelve contra ellos mismos.
Un artículo del periódico japonés Daily Shincho recuerda cómo los medios occidentales intentaron aprovechar el formato reducido del desfile del Día de la Victoria en Moscú, pero prefirieron ignorar que ese mismo año se inauguró en Moscú la línea de metro más larga del mundo, lo que requirió una inversión financiera mucho mayor que la emblemática conmemoración.
Ante esta discrepancia, la publicación resalta que la economía rusa obviamente mantiene su resiliencia. El artículo destaca perspectivas de producción futura ventajosas, junto con el índice de actividad empresarial del S&P Global que para Rusia fue muy intenso con un umbral que estuvo por encima de 50 puntos por duodécimo mes consecutivo. Al mismo tiempo, los pronósticos de producción futura alcanzaron su máximo por segunda vez en los últimos cuatro años.
Varios países del mundo optaron por continuar negocios beneficiosos con Rusia en lugar de sumarse a las sanciones occidentales que ahora dañan a los que las impusieron. Ejemplos claves constituyen China y la India, que aumentaron sus importaciones del país euroasiático y representaron casi el 45% de sus ganancias el año pasado, de acuerdo con el Instituto Peterson estadounidense.
Economía
El comercio entre Rusia y la India recibirá un "nuevo impulso" con la liquidación en yuanes chinos
16 de mayo, 19:10 GMT
La falla grave en términos de la eficacia de las restricciones económicas bajo los que está sometida Rusia es reconocida por una cantidad de instituciones extranjeras. El Centro de Estudios Estratégicos e Internacionales de EEUU admitió en su informe que "las efímeras esperanzas de un colapso de la economía rusa provocado por las sanciones se han visto disipadas por la recuperación de las instituciones financieras y el tipo de cambio de la moneda rusa".
Al mismo tiempo, Europa ya tiene que afrontar las consecuencias de sus decisiones, ya que al imponer restricciones, se han reducido notablemente sus propias oportunidades para el desarrollo. Sucede mientras la estrategia elegida de la destrucción total de la economía rusa mediante las herramientas de presión económicas y financieras "ha fracasado totalmente".
El tope de precios a los recursos energéticos solo ha estallado una grave crisis de energía en Europa, obligando a sus países a buscar en todas partes gas licuado para comprar. La publicación destaca que el invierno de 2022 ha sido el más templado en la historia de las observaciones, lo cual fue uno de los factores salvadores para el continente europeo y advierte de la alta probabilidad de que el invierno de este año agrave el estado de cosas para los europeos.
Mientras tanto, el Fondo Monetario Internacional prevé que la economía rusa crezca un 0,7% este año, lo que representará un mejor resultado en comparación con Alemania y el Reino Unido, que se contraerán un 0,3%, destaca el texto. Entre los Estados desarrollados de la Unión Europa, Alemania se ve como uno de los más afectados por sus propias decisiones y tiene que enfrentarse en marzo con la caída de la producción industrial a un 3,4% intermensual, lo cual es un indicador sustancialmente más alto de lo esperado, destaca el medio.
"Con un crecimiento negativo en el cuarto trimestre del año pasado, la posibilidad de una recesión en Alemania es cada vez más real", profundiza el artículo.
EEUU "se asoma a la recesión económica" que podría producirse este año
17 de mayo, 08:47 GMT
Con la verdadera crisis bancaria que florece hoy en día en EEUU, Europa está bajo el peligro de agravamiento de sus problemas económicos. La inflación fuerza una revisión de los tipos de interés, lo que lleva a una situación en la que, al igual que en EEUU, los bancos de la UE sufren el deterioro de los márgenes. Como consecuencia, se detalla, las entidades financieras de la eurozona necesitaron reducir el crédito más de lo previsto en el primer trimestre de este año.
"En EEUU, cada vez se ven más situaciones en las que no se devuelven los préstamos inmobiliarios comerciales. Europa se enfrentará sin duda a un problema similar", reconoce el texto.
Teniendo este hecho en cuenta, se hace claro que "la burbuja inmobiliaria" se apodera en la eurozona. Sin embargo, Europa carece de los mecanismos de su aliado estadounidense para prestar ayuda a sus bancos en quiebra.
De este modo, el artículo concluye, que Europa podría acabar pagando "un precio sorprendentemente alto" como consecuencia de la situación en Ucrania
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 25 MAIO 23
🔆Temos um convite especial para você! Nos dias 24, 25 e 26 de maio, acontecerá o Seminário 100+50: Desafios do Governo Lula
RIO DE JANEIRO, com transmissão on line
Depois de quatro anos de desmonte e obscurantismo, assume o governo Lula com o desafio de deflagrar o processo de Reconstrução Nacional como transição para a implementação do Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. Neste seminário, promovido por 15 entidades reunindo destacadas lideranças brasileiras, vamos analisar este processo e debater os desafios que se apresentam ao atual governo.
A construção deste seminário, que reúne fundações de partidos políticos, entidades sindicais e estudantis, resulta de um processo de construção coletiva e unitária de forças políticas e sociais comprometidas com a retomada do desenvolvimento do país.
O evento terá 5 principais eixos temáticos:
1. O DESMONTE
2. OS PRIMEIROS DIAS
3. O ARCABOUÇO FISCAL
4. A RECONSTRUÇÃO NACIONAL
5. A RETOMADA DO DESENVOLVIMENTO
Confira a programação:
⚡Dia 24 - Mesa 1 | O desmonte de Bolsonaro e os primeiros dias do governo Lula. (Às 19h no Sindicato dos Jornalistas - Rua Rego Freitas, 530)
Link de transmissão: youtube.com/@sindicatodosjornalistaspro3807
⚡Dia 25 - Mesa 2 | O arcabouço fiscal e a política de reconstrução nacional do governo Lula - (Às 19h na sede da UMES - Rua Ruy Barbosa, 323)
Link de transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=22Xo_6oZ16c
⚡Dia 26 - Mesa 3 | A reconstrução nacional e o novo projeto nacional de desenvolvimento = (Às 19h, no Sindicato dos Engenheiros - Rua Genebra, 25)
Link de transmissão: https://www.youtube.com/live/GEyCFIAE-cM?feature=share
A decisão, ontem, do Relator da Medida Provisória que reorganizou o Governo Federal para o exercício do mandato Lula III, aprovada pela Câmara dos Deputados, fere uma tradição de deixar o Governo organizar a estrutura administrativa com vistas à melhor cumprir suas promessas de campanha. Tudo indica que, na iminência de caducar dita MP, a articulação política do Planalto engoliu em seco as modificações que retiraram poder estratégico de Marina Silva no M. Ambiente e Sonia Guajajara, no Ministério dos Povos Indígenas. A confirmar. Mas preocupante pois já não basta a tensão com Marina com relação aos poços da Petrobrás na Foz do Amazonas, agora lhe retiram mais atribuições. Veremos como ela reagirá. Sonia Guajajara já chiou dizendo que lhe arrancaram o coração do novo Ministério: a demarcação das terras indígenas. Além disso, a decisão do Congresso, repercutida em toda a imprensa, traz à tona a questão da concertação dos Poderes no interior da República. No Governo passado, o confronto do Executivo com o Judiciário foi uma constante. E, com relação ao Legislativo, sobretudo Câmara dos Deputados, cujo Presidente sentava-se em cima de uma centena de pedidos de Impeachment de Bolsonaro, a fórmula foi mais simples: Orçamento Secreto. Com este instrumento o Governo entregou o Orçamento para os deputados federais que passaram a consubstanciar um novo regime no Brasil: O parlamentarismo de coalizão. Uma inversão do Presidencialismo de coalizão, feliz expressão de Fernando Abrucio, cientista político da FGV, para caracterizar o regime de gestão da União advindo da Constituição de 88. O Presidente passou a ser, rigorosamente, uma Rainha Vitória, com o que, aliás, ajustou-se Bolsonaro, pouco afeito ao duro trabalho da administração diuturna do Governo. Sempre preferiu o palanque e acabou transformando o cargo numa plataforma eleitoral. Agora, com a eleição de Lula, este parlamentarismo de coalizão, sob a égide de Artur Lira, o Imperador, resiste ao retorno do Presidencialismo. Não é que Lula não compreenda as transformações ocorridas no país nos últimos 20 anos. Ele compreende mas não aceita. Quer de volta, na forma de Lei, o Presidencialismo. O Congresso reage. Ontem, modificando a MP da reestruturação do Governo , agora procrastinando, no Senado a aprovação do Arcabouço Fiscal. Lira, inclusive, não brinca e manda recados ao Governo:
Veja quatro recados de Arthur Lira ao governo Lula
Presidente da Câmara já criticou a articulação do governo no Legislativo. E disse que o Executivo precisa 'entender' que Congresso conquistou 'maior protagonismo' nos últimos anos.
É preciso, portanto, refletir sobre este processo. Afinal, queremos Presidencialismo ou Parlamentarismo?
O parlamentarismo é um sistema de governo de caráter representativo, no qual a direção dos assuntos de interesse público é atribuída a um gabinete ministerial que é formado no parlamento, a quem o voto de confiança ou desconfiança é submetido. Atribui o Governo a um representante do Congresso e a Chefia do Estado a um Presidente, eleito, seja indiretamente pelo Congresso, seja por voto direto. O Brasil já se pronunciou através de plebiscito duas vezes reafirmando a vontade dos eleitores de permanecerem no Presidencialismo. Mas lentamente o Congresso foi ganhando força e hoje, simplesmente, confronta-se com o Poder Executivo. E se confronta com inequívoca capacidade representativa eis que expressa com maior fidelidade e diversidade as características de distintos segmentos da população, hoje aglutinada em torno de uma infinidade de interesses. Daí dizer-se que o Congresso tenha se transformado numa imensa Câmara de Vereadores, sem qualquer viés e afinidade com as estratégias nacionais de desenvolvimento. O próprio Artur Lira defende isso, dizendo que, assim, os parlamentares se aproximam das aspirações locais e regionais e se legitimam como seus representantes. Mas, com isso, também, vão pelo ralo as concertações que fizeram a grandeza de mandatos como o de Vargas e JK, ambos ancorados na ideologia desenvolvimentista transformadora do país. No modelo do parlamentarismo de coalização de Lira, o Congresso vira um puxadinho dos Municípios.
Há, pois, que se trazer esta questão do regime do governo à tona. Ou reafirmamos a vontade do povo pelo presidencialismo ou capitulamos a este modelo que reproduzirá o país como a democracia do II Império o fez no Século XIX: Um modelo liberal de conservação, quando o país necessita de mudanças estruturais.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 24 MAIO 23
O PETRÓLEO É NOSSO; A AMAZÔNIA TAMBÉM...
O governo Lula III começou, em 8 de janeiro, com um grande embate contra a tentativa frustrada de golpe perpetrada por bolsonaristas num plano primário, sem qualquer apoio internacional e sem comando efetivo. Se tivesse vingado, Bolsonaro e seus acólitos, todos distantes e meio escondidos, sem afirmar claramente o propósito da tomada do poder, seriam as primeiras vítimas. Recorde-se o 31 de março 1964, aplaudido até por JK, para não falar dos governadores Carlos Lacerda e Ademar de Barros, RJ e SP, respectivamente. Acabaram cassados. Lula obrou bem, melhor do que Biden nos Estados Unidos, e consolidou, com o apoio do Legislativo e Judiciário, além da Imprensa, o caminho democrático. Resta, agora, aos bolsonarista implicados no 8 de janeiro, as penas da Lei e aos que os representam no Congresso os gritos na CPI do MST. Nada de novo. Esta é a quarta ou quinta CPI contra um Movimento que mais do que ocupar terras, embora o tenha feito garantindo o assentamento de 1 milhão de famílias hoje dedicadas ao cultivo orgânico, tem o caráter de Movimento Social Organizado, aliás, devidamente organizado. Os cães ladram e a caravana passa...
Depois Lula enfrentou pequenos contratempos, como o que o levou a substituir o Comandante do Exército e a demitir o general Ministro Chefe da DSI, que o acompanhava há muitos anos. Nada demais. Limpeza do terreno para a boa e fiel governança.
Agora Lula tem pela frente um verdadeiro dilema: Arbitrar a questão da extração de petróleo na foz do Amazonas, na qual se antepõem, numa reedição de Belo Monte, Marina Silva, contra e a PETROBRÁS, a favor da abertura de poços que podem duplicar a produção brasileira de petróleo convertendo-o num dos grandes produtores mundiais. Aparentemente, o conflito coloca ambientalistas e desenvolvimentistas em confronto. Mas a presença de MARINA SILVA, Ministra do M. Ambiente à frente dos ambientalistas, torna a decisão de Lula, aparentemente favorável à PETROBRÁS, mais grave. Marina tem um reconhecimento nacional e internacional imbatível. Se Lula optar pela PETROBRÁS e ela sair do Governo, Lula perde o encanto que o envolve na defesa da Amazônia, que hoje, importa tanto pela sua importância para o clima do mundo, quanto pelas repercussões sobre os povos originários. Será uma decisão difícil para Lula que tem se comportado no tom e ritmo da Frente Ampla que sustentou durante a campanha e sem a qual jamais teria batido Bolsonaro. Nisso lembra Tancredo Neves, de quem ouvi várias vezes no Senado, a proclamação de que devíamos ser sempre radicais na análise e moderados na ação política. Lula faz isso como poucos. Veja-se o caso do preço dos combustíveis. Poderia ter simplesmente dito que romperia com a paridade internacional e “abrasileiraria” ditos preços. Optou por afirmar que incluiria novas variáveis aos preços internacionais. Saída pelo centro. Fez o mesmo com o Teto de Gastos, ontem sepultado na CÂMARA DOS DEPUTADOS, em favor do Novo Arcabouço Fiscal, verdadeira jóia centrista. Poderia ter seguido na ação o que até diz diariamente: Precisamos de equilíbrio fiscal com justiça social. Mas fortaleceu Haddad com uma saída ao centro: “Arcabouço Fiscal”. Na questão do GSI também optou pela solução intermediária, mantendo um general no comando e evitando fazer o que Dilma fez: fechá-lo. Este o estilo de Lula e que deverá prevalecer na questão, agora, do petróleo na foz do Amazonas. Foi colhido de surpresa pelo anúncio, precipitado, da PETROBRÁS. Agora procurará ganhar tempo, vai exigir novos estudos, cozinhar o galo e anunciar ao mundo que o Brasil vai duplicar sua produção de petróleo. Com isso mantém altas as cotações das ações da Petrobrás, satisfaz os desenvolvimentistas e ainda reforça a dicção da âncora cambial do país, que é uma das nossas particularidades entre os emergentes, mas não deixará abrir os poços na foz do Amazonas imprudentemente. Poucos países, aliás, exceção aos exportadores de petróleo, diga-o a Argentina, têm a capacidade de exportação que lhes garanta um avanço seguro em direção à novas fronteiras da tecnologia, da transição energética e do mercado global, como o Brasil. Lula tudo fará para não perder o “encanto” que a presença de Marina Silva lhe confere como defensor da Amazônia aos olhos do mundo e dos brasileiros. Vai ganhar tempo e tem tempo para ganhar. Está no começo do governo.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 23 MAIO 23
Vini Jr: A gota d´água
Racismo no futebol - 4 suspeitos pelo boneco que representou Vini Jr. enforcado são detidos - A repercussão dos ataques racistas dentro e fora do futebol
Governo repudia ataques racistas a Vini Jr. e pede providências às autoridades da Espanha e à FIFA
Nota repudia racismo de torcedores contra jogador do Real Madrid 'nos mais fortes termos' e pede punição e ações preventivas. No Japão, Lula também cobrou providências.
Vini Jr.: Itamaraty cobra embaixadora da Espanha por telefone; persistência dos crimes espanta, diz secretária-geral
O Brasil expressou posição de repúdio e cobrança em relação ao caso de racismo contra o jogador, durante partida pelo campeonato espanhol neste domingo (21). Ataques racistas ao atleta são contra todos os afrodescendentes e toda a humanidade, diz secretária-geral do Itamaraty.
Real Madrid denuncia crimes de ódio e discriminação contra Vinícius Jr. ao Ministério Público espanhol
Brasileiro, que joga no clube madrilenho, paralisou jogo contra o Valencia para denunciar torcedores que o chamavam de 'macaco'. Chefe da liga espanhola negou haver racismo na Espanha, mas presidente da federação espanhola de futebol pediu que CBF ignore 'comportamento irresponsável' da La Liga.
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O episódio de Vinicius Jr., vítima de recorrente ataque racista de uma torcida adversária em partida de futebol da Espanha, traz à tona a questão do racismo e repercute internacionalmente. Em boa hora governo brasileiro repudiou ataques e pede providências às autoridades espanholas e à FIFA. Não é por acaso, porém, que a vítima seja um brasileiro e que este brasileiro se tenha indignado perante o ataque vindo a seguir ser expulso de campo. Por que não é acaso ser um brasileiro? O Brasil é um país de maioria negra, fruto de mais de 300 anos de escravidão africana. De nada adiantaram as políticas de branqueamento da população trabalhadora tomadas pela Boa Sociedade branca e escravocrata no século XIX. Negros constituíam o grosso da população do país e mesmo sob intensa mestiçagem projetaram-se como maioria entre-nós. Mesmo no Rio Grande do Sul, cuja presença negra é costumeiramente negada, os negros constituíram cerca de 30% de nosso contingente demográfico e tiveram decisivo papel, inclusive, na formação e desenvolvimento da cultura gaúcha. No Brasil, apesar da marginalização a que foram expostos os escravos libertos, atirados às margens das cidades, sem qualquer indenização histórica pelo seu cativeiro, a cultura negra afirmou-se e ganhou um relevo hoje evidente em todos os campos da vida nacional. O carnaval e o futebol foram os refúgios deste segmento da população que aí demonstrou seu talento, mas mesmo assim, sempre ocupando papel de protagonista, jamais dirigente. Não há pretos cartolas, embora, por primeira vez um baiano negro presida a CBD. Verdadeira exceção. Mas já nos anos 1930, graças à ação de intelectuais negros como Abdias do Nascimento, patrono do Movimento Negro no Brasil, este povo saiu dos guetos e começou a questionar o racismo estrutural reinante no país. Conheci-o quando deputado federal e dele ouvi, várias, vezes que foi aquela centelha, na qual teve decisivo papel, que incendiou o movimento negro nos Estados Unidos, ao contrário do que muitos dos críticos pensa. Todas as manifestações da cultura afro-brasileira foram oficialmente reconhecidas, sobretudo na religião, verdadeiro coração de sua identidade. O Teatro Negro cresceu e teve espaço com autores e diretores negros até no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, embora, lamentavelmente, não tenha tido o papel que já merecia na Semana de Arte Moderno de São Paulo, em 1922. Outro passo importante foi a criação de cotas em Universidades e empregos públicos para a população negra, cujo balanço positivo é hoje reconhecido. O reflexo disso se percebe hoje no comportamento indignado de Vini Jr. O Movimento Negro amadureceu e já se projeta fortalecendo a consciência deste povo onde ele se encontre. Ora num campo de futebol, ora num avião quando uma passageira negra é expulsa pela Polícia, ora nas ruas, quando são vítimas de preconceito e ataques. Hoje, a questão do racismo é fundamental ao aprofundamento da democracia entre nós. O caso Vini Jr. O demonstra e exige não apenas simpatia à causa que longe de ser “negra”, é uma causa da defesa civilizacional. O Brasil negro despertou e pede passagem no concerto democrático da Nação.
Anexos:
O Assunto g1 dia 23 de maio 2023
Vinícius Jr. e a reação contra o racismo na Espanha
No último domingo (21), a partida entre Real Madrid e Valencia, pelo Campeonato Espanhol, foi o cenário do mais grave ataque racista contra o atacante brasileiro. Nos últimos minutos do jogo, Vini Jr. identificou os torcedores que iniciaram os gritos e cânticos criminosos, e exigiu alguma reação da arbitragem. No meio da confusão, trocou agressões com um adversário e foi expulso pelo árbitro - ele foi o único punido em campo. Para explicar por que Vini Jr. é o principal alvo de uma cruel campanha de ódio racial na Espanha e o que vem sendo feito para punir os criminosos, Natuza Nery conversa com dois jornalistas: Fernando Kallás, correspondente de esportes da Reuters na península ibérica, e Paulo Cesar Vasconcellos, comentarista da TV Globo e do Sportv. Neste episódio:
Kallás descreve as dez denúncias de racismo contra Vini Jr. abertas apenas nesta temporada do futebol espanhol – e como esses casos “foram arquivados e nunca foram julgados como delito de ódio”. Dentro do contexto esportivo, ele afirma que “nenhum clube sofreu nenhuma punição” pelos atos racistas de seus torcedores;
Ele relata que, pela primeira vez desde que a onda de ataques racistas começou, o atleta está “mais do que arrasado, está revoltado”. Além das ofensas, Vini Jr. precisa lidar com a inação da La Liga (organizadora do campeonato espanhol) e com o racismo velado da imprensa local. “Tudo isso começou em um programa de televisão, com racismo e xenofobia”;
PC Vasconcellos analisa "o silêncio e a omissão” de diversos atores sociais para que o racismo chegasse ao atual estágio no futebol espanhol. E destaca as “boas notícias” que resultam deste caso: o posicionamento do presidente brasileiro, o acordo de colaboração entre Brasil e Espanha contra o racismo e a xenofobia e o fato de “um jovem preto de 22 anos se manifestar e chamar a atenção do mundo”;
PC relaciona o crescimento no número de episódios de racismo ao “avanço da extrema direita pelo mundo”, e afirma que as punições “se mostram insuficientes para a situação ser modificada”. “A minha razão é de pessimismo, mas quando vejo um comportamento como o do Vinícius passo a ficar mais otimista”, conclui.
O que você precisa saber:
La Liga: jogo é interrompido por racismo contra Vinícius Jr.// Vini Jr: 'Não foi a 1ª, nem 2ª e nem 3ª'; 10 casos de racismo// Governo: repudia ataques a Vini Jr. e pede providências// Lula: cobra ações contra racismo sofrido por Vinícius Jr.// Espanha: primeiro-ministro repudia ódio e xenofobia// Real Madrid: denuncia crimes de ódio e discriminação
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 22 MAIO 23
Os párias da Boa Sociedade
'Vim para desaparecer': a perigosa cidade subterrânea onde vivem centenas de pessoas em Las Vegas
Centenas de pessoas em situação de vulnerabilidade vivem embaixo do glamour dos cassinos de Las Vegas.
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Toda sociedade tem seus párias, gente excluída e discriminada que acaba excluída das oportunidades. Reportagens dão conta de que mesmo em cidades milionárias do centro do mundo há gente morando em subterrâneos. No Brasil os mais visíveis nas grandes cidades são os moradores de rua, em número crescente e sem qualquer solução por parte do poder público. Antigamente era usual a prática de higienização que consistia na proibição sumária deles pelas vias públicas. Em alguns casos, na década de 1960, no Rio, ficou famoso o caso de mendigos jogados no Rio Guandu. Contemporaneamente, eles são tolerados com base numa interpretação cristã liberal dos Direitos Humanos e perambulam como zumbis pelas cidades. A sociólogo Maria Hermínia de Almeida, tratou deste assunto recentemente num artigo publicado na FSP sob o título “No centro da maior cidade brasileira o horror impera” -
Colunas: Maria Hermínia Tavares/2023- Centro-da-maior-cidade-brasileira-o-horror-impera - e destaca:
“Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), vivem nas ruas pelo menos 280 mil brasileiros —uma Governador Valadares (MG). Os sem-nada cresceram mais de 200% entre 2012 e 2022, ou 20 vezes o aumento da população em geral no período. Tamanho inchaço tem relação direta com a prolongada crise econômica da última década e a explosão do mercado de drogas.
É de pasmar: só no fim da primeira década deste século o Brasil definiu uma linha de ação para lidar com a tragédia, dando origem à chamada Política Nacional para a População em Situação de Rua (PNPR), de 2009. Compreende uma visão atualizada de inclusão e garantia de direitos, além de estabelecer programas e formas de cooperação entre o governo federal e os municípios. No ano seguinte, o público-alvo foi incorporado ao Cadastro Único que dá acesso ao Bolsa Família; em 2011, teve abertas as portas do SUS.”
Não obstante, as ações das Administrações Municipais, envolvidas na gestão de escolas, saúde e problemas urbanos, ainda não incorporou devidamente em suas Agendas a Questão Social, seja na promoção do emprego, seja no atendimento de necessidades sociais dos vulneráveis. Os Conselho Municipais de Ação Social deveriam ser ampliados no seu escopo e mais aparelhados como instrumentos de consulta e intervenção sobre estes segmentos. Por que não se criar, à semelhando do CONSELHO TUTELAR um instrumento de ação mais eficaz sobre os vulneráveis?
Outro segmento pária é o dos detentos e ex detentos. O número de encarcerados, no Brasil, é alarmante: quase 1 milhão. Maior parte de jovens pilhados como traficantes de menor porte e que acabam levando suas companheiras também para a prisão. Ficam os filhos abandonados à própria sorte e acabarão aumentando as fileiras dos moradores de rua. Os donos do tráfico, porém, mercê de seus recursos, mesmo quando presos acabam com melhor sorte.
Duas matérias neste fim de semana me chamaram a atenção sobre o ex detentos. Um Editorial da FSP de ontem, abaixo transcrito, revela que superlotação reduz expectativa de sobrevida dele. Pasmem:
“Um ano e meio: esse é o tempo médio de vida de egressos do sistema penitenciário brasileiro. Segundo pesquisa contratada pelo Conselho Nacional de Justiça, saúde e vinculação ao crime são os principais fatores de risco de pessoas que saem da prisão.
O levantamento, feito por pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas e do Insper, analisou um escopo de 1.168 processos judiciais de todos os estados entre 2017 e 2020.”
Outra matéria, da Agência Pública, de São Paulo, revela uma situação paradoxal: detentos saem à liberdade com vultosas e impagáveis multas geradas nas suas ações judiciais, pois além da pena são-lhe imputadas multas e custas. Os depoimentos ali relatados são constrangedores. A matéria explica que antes da Lavajato estas dívidas eram perdoadas mas o Supremo passou a exigir o pagamento diante dos casos de condenação por corrupção. Ora isso se estendeu a todos os ex detentos dos quais se espera uma ressocialização. Impossibilitados de pagar dívidas que chegam a 30 mil reais e ainda sujeitos aos preconceitos da sua condição, são barrados no mercado de trabalho.” Segundo dados do Tribunal de Justiça (TJ-SP), no estado de São Paulo, os casos passaram de 06 em janeiro de 2020 para 208 mil em março de 2023. (...)A experiência de fazer essa reportagem me mostrou que, sob o argumento de estarem aplicando a lei, os juízes que aplicam as penas de multa têm contribuído para dificultar a ressocialização de pobres condenados.”
Ora, são questões como dívidas dos ex detentos, preconceitos contra eles e baixa capacidade das Prefeituras lidarem com eles que acabam levando=os ao desespero do álcool, da droga e da reincidência no crime. Hora de se chamar a atenção sobre esta chaga aberta da sociedade se não quisermos ver disseminados pelo país as cracolândias da vida e morte dos Severinos urbanos.
Anexos
Morte em liberdade = Editorial Folha de S. Paulo 21 de maio 23 - CNJ revela que superlotação reduz expectativa de sobrevida de ex-detentos.
Um ano e meio: esse é o tempo médio de vida de egressos do sistema penitenciário brasileiro. Segundo pesquisa contratada pelo Conselho Nacional de Justiça, saúde e vinculação ao crime são os principais fatores de risco de pessoas que saem da prisão.
O levantamento, feito por pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas e do Insper, analisou um escopo de 1.168 processos judiciais de todos os estados entre 2017 e 2020.
Foram analisadas mortes dentro do sistema prisional e fora dele, quando a pessoa ainda tinha algum vínculo com a Justiça criminal.
No primeiro caso, prevalecem como causas doenças do aparelho circulatório, sepse e pneumonia, além de traumas violentos como enforcamento e estrangulamento.
A contumaz superlotação dos presídios contribui para condições de vida degradantes que geram problemas de saúde e estimulam a violência. De acordo com dados mais recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 566.396 condenados pela Justiça viviam em regime fechado em 2021, e o sistema tinha um déficit de vagas de 180.696 —ou 1,3 preso por vaga.
Ademais, em 70,43% dos casos de óbito no cárcere, não há informações sobre a instauração de algum tipo de investigação. Há também precariedade de dados sobre cor, comorbidades, escolaridade etc.
O quadro é igualmente preocupante no ambiente externo. A morte acompanha o ex-detento, seja pelas consequências da superlotação de presídios, como as doenças, seja porque a liberdade não rompeu o vínculo de vulnerabilidade ante o crime, dada a ausência de políticas sociais de reinserção.
Ferimento por arma de fogo e hemorragia de causa não especificada são os dois principais fatores que levam egressos do sistema ao óbito, seguidos de doenças do aparelho circulatório. Esses dados, combinados com o baixo tempo médio entre a saída da prisão e o falecimento (1,5 ano), revelam o impacto do encarceramento em massa mesmo em liberdade.
O Estado é responsável pela segurança dos apenados e também tem o dever de prover condições dignas de vida no sistema prisional.
Acabar com a superlotação, melhorar a infraestrutura do cárcere e promover políticas de reinserção do ex-detento à sociedade são medidas que não só seguem princípios básicos dos direitos humanos como beneficiam toda a sociedade, ao contribuir para a queda de índices de criminalidade e violência.
Poluição ideológica - O Estado de S. Paulo
PRISÃO COM DÍVIDA – Agencia Pública
“Salve, José, meu aliado. Na paz? Mano, você que trabalha nessa parada de jornalismo, tem uma fita esquisita que tá acontecendo com um conhecido aqui da quebrada. Vai vendo: tem um parceiro que saiu da cadeia e depois de uma cota ficou sabendo que estava devendo uma multa de R$ 30 mil pro estado. O mano tá em choque. Tá ligado o que é isso?”
Foi assim, numa conversa por telefone com um amigo, que me deparei, pela primeira vez, com a informação de que pessoas condenadas estavam saindo da prisão com dívidas, mesmo após cumprirem a pena privativa de liberdade. Na época, a princípio, me pareceu absurdo, sem sentido e de se tratar de uma situação específica. No entanto, quando o assunto envolve pobre e justiça, há de se considerar que algo errado ou injusto pode estar acontecendo.
Comecei a pesquisar o tema. Em pouco tempo, vi que de fato há alguns crimes em que a pessoa pode ser condenada à prisão e ainda ter que pagar uma multa. Então entrei em contato com ele para pedir o telefone do rapaz que havia relatado sobre a dívida, para entender a história a partir do seu ponto de vista.
“Meu parça, lembra daquela história do seu amigo que saiu da cadeia com uma multa? Você tem o contato dele?”, perguntei.
“Mano, não tenho. Mas amanhã vou num projeto social lá na Favela da Felicidade encontrar uma rapaziada que saiu do sistema. Se quiser colar, me dá um salve. Você é bem-vindo”, ele respondeu.
No dia seguinte, cheguei na sede da associação às 9h30 e algumas pessoas já estavam por lá. Naquela manhã eles se reuniram para participar de um projeto de arte relacionado à vivência no cárcere. Dali, uma van iria levá-los para o ateliê de um artista plástico. Antes de saírem, sentamos em cadeiras organizadas em um círculo, e fui convidado a falar o motivo da minha presença.
Diante do pouco tempo para me explicar - a van estava a caminho -, fui direto ao ponto: “Rapaziada, primeiro, agradeço o espaço e a oportunidade. Meu nome é José, sou repórter e trabalho para um site, um veículo de comunicação independente, que se chama Agência Pública. Estou começando a fazer uma reportagem sobre pena de multa. Alguém sabe o que é? Tem multa para pagar ou conhece alguma pessoa que está nessa situação?”, indaguei aos presentes.
Sem demora, diversas pessoas começaram a contar experiências que elas mesmas ou conhecidos estavam passando. O assunto foi crescendo, vários relatos surgiram. Alguns contaram que estavam com dívidas de R$ 16 mil, e até de R$ 30 mil. Enquanto algumas pessoas se mostravam revoltadas, outras se diziam prejudicadas com os valores cobrados pela Justiça. Logo notei que, se naquele espaço com apenas dez egressos havia tantos casos, tudo indicava que a situação era mais grave do que eu pensava. Por conta do tempo curto, tomei nota dos relatos, peguei alguns contatos e saí de lá para continuar apurando a reportagem.
Nos 4 meses após aquela ligação, encontrei diversos outros casos, ouvi relatos de quem acompanha o assunto de perto, levantei dados, apurei informações e conversei com uma série de especialistas. Descobri que o número de pessoas que precisam pagar multas para o Estado é muito maior do que aquele pequeno grupo que conheci na sala do projeto social. Segundo dados do Tribunal de Justiça (TJ-SP), no estado de São Paulo, os casos passaram de 06 em janeiro de 2020 para 208 mil em março de 2023.
O crescimento vertiginoso tem a ver com o julgamento de réus em dois conhecidos casos que deram vários nós no sistema de Justiça e na política brasileira: a operação Lava Jato e o Mensalão. No passado, a pena de multa era aplicada, mas a Fazenda Pública deixava de executar a maioria das cobranças por considerar que o custo que a pessoa condenada tinha com o processo era maior do que a quantia a ser paga.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 19 MAIO 23
A economia melhora mas há desafios
Lu Aiko Otta - Secretário do PPI fala sobre o novo PAC
Gilvanmelo- Lu Aiko
Eduardo Rocha* - Economia informal e saúde fiscal: a contradição em busca da superação
Gilvanmelo/ Eduardo Rocha...
DOCUMENTO
ESTADAO entrevista Mariana Mazzucato ‘Os governos ficaram viciados em consultorias e pararam de investir em pessoal’, diz economista.doc • versão 1
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Os últimos indicadores da economia para este ano indicam uma ligeira melhora. O IPEA e mesmo alguns grandes bancos indicam um crescimento do PIB perto de 2%, o que seria um grande êxito diante dos percalços gerados pelo alto nível dos juros que levam não só a um recorde na inadimplência de famílias e empresas, como ao anúncio de apertos no emprego de grandes magazines como Lojas Marisa. A Magazine Lu, aliás, apresentou uma perda de cerca de R$ 170 milhões no primeiro trimestre. A inflação também está relativamente contida, sendo de se esperar um alívio menor nos meses de maio e junho em razão da baixa nos preços dos combustíveis. Governo promete 5% neste ano, Mercado 6%, números mais baixos que vigentes na União Europeia e sinalizadores de que estamos muito melhor do que Turquia e Argentina. O câmbio é outra variável positiva: o dólar caiu abaixo dos R$5,00 e, à vista da safra recorde de grãos para o ano, superior a 330 milhões de toneladas, tudo indica que não teremos nenhum susto. Continuamos como um dos poucos países emergentes com elevadas reservas internacionais e fluxos positivos de comércio exterior. O emprego, enfim, ainda oscila muito. Os empregos criados tampouco são animadores. No RS houve uma queda nos últimos meses mas tem a vantagem de estar voltando aos níveis anteriores à pandemia. De outra parte, a aprovação do regime de urgência para o novo marco fiscal e a perspectiva de aprovação ainda neste ano da Reforma Tributária são alentadoras para a retomada do crescimento. A economia, enfim, não é aquele paraíso da retomada do crescimento prometida por Lula na campanha, mas apresenta indicações de que reage bem. Aliás, já no último trimestre do ano passado vinha dando indicações positivas. Mas há desafios: Um deles é a persistência dos altos juros que não deverão baixar significativamente neste ano, embora se preveja algum alívio em agosto. Outro, o programa de investimentos governamentais, ainda um pouco emperrado. Muitos reclamam que não basta o “Projeto Lula III”. Faz-se necessário uma grande marca para seu governo atual, mais além da retomada da Política Social com o Bolsa Família, Minha Casa/Minha Vida e Valorização do Salário Mínimo, tal como os Presidentes clássicos como Vargas e JK, tiveram. A abertura dos novos campos do pré-sal na foz do Amazonas, aliás, a 500 km desta foz, que poderia dar um grande impulso aos investimentos da Petrobrás em sustentação à reindustrialização parece estar comprometida com o óbice do IBAMA. E os Acordos com a China não serão implementados ainda neste ano. De qualquer forma, há que se salientar a relativa vitória do Ministro Haddad no comando cauteloso da pasta que, enfim, tem papel fundamental para a tão almejada retomada do desenvolvimento.
Editorial: NOVA POLÍTICA DE PREÇOS DA PETROBRAS
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Assunto g1 dia 17 de maio 23
Petrobras e a nova política de preços
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/05/17/o-assunto-962-petrobras-e-a-nova-politica-de-precos.ghtml
Café da Manhã Podcast Folha Uol
https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2023/05/podcast-explica-como-mudanca-na-politica-da-petrobras-chega-as-bombas-de-gasolina.shtml
Podcast explica como mudança na política da Petrobras chega às bombas de gasolina. Estatal anuncia redução de preço nas refinarias, mas queda ao consumidor depende de postos e distribuidoras
TV 247 Últimas notícias Poder Brasil
Folha e Estadão choram o fim da PPI, que sugava a renda dos brasileiros para favorecer acionistas privados da Petrobrás; Imprensa tradicional demonstra novamente que não está a favor da população brasileira = Leia mais »
Lula: decisão da Petrobrás de mudar política de preços é "vitória do povo"=A nova estratégia da estatal deixa de seguir o preço de paridade de importação de combustíveis, que contribuiu para o encarecimento dos insumos Leia mais »
Após fim do PPI, Petrobrás anuncia redução de R$ 0,44 no litro do diesel e de R$ 0,40 na gasolina -Também nesta terça-feira, a companhia anunciou uma mudança em sua política de preços, com o fim dos Preços de Paridade de Importação Leia mais »
Em quase sete anos de PPI, o gás de cozinha aumentou 223,8% na refinaria, custando R$ 108, em média, para o consumidor. Antes do PPI, o botijão custava R$ 55 = Leia mais »
fup.org.br = https://fup.org.br › Destaque Principal - O pesadelo chegou ao fim. Um dia para ser comemorado', diz FUP sobre nova política de preços de combustíveis. 16 maio 2023
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Enfim, uma nova política de preços da PETROBRÁS, com vistas ao “abrasileiramento” dos preços dos combustíveis, compatível com o fato de que somos um dos grandes produtores mundiais de petróleo, prestes ao ingresso na OPEP. Nada propriamente inédito, nem surpreendente, tanto que o dito Mercado já havia “precificado”, como eles dizem, esta decisão e nem se abalaram com o anúncio. No mesmo dia, a Bolsa de Valores de São Paulo caiu, por razões externas, enquanto o valor da ação da PETROBRÁS subia. Nenhum susto tampouco no câmbio. O dólar tem flutuado numa faixa bem mais baixo daquela que havia no final do reinado de Paulo Guedes/Bolsonaro. Isso porque a coligação vencedora nas eleições do ano passado e que consagrou o terceiro mandato de Lula sempre foi crítica ao sistema de paridade internacional e o próprio candidato havia se comprometido a mudar a política de preços da PETROBRÁS. Ontem, ele exultou e afirmou tratar-se do cumprimento de mais uma promessa de campanha. A chiadeira, portanto, contra a nova politica da PETROBRÁS nem é do mercado, nem é da Oposição, eis que ficaria muito mal se ficasse frontalmente contra a queda de preços dos combustíveis. O mesmo ocorreu, aliás, em 2021, diante das gestões de Bolsonaro para cortar os impostos federais e estaduais – ICMS – com vistas à redução de preços do gás, dieses e gasolina. A bancada de esquerda no Congresso não teve como ficar contra. E , talvez, até, a iniciativa, embora eleitoralmente motivada por Bolsonaro e aplicada sem mediações no tempo, tenha sido oportuna e conveniente, vez que impediu a explosão de preços que ainda castiga, por exemplo, Europa e Estados Unidos. Dita chiadeira vem da Grande Imprensa Corporativa – movida a dogmáticos defensores do neoliberalismo, sempre propensa a criticar iniciativa estatal com vistas a intervenção, muitas vezes, necessária, nos mercados. Importantes analistas, porém, como ILDO SAUER, aplaudem a notícia e dizem que isso já foi feito antes: Sauer aplaude volta da estabilidade nos preços da Petrobrás. 'Já fizemos isso', destaca" - https://horadopovo.com.br/sauer-aplaude-volta-da-estabilidade-nos-precos-da-petrobras-ja-fizemos-isso-destaca/ .
Ainda não se sabe ao certo como será a planilha de cálculo dos novos preços da PETROBRAS, nem como ficarão, diante dela, outras empresas fornecedoras de combustíveis no país e que são mais dependentes do petróleo importado do que a PETROBRÁS. Mas, seguramente, deu-se um passo importante para o realismo de preços, mais ajustado à realidade nacional, com vantagens para o consumidor nacional. Outros países produtores de petróleo já há tempo têm o mesmo sistema de preços, “nacionalizados”, com vistas à oferta de derivados a preços mais baixos que o preço internacional. Muitas outras questões, entretanto, subjazem: Como tratar no futuro a PETROBRÁS, maior empresa do país, hoje com ações na Bolsa de NY? Mantê-la como S.A. com os imperativos legais que regulam as empresas abertas ou recomprar ações com vistas à recondução da empresa para o status de empresa pública voltada exclusivamente ao interesse nacional e não de acionistas privados? Haveria vantagens nisso? Enfim, o país necessita discutir com mais profundidade a questão energética que não se resume ao petróleo, mas se abre, crescentemente para novas fontes de energia, todas problemáticas – e caras!
Editorial:
O CORONEL E O LOBISOMEM
O tÍtulo é de um romance de J.Cândido de Carvalho. O enredo de "O Coronel e o Lobisomem" aborda a vida de Ponciano de Azeredo Furtado. O protagonista, que narra a trama em primeira pessoa, é neto de Simeão Furtado, um ex-oficial da Guarda Nacional de muito sucesso e que se tornou uma espécie de herói lendário na cidade de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. O romance, segundo deste autor, mescla elementos do romance regionalista brasileiro da década de 1930 e o realismo mágico das obras de Gabriel García-Márquez e Carlos Fuentes, célebres na década de 1960. O assunto vem à tona, agora, diante do caso do Ajudante de Ordem do ex Presidente Bolsonaro, preso, envolvido em artimanhas que podem comprometer sua carreira. A honra, já perdeu. E ainda arrastou a família. A esposa, também implicada, por ter seu cartão de vacina adulterado, será ouvida pela PF. Dito coronel, como no romance de J.CANDIDO DE CARVALHO, também é de família militar. Pai general reformado, supostamente dono de grandes empreendimentos nos Estados Unidos, onde serviu como adido do Brasil, com polpudo salário de US 50 mil mensais. O avô, também militar.
O que espanta no caso do coronel Mauro Cid é que, ao contrário de outros militares reformados envolvidos e até presos pelo envolvimento na tentativa de golpe, igualmente ligados ao Bolsonaro, é que ele é um oficial de escol. Primeiro colocado na AMAN, distinguido nos cursos da carreira, ESAO e Estado Maior, graças ao quais estava na mira de uma promoção a general. Mas precisamente por isso é lamentável ver a que tarefas, indignas de um Oficial do Exército, se dispôs a fazer o referido coronel, transformado em bedel do Palácio, a atender demandas da primeira dama. Simplesmente lamentável. Uma desonra para o Exército. Isso demonstra a que níveis de degradação uma pessoa pode chegar, por mais honrada e qualificada que seja, quando submetida aos delírios da ideologia política.. Feriu o pundonor militar, virtude importante na caserna. Faltou, talvez, ao coronel CID a formação para a cidadania e boas lições de ética no cumprimento do dever, para não se falar das lacunas que se percebe em falas de muitos oficiais generais quanto ao entendimento da Geopolítica Mundial, com suas implicações econômicas que afetam o Brasil, e a própria realidade nacional, fruto da má formação em Ciências Humanas nas Escolas Militares, assunto espinhoso mas indispensável à construção de mentalidades mais abertas no processo de construção da democracia.
O PODCAST FOLHA UOL trata hoje deste tema
Café da Manhã Podcast Folha Uol dia 16 maio 23
Compartilhar nas redes sociais "Café da Manhã: Podcast: O peso de Mauro Cid em investigações que envolvem Bolsonaro"- https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2023/05/podcast-o-peso-de-mauro-cid-em-investigacoes-que-envolvem-bolsonaro.shtml
Podcast: O peso de Mauro Cid em investigações que envolvem Bolsonaro. Devassa em telefones do militar e de outros assessores tem baseado apurações que apertam cerco ao ex-presidente
Editorial: Tempos Perturbadores
Já dizia Cícero na Velha Roma, com Cesar às suas portas depois de beber água no Rubicão e seguir o curso de seu destino como coveiro da República: “Ó tempos!Ó costumes!” Pouco depois, morria assassinado...Imagino se visse os tempos atuais. Saltamos no último século do otimismo desenfreado da razão como Senhora do Destino para um pessimismo incontrolável quanto ao futuro da humanidade. Da utopia `a distopia. Do mundo em construção para a possibilidade de destruição da civilização. Para muitos, já estamos, inclusive na III Guerra Mundial, ao fim da qual só sobrarão as baratas. E se não houver a guerra total, sobrarão fragmentos da globalização, mesmo em sociedades altamente tecnificadas, como já escrevia Arthur Clark, um dos grandes da ficção no século passado, em “A Cidade e as Estrelas”. Daí a pergunta: O sonho acabou? Abaixo, ilustrando esta indagação, transcrevemos dois artigos recentes que melhor a situam em meio às fake news transmitidas pela imprensa e quejandas da Inteligência Artificial.
Martin Wolf * Mentiras da mídia ameaçam a democracia
Valor Econômico - quarta-feira, 3 de maio de 2023- Democracia Política e novo Reformismo: Martin Wolf * Mentiras da mídia ameaçam a democracia (gilvanmelo.blogspot.com)
Uma mentira sobre o resultado de uma eleição é uma ameaça à democracia. É uma tentativa de destruir as eleições como mecanismo de arbitragem do poder. Foi isso o que Trump tentou fazer, e todos os que o apoiam tentaram fazer
No mês passado, a Fox, empresa controlada por Rupert Murdoch e seu filho Lachlan, aceitou formalmente pagar US$ 787,5 milhões à Dominion Voting Systems para encerrar com acordo o processo de difamação, de US$ 1,6 bilhão, movido contra si. Justin Nelson, o advogado da Dominion, insistiu, em resposta a esse acordo, que ele demonstra que “a verdade tem importância” e “as mentiras têm consequências”. Isso é verdadeiro, mas apenas até certo ponto. O modelo de negócios revelado em detalhes assombrosos em trocas de comunicações entre executivos da Fox e estrelas depende de proporcionar aos espectadores as fortes emoções que eles desejam. Se isso incluir informações falsas, tudo bem. Perguntado se poderia ter dito aos altos executivos da Fox que deixassem de colocar no ar Rudy Giuliani (um dos mais assíduos promotores de mentiras sobre a eleição americana de 2020), Rupert Murdoch respondeu: “Eu poderia ter feito isso. Mas não fiz”. Sua inação disse tudo.
Como afirmou o falecido senador Daniel Patrick Moynihan: “Você tem direito a sua opinião. Mas não tem direito aos seus próprios fatos”. Os fatos às vezes podem ser discutidos. Mas, muito frequentemente, como nesse caso, informações falsas não podem: elas não são “fatos alternativos”, e sim mentiras. Na obra “Truth and Politics”, Hannah Arendt conta uma história sobre Georges Clemenceau, líder da França no fim da Primeira Guerra Mundial. Perguntado sobre quem era o responsável pela guerra, ele respondeu: “Não sei. Mas sei com certeza que eles não vão dizer que a Bélgica invadiu a Alemanha”. Donald Trump não venceu a eleição de 2020. Suas acusações de fraude são mentiras.
É desnecessário dizer que regimes totalitários tanto de esquerda quanto de direita promoveram informações falsas livremente. Para eles a mentira era (e é) um instrumento de controle. Espera-se que as democracias sejam diferentes e, nesse caso, eram, sob um aspecto importante. O mecanismo independente de revelação da verdade da lei obrigou a Fox a pôr à mostra sua consciência de que estava propagando informações absolutamente falsas.
Será que essas mentiras têm importância? Decididamente, têm. Na ausência de concordância em torno dos fatos, a discussão democrática não pode começar. Mas essas mentiras têm um significado especialmente poderoso, porque eram (e são) uma tentativa de derrubar a própria democracia.
A democracia pode ser definida como uma guerra civil civilizada. Reconhece a existência de diferenças de opiniões, mas as soluciona pacificamente, por meio de eleições, que são a instituição fundamental da democracia representativa. As eleições determinam a legitimidade. Mas, para isso, têm de ser reconhecidas como idôneas. Uma mentira sobre o resultado de uma eleição, em vista disso, é mais do que uma mentira. Nem chega sequer a ser, simplesmente, uma mentira política. Ela ameaça diretamente a democracia. É uma tentativa de destruir as eleições como mecanismo de arbitragem do poder. Foi isso o que Trump tentou fazer. Foi isso o que todos os que o apoiam ou lhe deram condições de agir tentaram fazer. Foi isso o que a cobertura da Fox da eleição, especialmente a interminável promoção de mentiras sobre a segurança da votação, tentou fazer.
Esse não é um delito de menor importância que o mundo deveria esquecer facilmente. A democracia corre risco de extinção em boa parte do mundo, enquanto os EUA são a democracia mais importante do mundo. Tentativas de subverter a principal instituição da democracia em seu âmago são imperdoáveis. Mas, infelizmente, não surpreendem. Como argumenta o jornalista britânico Matthew d’Ancona na revista “Prospect”, a Fox “lembra o escorpião da famosa fábula, ao picar o sapo da democracia que o carregava, o que fez com que ambos se afogassem em um lodaçal de desonestidade, desinformação e desordem. Ela simplesmente estava sendo fiel à sua natureza. Ainda está”.
Um advogado de defesa pode argumentar que nada disso foi culpa da Fox. Ela apenas fez o que tinha de fazer, a fim de dar aos seus clientes o que eles queriam. Esse, poderia se observar, seria o argumento de um traficante de drogas. Nesse caso, além disso, a Fox não estava só satisfazendo um desejo preexistente. Teve papel significativo na criação da dependência em relação à demagogia da extrema direita, da qual Trump é um tão brilhante expoente. Como observou Jim Sleeper na “Columbia Journalism Review”: “A Fox renuncia ao jornalismo, ou o redireciona, não apenas para entreter como também para engrossar e canalizar filetes de fúria e medo públicos de modo a transformá-los em correntes torrenciais de poder político”.
Imaginemos o que aconteceria se a eleição presidencial futura estivesse ainda mais próxima. As instituições poderiam então estar sobrecarregadas para além do ponto de ruptura. Mas, talvez, já seja tarde demais para tentar mudar esse quadro. Em vista das profundas divisões atuais, qualquer tentativa de atualizar a velha “doutrina da idoneidade” (suspensa em 1987) de modo a cobrir as emissoras atuais seria inaceitável e inviável. Pode-se argumentar também que é impossível evitar a ampla disseminação de mentiras, em vista das nossas redes sociais. Resta apenas a esperança de que o eleitorado e o Poder Judiciário permaneçam robustos contra os futuros esforços de subversão.
Para os países que ainda não caíram nesses lodaçais, no entanto, é vital proteger o financiamento e a independência das emissoras públicas, como a BBC, e insistir que todas as emissoras têm a obrigação de não mentir. Se descumprirem essa obrigação, devem imediatamente perder suas concessões, que são um privilégio, não um direito. Essas concessões não dão o direito às emissoras de pregar a sublevação contra o regime democrático que lhes deu origem.
Temos que nos lembrar de três grandes coisas sobre a economia de mercado. A primeira e mais fundamental é que não se pode fazer tudo o que é lucrativo. Aliás, tem de haver uma longa lista de atividades que as pessoas não têm o direito de praticar. A segunda é que algumas das coisas que as pessoas não podem fazer talvez sejam legais ou, se contrárias à lei, difíceis de evitar. A última e mais importante, consequentemente, é que a sobrevivência de uma sociedade civilizada depende da contenção moral, principalmente da parte de suas principais personalidades. Em 1954, Joseph Nye Welch, principal assessor do Exército dos EUA, respondeu à pecha de comunista atribuída pelo senador Joe McCarthy com a pergunta: “O senhor não tem noção de idoneidade?” Sociedades livres morrerão se as pessoas dotadas de influência, riqueza e poder forem desprovidas dessa virtude. (Tradução de Rachel Warszawski)
*Martin Wolf é editor e principal analista de economia do Financial Times
Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 08:13:00
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Um futuro próximo surpreendente
Paulo Ormindo de Azevedo - | Facebook-: A Tarde, 14/05/2023
Nunca fui um aficionado da ficção científica e de outras manifestações de futurologia, mas tenho que reconhecer que muitas de suas profecias se tornaram realidade. Em 1946, um jornalista perguntou a Einstein qual seria a próxima arma de guerra depois da bomba atômica e ele respondeu o arco e a flecha, sinalizando o retorno à barbárie.
O historiador inglês Toynbee previu que depois da Modernidade, com sua ênfase na razão e na ética, teríamos um novo período de obscurantismo. É o que estamos vendo com o avanço do esoterismo e do neofascismo. A vigilância global prevista por George Orwell no livro 1984 foi assumida pelos estados ditos democráticos à pretexto de combater o terrorismo, e pela avidez da indústria do consumo. O Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley se transformou no Admirável gado novo, como canta Zé Ramalho: povo marcado é povo feliz!
O cinema tem sido outra fonte de profecias distópicas. Vivemos Fahenheit 452 durante o golpe de 1964 com queima de livros. Androides chamados de replicantes, criados pela bioengenharia, são banidos da Terra, mas voltam e são aposentados (mortos) em Blade Runner – o caçador de andróides, num futuro que não parece estar muito distante com as pesquisas sobre o genoma humano e as conquistas espaciais privadas.
Mas o filme mais profético e atual é de Stanley Kubrick em parceria com o ficcionista científico Arthur Clark, 2001- uma odisseia no espaço, que mostra a evolução da humanidade das cavernas até à conquista do espaço e criação da inteligência artificial. Produzido há 55 anos, ele é de uma atualidade desconcertante. Numa viagem da nave Discovery One da Base Clavius na Lua a Júpiter, o computador Hall apresenta um erro por “falha humana” na sua construção e resolve assumir o controle da nave cortando o suprimento de oxigênio de todos os membros da tripulação.
A inteligência artificial pode ter algumas aplicações interessantes, mas sem controle da sociedade pode ser um tiro pela culatra na chamada civilização. Vai ficar difícil distinguir o que é ficção e realidade, o que é autoral e adulteração, e possivelmente teremos um pensamento único sacralizado pela infalibilidade da máquina. Haverá sempre um pensamento crítico nas universidades, mas sem poder político e decisório.
Politicamente a inteligência artificial pode ser uma ferramenta de lavagem cerebral das massas por algumas poucas empresas privadas. A questão é tão grave que os próprios donos dessas plataformas estão pedindo uma moratória de seis meses para a normatização da inteligência artificial. Que instituição internacional pode normatizar e fiscalizar o uso desse aplicativo e do espaço cósmico por empresas privadas? A desmoralizada ONU? Melhor que Não olhem para cima, nem confiem no computador.
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Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 12 MAIO 23
As Mães Nossas de Cada Dia
As mães são seres imensuráveis, indescritíveis num único traço, num único fio, pois elas não se aquietam, não se conformam, não desistem, não se rendem, seja diante dos desafios domésticos, seja frente aos desafios da luta pela sobrevivência, levando-as ao mercado profissional e do empreendedorismo, seja diante de situações inusitadas que as retiram de casa transformando-as em protagonistas políticas, até mesmo em situações de guerra. Foram as mulheres que provocaram, no Brasil, a luta pela Anistia nos anos 70. Foram as mulheres que saíram às ruas na Argentina em busca dos filhos “desaparecidos”.
A história registra a luta de muitas mães em busca de seus filhos que foram detidos, presos, torturados, sequestrados e desaparecidos nas ditaduras de latino-américa. As Mães da Praça de Maio, em Buenos Aires, foram um exemplo de amor e coragem de dezenas de mães à procura de seus filhos desaparecidos pela ditadura argentina nos anos 1976/83, numa época em que poucos se atreviam a desafia aquele regime. “Las Madres de la Plaza de Mayo” usavam lenço branco na cabeça, simbolizando as fraldas de seus filhos. Nossa homenagem às mães na lembrança de Hebe de Bonafini, que criou este memorável Movimento.
Hebe de Bonafini era uma dona de casa que cursou unicamente a escola primária. Casou-se em 29 de dezembro de 1942, aos 14 anos, com Humberto Alfredo Bonafini, com quem teve três filhos, Jorge Omar, Raúl Alfredo e María Alejandra. Em 8 de fevereiro de 1977, seu filho mais velho Jorge Omar foi sequestrado e desaparecido, em La Plata, e em 6 de dezembro desse ano ocorreu o mesmo a seu outro filho homem, Raúl Alfredo, em Berazategui. Em 25 de maio de 1978, desapareceria também seu nora, María Elena Bugnone Cepeda, esposa de Jorge.
Hebe de Bonafini foi presidenta da Associação Mães da Praça de Maio desde 1979, onde se destacou pela luta contra a impunidade dos culpados de delitos de lesa humanidade, bem como por reivindicar a vida dos desaparecidos, rendendo homenagens a seus atos ainda em vida e não só a seu desaparecimento.
Seu esposo, Humberto Bonafini, morreu em setembro de 1982.
Em 1987, quando o músico britânico Sting visitou o país, convidou a organização a subir ao palco do estádio do River Plate. Durante a canção They dance alone, as Mães passearam no palco ao compasso da canção que tinham inspirado. (Wikipedia)
A banda irlandesa U2 em 1987 no álbum/The Joshua Tree, dedicou a faixa 11 às Mães da Plaza del Mayo, com a música "Mothers of The Disappeared" e em 1998 quando a Banda realizou show em Buenos Aires Bono Vox encontrou com Bonafini.
Diz a letra:
Meia noite, nossos filhos e filhas foram
cortados e tirados de nós
Mas ouvimos seus corações ...
Não nos cansemos jamais de lembrar e contar a história destas mães, é nosso dever.
Em 1991, Bonafini numa emissão do programa El Perro Verde que era conduzido pelo jornalista espanhol Jesús Quintero, a líder das Mães chamou ao então presidente Carlos Menem de «lixo», pelo qual o mandatário lhe processou por «desacato». Em 1998, a Câmara de Apelações considerou que a causa se encontrava prescrita e que o ex-presidente devia pagar os custos, que chegavam a 4500 pesos. O expediente foi elevado por Menem à Corte Suprema em 1999.
Em 1996 ― durante o menemismo ― Hebe de Bonafini foi ferida na cabeça pela polícia numa manifestação universitária em repúdio à reforma do estatuto da Universidade Nacional de La Plata e à Lei de Educação Superior, quando o Corpo de Infantaria da Polícia Bonaerense exercia uma brutal repressão. Ficou gravemente ferida e ficou com seu lenço branco tingido de vermelho, mas declarou: «O sangue do lenço é a ameaça mais forte deste governo para dizer que paremos. [...] Não vão nos parar! Nem um passo atrás, carajo!
Em 1998, quando a banda U2 visitou a Argentina, seus integrantes estiveram na organização das Mães e as convidaram a subir ao palco em sua apresentação. Ali, Hebe de Bonafini presenteou seu lenço branco a Bono. Em várias oportunidades, Hebe de Bonafini sofreu ataques contra sua pessoa, pessoas próximas e a associação, desde insultos, ameaças de morte até torturas. Em 2001, duas pessoas invadiram a casa de Bonafini e, não encontrando Hebe, torturaram a sua filha Alejandra, golpeando-a brutalmente e queimando-a com cigarros.
Bonafini foi convidada a dar conferências e palestras, tanto na Argentina quanto no exterior. Alguns dos lugares onde proferiu discursos são: num acampamento dos Sem Terra, no Mato Grosso (no Brasil); em Chiapas (no México) com o convite para apoiarem o Subcomandante Marcos; na Universidade da Califórnia, em Riverside (Estados Unidos) ao receber um título Honoris Causa; Havana (Cuba), onde numa das oportunidades foi oradora nas comemorações de Primeiro de Maio; Astúrias (na Espanha), convidada pelo Grupo de Apoio do País Basco; Caracas (Venezuela) na Segunda Jornada de Saúde Mental; Porto Rico, na assembleia do Colégio de Advogados; Milão, Brescia, Verona, Turim, Rivoli, Riccione e Módena (na Itália), convidada pelo Comitê de Solidariedade Internacionalista Arco Íris; Paris (França), quando a fundação recebeu o Prêmio UNESCO de Educação pela Paz; Belgrado (Iugoslávia), para participar de um ato de repúdio à guerra.
Desde 2004 difundiu seu pensamento em programas de rádio, como Transformaciones del Pañuelo Blanco (desde 2007) ou La Voz de las Madres. Desde 2008 as Mães da Praça de Maio administram o chamado Centro Cultural Nuestros Hijos, no antigo campo de concentração ESMA (Escola Superior de Mecânica da Armada) em Buenos Aires.
Em 2009 começou a dar aulas de culinária e política nesse mesmo centro. Bonafini morreu em 20 de novembro de 2022, aos 93 anos de idade. (Wikipedia)
O que você precisa saber sobre ECONOMIA DO CUIDADO DOMÉSTICO que, se somado seria um dos maiores PIBs do mundo: US $ 10 tri anual – g1
Mercado de trabalho: cai participação de mulheres com filhos// Mães em home office: 92% são responsáveis pelos filhos// Tarefas domésticas: mulheres passam 2x o tempo dos homens//Sebrae: 7 a cada 10 mulheres empreendem depois de ter filhos// Economia do cuidado: mulheres movimentam US$ 10 tri/ano
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Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 11 MAIO 23
Julian Assange
Julian Assange é um jornalista australiano que se encontra preso no Reino Unido há dez anos, depois de um longo asilo na Embaixada do Equador, por haver revelado ao público informações estratégicas dos Estados Unidos. Responde à ação judicial nos EUA, onde poderá ser condenado à vida por traição. Neste ínterim, vê sua saúde deteriorar-se gradualmente na prisão. No coroamento de Charles III divulgou a Carta abaixo, que por solidariedade ao jornalista e em defesa do real direito de todos à verdade e ao livre exercício da profissão de jornalista, transcrevemos:
Carta de Julian Assange ao rei Carlos III
À Sua Majestade Rei Carlos III,
No momento da coroação do meu soberano, achei por bem fazer-vos um convite sincero para comemorar este importante evento visitando o vosso próprio reino dentro de um reino: a prisão de Belmarsh de Vossa Majestade.
Sem dúvida recordareis as sábias palavras de um famoso dramaturgo: "A qualidade da misericórdia não é imposta. Ela cai como a suave chuva do céu sobre os lugares abaixo".
Ah, mas o que saberia aquele bardo de misericórdia diante do acerto de contas no alvorecer do vosso histórico reinado? Afinal, pode-se verdadeiramente conhecer a medida de uma sociedade pelo modo como trata os seus prisioneiros, e o vosso reino certamente esmerou-se a este respeito.
A Prisão de Belmarsh de Vossa Majestade situa-se na prestigiada morada de One Western Way, em Londres, apenas a uma curta distância do Old Royal Naval College, em Greenwich. Quão deleitoso deve ser ter um estabelecimento tão estimado a portar o vosso nome.
“Pode-se verdadeiramente conhecer uma sociedade pelo modo como trata os seus prisioneiros”.
É aqui que 687 dos vossos leais súbditos são mantidos, apoiando o registo do Reino Unido como a nação com a maior população encarcerada da Europa Ocidental. Como o vosso nobre governo declarou recentemente, o vosso reino está atualmente a passar pela "maior expansão de vagas prisionais em mais de um século", com as vossas ambiciosas projeções a mostrarem um aumento da população prisional de 82.000 para 106.000 nos próximos quatro anos. É, na verdade, um grande legado.
Como prisioneiro político, detido ao bel-prazer de Vossa Majestade em nome de um soberano estrangeiro envergonhado, sinto-me honrado por residir entre os muros desta instituição de classe mundial. Na verdade, o vosso reino não conhece limites.
Durante a vossa visita, tereis a oportunidade de banquetear-vos com as delícias culinárias preparadas para os seus fiéis súbditos com um generoso orçamento de duas libras por dia. Podereis saborear as cabeças de atum misturadas e as omnipresentes formas reconstituídas que supostamente são feitas de galinha. E não vos preocupeis, porque, ao contrário de instituições menores como Alcatraz ou San Quentin, não há refeições coletivas num refeitório. Em Belmarsh, os prisioneiros comem sozinhos nas suas celas, garantindo a máxima intimidade com a sua refeição.
Para além dos prazeres gustativos, posso assegurar-vos que Belmarsh oferece amplas oportunidades educativas aos vossos súbditos. Como diz Provérbio 22:6: "Educai a criança no caminho em que deve andar, e até envelhecer dele não se desviará". Observai as filas baralhadas no guichê dos medicamentos, onde os reclusos recolhem as suas receitas, não para uso diário, mas para a experiência de expansão de horizonte num "grande dia fora" – tudo de uma vez.
Também tereis a oportunidade de prestar as vossas homenagens ao meu falecido amigo Manoel Santos, um homem gay que enfrentava deportação para o Brasil de Bolsonaro, o qual tomou a sua própria vida a apenas oito jardas da minha cela usando uma corda grosseira feita com lençóis. Sua refinada voz de tenor agora silenciou para sempre.
"Meu falecido amigo Manoel Santos... o qual tomou a sua própria vida a apenas oito jardas da minha cela".
Aventurai-vos nas profundezas de Belmarsh e encontrareis o local mais isolado dentro das suas muralhas: Os cuidados de saúde (Healthcare), ou “Cuidados do inferno” ("Hellcare"), como o chamam carinhosamente os seus habitantes. Aqui, ficareis maravilhado com as regras sensatas concebidas para a segurança de todos, tais como a proibição do jogo de xadrez, se bem que permitindo o muito menos perigoso jogo de damas.
Nas profundezas do Hellcare encontra-se o lugar mais gloriosamente edificante de toda a Belmarsh, ou melhor, de todo o Reino Unido: a sublimemente denominada Belmarsh End of Life Suíte. Ouvi com atenção e podereis escutar os gritos dos prisioneiros: "Irmão, estou a morrer aqui", um testemunho da qualidade de vida e de morte dentro da vossa prisão.
Mas não temais, pois há beleza a encontrar dentro destes muros. Deleitai os vossos olhos com os pitorescos corvos que fazem ninho no arame farpado e com as centenas de ratos famintos que chamam Belmarsh de casa sua. E se vierdes na Primavera, podeis mesmo ter um vislumbre dos patinhos postos pelos patos selvagens no terreno da prisão. Mas não vos demoreis, pois as ratazanas vorazes asseguram que as suas vidas são efémeras.
Imploro-vos, Rei Carlos, que visiteis a Prisão de Belmarsh de Vossa Majestade, pois é uma honra digna de um rei. Ao embarcardes no vosso reinado, lembrai-vos sempre das palavras da Bíblia na versão do Rei James: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia" (Mateus 5:7). E que possa a misericórdia ser a luz orientadora do vosso reino, tanto dentro como fora das muralhas de Belmarsh.
O vosso mais devotado súbdito,
Julian Assange, [*] Jornalista e preso político. - A9379AY - 05/Maio/2023
O original encontra-se em declassifieduk.org/a-kingly-proposal-letter-from-julian-assange-to-king-charles-iii/
Este artigo encontra-se em resistir.info
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 10 MAIO 23
Rita Lee, foi-se minha adorável Rainha
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Podcast discute legado de transgressão de Rita Lee dentro e fora dos palcos.
Pesquisadora musical analisa marcas que a artista, morta aos 75 anos, deixa na cultura e na sociedade - Podcasts O legado de transgressao de Rita Lee entro e fora dos palcos
Rita Lee, rainha do rock brasileiro, morre aos 75 anos; relembre carreira
Com quase 60 anos de carreira, Rita Lee foi referência de criatividade e independência feminina. A cantora acumula sucessos como 'Mania de você' e 'Lança perfume'. - g1.globo.com-Podcast Adeus a Rita Lee e nova lei no futebol
Em autobiografia, Rita Lee deixou 'profecia' sobre sua morte: 'Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório'; leia trecho
Rainha do rock brasileiro também escreveu que haveria palavras de carinho de quem a detesta, rádios tocariam suas músicas sem cobrar jabá e que ela estaria no céu 'tocando autoharp e cantando para Deus'. Rita Lee morreu nesta segunda-feira aos 75 anos.
Roberto de Carvalho publica homenagem à Rita Lee - Cantora morreu na noite desta segunda-feira (8). Os dois estiveram juntos por 46 anos.
'Cabeças vão rolar', 'me deixa de quatro no ato' e mais: conheça as letras proibidonas de Rita Lee, censuradas pelos militares
Doutora Norma Lima, pesquisadora da Uerj, reuniu lista de músicas que foram censuradas durante ditadura militar. Biógrafo de Rita Lee, Guilherme Samora, conseguiu documentos que alegam que Rita Lee incitou à rebelião.
Lula lamenta morte de Rita Lee: 'Jamais será esquecida' - Cantora faleceu na noite de segunda-feira (8), aos 75 anos. Ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e vinha fazendo tratamentos contra a doença.
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Como definir Rita Lee, um produto híbrido de descendentes gringos e italianos oriundi de Santa Bárbara do Oeste, em São Paulo, que carregou no nome, sem constrangimento, o signo de um odioso general confederado da Guerra Civil americana do século XIX. Transgressora confessa, que encontrou no rock a melhor expressão musical para sua atitude libertária, Rita foi um dos melhores símbolos da resistência no século passado quando o clima se tornou irrespirável. “Naquele tempo”, como digo ao meu neto, anos 60, diante da bestialidade do regime militar ancorado na Boa Sociedade da Tradição “Deus, Pátria e Família”, que lhe pariu, a consciência crítica tinha três alternativas: Conformar-se com um cargo na Universidade, sair atirando ou desbundar. A maior parte, eu inclusive, se conformou como professor ou pesquisador. Raros, neste campo, ganharam notoriedade. FHC foi um deles. Era uma alternativa que resguardava um mínimo de dignidade frente ao que acontecia nos porões do regime. Os que saíram atirando – e foram muitos e os mais heroicos – se deram mal: prisões, sumiços e exílio. Só para o Chile, onde eu vivi entre os anos 1970 e 73, chegaram mais de cinco mil. Todos muito jovens. Meninas e meninos. Esboroaram-se na muralha da repressão. Os demais, como se dizia, “desbundaram”, numa época que era quase impensável, numa boa, ir para o exterior. Estes atravessaram vários caminhos, muitos deles entrecruzados, mas a música, o teatro e o cinema foram os mais construtivos deles. Os Festivais de Música da Record, em 67 e 68 – e lá já estava Rita Lee com Os Mutantes” - , há documentários excelentes sobre eles, representaram um sopro de vida nos campos de Marte: A Tropicália. Com isso, ganhou a identidade brasileira, atravessada em nossas raízes tamboris com a guitarra elétrica e a performance inusitada de Rita Lee, Novos Baianos, Ney Mato Grosso, para não falar dos conjuntos musicais que os acompanharam. Agora, perdemos a Rainha, não só do rock brasileiro, mas de todo este tempo de rebeldia que tanto nos enriqueceu. Sua obra monumental, 55 milhões de discos vendidos, cerca de 300 composições, mais de 600 interpretações fica como registro - https://pt.wikipedia.org/wiki/Rita_Lee . Uma inspiração libertária para as novas gerações. Como ela própria se definiu: “Não fui um bom exemplo. Mas fui uma boa pessoa.” Na verdade, muito mais do que isso, um patrimônio cultural imorredouro.
O Assunto g1 dia 10 maio: Rita Lee, a majestade do rock, por Ney Matogrosso
Morreu aos 75 anos a voz mais importante do rock ‘n roll brasileiro – mas que não se limitava ao gênero e experimentou diversos ritmos ao longo de 5 décadas de carreira e 40 álbuns publicados, que renderam a ela mais de 55 milhões de exemplares vendidos. Rita Lee nasceu em São Paulo e explodiu para a cena musical na década de 1960, durante o movimento tropicalista, quando integrava os Mutantes. Depois, em carreira solo – mas sempre em parceria com seu companheiro de vida, Roberto de Carvalho, com quem teve três filhos – colecionou hits e sucessos. Além do talento, deixa um legado de autenticidade e liberdade. Para dar conta de contemplar diversos aspectos desta rica personalidade, Natuza Nery conversa com Ney Matogrosso, uma das maiores vozes da música brasileira e amigo de Rita. Neste episódio:
Ney conta que observa a Rita Lee desde antes de ser artista e o quanto a imagem dela de “noiva grávida” na década de 1960 imprimiu nele uma marca da revolução e da transgressão. “Me fez sentir como sua alma gêmea”, afirma;
Ele recorda as características da cantora que a faziam “diferente” e algumas das canções que a parceira escreveu para que ele cantasse: “Ela me sacava. Eu via a letra e pensava que era eu. Mas era ela também”;
Ney também fala sobre a forma como Rita Lee fazia questão de se mostrar uma representante de São Paulo: “Ela era uma representação dessa cidade desvairada”;
Ele explica como a artista venceu a resistência de um cenário “careta” na música brasileira e “reforçou a visão de que a música brasileira é antropófaga”.
O que você precisa saber:
Rita Lee: a rainha do rock brasileiro, morre aos 75 anos// Autobiografia: Rita Lee deixou 'profecia' sobre sua morte// Rock'n roll: 'vou fazer com meus ovários e com meu útero'// Música: as letras proibidonas, censuradas pelos militares// Tristeza: artistas e famosos lamentam a morte da cantora// Repercussão internacional: 'ícone do rock brasileiro' e mais// Velório: corpo de Rita Lee será velado no Planetário em SP// VÍDEOS: relembre as parcerias da rainha do rock brasileiro
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Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 05 MAIO 23
O BALONISMO: Dos eventos ao acontecimento
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Alô Comunidade / CULTURAL FM Torres RS – Entrevista com Tommaso Mottironi sobre o 33º. Festivas do Balonismo
Alô Comunidade-02/05/2023
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O Festival de Balonismo de Torres teve seu marco em 1989 quando apareceram em caráter promocional na antiga Feira da Banana, evento agrícola da cidade. Os balões fizeram tanto sucesso que logo ganharam um evento próprio. O balonismo vem de longe: ocorreu no ano de 1783, quando dois irmãos franceses, Etiene e Joseph Montgofier, realizaram o primeiro teste com um balão. O vôo foi um sucesso e visto por quase toda a população de Paris da época. Já no Brasil o primeiro vôo de balão aconteceu no ano de 1885. Um antecedente importante do balonismo foi o fato de que ele inspirou Santos Dumont às alturas, fazendo-o pioneiro da aviação. Um belo depoimento dele pode ser encontrado no seu memorável relato “Os meus balões” , Biblioteca do Exército1973, no qual conta seu fascínio em voar e suas peripécias com a série de balões dirigíveis entre 1900 e 1904 , em Paris, cuja íntegra juntei ao meu último livro “Século XX – O Século dos Séculos”, Ed. Mottironi, Torres, 2022. Eis um pequeno fragmento:
“Às 11 horas os preparativos estavam terminados. Uma brisa fresca acariciava a barquina, que se balançava suavemente sob o balão. A um dos cantos dela, com um saco de lastro na mão, eu aguardava com impaciência o momento da partida. Do outro, o Sr. Machuron gritou:
- Larguem tudo!
No mesmo instante, o vento deixou de soprar. Era como se o ar em volta de nós se tivesse imobilizado. É que havíamos partido, e a corrente de ar que atravessávamos nos comunicava sua própria velocidade. Eis o primeiro grande fato que se observa quando se sobre num balão esférico.
Esse movimento imperceptível de marcha possui um sabor infinitamente agradável. A ilusão é absoluta. Acreditar-se-ia, não que é o balão que se move, mas que é a terra que foge dele e se abaixa.
No fundo do abismo que se cavava sob nós, a mil e quinhentos metros, a terra, em lugar de parecer redonda como uma bola, apresentava a forma côncava de uma tigela, por efeito de uma fenômeno de refração que faz o círculo do horizonte elevar-se continuamente aos olhos do aeronauta.”
Volto aos balões e ao balonismo para concelebrar com organizadores, competidores e grande público presente o sucesso do 33º. Festiva de Balonismo de Torres no último fim de semana. Quis o bom Deus nos brindar, naqueles dias, com um clima excepcional. Embora não tenha assistido a todos os Festivais tenho para mim que este se excedeu em beleza e organização. O balonismo preencheu uma lacuna na vocação turística da cidade e já pode ser considerado o maior de seus eventos, justificando os elevados custos em dinheiro público nele envolvido. Por isso mesmo, justifica-se pensá-lo melhor numa estratégia de desenvolvimento da cidade. Sua realização comprova, sobretudo, a necessidade de se complementar o cronograma de verão com eventos da mesma ordem que se sigam ao longo do ano. Ruy Rubem Ruschel, patrono dos historiadores da cidade, já escrevia fartamente sobre isso há mais de 30 anos: - “Precisamos mais do que o veraneio”, chamando a atenção para a importância de parques temáticos na cidade, maior apoio à cultura e ao turismo rural. Tem até uma crônica que ilustra sua visão e que aponta para ações ainda não descartadas: “Um parque da Mônica poderá salvar Torres”.
Pois bem, tudo isso para dizer que muito devemos a empresários que deram os primeiros passos para o balonismo na cidade e outros tantos desportistas que se lançaram ao balonismo. Hoje, segundo Tommaso Mottironi, que concedeu uma entrevista à Cultura FM sobre o evento, Torres é uma cidade privilegiada com o número de equipes. Destaca o Professor Roni Dal Piaz, também, em sua Coluna em A FOLHA de 29 de abril passado, que nosso Festival já está entre os dez maiores do mundo. Resta, agora, não deitar sobre os louros conquistados, mas planejar melhor para os futuros Festivais. Um evento desta magnitude e com as projeções que adquiriu não pode ser organizado apenas pela Prefeitura Municipal nas últimas semanas de sua realização, com as inevitáveis tensões que isso provoca. Mister se criar uma Comissão Mista Permanente, com membros da sociedade civil, para tratar do assunto, com assento no Conselho Municipal de Turismo e capacidade de diálogo com todos os interessados. Uma das reclamações, por exemplo, se refere ao contingenciamento do local dos balões. Há necessidade de mais espaço. Talvez se possa pensar em outra e mais ampla área, até para evitar o congestionamento do trânsito ali onde está. Mottironi, urbanista, destaca a importância de um novo lay out na área do balonismo, com a criação, inclusive de galpões para as várias equipes e oficinas. Ao mesmo tempo, pela natureza da atividade, aérea, ela se desdobra além dos limites da cidade, sugerindo a necessidade de se incorporar ao evento pelo menos Passo de Torres. Isso, aliás, aponta para a importância de fazer do balonismo um instrumento de valorização de todo o Vale do Mampituba, igualmente privilegiado em termos de paisagem. Com tudo isso, ir-se-ia deslocando o olhar sobre os balões para um olhar dos balões para pontos importantes da nossa realidade: o rio, lagoas, parques, artesanato etc. Palestras, Seminários, Encontros Temáticos e Concertos poderiam completar o ciclo. Um bom Plano de Comunicação Social do evento, com a produção final de um Vídeo Institucional da Prefeitura consagraria e divulgaria estes esforços. Finalmente, parece ter chegado a hora de transformar o evento balonismo num acontecimento, no sentido que cientistas sociais dão a este termo: a capacidade do evento produzir resultados além do seu tempo. A Economia do Balonismo. Sua capacidade de gerar renda e empregos além do período do Festival. Fica o desafio.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 04 MAIO 23
FECHA-SE O CERCO SOBRE O EX PRESIDENTE BOLSONARO
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Cartão de vacina de Bolsonaro: veja os principais pontos da investigação sobre suposta fraude
Quais os possíveis crimes? Como era o esquema? Entenda
Dos indícios de fraude a buscas contra ex-presidente: veja a cronologia
Veja quem são e o que dizem os alvos da operação contra fraude em dados de vacinação de Bolsonaro e ajudantes
Tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente foi preso na ação. Segundo PF, grupo falsificou dados em sistemas do Ministério da Saúde para acessar locais onde vacinação contra Covid-19 era obrigatória.
Bolsonaro é alvo de operação da PF por suspeita de fraudar cartão de vacinação; leia análise dos colunistas
Ex-presidente não foi alvo de mandado de prisão, mas deve prestar depoimento ainda nesta quarta na PF, em Brasília.
Como suspeita de fraude dos cartões de vacina envolve 'troca de favores' relacionada ao caso Marielle Franco
Ex-vereador do Rio de Janeiro, Marcello Siciliano aparece nos dois inquéritos e teria ajudado Mauro Cid com cartões de vacina. Ele não é tratado pela polícia como suspeito ou investigado pela morte da vereadora, mas estava com o visto de entrada nos EUA travado após ter sido acusado como mandante do crime em 2018.
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O ex presidente Bolsonaro, depois de concelebrar com seus correligionários uma vitória na retirada de pauta na terça feira do PL das fake news, logo após sua consagração na Agrishouw, teve ontem um sério revés.
Fraude no cartão de vacina e batida da PF foram os piores eventos para Jair Bolsonaro nas redes até agora, aponta Quaest: 464 mil posts negativos.
Uma operação da PF recolheu seu celular enquanto ex assessores eram presos, com autorização judicial, em alentado documento do Ministro Alexandre de Moraes - Supremo: a decisão de Alexandre de Moraes_ Ultimas notícias , suspeitos de participarem em ato de falsificação do cartão de vacina do ex Chefe, dentre eles o Major da ativa, Coronel MARUO CID.
Cid tentou esconder dinheiro vivo dos investigadores, ficou nervoso no depoimento e não respondeu às perguntas. Tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro tinha US$ 35 mil em cédulas.
Ao autorizar buscas, Moraes determinou também a apreensão do passaporte de Bolsonaro e demais investigados. Bolsonaro já responde a 17 processos na Justiça, o mais grave, que poderá leva-lo à cassação de direitos, sua ação contra as urnas eletrônicas, mas ainda lhe pesam outros dois processos importantes: O incitamento aos atos golpistas em janeiro e a tentativa de se apropriar dos valiosos presentes da Arábia Saudita. A todos estes processos Bolsonaro sempre responde que é inocente e que, na verdade, vem sendo perseguido. O episódio de ontem, porém, se reveste de características ignominiosas pois não só revela suposta ilegalidade dos atos mas expõe a escrutínio público a palavra do ex presidente, que sempre se disse contra o uso de vacinas e que, inclusive, retardou o processo de sua compra e uso contra o COVID durante seu governo. Provas colhidas entre seus assessores presos na operação de ontem, Major Ailton, revelam, também, uma nova pista no caso Marielle: - “Eu sei quem foi o mandante desta p...”. Hoje, a imprensa nacional repercute maciçamente a ação da PF e todas as implicações dos primeiros depoimentos e colheita de provas.
O Assunto g1 dia 4 maio 23: Bolsonaro e a carteira de vacinação
g1.globo.com- Bolsonaro e a carteira de vacinação
Na manhã desta quarta-feira (3) a Polícia Federal bateu à porta do ex-presidente da República. Os agentes cumpriam um mandado de busca e apreensão na casa dele em Brasília, onde passaram três horas e apreenderam o celular do ex-presidente. A operação da PF – que atendeu a mais 15 mandados e prendeu 6 suspeitos, entre eles o tenente-coronel Mauro Cid, o faz-tudo de Bolsonaro (PL) – agiu em busca de indícios e provas da suposta fraude no cartão de vacinação de Jair e de sua filha de 12 anos. Trata-se do resultado de uma investigação iniciada dentro do inquérito das milícias digitais que envolve troca de favores com políticos regionais e até um diálogo sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. Para explicar o que levou a PF à casa de Bolsonaro e o futuro dele e de Cid na Justiça, Natuza Nery conversa com Bruno Tavares, repórter da TV Globo, e Eloísa Machado, doutora em Direito pela USP e professora de Direito na FGV-SP. Neste episódio:
Bruno descreve como a investigação chega a Mauro Cid e o episódio de fraude da carteira de vacinação dele, da mulher e das filhas: “Havia ansiedade e insistência em cometer esses crimes”. Depois de uma tentativa frustrada em Goiás, ele apelou a um “aliado político de Bolsonaro em Duque de Caxias”;
Ele avalia a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a operação Venice e sugere que o ex-presidente tinha total ciência do esquema fraudulento. Um dos indícios, afirma, é que o acesso ao sistema ConecteSUS para emitir o certificado de vacinação de Bolsonaro foi realizado via “um ID de acesso atribuído a Mauro Cid”;
O jornalista também recupera o diálogo entre o militar da reserva Ailton Barros e Mauro Cid, no qual suspeita-se “uma troca de favores”: Ailton intermediaria a emissão de um cartão falso de vacina em Duque de Caxias, valendo-se da influência do ex-vereador Marcello Siciliano; então Cid agiria para facilitar a obtenção de um visto americano para Siciliano;
Eloísa lista a série de crimes nos quais Jair Bolsonaro pode ser incriminado por sua conduta na resposta à Covid. “Nos casos de crimes mais graves, pode ter como resultado uma condenação à pena de prisão”;
Ela também comenta a atuação “ínfima” da PGR para “obstar as medidas equivocadas” do governo Bolsonaro. “Houve a colaboração do principal órgão de controle para que a pandemia fizesse o estrago que fez no Brasil”, afirma.
O que você precisa saber:
CRONOLOGIA:
a linha do tempo do caso
PF: faz buscas na casa de Bolsonaro e prende Mauro Cid
Bolsonaro: 'sem adulteração da minha parte, não tomei vacina'
Fraude: suspeitos acessaram sistema para inserir dados falsos
Mauro Cid: quem é o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
Moraes: 'é pouco provável que Bolsonaro não soubesse'
10 min: diferença na emissão dos cartões de Bolsonaro e da filha
Caso Marielle: 'sei a p**** toda', disse Ailton Barros a Mauro Cid
QUEM É QUEM: todos alvos da PF na operação
O Assunto #917: Coronel Cid, o faz-tudo de Bolsonaro
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 03 MAIO 23
A GUERRA CONTRA A DESINFORMAÇÃO
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O Assunto g1 dia 3 de maio 23: A guerra em torno do PL das Fake News - https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/05/03/o-assunto-952-a-guerra-em-torno-do-pl-das-fake-news.ghtml
CAFÉ DA MANHÃ dia 3 maio 23:
Podcast explica como disputa de lobbies afeta discussão do PL das Fake News. Ante risco de derrota, Arthur Lira adia votação na Câmara após governo e big techs intensificarem ofensivas - https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2023/05/podcast-explica-como-disputa-de-lobbies-afeta-discussao-do-pl-das-fake-news.shtml
Ministros do STF avaliam ação do Google contra PL das Fake News como abuso de poder econômico- Blog do Valdo Cruz
Líderes religiosos declaram apoio ao PL das Fake News contra extremismo e violência
Posição foi externada após integrantes da bancada evangélica na Câmara se declararem contra a proposta. Votação do projeto está prevista para esta terça-feira (2).
Merval Pereira - Interesses de cada um
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../merval-pereira...
Gustavo Binenbojm - Remédio e veneno nas redes sociais
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../gustavo-binenbojm...
Álvaro Costa e Silva - O golpismo nas mídias sociais
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../alvaro-costa-e-silva...
Dora Kramer - Transgressão premiada
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../dora-kramer...
Míriam Leitão - Plataformas contra a lei = O Globo
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../miriam-leitao...
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A disseminação das Redes Sociais com base na INTERNET revolucionou o processo de formação da Opinião Pública sobre os mais diversos assuntos nos últimos anos. No Brasil, por exemplo, um dos maiores mercados do mundo nestas redes sociais, cerca de 100 milhões de internautas frequentam a INTERNET e depositam e disseminam opiniões pessoais sobre assuntos da Ciência, Religião, Costumes e Política. Uma verdadeira revolução na comunicação social, aparentemente democrática, eis que universalmente acessível, com direito a memes, injúrias, desabafos e até proclamações com diretrizes de ação à violência. Neste processo são estimulados por dois processos: De um lado, um sistema diabólico de manipulação dos usuários das Redes, a partir das próprias plataformas que se dizem meros territórios mas que, nos bastidores usam e abusam dos algoritmos dirigidos para aumentar seus lucros; de outro por influencers, geralmente jovens sem qualquer formação profissional adequada à função de coachs que se pretendem e que arrastam multidões em suas contas, com ganhos publicitários que acabam transformando-os em profissionais da comunicação social. É verdade que a formação da Opinião Pública jamais foi um lugar angelical onde cada um seguia sua própria consciência. Depois da invenção da imprensa e com a disseminação dos Meios de Comunicação de Massa no século XX, jornais, rádios e televisões se substituíram aos púlpitos das Igrejas e das Escolas na formação de consensos públicos. Mas assumiam-se como empresas de comunicação social comprometidas com algumas premissas éticas e técnicas quanto ao seu funcionamento. Ainda assim, eram também corresponsáveis pelo que seus empregados e articulistas ali escreviam. Nas Redes Sociais isso não acontece. As plataformas são orgulhosas de se mostrarem como Big Techs cujas maiores receitam advêm da venda de publicidade. Se um post tem boa aceitação, imediatamente lhe são oferecidos impulsos de forma a ganharem maior visibilidade e com isso se tornarem espaços publicitários de excelência. A questão, entretanto, é que este processo desembocou no uso das plataformas para manipulação de processos eleitorais em várias partes do mundo, senão, a ele associado, para a disseminação de ideias extremistas com orientação para ação deletéria sobre pessoas, instituições republicanas e correntes ideológicas consideradas inimigas. O Brexit, que retirou o Reino Unidos da União Europeia, as eleições e atitudes de Trump nos Estados Unidos e o atentado aos Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro passado são exemplos deste processo. Os atentados à Escolas e situações de desafios com epílogos fatais, têm sido, também, comprovadamente estimulados por sites provocadores como o mais recente DISCORD - Discord: o submundo de violência extrema no aplicativo
. Não obstante, o PL de Bolsonaro, o Partido Novo e, surpreendentemente, o Portal de Esquerda 247 são contra o Projeto de Lei das Fake News.
Diante disso, o mundo inteiro se volta ao regramento das plataformas das Redes Sociais em defesa do direito de expressão responsável com vistas à preservação das instituições democráticas ameaçadas. Isso já ocorre em vários países da Europa, na Nova Zelândia e está sendo tratado pelas Nações Unidos. Ontem mesmo, dia em que a CÂMARA DOS DEPUTADOS deveria ter apreciado o Projeto de Lei das Fake News, afinal, retirado de pauta, representantes do Governo se encontraram em NY, EUA, com especialistas da ONU para tratar do assunto. Tudo indica que dentro em breve a ONU vai propor um conjunto de regras sobre o uso das REDES SOCIAIS.
Em ação internacional, governo articula com ONU combate à desinformação
https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2023/05/02/em-acao-internacional-governo-articula-com-onu-combate-a-desinformacao.htm
Depois de quatro anos de uma relação tumultuosa e repleta de atritos, o Brasil busca uma aproximação com as Nações Unidas para combater a desinformação. Nesta terça-feira, o governo terá reuniões em Nova York para estreitar cooperação entre a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, liderada pelo ministro Alexandre Padilha, e as áreas-chave da ONU sobre o tema de liberdade de expressão e combate à desinformação
Enquanto o regramento não vem, o Governo brasileiro, através do Ministério da Justiça e o Supremo Tribunal Federal se antecipam e já tomam decisões que visam exigir das Big Techs responsabilidade sobre seus “territórios”. Ontem mesmo o GOOGLE, uma delas, que havia inserido uma publicidade em seu buscador, a título de “Editorial”, como se fosse um órgão de comunicação social e não de publicidade, contra a Lei das Fake News, foi intimado a prestar esclarecimentos à Polícia Federal. Tenta o Google, com falsos argumentos, influenciar os parlamentares brasileiros em sua própria defesa, alegando direito dos usuários à livre manifestação de suas ideias. Abriu-se, com isso, uma guerra. A guerra entre os interesses republicanos da democracia e os interesses privados das Big Techs. Aliás, uma curiosidade:
Sem Bolsonaro, defensor das Redes Sociais, em cem dias, o Brasil ganha 18 lugares em ranking de liberdade de imprensa...
Tudo indica, enfim, que este assunto, não se esgotará no Brasil. É um desafio contemporâneo do processo civilizador.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 02 MAIO 23
O 1º. de MAIO
Dia do trabalhador: conheça origem do feriado de 1° de maio
Data tem reconhecimento internacional e retoma história de opressão vivida pela classe operária durante revolução industrial.
EDUARDO MOREIRA - A notícia mais revoltante do dia. O mundo está perdido… - https://fb.watch/kcPTqPGbkO/?mibextid=CqVNaf
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O primeiro de maio, ontem celebrado no mundo inteiro, com manifestações como em Paris que reuniu um protesto de 550 trabalhadores contra as Reformas da Previdência do Presidente Macron que hoje estará na coroação do Rei Charles III, em Londres, merece alguma reflexão:
Data tem reconhecimento internacional e retoma história de opressão vivida pela classe operária durante revolução industrial.
Por Daniela Ramos*, g1 DF - 01/05/202 –
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2023/05/01/dia-do-trabalhador-conheca-origem-do-feriado-de-1-de-maio.ghtml#G1-FEED-SOFT-item,rec-cfi-nrt-user-needs,6b62f3fe-4d4f-47ce-9637-0411b4af8a86
O Dia do Trabalhador, comemorado nesta segunda-feira (1º), é feriado nacional no Brasil. Mas, apesar de fazer parte do calendário oficial do país, uma pesquisa realizada pelo g1 com cerca de 150 pessoas na região centro-oeste do país, revelou que 98% delas, desconhece a origem ou o real motivo por trás da data.
"O Dia do Trabalhador surgiu de uma greve operária, nos Estados Unidos da América (EUA), em 1886, durante a revolução industrial, com objetivo de conseguir melhores condições de trabalho. O movimento sindical começou isolado em Chicago/EUA, mas ganhou força rapidamente, levando milhões de pessoas a protestarem nas ruas, por melhores condições de trabalho", diz a historiadora
Segundo Stephany (historiadora), o ato, que começou pacífico em 1 de maio, ganhou caos e violência quatro dias depois, quando a opressão policial começou a ferir e até matar os participantes nas ruas. No dia 4 de maio, uma manifestação foi convocada na Praça Haymarket, em Chicago, e durante o evento, um homem não identificado lançou uma bomba contra os policiais deixando 15 pessoas mortas.
"A polícia local prendeu e julgou os supostos acusados de promoverem a revolução, seis deles foram condenados sem provas concretas e receberam pena de morte, um deles cometeu suicídio antes da execução. O acontecimento ficou conhecido como a Revolta de Haymarket" pontua a historiadora.
Três anos depois, em 1889, um congresso organizado pela Segunda Internacional — ação que representou a solidariedade aos trabalhadores de todos os países — reuniu, em Paris, na França, partidos socialistas, trabalhistas e anarquistas do mundo todo, onde instituíram o dia 1° de maio como o dia do trabalhador, em homenagem aos mártires do movimento operário.
No Brasil a data passou a ser vivamente celebrado durante o Governo Vargas, quem, aliás, instituiu, há 80 anos, a CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO, CLT, que ainda hoje regula as relações de trabalho no país, mesmo ferida pelas recentes alterações que, aliás, conduziram não só à precarização do trabalho, com milhões de pessoas jogadas no mercado informal, como à situações análogas à escravidão, fartamente documentadas pela imprensa nos últimos anos, particularmente no Rio Grande do Sul. Vide esta matéria:
No primeiro de maio é tradição, também, no Brasil, anunciar medidas de proteção aos trabalhadores e definição da Política de Salário Mínimo, cujo novo valor, incorporando não só o índice de inflação mas também a média de crescimento do PIB foi fixado, ontem, em R$ 1.240,00, ficando, ainda, isentos de IRENDA os que ganham até dois mínimos. A reação conservadora à Política de valorização do mínimo, acusando-o de aumentar o déficit público não se sustentam. Veja-se:
Reajuste do salário mínimo custará R$ 40,8 bi em 2023
Cálculo inclui alta total sobre 2022; só com alta de R$ 1.302 para R$ 1.320 a partir de maio governo terá custo extra de R$ 4,8 bilhões. - https://www.poder360.com.br/economia/reajuste-do-salario-minimo-custara-r-408-bi-em-2023/
Qual o peso disso, R$ 40,8 bilhões, frente a outras despesas?
Vejamos com relação ao custo da dívida pública, a qual foi rolada no último ano à taxa de juros de 11% a.a. Dado que a dívida pública em ORTN está na ordem de R$ 6 trilhões de reais, metade da qual repousa no patrimônio de 200 mil famílias brasileiras, tem-se um custo da mesma de 660 bilhões de reais ano. Isso não é factício, é grana real que vai direto pra conta de quem tem investimentos em ORTN ou outros ativos que o incorporam. Ora, o que são 4,8 bilhões, que beneficiam 120 milhões de brasileiros que ganham até um salário mínimo, frente a isso? Se dividirmos 330 bilhões de reais, metade do custo total da dívida, por 365 dias do ano, isso corresponde a 1 bi de reais para cada uma destas bilionárias famílias num só dia. Em 5 dias uma só destas família recebe do Governo, via juros das ORTN, o custo da recente elevação do salário mínimo neste ano. E ainda tem gente que acha que o aumento do salário mínimo vai quebrar a economia brasileira.
VIVA O 1º. MAIO! VIVA O TRABALHADOR BRASILEIRO!
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 28 abril 23
JUROS ELEVADOS ESTRANGULAM A ECONOMIA
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Se economia seguir desacelerando em razão dos juros, haverá 'problemas' na arrecadação, diz Fernando Haddad
Ministro da Fazenda deu a declaração sentado ao lado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em sessão no Senado sobre juros, inflação e crescimento econômico.
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O Presidente Lula voltou a reclamar, em Portugal, dos juros elevados e cobra dos integrantes do governo alternativas que possam compensar desaceleração da economia por conta da Selic alta, inclusive com o uso dos bancos públicos para subsidiar taxa de juros. E o Senado registrou, ontem, um debate histórico, com grande repercussão, entre o Presidente do Banco Central, Campos Neto, e os Ministros Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamanto. Não há possibilidade de convergência entre eles. Campos Neto se diz técnico e afirma compreender as exigências políticas sobre os juros, mas afirma que a taxa de inflação no Brasil ainda impõe juros altos.
Na última ata do Copom, o BC disse que o uso de políticas parafiscais eleva o juro neutro da economia (patamar que não acelera nem desestimula economia). A declaração sinaliza que, se o governo puxar de um lado com o fiscal, está agravada a queda de braço: o BC puxará do outro com a monetária.
Fala de Campos Neto repercute mal e aumenta pressão por uso de bancos públicos para baixar juros | Blog da Julia Duailibi | G1 (globo.com)
Como não deverá haver qualquer alteração dos juros na reunião do COPOM de maio e julho não haverá nova reunião, tudo indica que qualquer revisão do Banco Central sobre juros só ocorrerá em agosto. Haddad e Tebet, no entanto, justificam o apelo por juros mais baixos como indispensável à retomada do crescimento e emprego. Enquanto isso, o moureja e a retomada de ocupações é menor da que houve no primeiro trimestre do ano passado. Com isso aumenta a inadimplência de famílias e pequenos empreendedores. Veja-se
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247 -Números divulgados pelo Banco Central (BC) mostraram que dois em cada 10 trabalhadores formais e informais que recorreram ao microcrédito estavam com as contas atrasadas em fevereiro. De acordo com o BC, a inadimplência na modalidade atingiu 20,7%, patamar recorde em um cenário de juros elevados, com Selic de 13,75%. O microcrédito é oferecido a empreendedores formais - como MEIs (microempreendedores individuais) - e informais que buscam empréstimos de pequeno valor.
Segundo a Folha de S.Paulo, a escalada da inadimplência nessa linha de crédito aumentou a partir de setembro do ano passado, acumulando alta de 16,6 pontos percentuais em 12 meses até fevereiro, quando a taxa média de juros cobrada estava em 49,9% ao ano, valor próximo ao limite de 60% ao ano (4% ao mês).
O micro crédito é uma forma de crédito direcionado em que instituições financeiras destinam parte de seus recursos dos depósitos à vista (representando 2% da média dos saldos). Nos últimos quatro anos, o crescimento anual médio da modalidade foi superior a 24%.
Parte da sociedade civil e opinião pública acompanham a fala do Presidente e denunciam os altos juros responsabilizando-o pela elevada inadimplência no país e já procuram falhas jurídicas no processo que aprovou a autonomia do Banco Central. Argumentam que um órgão com tal importância sobre o ritmo do emprego e do crescimento não pode ficar à margem da governabilidade política. Segue, portanto, o impasse que poderá comprometer o primeiro ano do Governo Lula III. A questão dos juros, porém, não se restringe ao Brasil. Juros altos estão comprometendo a retomado do crescimento e melhor distribuição de renda no centro do sistema. Veja-se, por exemplo, este recente artigo publicado na RED/POA de ANDRÉS FERRARI HAINES* e MIRELLI MALAGUTI sobre a matéria:
As falências do SVB e do CreditSuisse são… Crises bancárias? https://red.org.br/noticia/as-falencias-do-svb-e-do-creditsuisse-sao-crises-bancarias/
Segundo a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, 2023 será um ano difícil “com o crescimento global caindo abaixo de 3%, à medida que os efeitos do conflito na Ucrânia e o aperto monetário continuam se consolidando”. Os países ocidentais, induzidos pela Federal Reserve dos EUA, têm mantido taxas de juros elevadas para controlar a inflação, justificada pelos efeitos das sanções econômicas aplicadas à Rússia. Essa perspectiva foi agravada pelos temores de uma crise financeira de dimensões semelhantes à de 2008, após o colapso do Silicon Valley Bank, do Signature Bank e do Silvergate.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 27 ABRIL 23
O ROTEIRO DO GOLPISMO ANTIDEMOCRÁTICO
O tempo passa, as gerações se sucedem, as lembranças da II Guerra Mundial vão se apagando e as pessoas se esquecem dos horrores do nazi-fascismo. Mussolini, na Itália, em 1922, chegou ao poder e acabou inspirando um fracassado artista, Adolf Hitler e outros líderes mundiais para a implantação de regimes autoritários que acabariam se oferecendo como modelo alternativo às democracia liberais. Em associação conhecido como “Eixo” três países – Itália, Alemanha, Japão - desafiaram o mundo e provocaram a II Guerra Mundial, contra a qual se organizaram as Forças Aliadas que, com o apoio do Brasil e presença de pracinhas brasileiros, junto com Inglaterra, França, Estados Unidos e União Soviética, os venceram em 1945. Foi-se, então, o mal, mas a maldade fascista continuou rondando o ideário político contemporâneo com o que o célebre ensaísta italiano denominou “Fascismo eterno”. Volta e meia ele volta à carga, com nova roupagem, e tenta se insinuar como alternativa aos ideais democráticos. Ultimamente, diante das contorções das mudanças estruturais da economia mundial, com a redefinição da geoeconomia mundial provocada pelo peso já dominante do bloco oriental e com as consequências da dita Inteligência Artificial nos processos produtivos as sociedades ocidentais enfrentam graves crises políticas e sociais. Neste ambiente de crise crescem os apelos salvacionistas da extrema direita, alheia aos reais fatores da crise, culpando os imigrantes, os mais pobres, quando não minorias de todo tipo pelos dissabores porque passam os trabalhadores nacionais. A consequência se traduz como perda de confiança da população em suas instituições, começando por aqueles que o representam no sistema político: A República, com sua divisão de Poderes como regra de equilíbrio de governança, os Partidos Políticos, o Parlamento, até mesmo os processos eleitorais. Em tudo isso criam-se laços de interconexão internacional destes extremistas que acabam concertando estratégias de ataques à democracia que se reproduzem em vários países do mundo: Trump, no EUA, Orban/Hungria, Erdogan/Turquia, Le Pen/França, Bolsonaro/Brasil, Partido CHEGAPortugal (O Chega (sigla: CH; oficialmente estilizado como CHEGA) é um partido político português, de ideologia populista, de direita radical, nacionalista, conservador e economicamente liberal, espectro político definido como sendo de direita a extrema-direita).
A redemocratização no Brasil, iniciada com a Nova República em 1985 e consolidada com a promulgação da Constituição Cidadã em 1988 parecia ter deixado para trás um passado de intervenções antidemocráticas. O regime militar jamais havia conseguido projetar uma ideologia positiva de sua experiência capaz de se oferecer como alternativa aos destinos do país. A própria reação violenta de seus defensores, com recurso ao terrorismo que provocou diversas vítimas civis e um horror no episódio do Riocentro, quando uma bomba explodiu no colo de um agente do aparelho repressivo do Estado, sempre restrita a segmentos militares, contribui para o isolamento nacional do autoritarismo. Não obstante, no reduto dos quartéis persistiu sempre a defesa do regime de 64/85 com reiteradas Ordens do Dia em sua defesa. Não por acaso, daí emerge um ex capitão – Jair Bolsonaro - que acaba ganhando visibilidade nacional e, mercê de várias circunstâncias chega à Presidência da República em 2018. Em seu governo procurou politizar o conjunto das FFAA para seu projeto de poder ressuscitando o fantasma da possibilidade da intervenção militar. Seus ataques às instituições se sucederam ao longo de todo seu governo, culminando em momentos simplesmente paradoxais, como o 7 de setembro de 2021, quando atacou o Supremo Tribunal Federal e seus Ministros e no momento, em 2022, quando convida os Embaixadores acreditados em Brasília para denunciar o processo eleitoral brasileiros das urnas eletrônicas. Mas há uma característica na atuação de Bolsonaro: Ele nunca assume seus objetivos golpistas até as últimas instâncias. Ataca e recua, sempre procurando se proteger contra eventuais consequências. Falta-lhe coragem e determinação para assumir seus propósitos. Foi assim no caso do 7 de setembro quando acabou pedindo o apoio de Temer para emitir uma Nota justificativa. Está sendo, agora, quando aperta o cerco contra os golpistas de 8 de janeiro e ele está sendo responsabilidade pelo incitamento àqueles atos. Ontem mesmo, em seu depoimento na PF, procura se safar. Diz que “reconhece o resultado das urnas” e que as eleições de 22 “são águas passadas”. Quanto a sua postagem nas redes no dia 10/janeiro afirma que foi tudo “acidental”, que logo a apagou e que, na verdade, estava sob efeito de medicamentos que teriam alterado seu discernimento. Fuga, mais uma vez. Não assume o que pensa e que faz. Sempre tergiversando, o que acabará desmoralizando-o junto aos próprios seguidores que
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Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 26 ABRIL 23
Regras para as fake News
A Câmara dos Deputados aprovou, ontem, regime de urgência para a apreciação da chamada Lei das Fake News, a qual deverá ser apreciada pelo Plenário sem passar por Comissões. O Projeto tem um certo consenso entre Governo e Oposição, com apoio da maior parte da Opinião Pública. A ABERT, instituição que reúne órgãos de imprensa aprova o Projeto. Não obstante, as grandes plataformas das big techs está preocupada e tenta ganhar tempo para influenciar os parlamentares. Alegam a defesa da liberdade de opinião, tentando, inclusive, sugerir a liberação das redes aos mesmos sob o critério da imunidade parlamentar. Na verdade, o que é crime na vida real não pode deixar de ser crime no mundo virtual. Estimular o ódio, a violência e o crime não pode ser tolerado pela sociedade. Europa Ocidental, cuja legislação sobre as fake news orientou o projeto brasileiro em pauta, já cuida com atenção do assunto: fake news disseminadoras de mentiras com o objetivo de repeti-las à exaustão com o recurso da disparada de mensagens via robôs com vistas à convertê-las em verdade, tal como Gôring o fez no nazismo, é um absurdo. Cabe, agora, pois, aguardar o que decidirá o Congresso Nacional. Várias entidades promovem nestes dias debates que visam ilustrar o debate. Veja-se:
BRANT: “PRECISAMOS OLHAR PARA A DIMENSÃO SOCIAL E COLETIVA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO” - HTTPS://FORUM21BR.COM.BR/COMUNICACAO/BRANT-PRECISAMOS-OLHAR-PARA-A-DIMENSAO-SOCIAL-E-COLETIVA-DA-LIBERDADE-DE-EXPRESSAO/
João Brant, Secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, SECOM, participou da abertura do primeiro Seminário Nacional “Comunicação, desinformação e reconstrução democrática do Brasil”, organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e pelo Observatório das Eleições. Assista ao primeiro dia de discussão. - A questão da desinformação surge nos últimos dez ou quinze anos, quando os valores Modernidade, que organizaram a esfera pública do pós-Guerra até 2010, são abandonados e, “de repente, essa esfera pública passa a ser organizada por engenheiros e programadores que buscam o engajamento como uma métrica chave” lançando-nos “em um experimento behaviorista de longo prazo em termos de direitos individuais e de compra de direitos coletivos”.
Esse é o cenário apresentado na manhã desta terça-feira (25) por João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, a SECOM, durante a abertura do primeiro seminário nacional sobre Comunicação, desinformação e reconstrução democrática do Brasil”, organizado pelo Centro de Mídia Alternativa Barão de Itararé e pelo Observatório das Eleições.
Defendendo a orgânica conexão entre comunicação e democracia, “uma abordagem que nos permite compreender, desde a imprensa de Gutemberg ao Chat GPT, as estruturas que organizam a esfera pública”, o secretário de Políticas Digitais lembrou que a democracia “não sobrevive sem uma sociedade bem-informada para a tomada de decisões”.
Quando os ambientes informacionais são tomados pela desinformação, nós não temos apenas um problema de “coalizão de direitos entre liberdade de expressão vs. outros direitos”, mas um problema “de colisão da dimensão individual com a dimensão coletiva da liberdade de expressão” e, neste momento, “nós estamos entregando a bandeira da liberdade de expressão para um campo que está promovendo a desinformação”, acrescentou.
Na avaliação de Brant, nós “precisamos olhar para a dimensão social ou coletiva da liberdade de expressão que se materializa na possibilidade de uma sociedade bem-informada”, afinal, a desinformação não é apenas “estar bem ou mal informado para a tomada de decisões”, ela vai além e “afeta a confiança da sociedade na própria democracia”. Esse é o seu poder de desestruturação.
Quando o sistema de votação ou o resultado eleitoral são questionados, como se viu em 2016 e entre 2022 a 8 de Janeiro de 2023, dissemina-se a desconfiança na própria lógica da democracia “pela qual o derrotado precisa aceitar a derrota”. Essa é a dimensão da gravidade do que estamos enfrentando, apontou Brant ao abrir as discussões durante o seminário que vai até a próxima sexta-feira (28), trazendo 50 expositores em doze mesas de trabalho.
Com as discussões, explica a coordenadora do evento, a jornalista Eliara Santana (VioMundo), pretende-se “entender as interfaces entre comunicação, desinformação e democracia no Brasil, após os últimos cinco anos de consolidação de um ecossistema de desinformação que causou tantos danos”. Autora de Jornal Nacional, um ator político em cena sobre a cobertura do jornal da Rede Globo entre 2013 e 2019.
Eliara divide a coordenação do evento com Altamiro Borges, o Miro (Barão de Itararé) que, por sua vez, frisou a importância das discussões frente à votação da PL2630, “o primeiro passo de um debate muito complexo que está acontecendo em várias partes do mundo”; na iminência de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos terroristas de 8 de janeiro, e “estamos em uma situação em que os terraplanistas conseguiram inverter o que foi aquele ato”. E, também, acrescentou Miro, em meio à Operação Escola Segura, “que já prendeu 302 neonazistas brasileiros e talvez tenha ajudado a evitar outra tragédia como a de Blumenau”.
Além dos coordenadores, acompanharam o secretário na mesa de abertura desta terça-feira, os professores Leonardo Avritzer (UFMG) e Maria Luísa Alencar Feitosa (UFBP) e a jornalista Cristina Serra (ICL Notícias) que mediou a segunda mesa da manhã sobre o papel do jornalismo em tempos de resistência, com a participação de Helena Chagas (Brasil 247), Solon Neto (Sputnik Brasil), Alceu Castilho, do Observatório De Olho nos Ruralistas, e Elaíze Farias, cofundadora da Amazônia Real.
Acompanhe abaixo a programação do seminário e clique nos títulos para não perder nenhuma discussão:
26/04 – QUARTA-FEIRA
11h às 13h – Inteligência artificial, plataformas e o que vem por aí. Com Sergio Amadeu, Renata Mielli, Helena Martins e Eduardo Barbabela – Mediação: Gustavo Conde
14h às 16h – As heranças da Lava Jato. Com Amanda Rodrigues, Ricardo Coutinho e Márcia Lucena – Mediação: Conceição Lemes
16h30 às 18h30 – Letramento midiático e direitos humanos. Com Claudia Wanderley, Eduardo Reina e José Carlos Moreira – Mediação: Cristina Serra
27/04 – QUINTA-FEIRA
11h às 13h – Papel do TSE nas eleições de 2022. Com Marjorie Marona, Fábio Kerche e Gisele Ricobom Mediação: Letícia Sallorenzo
14h às 16h – Lawfare e Lava Jato. Com Gisele Cittadino, Cleide Martins, Pedro Serrano – Mediação: Maria Luiza Alencar Feitosa
16h30 às 18h30 – Pauta feminina/questão de gênero e eleições 2022. Com Anna Christina Bentes, Elizângela Bare e Luciana Santana – Mediação: Vanessa Lippelt
28/04 – SEXTA-FEIRA
11h às 13h – Desinformação, papel da escola e formação em cidadania. Com Adail Sobral, Júnia Zaidan e Juliana Alves Assis – Mediação: Haroldo Ceravolo
14h às 16h – Democracia e participação social. Com Leonardo Avritzer, João Paulo Rodrigues e Wagner Romão – Mediação: Natália Satyro
16h30 às 18h30 – Comunicação pública e democracia. Com Juarez Guimarães, Franklin Martins e Altamiro Borges – Mediação: Luís NassiParte inferior do formulário
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 25 ABRIL 23
A entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque de Hollanda
A entrega do Prêmio Camões, a mais alta distinção conferida a escritores da língua portuguesas, a Chico Buarque de Hollanda, ontem, em Lisboa, foi um momento de grande significado político. Aliás, mais político do que literário: Lá estavam as maiores autoridades do Brasil e Portugal, de inclinações ideológicas distintas mas avessas ao fascismo, para entregar a Chico o prêmio por ele conquistado em 2019 e que não lhe fora entregue pela negativa do então Presidente Bolsonaro em assiná-lo, como de praxe. A cerimônia foi tocante. O discurso de Chico um libelo contra o obscurantismo, que ele encerra dedicando o prêmio a todos os intelectuais e artistas humilhados no último governo. O evento voltou a reunir, também, Portugal e Brasil, no fortalecimento da comunidade lusofônica no mundo.
ÍNTEGRA DO DISCURSO DE CHICO BUARQUE AO RECEBER O PRÊMIO CAMÕES
Boa noite excelentíssimos senhores presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa; presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; primeiro ministro de Portugal, António Costa; ministra da cultura brasileira, minha amiga, Margareth Menezes; ministro da Cultura português, Pedro Adão e Silva; querida Janja da Silva; presidente do júri, professor Frias Martins; e tantos amigos e amigas aqui presentes, Fafá de Belém, Carminho, Mia Couto, Miguel de Sousa Tavares, Pilar del Río, meu editor brasileiro Luiz Schwarz, minha editora portuguesa, Clara Capitão, e minha mulher, Carol.
Eu estou emocionado porque hoje de manhã ela saiu do hotel, atravessou a avenida e foi comprar essa gravata. (Risos) Isso me emociona.
Ao receber esse Prêmio eu penso no meu pai, o historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda, de quem herdei alguns livros e o amor pela língua portuguesa. Relembro quantas vezes interrompi seus estudos para lhe submeter meus escritos juvenis, que ele julgava sem complacência e sem excessiva severidade, para em seguida me indicar leituras que poderiam me valer numa eventual carreira literária.
Mais tarde, quando me bandeei para a música popular, não se aborreceu, longe disso, pois gostava de samba, tocava um pouco de piano e era amigo próximo de Vinicius de Moraes, para quem a palavra cantada talvez fosse simplesmente um jeito mais sensual de falar a nossa língua. Posso imaginar meu pai coruja ao me ver hoje aqui, se bem que, caso fosse possível nos encontrarmos neste salão, eu estaria na assistência e ele cá, no meu posto, a receber o prêmio Camões com muito mais propriedade.
Meu pai também contribuiu para minha formação política, ele que durante a ditadura do Estado Novo militou na esquerda democrática, futuro Partido Socialista Brasileiro. No fim dos anos 60 retirou-se da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em solidariedade a colegas cassados pela ditadura militar. Mais para o fim da vida participou da fundação do Partido dos Trabalhadores, sem chegar a ver a restauração democrática do nosso país, nem muito menos pressupor que um dia cairemos num fosso, sob muitos aspectos, mais profundo.
O meu pai era paulista, meu avô pernambucano, meu bisavô mineiro e meu tataravô baiano. Tenho antepassados negros e indígenas, cujos nomes meus antepassados brancos trataram de suprimir da história familiar. Como a imensa maioria do povo brasileiro, trago nas veias o sangue do açoitado e do açoitador, o que ajuda a nos explicar um pouco.
Recuando no tempo, em busca das minhas origens, recentemente vim a saber que tive por avós paternos o casal Shemtov ben Abraham, batizado como Diogo Pires, e Provida Fidalgo, oriundos da comunidade barcelense. A exemplo de tantos cristãos novos portugueses, sua prole exilou-se no nordeste brasileiro do século XVI. Assim, enquanto descendente de judeus sefarditas perseguidos pela inquisição, pode ser que algum dia, eu também alcance o direito à cidadania portuguesa a modo de reparação histórica. (Risos)
Já morei fora do Brasil e não pretendo repetir a experiência, mas é sempre bom saber que tem uma porta entreaberta em Portugal, onde mais ou menos me sinto em casa e esmero-me nas colocações pronominais. Conheci Lisboa, Coimbra e Porto em 1966 ao lado de João Cabral de Melo Neto, quando aqui foi encenado seu poema “Morte e vida Severina” com músicas minhas. Ele, um poeta consagrado e eu um atrevido estudante de arquitetura.
O grande João Cabral, o primeiro brasileiro a receber o Prêmio Camões, sabidamente não gostava de música e nem sei se chegou a folhear algum livro meu.
Escrevi meu primeiro romance “Estorvo”; em 1990, e publicá-lo foi para mim como me arriscar novamente no escritório do meu pai em busca de sua aprovação. Contei dessa vez com padrinhos como Rubem Fonseca, Raduan Nassar e José Saramago, hoje meus colegas de Prêmio Camões. De vários autores aqui premiados, fui amigo de outros tantos de Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde... Sou leitor e admirador. Esqueci de citar antes o nosso grande Manuel Alegre, aqui presente, que também foi premiado com Camões.
Por mais que eu leia e fale de literatura, por mais que eu publique romances e contos, por mais que eu receba prêmios literários, faço gosto de ser reconhecido no Brasil como compositor popular, e em Portugal como o “gajo” que um dia pediu que lhe mandassem um cravo e um cheirinho de alecrim. Valeu a pena esperar por esta cerimônia marcada, não por acaso, para a véspera do dia em que os portugueses dessem a avenida Liberdade a festejar a revolução dos cravos.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 24 ABRIL 23
COMO ANDA A CABEÇA DOS NOSSOS JOVENS
As mudanças estruturais da sociedade contemporânea refletidas nas disputas geopolíticas mundiais em desequilíbrio, , com o a interação crescente com Redes Sociais e desafios da dita Inteligência Artificial, as mudanças comportamentais ditadas pela afirmações identitárias e ainda por cima o longo período de recolhimento, com ameaça de morte iminente, ditado pela pandemia trouxe inquietação inusitada em todo mundo. Entre os brasileiros, onde a tristeza foi diagnostica já no início do século XX por um de seus melhores intérpretes, Paulo Prado (SP-1928), o quadro parece se agravar entre os jovens. Hoje, matéria de capa da ZERO HORA sobre o avanço das ameaças de violência contra Escolas, afirma que nossos jovens se sentem “tristes” e acabam extravasando este desamparo em compulsões: Redes, Internet, drogas, ódio, violência. Quase 5 mil crianças e adolescentes foram vítimas de crimes em 2022, aponta relatório. Dissemina-se a 'ecoansiedade', angústia pelo planeta que atinge mais crianças e adolescentes.
O ASSUNTO, Podcast da Globo, o mais ouvido no país, também, fala da importância da saúde mental neste momento difícil que estamos atravessando e também aponta para o desânimo dos jovens: “Ansiedade, depressão, síndrome do pânico... Antes mesmo da pandemia, um terço dos adolescentes de 13 a 17 anos já se diziam tristes “na maioria das vezes” ou “sempre”. Cenário agravado pelo período de isolamento pela Covid, quando escolas ficaram fechadas e jovens foram “empurrados” para as telas. Somado ao uso irrestrito de redes sociais, fatores que criaram uma “bomba relógio”.”
O tema é complexo e não comporta simplificações, tais como a recorrer ao princípio da “autoridade”, com policiais nas escolas ou até mudança do caráter civil das mesmas através da disseminação de escolas “cívico-militares”, sujeitas a disciplina mais rigorosa. É sempre bom que aumente a presença de policiais nas vias públicas, sobretudo perto das Escolas, mas levar estes profissionais, sem o devido preparo para lidar no ambiente escolas com jovens, é um desastre anunciado. Já a ideia de reverter escolas civis para o modelo militar, disseminadas pelo bolsonarismo, é simplesmente assustadora. Os militares, indispensáveis à segurança nacional, não devem ser desviados de suas funções constitucionais precípuas. Não se confundem nem com segurança pública, nem com segurança civil, muito menos com responsabilidades educacionais, sempre complexas e exigentes de interdisciplinaridade e especialização. Até por uma razão financeira: o custo de um servidor militar ou policial militar para a sociedade é sempre mais alto, em média, do que um servidor civil, principalmente professores. A verdade é que nestes períodos de transição cultural e política da humanidade, as tensões são inevitáveis e exigem muito cuidado para seu encaminhamento.
Uma das questões cruciais, nestes períodos, é a SAÚDE MENTAL. Desenvolver capacidade de atendimento psicológico à sociedade e, em especial, às Escolas, é tarefa urgente da Sociedade, através do melhor aparelhamento do Estado e orientação às famílias, muitas delas, esfaceladas pela pobreza endêmica, morando em periferias desassistidas sem qualquer equipamento de recreação e formação cultural. As administrações municipais continuam apostando na cultura como diletantismo animado pela contratação de espetáculos milionários, à revelia da própria legislação nacional. Em Torres, por exemplo, não temos uma Casa de Cultura, o Museu está fechado, a Biblioteca não abre. Onde os espaços para a interação da juventude com a Poesia, a Músicas, as Artes, tão fundamentais à formação da espiritualidade como a Religião?
Vale, então, não como solução, mas lembrança, os conselhos de O ASSUNTO de hoje, para uma vida menos estressada:
5 dicas para manter a saúde mental no topo em 2023
De atenção com o sono ao contato com a natureza: especialistas compartilham recomendações a serem seguidas no próximo ano para manter a saúde mental em dia. - Por Darlan Helder, g1
Pandemia, guerra, eleições e outros problemas pessoais podem ter impactado no seu humor e na saúde mental em 2022. Mas, para iniciar 2023 com mais leveza, é possível adotar algumas medidas simples na rotina para favorecer o bem-estar.
O g1 ouviu psicólogos e outros especialistas que compartilham a seguir dicas para quem deseja manter a saúde mental em dia neste novo ano:
Busque equilíbrio na utilização de redes sociais: elas são boas para contatos, especialmente com parentes e amigos que estão distantes. Especialistas dizem que não há nada de errado em usá-las, mas é importante encontrar um equilíbrio e lembrar que as plataformas não substituem o contato presencial. Se descontar por um tempo também é aconselhável.
"Tanto os serviços de streaming quanto as redes sociais são organizados pelos princípios da economia da atenção. Com isso, teremos mais tempo para voltar a termos relações autênticas com os outros, examinar e cuidar de nós mesmos", diz Caio Maximino, professor do curso de psicologia da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).
Esteja em contato com a natureza: caminhar no parque, ir à praia e respirar ar fresco são atividades aliadas do bem-estar. E há muitos efeitos positivos já comprovados pela ciência, como redução no nível de estresse, restauração da atenção, aumento do nível de células que combatem o câncer, diminuição dos níveis de ansiedade e depressão, além de melhorar o sistema imune.
"Além dos fatores biológicos, sociais e psicológico, nós temos o fator ambiental, que é outro pilar para se trabalhar visando melhor qualidade de vida. Caminhar em ambientes arborizados, tomar banho de cachoeira, por exemplo, ajudam muito no bem-estar", reforça Andrea Valéria Steil, professora do departamento de psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Visite o seu médico regulamente e mantenha os exames em dia: fazer check-ups é muito importante para saber como anda a sua saúde. Segundo a professora da UFSC, os exames de rotina podem ajudar a analisar questões hormonais, que podem influenciar no nosso humor. Além disso, se tiver condições financeiras, faça acompanhamentos no nutricionista. É esse profissional que poderá informar os nutrientes necessários para você e que ajudarão na qualidade de vida.
"Muita gente acha que sabe se alimentar, mas acaba se alimentando como a família sempre se alimentou e não necessariamente da forma mais saudável. Faz muita diferença fazer um acompanhamento profissional. Mas se a pessoa não tem condições de consultar um nutricionista, vale ir atrás de informações sobre nutrição e busque segui-las no dia a dia", diz a profissional.
Busque fazer terapia: a psicoterapia não é para quem está com problemas mentais e sim um processo de autoconhecimento. Segundo Andrea Valéria Steil, o tratamento é capaz de desenvolver elementos protetivos da saúde mental.
"Infelizmente, a psicoterapia é muito negligenciada pela população, mas, se a pessoa puder fazer, faça, porque não é para quem tem problemas mentais. É para a pessoa se autoconhecer e encontrar respostas", diz Andrea.
Tenha atenção com a qualidade do sono: um adulto precisa ter em média 6-8 horas de sono por noite. Isso porque o ideal é completarmos cerca de 5 ciclos de sono por noite, cada ciclo leva em média 90 minutos, explica Janaina Weissheimer, pesquisadora do AprendiLab no Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É importante frisar que essa é a média e não a regra, ou seja, as 6-8 horas não valem para todo mundo e o ideal é sempre fazer um acompanhamento com um especialista, reforça Fernando Louzada, doutor em neurociências e professor titular do departamento de fisiologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
"O sono é fundamental para a manutenção do sistema imunológico e no controle do metabolismo energético. Quando a gente dorme menos, acaba ficando mais predisposto a doenças e infecções. Ele [o bom sono] ainda é importante para a cognição, para a memória, atenção e, consequentemente, para o bom desempenho acadêmico e no trabalho", diz Fernando Louzada.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 20 ABRIL 23
A CPI DO ABSURDO OU UM NOVO GOLPE?
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https://www.youtube.com/watch?v=PM9CSVMuk1A&ab_channel=R%C3%A1dioBandNewsFM
Gonçalves Dias pede demissão do GSI após vídeo em que aparece no Planalto durante invasão - Pedido foi feito após reunião de Dias com Lula e outros ministros no Palácio do Planalto. Imagens mostram atuação do ministro durante atos golpistas de 8 de janeiro.
GSI justifica presença de ministro no Planalto no dia dos atos golpistas de 8 de janeiro
Vídeo divulgado pela CNN Brasil mostra ministro Gonçalves Dias dentro do Palácio do Planalto no momento da invasão. Lula convocou reunião de emergência com ministros para esta tarde.
Gonçalves Dias havia dito a Lula que imagens em que aparece durante invasão em 8 de janeiro estavam indisponíveis - Ministro do GSI pediu demissão nesta quarta-feira (19) após reunião com o presidente. General aparece em vídeos circulando entre extremistas.
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Teatro do absurdo foi a designação criada em 1961 pelo crítico húngaro radicado na Inglaterra, Martin Esslin, tentando sintetizar uma definição que agrupasse as obras de dramaturgos de diversos como o escritor romeno, radicado na França, Eugène Ionesco (1909 - 1994), o irlandês Samuel Beckett (1906 - 1989), o russo Arthur Adamov (1908-1970), o inglês Harold Pinter (1930-2008), o espanhol Fernando Arrabal (1932), o francês Jean Genet (1910-1986) e o estadunidense Edward Albee (1928). No Brasil, um gaúcho, de Porto Alegre, também é apontado como um baluarte precoce desta abordagem> José Joaquim de Campos Leão = 1829/1883, conhecido pelo nome de sua principal obra Qorpo Santo.
Principais características wiki
Embora o termo seja aplicado a uma vasta gama de peças de teatro, algumas características coincidem em muitas das peças: um sentido tragicómico, estrutura muitas vezes semelhante ao do Vaudeville, com quadros não necessariamente conectados; alternância entre elementos cômicos e imagens horríveis ou trágicas; personagens presas a situações sem solução, forçadas a executar ações repetitivas ou sem sentido; diálogos cheios de clichês, jogo de palavras e nonsense; enredos que são cíclicos ou absurdamente expansivos; paródia ou desligamento da realidade e artifícios da well-made play (peça bem-feita, regras dramáticas do século XIX de como se fazer uma peça).
Esta abordagem do Teatro faz par no início do século XX com outras variantes da literatura, das artes plásticas e da música, todas marcadas pela desconstrução da harmonia do real, com suas equilibradas proporções, em resposta às profundas e velozes mudanças da sociedade industrial moderna. Hoje parece que chegamos aonde estes autores todos prenunciaram: Uma Era da Pós Verdade. Tudo é narrativa. O REAL SE DEFEZ...
A ideia de uma CPI para “investigar” a quebradeira do 8 de janeiro, proposta por defensores de quem as instigou – bolsonaristas indignados com a vitória e posse de Lula – é simplesmente um absurdo. Até as paredes sabem que houve uma conclamação por bolsonaristas pelas Redes, com financiamento de interessados num golpe, para que houvesse uma grande manifestação no dia 8 de janeiro. Arredores de quarteis nas capitais estavam concentrando partidários do golpe com o tácito apoio de comandantes militares contagiados pelo discurso antidemocrático. Então houve a explosão do dia 8, com milhares de pessoas politicamente motivadas, usando camisetas indicativas de sua filiação a Bolsonaro, ocupando a Praça dos Três Poderes e fincando, no patamar do CONGRESSO NACIONAL a faixa: “Intervenção Militar”. O resto todo mundo viu pela televisão. A reação dos Poderes constituídos foi rápida e o golpe frustrado, com mais de um milhar de manifestantes presos, hoje respondendo a processo por danos ao patrimônio público e atentado ao Estado de Direito Democrático. Salvou-se a democracia e as investigações sobre responsabilidades políticas e criminais estão em curso sob a égide do Supremo Tribunal Federal. Não obstante, todas as evidências do REAL, a extrema direita, responsável pelos atos, frustrada em seu intento golpista, tenta safar sua aventura criando uma narrativa ABSURDA: Foi o Governo que estimulou o quebra- quebra para se vitimar perante a opinião pública e com isso firmar-se no Poder. Esta narrativa foi retomada ontem diante da revelação de um malfadado e talvez editado vídeo colhido naquele dia no Palácio do Planalto, no qual o General Gonçalves Dias, então Chefe do GSI, encarregado da Segurança da Presidência da República, passeia entre manifestantes, ao lado de outro militar. De nada adiantaram as explicações do referido general, da estrita confiança de Lula, de que lá estava tentando retirar os manifestantes do terceiro andar, à espera das forças de segurança que, afinal, os retirariam do recinto. Gonçalves Dias não só ficou mal como abriu uma grave crise política no Governo, com reflexo nas relações de Lula com os militares. Seu maior erro foi ter calado sobre sua presença no Palácio no momento da invasão da turba associado à não divulgação imediata de todos os vídeos do ocorrido. Expôs o Governo à narrativa oposicionista, que se fortaleceu no propósito de criar uma CPI para investigar os atos de 8/1, já agora defendida, também, por líderes governamentais. Esta CPI a essas alturas já não tem nada a investigar. Os atos daquele dia não só já foram investigados como seus perpetradores já estão sendo incriminados em processo judicial como réus: Todos confessadamente golpistas. A CPI do Absurdo servirá apenas como manobra diversionista, dificultando, mais uma vez a entrada em ação do novo governo, hoje com pautas importantes a serem apreciadas pelo Congresso, como ANCORA FISCAL e REFORMA TRIBUTÁRIA. Contudo, é um direito da Oposição, reivindicá-la fazendo de seu curso o ESPETÁCULO da narrativa absurda de que o Governo tinha um pé no quebra-quebra. Como diria Guimarães Rosa: ORESSA!
Bernardo Mello Franco – A estranha CPI do golpismo
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../bernardo-mello-franco...
O Globo
Comissão é defendida por quem deveria temê-la e temida por quem deveria defendê-la
Apesar dos apelos do governo, o Congresso deve instalar uma CPI sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Se sair do papel, a comissão nascerá sob o signo da estranheza. Sua criação é defendida por quem deveria temê-la e temida por quem deveria defendê-la.
A CPI foi proposta pelo deputado André Fernandes, integrante da tropa de Jair Bolsonaro. Ele é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal, sob suspeita de incentivar a invasão e a depredação das sedes dos Três Poderes.
O dublê de político e youtuber ajudou a convocar os extremistas a Brasília, a pretexto de divulgar o “primeiro ato contra o governo Lula”. Depois do quebra-quebra, voltou às redes sociais para fazer piada com a destruição de patrimônio público.
Na noite do dia 8, Fernandes compartilhou a foto da porta de um armário do ministro Alexandre de Moraes. A peça havia sido arrancada pela turma que quebrou cadeiras, urinou em gabinetes e tentou atear fogo no plenário do Supremo. “Quem rir, vai preso”, debochou o deputado do PL.
A extrema direita tem seus motivos para defender a CPI. A comissão pode desviar o foco da investigação de verdade, conduzida pela Polícia Federal. De quebra, ameaça dar palanque a uma teoria conspiratória: a de que o governo teria facilitado os ataques para se fazer de vítima.
A tese é delirante, mas convém não subestimar a máquina de desinformação bolsonarista. Para uma fatia expressiva do eleitorado, os vândalos de verde e amarelo eram petistas infiltrados — ainda que nenhum deles tenha sido desmascarado até hoje.
As fake news não são o único fantasma que assombra o governo. O Planalto também teme que a CPI tumultue o ambiente político, atrapalhando a votação da pauta econômica.
O risco é real, mas a distribuição de cargos e emendas não parece a tática mais inteligente para combatê-lo. Até aqui, a operação no varejo não produziu efeitos práticos — só ajudou os bolsonaristas a insinuarem que Lula teria algo a esconder.
Como a oposição já reuniu as assinaturas necessárias, o governo deveria se organizar para não ser coadjuvante na CPI. Para isso, será necessário perder o medo e trocar a defesa pelo ataque.
uma especialista em sua obra, a Economista Ceci Juruá, RJ:
Relembro a homenagem de Celso Furtado. - Por Ceci Juruá
Na obra Análise do Problema Brasileiro (Civilização Brasileira, 1972), Celso Furtado prestou justa homenagem ao nosso maior estadista no século XX, Getúlio Vargas. No texto intitulado VARGAS E A CONSOLIDAÇÃO DO PODER CENTRAL (pg.20), CF opina relativamente ao adjetivo “ditador” que direitistas pró-norte-americanos e esquerdistas pró-partido comunista colaram na testa de Getúlio. Transcrevo a seguir.
Vargas e a consolidação do poder central (p.20)
(...)
“Assim, a crise do café seria também a crise do poder central e a abertura de um processo de transformação do Estado nacional. Como sempre ocorre nessas fases de transição, o autoritarismo se apresenta e legitima como uma opção à anarquia (sic), isto é, à ausência de todo poder estável. Coube a Vargas estabelecer uma aliança entre a classe política tradicional (ou pelo menos uma parte significativa desta) e as forças armadas, o que permitiu que se instaurasse o Estado novo (sic) na estrutura tradicional de poder. (...) A opção que se configurava em 1937 era uma ditadura militar, e Vargas surge como o homem que a evita (grifo meu), conseguindo preservar para a classe política um papel que de outra forma lhe teria sido negado.” (p.21)
Em seguida, CF enfatiza que a partir de 1937 Getúlio exerceu o poder com elevado grau de independência, como jamais se vira até então. Tal independência facilitou a emergência de um Estado nacional que se comportou como “fator importante no sistema econômico brasileiro”, com amplo grau de independência relativamente a interesses regionais ou de grupos econômicos. Transcrevo:
“A política de câmbio, tradicionalmente subordinada aos interesses do serviço da dívida externa, transforma-se em poderoso instrumento de fomento à formação de capital. Evolução não menos significativa ocorre no plano fiscal: sob múltiplas formas a política fiscal passa a ser a principal alavanca dos investimentos. Através de uma política de investimentos diretos que se vai definindo progressivamente, o Estado dota o país de importantes complexos industriais nos setores da mineração, do petróleo, da geração e transmissão da energia elétrica, da siderurgia e da química básica.” (p.23)
Em seguida, CF refuta a ideia (incorretamente aceita até hoje) que a industrialização da economia brasileira tenha sido mera decorrência de decisão do Estado e, como bom leitor ou aluno de Marx, explica que o “impulso principal originou-se nas próprias forças econômicas.” Evidente. Lembremos que após a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1930, verificou-se uma crise de grandes proporções que se manifestou, no Brasil, como esgotamento das reservas internacionais e impossibilidade de cumprir compromissos derivados da dívida externa, tornando inacessíveis muitos bens e serviços provenientes do exterior. Havia ainda, em formação, uma mini burguesia nacional tentando produzir bens industrializados desde o início do século XX. Além disso, explica CF, foram gravemente afetadas “as fontes tradicionais de financiamento do Estado, obrigando este a escapar pelos incertos caminhos da inflação” (p.23)
Recomendo vivamente a releitura desta obra aos amigos e companheiros de nossa jornada cívica e nacionalista, sobretudo àqueles preocupados com as necessidades atuais de reindustrialização da economia brasileira. A história econômica da Pátria é conhecimento indispensável, é sempre excelente mestra e conselheira, ajuda a contornar as dificuldades do momento presente.
Aproveito para manifestar minha oposição aos que julgam que o endividamento atual do Brasil não é preocupante, pois se trata de dívida em moeda nacional. Lembro que os tempos são outros. Diferentemente da década de 1930, quando operávamos em economia com fronteiras, a globalização atual derrubou fronteiras. Por isto não é difícil passar da moeda nacional para a divisa internacional, e vice versa.
Para se ter uma ideia correta, ou aproximada, da capacidade atual de pagamento das dívidas em curso, é necessário somar dividas internas e externas, públicas e privadas, deduzindo as reservas internacionais e calculando em seguida a dívida líquida. Tanto faz usar dólar ou Real. O resultado é negativo e motivo de preocupação, como ocorreu logo no início da década de 1980, quando o Estado brasileiro foi chamado a assumir as dívidas privadas externas, pois eram nacionais antes de qualquer outra consideração, e quem responde por dívidas nacionais é o Estado nacional. Sobretudo quando a nação e a economia nacional se encontram sob ataque de forças internacionais.
Celso Furtado não está ultrapassado. Sua obra merece permanente atenção, pois ele foi o maior historiador da economia brasileira. Em outras palavras, foi ao mesmo tempo um excelente economista e observador atento às peculiaridades históricas de todos os momentos e fases do desenvolvimentismo brasileiro.
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 18 ABRIL 23
O BRASIL E A GUERRA NA UCRÂNIA
Para Casa Branca, Brasil 'papagueia propaganda russa e chinesa' sobre a Ucrânia = O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, afirmou que Lula estava 'papagueando a propaganda russa e chinesa sem observar os fatos em absoluto'.
Após reunião no Itamaraty, Lavrov diz que Brasil e Rússia têm visões 'similares' = Chanceler da Rússia se reuniu com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, que criticou sanções contra a Rússia. Aproximação de Lula da China e da Rússia tem gerado reações dos Estados Unidos.
Gerson Camarotti: Comentários de Lula no exterior criam enorme desconforto - A viagem ao Brasil do ministro das Relações Exteriores da Rússia acontece num momento de repercussão das declarações do presidente Lula durante viagem à Ásia; confira o comentário no Bom Dia Brasil.
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CAFÉ DA MANHÃ folha uol dia 18 de abril 23
https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2023/04/podcast-como-visita-de-lavrov-impacta-visao-sobre-postura-geopolitica-do-brasil.shtml
Podcast: como visita de Lavrov impacta visão sobre postura geopolítica do Brasil. EUA e Europa criticam movimentos de Lula após declarações na China e encontro com chanceler de Putin
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Reação em cadeia da Grande Mídia Corporativa contra a posição de Lula na questão da Guerra na Ucrânia, ontem reafirmada diante do encontro do Presidente e autoridades do Itamaraty com o chanceler russo, Sergei Lavrov. Merval Pereira, do grupo Globo é até condescendente ao classificá-lo como “ingênuo”. Artigos de opinião e Editoriais de hoje são bem mais cáusticos na crítica à Lula. Repercutem, na verdade, as críticas dos Estados Unidos e União Europeia ao realismo do Presidente Lula diante do conflito na Ucrânia. Lula simplesmente diz que há necessidade de paz e denuncia as ações de americanos e europeus de fomentarem a guerra enviando armas, reiterando que não permitirá o envio de munições produzidas no Brasil para os tanques alemães a serviço dos ucranianos. Nada de novo quanto ao que já dissera em sua visita à China e Emirados Árabes: PAZ E NÃO GUERRA.
O “Ocidente”, porém, sob severa hegemonia americana, assegurada não só pela potência do dólar, com a garantia das diretrizes de governança mundial baseadas no CONSENSO DE WASHINGTON (1989), mas pela forte presença de 800 bases militares dos Estados Unidos mundo afora, quer a condenação da Rússia como potência invasora da Ucrânia e a aplicação de sanções contra este país de forma a debilitar sua economia e seu atual governo. É a PAX AMERICANA em curso desde o fim da URSS, em 1991. Alegam que o equilíbrio internacional deve ser baseado em regras que respeitem o direito inalienável dos povos à sua autodeterminação e soberania. Tudo muito edificante em Teoria mas simplesmente contestável na prática pois as grandes potências oriundas do triunfo na II Guerra Mundial, sobretudo Estados Unidos, controlam o Conselho de Segurança da ONU e instituições internacionais, desconhecendo a realidade emergente de novas nações no cenário internacional e, pelo seu poder, acabam impondo sua vontade. Foi o que aconteceu na invasão americana no Afeganistão, Iraque e Líbia, levando ao esfacelamento destes países. Só no Iraque calcula-se que tenham morrido cerca de 300 mil civis. A Rússia, mais asiática, desde sempre, do que Ocidental, apesar da fé cristã ortodoxa que a empolga, é também potência militar oriunda do mesmo processo que erigiu os Estados Unidos: a vitória sobre Alemanha nazista em 1945. Quer ter sua área de influência e segurança estratégica da mesma forma que os americanos também o querem, bem mais restrita, aliás, do que a dos americanos que se estende por todos os mares, eis que restrita às suas fronteiras. Isso não condiz, claro, com os princípios do direito internacional mas é a REALPOLITIK do mundo. O mesmo faz a China, agora, com maior vigor pela sua potência econômica e comercial. Mais dia, menos dia, vai ocupar Taiwan, província rebelde, que faz parte da Nação reconstruída por Maio Tse Tung, depois da Longa Marcha, em 1949.
Ora, como seria belo um mundo sem Grandes Potências convivendo em equilíbrio de forças! Mas isso não existe. E confrontar Rússia e China com base em princípios quando os mesmo são diuturnamente desrespeitados no próprio Ocidente através das sucessivas intervenções americanas, das quais nós, na América Latina temos sido vítimas há 200 anos, é puro cinismo. O recurso a tais princípios, aliás, ressoa uma velha consigna dos americanos que se consideram eleitos como condutores de um Destino Manifesto a favor da “civilização”, como se ainda fosse possível no século XXI falar-se em “superioridade” de uns sobre outros. Apoiar a ação militar da Rússia, enfim, sobre a UCRANIA, é uma coisa, tal como faz a Belarrus, mas apoiar incondicionalmente a posição belicista ocidental sob a égide americana é igualmente ruim. O Brasil não está apoiando nem um, nem outro. Está propondo a cessação das hostilidades de forma a dar um tempo à construção da paz, até em reconhecimento de que a vitória propalada do Ocidente sobre a Rússia é simplesmente impossível. A Rússia, com ou sem razão, mas com força para tal, pode, em última instância, revidar com ofensiva tática nuclear desencadeando um conflito mundial. Ali não estamos diante de países militarmente fracos do Oriente Médio, da América Latina ou Ásia. Estamos diante de uma das maiores potências bélicas do mundo. Todo cuidado é pouco. Lula tem razão. VIVA A PAZ!
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 17 ABRIL 23
NOVO TEMPO NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
Geopolítica é um ramo da ciência que aborda a relação entre a geografia, acontecimentos históricos e políticos, com o objetivo de interpretar fenômenos globais. Para isso, a área estuda temas como guerras, movimentos migratórios e acordos entre países. É também a congruência entre demasiados grupos de estratégias adotadas pelo Estado para administrar seu território, e anexar a geografia cotidiana com a história. Geopolítica e geografia se aproximam mas enquanto esta se refere à situação aquela se volta às interações entre vários campos do conhecimento e ação humanas. Muito comum, por exemplo, se falar em Geopolítica do Petróleo de forma a se compreender melhor não só a ocorrência de jazidas e explorações mas o intrincado jogo dos produtores de petróleo para controlar preços e mercados. Eis como um site educacional a define:
"Geopolítica é um termo utilizado para designar tanto a prática quanto os estudos das relações e disputas de poder entre Estados e territórios. Esse campo do conhecimento se dedica aos estudos dos conflitos diplomáticos, políticos e territoriais, das crises, da evolução histórica do ordenamento político do espaço mundial, da articulação entre os Estados nacionais e da atuação das organizações internacionais e blocos econômicos.
De grande importância para a análise das relações internacionais e do ordenamento territorial em diversas escalas, a geopolítica permite desenvolver uma visão crítica acerca do passado histórico e principalmente dos acontecimentos atuais.
Resumo sobre geopolítica
*Geopolítica é uma área do conhecimento que se dedica ao estudo das relações de poder entre Estados e territórios, bem como a forma como se organizam no sistema-mundo.
*A geopolítica aborda temas como os conflitos diplomáticos, disputas territoriais, crises internacionais, questões separatistas e ainda a atuação e importância dos organismos internacionais e blocos econômicos na articulação dos Estados.
*Johan Rudolf Kjellén (1864-1922), cientista político sueco, foi o primeiro a utilizar o termo “geopolítica” para tratar dos Estados nacionais enquanto agentes atuantes no espaço.
*Conhecer a geopolítica é muito importante para a compreensão de como evoluiu o ordenamento espacial do mundo sob uma perspectiva política, além de possibilitar o desenvolvimento de uma visão crítica acerca de eventos atuais.
*É importante saber que geopolítica e Geografia Política, embora semelhantes, apresentam abordagens distintas.
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/geopolitica.htm
Importante registrar que o estudo da GEOPOLÍTICA MUNDIAL registrou uma divisão bipolar do mundo entre USA x URSS que perdurou do Pós II Guerra Mundial, mais precisamente, 1947, até 1991. Neste ano o regime comunista instaurado na Rússia em 1917 foi substituído por um regime de tipo ocidental, com pluralidade de Partidos e apoio na economia de mercados, com o nome de FEDERAÇÃO RUSSA. A partir de então o mundo entrou numa nova fase sob absoluta hegemonia dos Estados Unidos que prometia, sob a GLOBALIZAÇÃO uma era de PAZ E PROSPERIDADE para todas nações. Alguns até se apressaram e proclamaram o FIM DAHISTÓRIA, no sentido de que estariam sepultadas as disputas ideológicas típicas do século XX. O CONSENSO DE WASHINGTON, em 1989, acabou, inclusive confirmando o que seriam as NOVAS REGRAS DA GOVERNANÇA MUNDIAL, em obediência a uma rígida Doutrina dita neoliberal. O ataque às Torres Gêmeas de N.Y., no entanto, demonstraria que havia insatisfação no mundo. Ato contínuo, o ataque dos americanos no Oriente Médio, destruindo as bases sobre as quais erguia-se na região um precário equilíbrio, levaram à destruição da Líbia, virtual esfacelamento do Iraque, reforço do Talibã no Afeganistão, guerra civil na Síria. A Guerra na Ucrânia antepondo toda a Europa, ora integrada à OTAN, à Rússia, agora coloca em risco e própria paz mundial. Enquanto isso, a China, revigorando-se economicamente nos últimos 40 anos já detém a primazia econômica do mundo em termos de paridade poder de compra e domina o comércio mundial, transformando-se de campo de cooperação à globalização em forte concorrente, já perto do confronto, dos americanos. Isso alterou substancialmente a geoeconomia mundial e se reflete na geopolítica, ora em vias de debilitamento da hegemonia americana. Não se trata, aqui, de confronto bélico, como foi a GUERRA FRIA, até porque a China não apoia movimentos revolucionários a seu favor nem incita comunistas do mundo inteiro a defenderem seu modelo, no estilo da SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL dos tempos da União Soviética. Trata-se, para os milenares chineses, de ganhar musculatura para penetrar mais fundo nos mercados mundiais. Dispõem, para tanto, de recursos para investimento e capacidade de compra. Têm a maior RESERVA EM DOLARES do mundo, algo em torno de 3 trilhões de dólares, de oito a dez vezes mais do que o Brasil, embora não possam usar tais reservas que estão constituídas em TITULOS DO GOVERNO AMERICANO em dólares sem qualquer lastro. Tudo deve ocorrer nos marcos da prudência oriental. Nada aconselha um alinhamento automático do Brasil com a China, embora sempre sensível aos olhos do DPTO. ESTADO EU, mas nada impede que líderes do mundo inteiro percebam as mudanças em curso e procurem defender interesses de seus respectivos Estados e Nações. É tempo, enfim, de mudanças. UM NOVO TEMPO, como disse Ivan Lins nesta sugestiva canção que acompanhou, aliás, sob os acordes de uma banda chinesa, os passos de LULA e XI, na sexta-feira passada.
Novo Tempo
Ivan Lins
No novo tempo
Apesar dos castigos
Estamos crescidos
Estamos atentos
Estamos mais vivos
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
Da força mais bruta
Da noite que assusta
Estamos na luta
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra que nossa esperança
Seja mais que vingança
Seja sempre um caminho
Que se deixa de herança
No novo tempo
Apesar dos castigos
De toda fadiga
De toda injustiça
Estamos na briga
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
De todos pecados
De todos enganos
Estamos marcados
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra que nossa esperança
Seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho
Que se deixa de herança
No novo tempo
Apesar dos castigos
Estamos em cena
Estamos na rua
Quebrando as algemas
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
A gente se encontra
Cantando na praça
Fazendo pirraça
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Composição: Vitor Martins / Ivan Lins
Editorial – CULTURAL FM – Bom Dia, Torres RS – Dia 14 ABRIL 23
Apoteótica presença de Lula na China
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AO VIVO Brasil e China
SIGA: Lula se encontra com Xi Jinping em Pequim
AO VIVO: Lula se encontra com presidente da China, Xi Jinping, nesta sexta | G1 / Política | G1 (globo.com)
Mais cedo, presidente brasileiro se reuniu com lideranças chinesas
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A esperada viagem de Lula à China teve seu ápice hoje cedo, horário do Brasil, com a recepção oficial do governo chinês à Lula e sua comitiva. Esta é a segunda vez que Lula vai à China pois lá esteve em 2009 –
China e Brasil emitem comunicado conjunto para impulsionar ...
china-embassy.gov.cn
http://br.china-embassy.gov.cn › por › zbgx
A importância da viagem de Lula se explica pelo fato da China ser o maior comprador de produtos do Brasil, num valor superior às vendas conjuntas aos Estados Unidos e União Europeia.
Lula depositou flores aos heróis chineses, passou em revista as tropas chinesas, ao lado de XI GINPING e foi saudado por um grupo de crianças portando bandeirolas dos dois países, num espetáculo comovente. Ato continuo, sítios históricos em Pequim, Neste momento os dois Presidentes, China e Brasil, estão reunidos para discussão de temas importantes como a Paz na Ucrânia e a construção de um mundo multipolar com maior independência financeira e maior complexidade geopolítica, bem como assinatura de 20 Acordos bilaterais sobre comércio e investimentos chineses na infraestrutura e tecnologia. Ontem, Lula visitou várias indústrias, dentre elas a ............., onde foi saudado em sua entrada pela música Gar